
A Semana Internacional do Caf� (SIC), realizado no Expominas, em Belo Horizonte, entre 20 e 22 de novembro, reuniu mais de 800 mulheres, de 12 pa�ses, que atuam na cadeia produtiva do gr�o. O encontro anual da Alian�a Internacional das Mulheres do Caf� do Brasil (IWCA, sigla em ingl�s, da rede formada por profissionais envolvidas em toda a cadeia produtiva cafeeira) mostrou novas tecnologias, t�cnicas de manejo da planta��o � agrega��o de valores ao produto, exporta��o entre outras frentes.
Houve troca de experi�ncias e apresenta��es desde o cuidado com os gr�os que v�o resultar nas melhores caf�s na x�cara, at� a comercializa��o internacional. S�o mulheres que est�o � frente do planejamento das lavouras, comandando cooperativas, trabalhando em fazendas como engenheiras e t�cnicas agr�colas, respons�veis pela torrefa��o, � frente da sele��o dos melhores produtos para exporta��o, classificando caf�s, empreendendo no mercado com cafeterias e ind�strias que agregam o caf� como insumo.
Muitas ainda est�o no banco das universidades, preparando-se para entrar nesse vasto mundo da agricultura, enquanto outras est�o criando bebidas saborosas e diferenciadas como baristas ou, simplesmente, s�o ex�mias consumidoras e apaixonadas por caf�s. “A SIC � fundamental para nossa exist�ncia, � o mais importante acontecimento para as mulheres do caf� brasileiro. Um momento de prospectar neg�cios, trocar experi�ncias, fazer conex�o com todos os setores, resumindo: um mundo de oportunidades”, ressalta C�ntia de Matos, diretora-presidente da IWCA.
“A presen�a das mulheres na atividade cafeeira sempre foi de extrema import�ncia, em cada detalhe do processo: na produ��o com sua habilidade de organiza��o, que traz um excelente resultado na bebida; na sensibilidade de agregar pessoas; na gest�o dos recursos e na capacidade de aceitar com maior facilidade o novo. Hoje, temos mulheres apoiando umas �s outras em v�rios setores, n�o s� na produ��o, mas na comercializa��o, no desenvolvimento social, nas pesquisas, na habilidade da prova, somando �s mais lindas hist�rias de sabor e de vida”, diz C�ntia.
Este ano, o IWCA Regional Leadership Summit recebeu o apoio do projeto Ganha-Ganha da ONU Mulheres, que tem como objetivo a igualdade de g�nero. A IWCA busca dar visibilidade �s mulheres em toda a cadeia do neg�cio caf� e tem como miss�o participar e influenciar nas decis�es das pol�ticas cafeeiras; incentivar a perman�ncia no campo, promovendo o desenvolvimento socioambiental; divulgar e valorizar os caf�s de qualidade, conquistando novos mercados e adicionando valor aos mercados j� existentes.
C�ntia conta que ainda n�o h� estat�sticas fechadas sobre porcentagem de mulheres no ramo, mas � fato que quase 70% das propriedades e neg�cios contam com a participa��o feminina. “As mulheres sempre estiveram presentes, mas n�o tinham visibilidade. Isso pode ser visto a partir da cultura do gr�o que tem origem na agricultura familiar.”
Questionada sobre os desafios ainda enfrentados pelas mulheres em um setor tradicionalmente comandado por homens, ela diz que h� muito o que evoluir. “S�o grandes os desafios. Percebemos, principalmente na agricultura familiar, que as mulheres que desempenham o papel de m�e, esposa, propriet�ria e trabalhadora rural ainda n�o est�o inseridas claramente no processo, deixando ainda o palco para o marido ou filhos homens. Nesse sentido, h� muitos paradigmas a serem quebrados e eu sonho com o dia em que as mulheres do caf� passem a ser inseridas normalmente no seu lugar de profissionais do caf�, ativas e importantes’”, complementa a diretora-presidente da IWCA.
COOPERATIVA
Neta, filha e sobrinha de produtores de caf� na regi�o de Carangola, Julenia Lopes preside a Coolabore, uma cooperativa criada para viabilizar a comercializa��o do gr�o. Formada em Letras, Julenia casou-se com Helm�tt Martens, e foi morar na Alemanha. Ao trazer o marido para conhecer o Brasil, em 2006, ele se apaixonou ao ver a planta��o de caf� de seus parentes. “Nossa inten��o era comprar uma pousada na praia, mas mudamos de ideia assim que pisamos nas terras cafeeiras e adquirimos um s�tio.”
Por meio do programa do governo estadual Certifica Minas, ingressaram na cadeia produtiva e chegam a colher at� 100 sacas anuais. Sobre a participa��o feminina, Julenia se emociona ao contar os primeiros passos da cooperativa. “A mulher tem papel importante em todos as frentes. Na colheita seletiva de gr�os, ela � minuciosa. Selecionando somente frutos maduros resulta em um caf� saboroso, prazeroso de ser tomado, ao contr�rio daquele misturado com o verde, que o torna amargo. O que mais me chamou a aten��o � como a mulher pensa na fam�lia quando recebe seus rendimentos. Temos uma cooperada que ao receber sua primeira parcela correu e comprou uma mochila desejada pelo filho. Outra realizou o sonho de azulejar sua cozinha. Geralmente, o homem recebe e pensa em trocar de carro ou comprar uma moto. A produ��o cafeeira � de origem familiar e a mulher � a garantia desse processo.”
