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Estado de Minas Com ajuda do rob�

Como funciona uma cirurgia com rob�? Veja v�deo

Estado de Minas acompanhou uma cirurgia rob�tica em BH. O Brasil j� � campe�o neste tipo de procedimento na Am�rica Latina


24/06/2019 07:00 - atualizado 24/06/2019 08:37


Movimentos precisos, vis�o em 360 graus e completa imers�o em partes do corpo humano jamais vistas a olho nu. A cirurgia rob�tica tem promovido avan�os revolucion�rios na medicina. Mas, ao contr�rio do que se pode supor, o procedimento n�o � comandado pelo rob�. Ele � apenas um instrumento, de alta precis�o, controlado pelo m�dico. Minas Gerais � o terceiro estado que mais faz esse tipo de procedimento no pa�s. Com quatro bases instaladas em hospitais particulares de Belo Horizonte, a m�dia de cirurgias j� passou de 100 por m�s. S�o Paulo, que tem 28 rob�s operando, lidera a lista, seguido pelo Rio de Janeiro.

O Brasil � o pa�s que mais faz cirurgia rob�tica na Am�rica Latina. Com pouco mais de uma d�cada da chegada do primeiro rob�, temos hoje 57 plataformas espalhadas por todas as regi�es. Segundo dados da Intuitive Surgical, empresa detentora da �nica marca de rob� do mundo, em 2018, foram realizados mais de 8 mil procedimentos em todo o territ�rio nacional. Em 2011, primeiro ano do levantamento, o pa�s aparecia t�mido nos gr�ficos, com 450 cirurgias.

Para entender como funciona essa tecnologia a servi�o da sa�de, a equipe do Estado de Minas acompanhou uma cirurgia rob�tica conduzida pelo urologista Pedro Romanelli, um dos primeiros cirurgi�es mineiros a se especializar nessa �rea. Na sala de cirurgia do Hospital Fel�cio Rocho, a equipe m�dica est� preparada para conduzir uma interven��o de pr�stata. O rob� entra em cena. N�o � um ser de metal com bra�os e pernas semelhantes �s humanas. � primeira vista, aquele equipamento enorme, acoplado ao paciente por quatro pequenos furos, que s�o os bra�os do rob�, nem parece t�o tecnol�gico. Mas basta esperar o procedimento dar in�cio para entender a din�mica da tecnologia.
Cirurgia robótica conduzida pelo urologista Pedro Romanelli no Hospital Felício Rocho(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Cirurgia rob�tica conduzida pelo urologista Pedro Romanelli no Hospital Fel�cio Rocho (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)


Um bra�o do rob� � equipado com uma c�mera que gera imagem em alta defini��o, tridimensional e com a amplia��o de at� 20 vezes. “Nesta microc�mera do rob� tem duas �ticas, cada uma joga para um olho do cirurgi�o. � como se estiv�ssemos dentro da cavidade da barriga do paciente. Ent�o a gente tem um n�vel de detalhe muito grande”, explica Romanelli.

O cirurgi�o comanda o trabalho operat�rio de um console. Ali, era dentro da sala de cirurgia. Mas pode ficar em qualquer lugar, inclusive em outra cidade, estado ou pa�s. O rob� foi desenvolvido nos Estados Unidos h� mais de duas d�cadas, justamente para fazer cirurgias a dist�ncia. “A cirurgia rob�tica come�ou a ser desenvolvida na �poca da guerra, com a ideia de que os cirurgi�es pudessem operar os soldados feridos longe dos campos de batalha”, explica o m�dico, que tamb�m preside a Sociedade Brasileira de Urologia, seccional Minas Gerais. Na pr�tica, conduzir opera��es a dist�ncia ainda � muito pouco usado. Na maioria das vezes, o cirurgi�o fica � ao lado do paciente mesmo.

SINCRONIZA��O


A tecnologia permitiu um avanço enorme nas cirurgias complexas, com menos chance de complicações(foto: Reprodução de Vídeo)
A tecnologia permitiu um avan�o enorme nas cirurgias complexas, com menos chance de complica��es (foto: Reprodu��o de V�deo)
Dom�nio da t�cnica para comandar o rob� � fundamental. Sentado na cabine de comando, o m�dico emite todos os movimentos que o rob� vai executar. As m�os, manuseando uma esp�cie de joystick de videogame, e os p�s, operando quatro pedais, trabalham de forma simult�nea e sincronizada. “O rob� reproduz os movimentos do m�dico, mas com mais delicadeza porque filtra o tremor. Al�m disso, ele consegue chegar em lugar em que a m�o do cirurgi�o n�o consegue”, comenta Pedro Romanelli.

