
Nos �ltimos anos, o pequi teve valor agregado com o beneficiamento do produto e a comercializa��o de polpa e do fruto em conserva. Tamb�m aumentaram as vendas do pequi in natura para os grandes centros.
''O fruto trouxe verdadeira bonan�a para a popula��o da cidade no fim de 2018 e in�cio de 2019, aquecendo as vendas no com�rcio local''
Fernando Cardoso de Oliveira, t�cnico da Emater-MG
Japonvar, de 8,6 mil habitantes, � um dos munic�pios mineiros que teve a economia movimentada pela safra do pequi, que come�ou em novembro e terminou no fim de janeiro. De acordo com o t�cnico Fernando Cardoso de Oliveira, do escrit�rio da Empresa de Assist�ncia e Extens�o Rural (Emater-MG), “mesmo com a queda de 40% na produ��o, o fruto (apanhado no mato pelos moradores) trouxe verdadeira bonan�a para a popula��o da cidade no fim de 2018 e in�cio de 2019, aquecendo as vendas no com�rcio local”.

EXTRA��O Segundo ele, em torno de 4 mil pessoas, quase a metade popula��o do munic�pio, passaram a catar pequi, atividade que envolve homens, mulheres e crian�as. O fruto � apanhado no ch�o, debaixo dos pequizeiros, com os moradores entrando em qualquer fazenda ou s�tio, independentemente de quem seja o propriet�rio da �rea, para a pr�tica extrativista.
“Embora tenha ocorrido uma queda na safra, o pre�o do pequi melhorou. Antes, a caixa de pequi em casca, de 30 quilos, era vendida pelos catadores em Japonvar por pre�os que variavam entre R$ 5 e R$ 7. Este ano, a caixa do pequi passou a ser vendida por R$ 10 a R$ 12. Isso agregou valor ao produto e foi muito bom para os moradores”, disse o t�cnico. “Esses s�o os pre�os pagos pelos atravessadores aqui na cidade. Eles entregam o pequi em Belo Horizonte e outras cidades por R$ 20 ou R$ 22 a caixa”, observa Oliveira.
Sobreviv�ncia de safra em safra

“Pra mim, o pequi representa tudo”, afirma a agricultora Maria dos Anjos Ferreira da Silva, a “dona Nenem”, de 40 anos, uma dos moradores de Japonvar que retira a renda do fruto s�mbolo do cerrado. “A produ��o diminiuiu, mas deu pra gente ganhar um dinheirinho. Foi uma b�n��o. O que ganhamos numa safra d� para (garantir) a nossa sobreviv�ncia at� a safra seguinte”, declara.
Dona Nenem j� n�o � mais uma simples catadora de pequi, como foi desde crian�a. Ela tamb�m compra de outros catadores para produzir polpa e pequi em conserva. Com os rendimentos da safra 2018/2019, ela construiu uma pequena unidade de beneficiamento no local onde mora, na comunidade de Cabeceira do Manga�, a tr�s quil�metros da �rea urbana.
A agricultora disse que somente nesta safra conseguiu produzir 4 mil quilos de pequi com caro�o em conserva e 500 quilos de polpa. Informou ainda que, assim que terminar a safra, vai trabalhar no beneficiamento da castanha do pequi. “O meu objetivo � vender 200 quilos de castanha de pequi este ano”, revela dona Nenem, que fornece o derivado do pequi para Bras�lia.
O extrativismo tamb�m garante a melhoria de vida de Teodomiro Alves de Sales, de 59, o “Duzinho”. “Para n�s aqui, o pequi � mais que uma renda extra. � o nosso sustento mesmo”, assegura o pequeno agricultor, que mora na comunidade de Cabeceira de Passagem Funda, a 1,5 quil�metro da sede urbana de Japonvar.
Duzinho apanha pequi junto com a mulher, Marlene Aquino Alves, de 51, e a filha, Amanda Aquino Alves, de 26. Ele conta que se dedica � atividade extrativista desde que era muito pequeno. “Aqui � assim: quando o menino come�a a andar, j� vai pro mato catar pequi.”
As fam�lias sempre acordam cedo, por volta das 5h, para apanhar o pequi ca�do no ch�o nas �reas de cerrado. “Mas este ano, a concorr�ncia aqui aumentou muito. Teve dia em que a gente saiu para catar pequi 10 horas da noite”, confessa o experiente agricultor.
PRAGAS H� v�rios anos que os p�s de pequi v�m sofrendo o ataque de besouro. O inseto ataca o cerne e consome a parte lenhosa, provocando “brocas” (buracos) no caule das �rvores, impedindo a passagem da seiva. As plantas come�am a perder as folhas e morrem. Os preju�zos s�o enormes para os pequenos agricultores e comunidades extrativistas. “Existem lugares em que mais de 60% dos pequizeiros j� morreram por causa do ataque da praga”, afirma Fernando Cardoso de Oliveira, t�cnico da Emater-MG, em Japonvar. Ele disse que o ataque ocorre tamb�m em outros pequenos munic�pios do Norte de Minas produtores de pequi, como Lontra, Cora��o de Jesus e Campo Azul. O t�cnico disse, ainda, que a Emater-MG j� pediu a realiza��o de um estudo sobre as mortes dos pequizeiros e o combate � praga junto � Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecu�ria (Embrapa Cerrados), em Bras�lia, mas ainda n�o teve retorno.