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Estado de Minas De pai para pais

Paternidade envolve muito mais que dinheiro ou trocar fraldas

Rela��es devem ser nutridas desde a fase da gravidez, na conversa com a mulher, at� as atitudes e a��es em todas as fases de crescimento do beb�


12/08/2019 19:54 - atualizado 12/08/2019 20:06

Com as filhas Duda, de 8 anos, e Gabi, de 5, Fernando Dias, criador do curso
Com as filhas Duda, de 8 anos, e Gabi, de 5, Fernando Dias, criador do curso "Vou ser pai, e agora?", conta que aprendeu a ser menos ego�sta (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

Infelizmente, um beb� n�o chega com manual de instru��o ou uma f�rmula m�gica de como o pequeno se comporta. Medo, inseguran�a, preocupa��es e aquela alegria de ter um elo para sempre com algu�m. A chegada de um filho �, sem d�vida, um momento �nico. � �bvio, ningu�m tira a figura materna como maior v�nculo dessa rela��o, afinal, foi ela quem gerou esse novo ser. Por�m, essa � uma conversa de pai para pais, principalmente aqueles de primeira viagem.

Foi-se o tempo em que o papel de educar e demonstrar afeto era dedicado apenas �s m�es. Hoje, v�rios tabus em rela��o � paternidade ficaram no passado e a conscientiza��o de uma paternidade mais respons�vel se tornou presente. O administrador de empresas Fernando Dias, pai da Eduarda, de 8 anos, e da Gabriela, de 5, sempre ficou muito receoso sobre que tipo de pai seria. “Quando se � pai, � necess�rio criar seus pr�prios v�nculos e mem�rias afetivas com nossas crian�as. A m�e j� tem isso. Tem que ir buscando essa liga��o, como o pr�prio ato de botar peito com peito. Eu e minhas filhas somos bem grudadas, elas confiam em mim”, afirma.

O acompanhamento e envolvimento do pai no crescimento do filho � uma importante ferramenta de educa��o e transforma��o pessoal. Dias relata que se tornou menos ego�sta depois do nascimento das filhas, por exemplo. “Voc� n�o pensa s� em voc�. Acaba criando uma extens�o, em todos os aspectos. � uma responsabilidade”, comenta.

TREINAMENTO 

Por mais que exista afeto, todo in�cio � meio nebuloso. Para isso, muitos pais se aventuram em cursos para ‘gr�vidos’. Aulas com informa��es, orienta��es e dicas valiosas para a hora do ‘vamos ver’, como a tem�vel troca de fraldas, o banho ou colocar para arrotar. Como no caso do administrador de empresas. Ap�s a insist�ncia da esposa, os dois embarcaram no curso. Por�m, Fernando percebeu que, por mais que as informa��es fossem importantes, as aulas eram voltadas exclusivamente para as mulheres. “Tem o discurso de que � importante para o pai participar desses cursos, mas � voltado para elas. Para esses caras que ficam a vida toda com receio, ningu�m senta pra te contar as mudan�as que o homem passa neste momento. Tem uma falta do di�logo de homem para homem”, relembra.

Pensando nisso, o administrador fundou, h� 4 anos, o curso “Vou ser pai, e agora?”, voltado para os pais. Fernando afirma que o curso � um importante meio para come�ar a pensar na vida de pai, para al�m do financeiro. Dialogando sobre quest�es que envolvem a vida dele e o relacionamento com a mulher e o beb�. “Aprender a criar v�nculos com nossos filhos e dar o devido suporte no crescimento do beb� s�o pe�as importantes”, comenta Dias. O curso tamb�m instrui o futuro pai nas quest�es cotidianas, como trocar fraldas, roupas, dar banho, curar umbigo e a��es corriqueiras. “Entender as altera��es que se passam com a mulher tamb�m � importante, tanto nas quest�es f�sicas quanto nas hormonais. Chegando, inclusive, a perceber quando a esposa est� com ind�cios de depress�o p�s-parto”, argumenta.

Contamos hist�rias de pais que viram, no crescimento de seus filhos, for�a para mudar atitudes e focar suas vidas na realiza��o da felicidade de outro ser. E tamb�m deseja um feliz Dia dos Pais a todos e a todas as m�es que desempenham tais fun��es. O administrador deixa um recado. “Vista a camisa, n�o seja apenas um ajudante da m�e. Plantando agora, voc� colher� bons frutos no futuro. N�o h� nada mais prazeroso que ver o sorriso de nossos filhos”, conclui.

Experi�ncia transformadora
Ser pai de primeira viagem n�o � tarefa f�cil. mais do que amor, a paternidade exige mudan�as na vida de qualquer um


Ser pai de primeira viagem n�o � tarefa f�cil. Nervosismo, estresse, medo, questionamentos, inseguran�as s�o normais para qualquer novo marinheiro. Afinal, a paternidade � algo fant�stico, por�m, imprevis�vel. Para S�nia Eust�quia da Fonseca, psic�loga cl�nica, psicanalista e sex�loga, muito mais do que o desafio de amar e educar uma crian�a, existe uma confirma��o e a legitima��o de 'dar conta da vida'. “� deixar a zona de conforto de ser filho para ser pai, uma zona desconhecida e altamente exigente. � ter coragem e acreditar que poder� fazer melhor com o filho do que foi feito pelo seu pai”, explica.

S�nia Eust�quio afirma que o homem pode e deve assumir-se como pai desde o in�cio da gesta��o e come�ar a construir sua pr�pria rela��o com o beb� para fortalecer um elo que possa gerar mem�rias positivas, que levem o beb� a reconhec�-lo, de alguma maneira, mesmo que s� sensorial, logo ap�s o nascimento. “O beb� pode sentir a presen�a do pai no dia a dia, por meio do toque de sua m�o na barriga da m�e, do amor que � passado nesse momento, da voz proferida bem pr�ximo do ventre e, acima de tudo, da presen�a emocional desse pai a essa gr�vida, por meio dos sentimentos positivos que ela, a m�e, transmite ao beb�, provindos do contato com o pai”, ressalta.

O publicit�rio Marcos Vin�cius, de 32 anos, pai de Lara, de 1 ano e 9 meses, conta que, por mais que fosse uma gravidez planejada, a not�cia foi uma surpresa. “Acho que, por mais que voc� planeje, na hora que acontece tem a quest�o do medo, voc� fica um pouquinho em choque, voc� fica algumas noites sem dormir direito. Mas eu e minha esposa sempre quer�amos ter um filho, assim, foi uma not�cia muito boa.” Segundo ele, a ficha de ser pai demorou a cair. “Nos primeiros meses, a gente n�o tava se dando conta de que ter�amos um filho, mas era uma sensa��o maravilhosa”, relembra.

Marcos Vin�cius se sentia confuso. Afinal, o per�odo de gravidez perpassa por uma mistura de sentimentos que v�o desde a felicidade at� o medo e a ang�stia. “Chega uma hora em que a gravidez j� come�a a dar aquele estresse, voc� fica com medo de dar algum problema no ultrassom. � uma mistura de muitos sentimentos.” Al�m disso, o publicit�rio conta sobre a ansiedade de como ser� com o sustento da casa. “O nascimento de um beb� tem disso, bate aquela inseguran�a, mas � normal de todo casal”, afirma.

Com o nascimento da filha, o publicit�rio diz que o jogo mudou, as prioridades mudaram, o senso de prote��o surgiu e alguns medos tamb�m acabam transparecendo. “Mas principalmente a quest�o da responsabilidade e que, a partir de agora, minha filha tem prioridade, seja profissional ou pessoal. Tudo isso muda. Prezar pela seguran�a, pela sa�de”, explica. Ele ainda comenta que nos primeiros dois anos, a vida do casal vira de cabe�a para baixo e � preciso ter jogo de cintura. “Saber colocar tudo numa rotina, saber a hora de falar n�o, de impor respeito com seu filho, porque quando ele vai crescendo, ele aprende o que pode conseguir com um choro e com uma birra. Desafio de come�ar a educar desde cedo e sempre ouvindo opini�es diferentes das suas, estruturar a fam�lia e n�o deixar a peteca cair”, pontua.

De acordo com Eust�quia da Fonseca, acompanhar as fases da gravidez de perto faz com que se crie um v�nculo maior com a crian�a logo no in�cio, o que, naturalmente, ajuda o pai a ser mais proativo nos cuidados com o beb� ap�s o nascimento. “Al�m disso, � importante apoiar a mulher nesse momento em que ela tende a estar mais sens�vel e passando por desconfortos f�sicos e tens�es emocionais advindas dos desafios da gesta��o, aliados a outras demandas da vida”, frisa. Em nossa cultura, ainda existe a ideia de que homens n�o precisam se envolver muito com a gesta��o. “O pai acaba sendo colocado, ou se colocando, em segundo plano, quando deveria participar ativamente das transforma��es que ocorrem com a mulher e com o pr�prio relacionamento durante a gesta��o. Esse � o nosso desafio constante”, conclui a psic�loga.

NOVOS RUMOS

Willian Guimarães, de 36, pai de Elias, de 2 anos e 8 meses, fez curso para lidar melhor com a nova função (foto: Arquivo pessoal)
Willian Guimar�es, de 36, pai de Elias, de 2 anos e 8 meses, fez curso para lidar melhor com a nova fun��o (foto: Arquivo pessoal)

O representante comercial Willian Guimar�es, de 36, pai de Elias, de 2 anos e 8 meses, recorda que ele e sua esposa ficaram um tempo tentando engravidar e at� chegaram a perder as esperan�as. Por�m, foi nesse momento de descren�a que o pequeno Elias veio. “A ficha demora um pouco para cair, porque a gente gerava expectativa e ela n�o acontecia e quando, de fato, ocorreu, a rea��o foi muito bacana”, relembra. A vida do representante comercial deu uma nova guinada e o sonho de ser um pai como o seu veio de forma natural, por�m, com um certo desespero. Afinal, � algo completamente novo. “Hoje em dia tudo � t�o caro, a gente vive numa economia em que ter uma crian�a n�o � t�o f�cil. Os gastos aumentam, a responsabilidade aumenta, ent�o, tudo passava pela minha cabe�a”, salienta.

Como v�rios pais de primeira viagem, Willian Guimar�es foi em busca de um curso para pais, depois de conselhos de uma amiga da fam�lia. “Sempre fui uma pessoa que gostei muito de buscar informa��es na internet ou em livros, mas com conte�dos de informa��o seguros. O curso ajudou bastante, come�ou a trazer mais seguran�a. Foi tudo muito v�lido e at� consegui passar seguran�a para minha esposa”, comenta.

A chegada do pequeno Elias fez com que Willian valorizasse ainda mais os ensinamentos do pai. “Ser pai � cansativo, mas extremamente prazeroso. Eu e meu filho somo amigos hoje, porque foi algo alimentado desde pequenininho. Tirar do meu para oferecer pra ele passou a ser meu foco. Apesar do carinho pelos meus pais, ele � a minha primeira op��o em tudo. Estou passando o que meu pai passou comigo”, pontua.

(foto: Arquivo pessoal)
(foto: Arquivo pessoal)
Personagem da not�cia

Felipe Bartolomeo advogado, 40 anos, pai de Francisco


"Sempre tive vontade de ser pai e fiquei bastante feliz e ao mesmo tempo assustado com a not�cia. Afinal, eu e minha esposa t�nhamos acabado de perder uma gesta��o. Fui deixando acontecer, meio que no piloto autom�tico. At� que contratei o curso para ajudar nesse processo de ser pai e tive a no��o real de como era trocar fralda, dar banho, olhar a temperatura da mamadeira e da �gua para o banho. Por�m, sem d�vida, a parte do planejamento familiar define muita coisa para o futuro. Entrei num mundo mais t�cnico, do qual nem tinha no��o. Meu filho foi a realiza��o de um sonho, a melhor situa��o que j� me ocorreu. Al�m disso, a vida dele transformou a minha. Eu era muito sedent�rio. Com a chegada dele, passei a praticar ainda mais exerc�cios f�sicos. N�o quero perder nem um segundo da vida dele. Tanto que temos um dia da semana s� nosso, vamos ao parque, brinco, me divirto, � o dia dos meninos. O primeiro dia em que o vi voltando da escolinha, com um chaveirinho feito por ele mesmo, foi uma emo��o indescrit�vel."

Saiba mais: Licen�a-Paternidade

A licen�a oferecida para pais � de cinco dias corridos, come�ando a partir do primeiro dia �til ap�s o nascimento do filho. � um afastamento remunerado, que vale para casos de filhos biol�gicos e adotados. