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Estado de Minas

Aprender de forma l�dica

Per�odo da musicaliza��o � o momento para os pequenos terem espa�o de ser apenas crian�as. O adulto deve gui�-los por um processo de desenvolvimento que seja divertido


postado em 21/04/2019 05:05

Alunos do projeto Música na Escola, do CEF 11, do Gama: criança deve, acima de tudo, se divertir, ter um espaço e um universo de ação (foto: Ronayre Nunes/Esp. CB/D.A Press )
Alunos do projeto M�sica na Escola, do CEF 11, do Gama: crian�a deve, acima de tudo, se divertir, ter um espa�o e um universo de a��o (foto: Ronayre Nunes/Esp. CB/D.A Press )

Um detalhe fundamental lembrado pelos especialistas � o cuidado que os pais devem ter com a press�o por ter um “filho m�sico”. A regra � clara: a crian�a deve, acima de tudo, se divertir, ter um espa�o e um universo de a��o, sendo que qualquer interfer�ncia desconfort�vel pode ser at� mesmo traum�tica.
“A quest�o � tratar a crian�a como crian�a e n�o como um ‘miniadulto’. Se o pai trata como uma profiss�o, vai perder a gra�a e acaba trazendo problemas. A crian�a tem de estar no seu universo, e cabe ao adulto gui�-la por um processo de desenvolvimento que seja divertido”, comenta o professor Ricardo Jos� Dourado Freire, da UnB.
Jesuhay Le�o, professor de viol�o no Clube de Choro, corrobora: “Vamos fazer uma compara��o com uma crian�a que est� se alfabetizando, entendendo as figuras, os s�mbolos. S� depois de um tempo ela vai conseguir entender um dicion�rio. � parecido com a m�sica. N�o d� para deixar a crian�a pular esse momento da musicaliza��o e divers�o e ir direto a um est�dio”.
Ele ressalta que o per�odo da musicaliza��o � o momento para tentar fazer a crian�a ter espa�o de ser crian�a. “N�o h� necessidade de encontrar uma nota espec�fica. Eu apresento as figuras musicais mais importantes, a pauta, e eles at� aprendem a tocar algumas notas, mas isso nunca no contexto de ser uma obriga��o. A gente n�o cobra e, quando v�, eles j� est�o tocando.”

AL�M DA M�SICA Agita��o, cochichos exacerbados, risadinhas pouco contidas. Foi assim que cerca de 30 alunos instrumentistas do projeto M�sica na Escola aguardavam a chegada da reportagem no Centro de Ensino Fundamental 11, do Gama. Debaixo de uma t�pica chuva de fim de ver�o, a quadra coberta da escola apresentava um trabalho e tanto de musicaliza��o infantil. O programa completa 20 anos em 2019 e carrega no hist�rico a forma��o de quase 400 alunos – 350 com idade entre 10 e 14 anos, e 30 entre 15 e 19.
Al�m dos momentos marcantes, como as apresenta��es em embaixadas ou dividir o palco com a Orquestra do Ex�rcito e a Orquestra Sinf�nica Cl�udio Santoro, o grupo faz parte de um processo de educa��o que vai muito al�m da m�sica. “O que vi desde que cheguei s�o talentos revelados. Meninos que est�o tocando e que tamb�m t�m uma educa��o s�lida. O objetivo aqui n�o � profissionalizar, mesmo que, �s vezes, isso acabe ocorrendo. Temos alunos que s�o muito introspectivos, com problemas no rendimento, problemas familiares e veem no projeto uma raz�o para ficar na escola”, explica Thiago Francis, um dos professores de m�sica do col�gio, que atua no local desde 2013.
Ao lado de Lincoln Costa e D�bora Bastos, Francis ressalta o quanto a banda da escola ultrapassa as notas musicais: “Neste mundo de bullying, a gente ensina aos alunos o respeito pela m�sica. S�o estudantes que tinham problema com a disciplina, mas agora se dedicam, cuidam de instrumentos caros, enfim, t�m uma nova perspectiva”.
A ideia do professor est� em comunh�o com o precursor do projeto no CEF 11, o atual diretor da escola, Luiz Fermiano. “O objetivo n�o � s� fazer m�sica, mas formar o cidad�o. No in�cio, era uma fanfarra, s� de percuss�o. Hoje, eles j� cresceram muito, s�o uma banda musical mesmo. E se a crian�a n�o conseguir fazer parte pelos instrumentos, tem outras atividades relacionadas ao universo da m�sica. O foco � a inclus�o”, explica.
No projeto, ao total, s�o cerca de 90 alunos que participam de v�rios contextos da musicaliza��o infantil. E o trabalho n�o se restringe aos alunos da escola. Pelo contr�rio. Tamb�m fazem parte da banda crian�as da comunidade e at� pais de alunos. Entre competi��es com outras bandas escolares, viagens regionais e apresenta��es oficiais, os alunos chegam a fazer at� dois shows por m�s nos segundo semestre de cada ano – momento em que a carga acad�mica de conte�do da escola d� uma folguinha. Profissionais do Instituto Banda Sinf�nica de Bras�lia tamb�m auxiliam o projeto com oficinas musicais.
“Nosso apelo � para que o governo invista em educa��o musical. N�o � uma perda de tempo. A gente trabalha em uma escola p�blica, que tem de ser cuidada pelo governo, com leis espec�ficas para educa��o musical nas escolas. A gente n�o ensina s� o instrumento, mas, sim, a musicaliza��o. Existe um foco na humanidade”, comenta Francis sobre as dificuldades que o projeto sofre em rela��o a recursos.
“Existem limitantes, faltam recursos, mas o valor da recompensa � sem palavras. Ver os meninos desfilando no 7 de Setembro, na frente do presidente, passando em universidades p�blicas... Tudo isso � uma satisfa��o que n�o cabe no peito”, completa Fermiano.

Paix�o pelo clarinete

A troca de olhares r�pida e pouco sutil entre uma fotografia e outra n�o nega o parentesco �nico que Marcela e Luara Azevedo compartilham. As g�meas, de 13 anos, atuam na banda tocando clarinete e n�o escondem a alegria de fazer parte desse verdadeiro time. Marcela foi a primeira a fazer os testes para entrar no projeto e, como explica a m�e, Luana Azevedo, de 33, serviu de influ�ncia para a irm�.
“Marcela se inscreveu primeiro. Luara se interessou e pediu para participar tamb�m. N�o esperava que elas fossem gostar de forma alguma, nunca foi algo que parecia interessante para elas e, para ser franca, nem sabia que tinha projetos assim por aqui”, comenta a auxiliar de coordena��o.
Luana aproveitou a visita � escola, no dia da entrevista, para tentar incluir o irm�o na banda – que tamb�m tem 13 e estuda em outro col�gio. Ocorre que a fama ben�fica do projeto j� ronda a regi�o. “Pelas experi�ncias que tive com minhas filhas, pude ver como a escola � boa para as crian�as, e queria isso para ele”, justifica.
Ainda de acordo com a m�e, os benef�cios para as g�meas definitivamente est�o longe de ficar restritos � m�sica. “�bvio que o incentivo � muito importante. � uma educa��o. Depois de entrar na banda, as duas passaram a conviver melhor, n�o ficam brigando, n�o t�m tanto atrito.”

DOM Para as meninas, que j� est�o h� dois anos praticando clarinete, n�o h� muito o que explicar: o projeto � bom e pronto. “N�o sei muito como falar, mas � bom, sabe? N�s visitamos lugares muito bonitos com a banda, tocamos, � bom conhecer outros lugares, outras pessoas.” A argumenta��o de Luara vem acompanhada da primeira experi�ncia na banda: “Eu estava na sala quando o professor nos convidou. Falei que queria, e fui. Foi um pouco dif�cil no come�o, pois n�o tinha contato com o clarinete, mas n�o desisti”.
Para a irm�, Marcela, o instrumento � um companheiro para a vida. “Acho que tocar � uma esp�cie de dom. Uma coisa que faz parte de voc�, que � muito especial para as pessoas.” Ao ser questionada sobre o que faria caso n�o estivesse junto aos colegas tocando, a garota � assertiva: “Gosto da m�sica; ent�o, se eu n�o estivesse na banda, acho que ia estar assistindo, como toda a escola”. Em geral, os alunos praticam em duas manh�s ao longo de cada semana. O ensino na escola � integral.


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