(none) || (none)

Continue lendo os seus conte�dos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e seguran�a do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/m�s. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas

Contos de fadas amenizam a dor

Projeto transforma crian�as em autores de livros, escritos durante tratamento no Hospital da Baleia. O lan�amento ser� hoje, �s 9h, no Clube Olympico, em Belo Horizonte


postado em 16/12/2018 05:07

André Pereira Souza, de 8, não gostava de ler e acabou se encantando com a possibilidade de criar a própria história(foto: Fotos: Paula Seabra/Divulgação )
Andr� Pereira Souza, de 8, n�o gostava de ler e acabou se encantando com a possibilidade de criar a pr�pria hist�ria (foto: Fotos: Paula Seabra/Divulga��o )

 

 

 







Era uma vez uma fadinha chamada Arco-�ris, que vivia feliz em uma floresta encantada. Tinha muitos amigos, que adoravam suas asas coloridas e sua virtude de ajudar todos. Certo dia, apareceu uma bruxa invejosa, que queria acabar com tanta alegria. Para isso, fez uma po��o m�gica para as asinhas da fada sumirem e, assim, tamb�m destruir suas amizades. Andando triste pela floresta, Arco-�ris ouviu gritos de socorro. Era um duende preso em uma armadilha, que logo ela conseguiu soltar. “Obrigado, menina!”, clamou o duende, satisfeito. Chateada, a fada lhe disse que n�o era uma menina. “Agora, voc� n�o vai gostar mais de mim, porque n�o tenho mais minhas lindas asas.” De pronto, o duende declarou. “Voc� me ajudou sem as asas e � linda assim. O que importa � o que temos por dentro.!” Ficaram amigos para sempre, e a fadinha continuou a sorrir, fazer amizades e a amparar quem precisa.

N�o muito perto dali, no interior de Minas Gerais, em uma cidade pequena, com montanhas e rios, mora o bode Candinho, entre galinhas e carneiros, em terra de capim verde e roxo. Ele � o animal de estima��o de um esperto menino, que lhe dedica cuidados desde beb�. Bonito e de pelo macio, um dia, Candinho acabou metido em uma confus�o com o bode Chefe, grande e preto, que queria sua comida. Depois da briga, Candinho ficou todo machucado. O garoto e seu av� rapidamente cuidaram das feridas e o senhor resolveu amansar o bode Chefe para que n�o arrumasse mais problemas com nenhum outro animal. Desde ent�o, Candinho e Chefe se tornaram companheiros, correm e brincam alegremente.

Mirella Louise Vitor Alfenas, de 6 anos, e Andr� Pereira Souza, de 8, s�o os autores das hist�rias contadas aqui. Eles est�o entre os sete pacientes oncol�gicos do Hospital da Baleia, em Belo Horizonte, participantes de projeto que, em uma parceria com a plataforma Estante M�gica, transformou os pequenos em autores de livros. Foram meses de trabalho, com alegria, imagina��o e determina��o, em um processo de escrita e ilustra��o das obras, com acompanhamento de educadoras volunt�rias.

O desafio foi transformar o ambiente hospitalar em espa�o educativo, principalmente para os que est�o afastados da escola. Como um forte est�mulo, as crian�as deixam de lado o sofrimento da conviv�ncia di�ria com agulhas, soros, quimioter�picos e o mal-estar, superando adversidades para narrar hist�rias divertidas e sens�veis, vencendo os problemas com coragem e perseveran�a, em uma atividade cujo significado ultrapassa as fronteiras da aten��o m�dica.

A iniciativa � uma experi�ncia-piloto, no esfor�o conjunto entre o Hospital da Baleia e a Estante M�gica, plataforma educacional voltada para escolas que transforma alunos em autores – at� hoje, cerca de meio milh�o de crian�as, entre 3 e 10 anos, participaram do projeto. � a primeira vez que a proposta ocorre fora do cen�rio escolar. As obras ser�o lan�adas hoje, �s 9h, no Clube Olympico, em Belo Horizonte, com direito a sess�o de aut�grafos.

INCENTIVO

O trabalho come�ou em agosto, quando foram selecionadas sete crian�as de 8 a 11 anos em tratamento contra o c�ncer. De l� pra c�, elas foram acompanhadas pelas educadoras na cria��o dos personagens, constru��o das hist�rias e ilustra��es dos livros. Os encontros ocorreram nos dias de tratamento dos pacientes, no hospital. Depois de prontos os textos e as ilustra��es, as obras foram encaminhadas � Estante M�gica, que fez a editora��o e produ��o dos livros.

Mirella foi diagnosticada com um tipo de leucemia em fevereiro deste ano. Com 17 dias de tratamento, muito agressivo, o cabelo caiu. Quando, no hospital, ficou sabendo que ia escrever um livro, voltou pra casa superanimada e j� come�ou a produzi-lo. A m�e, P�mela Aparecida Vitor Alfenas, conta que a perda das asas pela fadinha Arco-�ris � uma analogia � queda do cabelo da menina na vida real. “No momento em que ocorreu, perguntei se ela queria usar peruca. Mas n�o. Mirella � muito tranquila quanto a isso. N�o liga para o que est� por fora. Durante a produ��o do livro, toda a fam�lia foi envolvida. Mesmo quando ela estava abatida, escrever era uma distra��o. Est� muito orgulhosa e ansiosa para o lan�amento”, diz.