A pesquisa da Intuitive fez um mapeamento nacional das especialidades que mais operam por rob�tica. A urologia lidera o ranking, com mais de 4 mil procedimentos realizados em 2018. “A rob�tica foi desenvolvida, inicialmente pela empresa, pensando na cirurgia card�aca. Mas eles falam que miraram o cora��o e acertaram a pr�stata”, comenta Pedro Romanelli. “A pr�stata tamb�m � um �rg�o que fica em um local escondido, onde � dif�cil a gente conseguir fazer essa cirurgia. E a delicadeza do rob� nos permite fazer isso de uma forma mais precisa”, afirma. A cirurgia geral aparece em segundo lugar, com mais de 2 mil opera��es, seguida da ginecologia, com cerca de 1 mil procedimentos rob�ticos.

Menor tempo de recupera��o
Principal vantagem da cirurgia rob�tica � encurtar o per�odo de interna��o. Por outro lado, o pre�o do procedimento no Brasil ainda � muito alto em rela��o � opera��o convencional


Quando descobriu que a mudan�a de colora��o do esperma era um dos sintomas de um c�ncer na pr�stata, o caminhoneiro Roberto M�rcio Castro, de 53 anos, levou um susto. “Fa�o controle anual desde os 45 anos. Fa�o o exame de toque e todos os outros que os m�dicos pedem. Ent�o, receber uma not�cia dessa foi um baque. Nunca estamos preparados”, conta Roberto M�rcio, que recebeu apoio incondicional das duas filhas e da esposa. “� a fam�lia que nos sustenta nessa hora”, comenta.

A decis�o por uma cirurgia rob�tica veio depois de muita pesquisa. “Uma de minhas filhas � enfermeira. Ela me ajudou muito a pesquisar sobre o tratamento. Conversei tamb�m com pessoas que tinham feito a cirurgia rob�tica e todas falaram muito bem da recupera��o”, recorda. Mas a decis�o s� veio mesmo depois de passar por tr�s m�dicos urologistas. “Descobri que fazendo a opera��o rob�tica, teria muito menos chances de complica��es, como a incontin�ncia urin�ria, e at� mesmo menos chances de ter problemas na vida sexual”, conta Roberto.

E foi o que aconteceu. �s 12h de 10 de fevereiro deste ano, ele entrou na sala de cirurgia do Hospital Matter Dei, e �s 16h o procedimento acabou. “Quatro horas depois, eu j� estava conversando. Tive algumas dores durante a noite, mas na tarde do outro dia j� recebi alta”, diz Roberto M�rcio. “A recupera��o foi muito r�pida. A gente precisa ficar com uma sonda nos sete primeiros dias, mas j� caminhava, sa�a de casa desde o quarto dia.”

TRAUMA MENOR

Para o paciente, as vantagens em fazer um procedimento com o uso da tecnologia rob�tica em rela��o ao procedimento convencional, via laparoscopia, v�o desde a seguran�a ao menor tempo de recupera��o. “Todas as cirurgias minimamente invasivas (sem grandes cortes) fazem com que tenhamos um trauma muito menor, sangramento muito menor, menos chance de transfus�o e complica��es p�s-operat�rias”, afirma o urologista Pedro Romanelli.

Urologista Pedro Romanelli explica que a cirurgia robótica ainda não está incluída na lista dos planos de saúde(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Urologista Pedro Romanelli explica que a cirurgia rob�tica ainda n�o est� inclu�da na lista dos planos de sa�de (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

Na contram�o das indica��es positivas de interven��es com uso da tecnologia est�o os custos. A cirurgia rob�tica ainda � cara. O procedimento na pr�stata, por exemplo, custa em torno de R$ 40 mil, o dobro do pre�o de uma cirurgia convencional. Mas, para Roberto M�rcio, os benef�cios da recupera��o valeram a pena. “Acho que com a tecnologia tem muito mais chance de dar certo. A recupera��o da nossa sa�de � a coisa mais importante que existe”, avalia o caminhoneiro, que voltou para a estrada 45 dias depois de se curar do c�ncer.

