Os leil�es tornaram-se uma estrat�gia importante de vendas para parte dos criadores e, mesmo com a instalabilidade na economia, se mant�m em ritmo crescente. O avan�o tecnol�gico incrementa o neg�cio, com a expans�o dos preg�es para os remates virtuais, que permitem aos compradores oferecer lances com a facilidade de n�o terem que sair de casa, do escrit�rio e ou de sua fazenda, gra�as �s transmiss�es ao vivo pela televis�o (sinal a cabo e de antena parab�lica) ou pela internet.
O empres�rio Alexandre Todeschini, dono de uma das maiores empresas de leil�es do pa�s – sediada no Rio de Janeiro –, e que atua em v�rios estados, lembra que at� h� algum tempo, 80% dos arremates de animais eram somente presenciais, realizados em feiras ou em fazendas e 20% eram transmitidos pela tv ou internet. “Hoje, a situa��o se inverteu: 80% das vendas de leil�es s�o virtuais e 20% s�o presenciais”, diz Todeschini.
Os animais mais valorizados s�o comercializados nos chamados leil�es elite – tanto de cavalos como de gado de ra�a (nelore, gir, guzer�, entre outras), voltados para reprodu��o e melhoramento gen�tico. As vendas tamb�m crescem nos leil�es de gado de corte, rebanho leiteiro e de asininos (jumentos, burros e mulas), ovinos, aves e at� de s�men.
Tamb�m empres�rio do setor, Roberto Fabrizzi Lucas, dono de uma empresa de leil�es em S�o Paulo, disse que n�o existe um c�lculo oficial sobre o faturamento de neg�cios dos arremates no Brasil. “Mas, a estimativa � que s�o movimentados pelo menos R$ 2 bilh�es por ano”, comenta ele, salientando que s�o realizados, anualmente, milhares de leil�es – considerando todas as categorias de arremates.
Plataforma
No mercado de leil�es de animais desde 2004, Fabrizzi Lucas enxergou o potencial do neg�cio na plataforma virtual e priorizou os “preg�es tecnol�gicos”. A partir de 2011, o empres�rio passou a investir nos leil�es transmitidos ao vivo, exclusivamente em um site especializado na internet. Ele tamb�m inovou com a cria��o de um aplicativo que permite a “participa��o” dos compradores nos leil�es por meio de celulares. Em 2016, o site especializado (www.mfrural.com.br) alcan�ou 180 leil�es realizados, com um crescimento de vendas de 45% em rela��o a 2015. Para este ano, a meta � chegar a 200 arremates virtuais. Com uma m�dia de 2,2 milh�es de acessos mensais, o canal de transmiss�o de leil�es pela internet, hoje, � o site de agroneg�cios mais visitado do Brasil, comemora o seu propriet�rio.
Conforme explica Fabrizzi Lucas, os leil�es no sistema digital s�o promovidos em duas categorias. A primeira � do arremate com hor�rio marcado e com a presen�a do leiloeiro em um est�dio, registrando os lances na base do “quem d� mais” do sistema tradicional. Outro modelo � do leil�o sem hora marcada, no qual os animais ou lotes s�o divulgados no site por um certo per�odo e as pessoas apresentam os lances pelo pr�prio sistema virtual.
Roberto Fabrizzi informa que o site transmite leil�es de gado de diversas ra�as, al�m de cavalos, mulas, aves, ovinos e at� s�men. Ele frisa que a ferramenta eletr�nica atinge pessoas que n�o s�o ligadas diretamente aos leil�es tradicionais. Desta forma, acaba atraindo novos adeptos para a cria��o de animais, formando um p�blico de novos compradores. Ressalta ainda que as transmiss�es pela internet s�o bem mais baratas do que as transmiss�es de leil�es pela TV.
Comercializa��o
“O leil�o representam uma maneira mais justa de comercializa��o. � bom para quem vende e bom para quem compra”, afirma o presidente da Associa��o Mineira de Criadores de Zebu (AMCZ), Gustavo Pitangui de Salvo. Ele ressalta que na �ltima quinzena, por conta dos problemas envolvendo o Grupo JBS, que ainda dominam grande parte do ramo frigor�fico no Brasil, o mercado teve uma “esfriada”. Mesmo assim, os leil�es continuaram em bom patamar.
A prova disso foi o volume de neg�cios da Exposi��o de Curvelo, organizada pela AMCZ em parceria com o Sindicato Rural do Munic�pio, que movimentou cerca de R$ 6 milh�es em leil�es, com a comercializa��o de animais de diversas ra�as, incluindo gado de corte e rebanho leiteiro. O presidente do Sindicato Rural de Curvelo, Agnelo de Souza, salienta que os leil�es de gado de corte realizados na feira agropecu�ria atingiram bons pre�os, com os bezerros sendo vendidos a R$ 160 a arroba. Lembra tamb�m os criadores diminu�ram o prazo de pagamento para cerca de 10 dias, uma estrat�gia para diminuir a inadimpl�ncia.