Natural de Itambacuri, no Vale do Mucuri, Andr� tamb�m foi acometido por leucemia. Ligado em tecnologia e pregui�oso para a leitura, a produ��o da hist�ria sobre o bode Candinho mudou essa caracter�stica. “O livro para ele � uma novidade. Acabou gostando de escrever, e todos ficamos encantados. O processo foi fundamental para a socializa��o, para tirar o foco s� do hospital, de exames, consultas, dessa rotina t�o cansativa. Fazer o livro foi uma divers�o e uma inspira��o”, exalta N�bia Pereira de Souza, m�e do garoto, que agora adora frequentar a biblioteca do hospital.

“Para crian�as que, por causa da doen�a, ficam longe da escola, perdem o contato com a aprendizagem, fazer os livros foi uma grande brincadeira”, enfatiza Cl�udia M�rcia Pereira, coordenadora da Rede de Amigos do Hospital da Baleia, institui��o filantr�pica que recebe pacientes de mais de 700 cidades diferentes. “Eles desenvolvem o racioc�nio e a criatividade e a imagina��o voa. O projeto contribuiu para melhorar a autoestima das crian�as em situa��o de abandono escolar. Elas sentem que s�o capazes, esquecem a dor, a tristeza, o tratamento, para deixar chegar a alegria. � um incentivo para a supera��o da doen�a”, ressalta.

“Al�m de proporcionar uma divertida experi�ncia aos pequenos, queremos despertar nas crian�as habilidades para o mundo moderno – os chamados 5Cs (comunica��o, criatividade, colabora��o, curiosidade e criticidade, ou pensamento cr�tico)”, explica o cofundador da Estante M�gica, Robson Melo. A Estante M�gica acabou adaptando sua metodologia para aplica��o dentro de um ambiente controlado, e sua equipe se mostra surpresa com o resultado t�o positivo, em um modelo in�dito. Robson comemora os frutos e revela j� considerar atuar com o projeto em situa��es parecidas, em outros hospitais ou ocasi�es em que as crian�as se afastam da escola. “No trabalho com o Hospital da Baleia, recebemos o retorno de como as crian�as se sentiram empoderadas, protagonistas de sua hist�ria. Reconhecendo-se no processo de cria��o, elas s�o encorajadas pelo autoconhecimento, pela autoconfian�a. Um aux�lio no pr�prio processo terap�utico”, finaliza Robson.





Os livros

» Meu bode Candinho, de Andr� Pereira Souza, de 8 anos

» A vit�ria do Homem-formiga e do Garoto-formiga sobre Carrapato e Bizarro, de Arthur Mendes Santos, de 11

» A festa da loba, de Felipe Gabriel dos Reis, de 8

» Pitty e o drag�o, de Lucas Jos� Sanches Santos, de 11

» Uma flor de princesa, de Maria Clara Oliveira da Costa, de 10

» A fadinha Arco-�ris, de Mirella Louise Vitor Alfenas, de 8

» A fuga do le�o, de Sara Gomes da Silva, de 8

Interessados podem adquirir exemplares dos livros nos sites www.lojinha.estantemagica.com.br www.estantemagica.com.br/amigos


palavra de
especialista

Miriam Sarsur
educadora que acompanhou Arthur, de 11 anos, e Mirella, de 6


Mais leveza � dura rotina


“O Projeto Estante M�gica-Hospital da Baleia deu �s crian�as participantes a oportunidade de se descobrirem autores de livros que ganhariam espa�o al�m do hospital. Ao entender o projeto, percebi o quanto a atividade seria positiva para desviar a aten��o dos procedimentos que envolvem o tratamento, ao levar as crian�as para um espa�o mental mais l�dico. E isso ocorreu, mesmo dentro da pequena sala de azulejos brancos em que me reuni pela primeira vez com Arthur, e depois com Mirella. � necess�rio considerar que a interna��o ou o tratamento semanal no hospital s�o per�odos especialmente dif�ceis para uma crian�a, por ela se ver rodeada de pessoas e coisas t�o diferentes do que vive em sua rotina infantil, com seus irm�os, amigos, brinquedos, cadernos ou animais de estima��o. O envolvimento em uma atividade diferenciada como essa foi, por si s�, motivacional para que eles dessem asas � imagina��o e � criatividade, expressassem sentimentos e se comunicassem. Espero que o empenho na cria��o da hist�ria e da ilustra��o tenha contribu�do para o bem-estar e para o tratamento de todos e que abra�ar o resultado – um lindo livro de capa dura – proporcione muita alegria e aumente a autoconfian�a de cada um. Daqui pra frente, os pais poder�o sempre resgatar essa experi�ncia, destacando e valorizando o livro, como forma de incentivar seus filhos a buscar outros interesses, para poder vivenciar o per�odo de tratamento com mais leveza e seguran�a. Quero acreditar que a participa��o no projeto tenha estimulado a curiosidade pela leitura e leve cada pequeno escritor a continuar sendo um autor em sua vida.

 

 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)