O alto pre�o da tecnologia � uma das grandes barreiras para o avan�o e populariza��o do procedimento no pa�s. “O rob� � caro. Tem custo de aproximadamente R$ 12 milh�es, sem imposto. Mas, hoje, no Brasil, j� temos cinco hospitais p�blicos que t�m essa plataforma”, comenta Pedro Romanelli. Minas Gerais ainda n�o tem o equipamento na rede p�blica de sa�de. Por enquanto, somente S�o Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande Sul conseguiram disponibilizar a cirurgia em hospitais p�blicos.

Outro entrave no acesso das pessoas ao procedimento � que os conv�nios de sa�de n�o cobrem a cirurgia. “A Ag�ncia Nacional de Sa�de define o que � cobertura obrigat�ria pelos planos, e o rob� ainda n�o est� inclu�do nessa lista”, explica o especialista.

CAPACITA��O

A médica Sálua Calil, oncologista e ginecologista, especializou-se em robótica em 2017, nos Estados Unidos(foto: Arquivo Pessoal)
A m�dica S�lua Calil, oncologista e ginecologista, especializou-se em rob�tica em 2017, nos Estados Unidos (foto: Arquivo Pessoal)

O rob�-cirurgi�o chegou em Minas h� dois anos. De l� para c�, mais de 100 profissionais se certificaram para fazer esse procedimento. A m�dica S�lua Calil, oncologista e ginecologista, especializou-se em rob�tica em 2017, nos Estados Unidos. “Fiz minha certifica��o na Calif�rnia, onde fica a f�brica da Intuitive, que � o nosso rob� aqui no Brasil”, conta a primeira mulher a operar com rob� em Minas Gerais. “Sempre me interessei por cirurgia avan�ada. E a rob�tica nos permite fazer uma cirurgia de alta complexidade, com um alto n�vel t�cnico”, comenta.

Assim como S�lua, o m�dico brasileiro que tiver interesse em se especializar em rob�tica vai ter de fazer o curso fora do Brasil. O pa�s ainda n�o disponibiliza a forma��o. Os centros de treinamentos mais pr�ximos est�o na Col�mbia e nos Estados Unidos. “� um curso que dura dois dias. Temos aulas te�ricas e pr�ticas”, conta a m�dica. Mesmo ap�s receber o certificado, o profissional deve fazer as primeiras 20 cirurgias acompanhado de um tutor. “Assim como quando a gente tira carteira de motorista e ainda n�o sabemos dirigir, a mesma coisa ocorre com a cirurgia rob�tica”, compara Romanelli, que, tamb�m, atua como orientador de profissionais rec�m-formados em hospitais de Belo Horizonte.

(foto: Arquivo Pessoal)
(foto: Arquivo Pessoal)
Tr�s perguntas para...

Rafael Coelho, urologista especialista em cirurgia rob�tica do Hospital 9 de Julho, em S�o Paulo

1) Como fica a rela��o m�dico-paciente com a chegada do rob�?


Creio que a automatiza��o e a robotiza��o da medicina v�o gerar conflitos sim na rela��o m�dico/paciente, � medida que as rela��es se tornam mais distantes e o contato m�dico/paciente superficializado. Ser� uma nova era da medicina, focada em resultados, estat�stica e padroniza��o de condutas que, sem d�vida, elimina la�os de empatia, amizade e humanidade entre m�dicos e pacientes. � um desafio para n�s manter as rela��es humanas em um primeiro plano com os avan�os da medicina e ci�ncia. Creio que em algum momento teremos de reavaliar esses rumos para saber se estamos no caminho certo.

2) S� o uso da tecnologia garante o sucesso do procedimento?

O sucesso do procedimento � totalmente dependente do cirurgi�o. As plataformas rob�ticas atuais funcionam como um sistema master-slave, em que os bra�os rob�ticos s�o controlados totalmente por um cirurgi�o. A plataforma oferece vantagens, como imagem magnificada, tridimensional, instrumentos miniaturizados e articulados, al�m de filtrar o tremor do movimento; mas o resultado depende do cirurgi�o, que tem de saber usar esses recursos de maneira adequada para oferecer melhor resultado.

3) No futuro, o rob� poder� assumir o controle e eliminar a necessidade do m�dico?

A empresa VERb surgical, resultado de um esfor�o conjunto da Google e JJ, j� tem falando em cirurgia totalmente automatizada, em que n�o seria necess�rio um cirurgi�o. Entretanto, eles mesmo admitem que esse tipo de cirurgia ainda est� muito distante e diversas barreiras ter�o de ser vencidas ainda para torn�-la vi�vel. Por hora, a empresa est� investindo todos seus esfor�os na produ��o de uma plataforma rob�tica master-slave, totalmente dependente de um cirurgi�o.


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