Maria do Carmo Caixeta,
psic�loga aposentada
Geralmente cercada de expectativas, a aposentadoria pode ser boa... ou ruim. Tudo depende de como o trabalhador se prepara para essa nova etapa da vida. “� uma grande mudan�a e muitas pessoas t�m fantasias que n�o se realizam. A quest�o n�o � s� ocupar o tempo”, alerta a psiquiatra, psicanalista e tanat�loga Mariel Paturle, cofundadora da Sociedade de Tanatologia e Cuidado Paliativo de Minas Gerais.
Para a m�dica, � fundamental pensar o que fazer quando se aposentar, qual ser� o objetivo de vida. “A aposentadoria pode ser uma fase muito rica e criativa quando a pessoa se dedica a alguma aspira��o do cora��o ou se abre para a doa��o”, afirma. O aposentado, geralmente, tem mais liberdade, n�o precisa se preocupar com hor�rios, n�o tem obriga��o com tarefas e resultados.
� o caso da psic�loga Maria do Carmo Caixeta, de 66 anos, moradora de Belo Horizonte. Com a aposentadoria, ela p�de se dedicar a uma paix�o da inf�ncia: as borboletas. Depois de um est�gio volunt�rio no borbolet�rio do zool�gico da capital mineira, ela come�ou a investir em seu jardim, em Cachoeira do Brumado, distrito de Mariana (MG).
“Minha primeira provid�ncia foi aposentar o rel�gio e passar mais dias na casa de campo. Ficava horas e horas no quintal cuidando das plantas e fotografando as borboletas em seus mais variados voos e poses”, conta. Ao longo dos anos, Maria do Carmo conseguiu fazer um invent�rio informal das borboletas do vilarejo: fotografou e identificou 90 esp�cies.
PRESERVA��O Agora, a psic�loga aposentada est� prestes a realizar um grande sonho: lan�ar o livro Borboletas do meu quintal, com fotos e textos de sua autoria. Ela explica que o projeto nasceu da vontade de compartilhar a experi�ncia de revitaliza��o de seu quintal, com a constru��o de jardins para possibilitar ambiente prop�cio � preserva��o das borboletas da regi�o.
“No livro, explico sobre a escolha de plantas e flores, o plantio e a manuten��o dos canteiros. Reuni, ainda, informa��es sobre os h�bitos de vida das borboletas, suas caracter�sticas e curiosidades, tudo isso ilustrado com belas fotografias”, conta, empolgada. Apesar de n�o ser um livro t�cnico, Maria do Carmo contou com a ajuda de especialistas, que a auxiliaram na identifica��o das esp�cies de borboletas.
Para viabilizar a impress�o do livro, ela lan�ou uma campanha de financiamento coletivo na internet. No site www.catarse.me/borboleta#about � poss�vel fazer a compra pr�via da obra, cujo lan�amento est� previsto para mar�o. “H� ainda outras formas de apoio, como a aquisi��o de ecobags com estampas de borboletas fotografadas por mim ou a contrata��o de palestras para crian�as e at� mesmo de uma consultoria para quem deseja atrair borboletas para o seu jardim”, explica a autora.
Sem rumo, aposentados correm o risco de adoecer
Solid�o, depend�ncia, depress�o. Pessoas que n�o planejam sua aposentadoria, que se sentem perdidas, sem saber o que verdadeiramente desejam depois de deixar o trabalho, podem adoecer. “Em vez de se abrir para o mundo, alguns aposentados se fecham. E surgem pensamentos como ‘vou morrer mesmo’… H� aqueles que sofrem de solid�o e at� mesmo desenvolvem v�cios, como comer, beber ou jogar demais”, afirma a m�dica Mariel Paturle.
Por isso, � fundamental dedicar-se a atividades prazerosas, muitas vezes deixadas de lado devido � rotina exigente do trabalho. “Somos como mendigos sentados numa mala velha cheia de ouro. Muitas vezes, desconhecemos nossa riqueza, nosso potencial. Precisamos tomar posse do nosso pr�prio tesouro”, sugere a especialista.
EXPECTATIVA De acordo com a Secretaria de Previd�ncia do Minist�rio da Fazenda, o Brasil tem 20,5 milh�es de aposentados pelo Regime Geral de Previd�ncia Social. Em Minas Gerais, somente em um m�s, mais de 2,4 milh�es de pessoas se aposentaram. A idade m�dia de aposentadoria � de 58,3 anos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), a expectativa de vida do brasileiro � de 76 anos. Entre as mulheres, chega a 79. “S�o muitos anos para desperdi�ar”, brinca Maria do Carmo.