Ganho para os consumidores
Para o presidente da Associa��o Mineira dos Criadores de Zebu (AMCZ), Gustavo Pitangui de Salvo, um dos aspectos que mant�m os leil�es em alta, com boa cota��o de pre�os, � a melhoria da qualidade dos rebanhos. “Todo mundo que acompanha e participa dos leil�es est� vendo que a qualidade (dos animais) melhorou. Isso se deve ao trabalho de melhoramento gen�tico feito pelos criadores”, afirma Salvo. O investimento na melhoria da gen�tica � o destaque do Leil�o Virtual Villefort Top Gir A2A2, Villefort que ter� tranmiss�o ao vivo pelo Canal Rural, hoje, a partir das 21h. Ser�o leiloados animais genotipados A2A2, que produzem leite menos associados a alergia em pessoas com intoler�ncia ao produto. Ser�o ofertadas 80 novilhas e bezerras gir leiteiro PO, al�m de s�men de reprodutores A2A2, de propriedade do criador Virg�lio Villefort.
Al�m do rebanho, o criat�rio Villefort tamb�m mapeou o banco de s�men de seus touros e dos principais touros gir e guzer� do Brasil inteiro que est�o em seu banco de s�men. “A genotipagem dos animais � um caminho sem volta. Acredito que no m�ximo em cinco anos a maioria dos criadores de gado de leite estar� genotipando seus animais”, prev� o criador.
H� mais de dois anos, Virg�lio Villefort realiza testes com o leite A2A2 e derivados. Volunt�rios, inclusive crian�as, que sofrem da alergia a prote�na do leite consumiram os produtos e relataram n�o apresentar os sintomas al�rgicos. Virg�lio percebeu que v�rias pessoas que tem alergia da prote�na do leite A1A1 ou A1A2 confundem e acham que tem alergia � lactose. Ele salienta que est� fazendo um trabalho de volta ao passado. “Fui criado na ro�a tirando e tomando leite de vaca Zebu e n�o existia naquela �poca pessoas que passavam mal com lactose do leite. Portanto, acredito que esta muta��o gen�tica ou “contamina��o” n�o existia no passado na minha regi�o. Pois s� existiam vacas zebu�nas”, afirma.
Estudos Em pesquisas realizadas, as prote�nas do leite A1 e A2 mostraram ter um comportamento distinto durante o processo de digest�o. O professor e m�dico, Jo�o Fel�cio Rodrigues Neto, da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), explica que estudos associam o uso do leite A2A2 a menos processos de intoler�ncia e alergia ao leite da vaca – entretanto, ainda h� a necessidade de estudos conclusivos. O m�dico alerta que a alergia � prote�na do leite de vaca n�o deve ser confundida com a intoler�ncia a lactose, porque s�o quadros bem diferentes. “A intoler�ncia a lactose ocorre pela defici�ncia no organismo da enzima lactase. J� as manifesta��es da alergia � prote�na do leite est�o associadas a um pept�deo derivado da prote�na chamado beta-casomorfina -7 (BCM-7)”, explica.
Resultado a galope para criador
Os ventos tamb�m sopram a favor dos leil�es promovidos pelos criadores de cavalos. Os bons resultados s�o comemorados entre os adeptos da ra�a manga marchador, que registram um faturamento anual da ordem de R$ 120 milh�es no pa�s. “A ra�a est� bombando”, afirma Adolfo G�o Filho, diretor financeiro da Associa��o Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador (ABCCMM). Ele lembra que mensalmente s�o realizados no pa�s 14 leil�es do cavalo mangalarga transmitidos pela TV e cerca de 30 remates pelo sistema online (com lances pela internet).
Conforme os n�meros da ABCCMM, em 2016, foram promovidos no pa�s 301 leil�es do cavalo mangalarga marchador. Foram comercilizados 6.782 animais da ra�a. A tend�ncia � manter o ritmo de bons neg�cios em 2017. A associa��o vive a boa expectativa para a 36ª Exposi��o Nacional do Cavalo Mangalarga Marchador, considerada o maior evento de equinos de uma mesma ra�a da Am�rica Latina, que ser� realizada no Parque da Gameleira, em BH, de 18 a 29 de julho. Foram inscritos para feira 1.800 animais – “n�o ter� mais por limita��o de espa�o”, explica G�o Filho. A mostra contar� com a participa��o de 500 expositores e s�o esperados 200 mil visitantes.
A Exposi��o nacional ter� dois grandes leil�es: o Leil�o Beneficente Marchadores pela Vida e o Leil�o 40 Anos de cria��o Santa Esmeralda, do pr�prio Adolfo G�o Filho. Ele disse que vai ofertar 40 animais, com a expectativa de faturar entre R$ 4 milh�es e R$ 4,5 milh�es.
Cavalo de R$ 8 mi De acordo com o balan�o da associa��o de criadores de mangalarga marchador do ano passado, o pre�o m�dio de venda de um exemplar da esp�cie foi de R$ 17,87 mil. Mas, existem reprodutores negociados por pre�os que giram em torno de R$ 500 mil a R$ 1 milh�o. Adolfo G�o Filho ressalta que, recentemente, um campe�o da ra�a, Galante do Expoente, teve 25% vendido por R$ 2 milh�es. Ou seja, o valor do garanh�o � R$ 8 milh�es, um recorde no mercado nacional. Ele foi transformado em um “condom�nio”, que tem cinco propriet�rios.