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Estado de Minas

Seca e custos 'azedam' produ��o de leite em Minas

Produ��o mineira cai 2,5% em 2015 e retra��o tamb�m � sentida nos primeiros meses do ano. Aumentos de custos pesam no bolso do pecuarista, que ainda lamenta a baixa remunera��o


postado em 21/03/2016 06:00 / atualizado em 21/03/2016 07:44

Expectativa é de que neste ano os dados da pecuária leiteira apontem para a estabilidade(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press - 1/11/12)
Expectativa � de que neste ano os dados da pecu�ria leiteira apontem para a estabilidade (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press - 1/11/12)
Nas fazendas de Minas, a seca prolongada e a disparada dos pre�os dos insumos reduziram a produ��o de leite em 2,5% no ano passado, primeira retra��o desde a d�cada de 1990. Nos dois primeiros meses do ano, a queda continuou e j� atingiu 1,2%. O freio � uma resposta ao avan�o de aproximadamente 30% no custo da produ��o, press�o que coincidiu com um per�odo prolongado de baixa na remunera��o – 2015 registrou a pior m�dia de pre�os pagos pelo litro do leite dos �ltimos cinco anos, segundo a Federa��o da Agricultura e Pecu�ria do Estado de Minas Gerais (Faemg).

Do outro lado da porteira, nos supermercados das cidades, menos produtos l�cteos de maior valor agregado est�o entrando no carrinho do consumidor. Os reflexos da crise que fizeram as fam�lias ajustarem o or�amento chegam na ponta da cadeia, adiando os investimentos no setor produtivo.

Para fazer frente ao rev�s no mercado interno e tamb�m de queda de pre�os no mundo, a receita no campo tem sido enxugar custos, conter os investimentos e tentar buscar solu��es inovadoras para melhorar a gest�o da produ��o. Em Santana de Pirapama, a 120 quil�metros de Belo Horizonte, pecuaristas da Regi�o Central do estado foram apresentados na �ltima sexta-feira ao 4 Milk, aplicativo que ser� lan�ado em maio e poder� ser baixado gratuitamente nas lojas App Store e Google Play, para uso em smartphones.

Aplicativo desenvolvido por Cláudio Notini ajuda na gestão do rebanho (foto: Euler Junior/EM/D.A Press - 28/5/2015)
Aplicativo desenvolvido por Cl�udio Notini ajuda na gest�o do rebanho (foto: Euler Junior/EM/D.A Press - 28/5/2015)
Apesar de � primeira vista a ferramenta parecer complexa, o apelo do produto desenvolvido pelo pecuarista Cl�udio Notini � a simplicidade do manejo e suas m�ltiplas fun��es para ajudar o produtor a apurar a gest�o do neg�cio, caminho para fechar as contas no azul. Antes de se tornar produtor de leite, Notini era empres�rio do setor de tecnologia da informa��o e usou sua expertise para desenvolver o aplicativo. As dificuldades que ele pr�prio encontrou ao longo do caminho para gerir o neg�cio foram o fermento. A proposta � que o produtor rural ganhe um aliado para enfrentar a crise, ao mesmo tempo em que aperfei�oa o seu controle da propriedade.

Na Fazenda Jardim, Cla�dio Notini tem uma produ��o de aproximadamente 2,5 mil litros por dia. Ele recebe bonifica��o pela qualidade de seu produto, mas ainda assim diz que as margens apertaram tanto desde o ano passado, que praticamente est�o encostando no custo da produ��o. “Com minha estrutura poderia alcan�ar 5 mil litros/dia, mas no momento vou manter o mesmo patamar e adiar o investimento”, avalia.

A ferramenta que promete transformar a gest�o chega em um momento em que os custos est�o sendo acompanhados de perto. Segundo o diretor da Faemg, Rodrigo Alvim, uma conta pr�tica da pecu�ria de leite foi derrubada no ano passado e este ano continua n�o fechando. “A cada litro de leite, o produtor deve ser capaz de comprar dois quilos de alimento. Hoje, com um litro de leite � poss�vel comprar 1,5 quilo de alimento”, compara.

No fim de 2015, o pre�o do milho praticamente dobrou, saltando de R$ 450 a tonelada, no primeiro semestre, para chegar a atingir perto de R$ 1 mil, o que tem feito a gest�o rural passar por apuros.

Valores da alimentação dos animais subiram acima do esperado
Valores da alimenta��o dos animais subiram acima do esperado
O aplicativo 4 Milk est� sendo testado em um projeto-piloto por alguns associados da Cooperativa dos Produtores Rurais de Sete Lagoas (Coopersete). S�o 230 pecuaristas que respondem por uma capta��o de 120 mil litros di�rios de leite. O presidente da Coopersete, Marcelo Candiotto, � tamb�m produtor em Funil�ndia e diz que a ferramenta poder� ajudar a melhorar a gest�o no campo. “Ela � muito simples de ser usada, permite o controle quase que absoluto da propriedade. Pode ser usada pelos t�cnicos e vaqueiros.” Marcelo avalia que o uso de tecnologias ainda est� chegando devagar �s propriedades produtoras de leite, mas que os benef�cios podem vencer a resist�ncia. “Hoje, o t�cnico perde aproximadamente duas horas do tempo de sua visita lan�ando dados. Pelo aplicativo, esse lan�amento � feito diariamente, quase em tempo real, pelo pr�prio produtor”, diz Candiotto.

O 4 Milk funciona no formato de lembretes e alertas. O produtor alimenta diariamente o aplicativo e tem toda a gest�o da fazenda nas m�os, podendo dar prosseguimento aos trabalhos mesmo estando distante do campo. O aplicativo funciona tamb�m off-line. No sistema lembrete, o produtor ser� avisado diariamente de todas as tarefas que deve executar, como o manejo no caso da prenhez, retirada de animais para produ��o, tratamento do rebanho que atingiu peso ideal. Ser� lembrado sobre modifica��es na alimenta��o, enfim, todo um conjunto de atividades rotineiras.

J� os alertas v�o produzir an�lises sobre o rebanho, emitindo relat�rios, por exemplo, sobre os animais que tiveram queda de produ��o. O aplicativo � conectado a redes sociais, e, por ele, o produtor se manter� conectado individualmente com outros pecuaristas ou a grupos. Poder� participar com facilidade de compras coletivas que barateiam o seu custo e ter� uma plataforma para adquirir e vender animais ou embri�es. “O aplicativo traz tamb�m plataformas que poder�o ser usadas s� pelo t�cnico, ou �reas de acesso ao vaqueiro, por exemplo”, explica Notini. “Ele � tipo um Facebook rural de muito f�cil manejo. Nossa inten��o � provocar uma transforma��o social no campo, queremos que ele seja usado gratuitamente”, observa.

P� NO FREIO O mercado do leite enfrenta desafios tamb�m no setor externo e o momento � de alerta tamb�m do outro lado do oceano. Para se ter ideia, o leite em p� comercializado a US$ 4,5 mil a tonelada no fim de 2014, agora � vendido por US$ 1,9 mil. “O c�mbio freou as importa��es e nesse sentido tem protegido o mercado interno”, avalia Celso Moreira, diretor-executivo do Sindicato da Ind�stria de Latic�nios (Silemg). Segundo ele, este ano a produ��o deve se manter est�vel no estado e os pre�os tendem a superar a m�dia do ano anterior, empurrados pela estabiliza��o na produ��o. Para o consumidor, o Silemg prev� alta de 10% nos valores no varejo.

Rodrigo Alvim, diretor da Faemg, diz que este � um ano dif�cil de se fazer previs�es, mas que o mercado sinaliza para mais um per�odo desafiador, com press�o de alta em insumos, como o milho, e pre�os bem pr�ximos ao custo da produ��o. “Devido � instabilidade, a recomenda��o � que o produtor n�o fa�a investimentos no curto prazo”, diz o executivo, que tamb�m � presidente da Comiss�o Nacional da Pecu�ria de Leite da Confedera��o da Agricultura e Pecu�ria do Brasil (CNA).

O agroneg�cio foi o �nico setor da economia que fechou 2015 no azul, diante de uma queda de 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB). Mas a balan�a comercial dos l�cteos n�o favoreceu a conta: o d�f�cit no ano passado foi de US$ 100 milh�es de d�lares.

De gole em gole

35 bilh�es de litros
Produ��o de leite no pa�s

9,4 bilh�es de litros
(queda de 2,5% frente a 2014)
Produ��o de leite em Minas

R$ 1,03
Menor remunera��o dos �ltimos cinco anos
Pre�o m�dio do litro no estado em 2015

10%
Estimativa de alta de pre�os para o consumidor no primeiro semestre

9,4 bilh�es de litros
Estimativa da produ��o para 2016

180 litros ao ano
Consumo de leite por brasileiro

Enquanto isso...
...procuram-se vaqueiras

Minas est� � procura de vaqueiras para cumprir a meta estipulada pelo programa Leite pela Vida, Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Por determina��o do Minist�rio do Desenvolvimento Social e Combate � Fome, 30% dos produtores de leite que integram o programa devem ser mulheres mas hoje s�o apenas 15,4% – ou 467 mulheres em todo o estado atuam na profiss�o. Hoje, 3.050 produtores s�o fornecedores do programa. Gilcilene Oliveira, coordenadora do programa, explica que a atividade ainda � vista como masculina, mas que a participa��o da mulher � importante, j� que assumindo a frente da atividade ela pode participar com maior efetividade da gest�o das finan�as do n�cleo familiar. O programa funciona no Norte e Nordeste de Minas, nos vales do Jequitinhonha e Mucuri, e � voltado exclusivamente para a agricultura familiar.


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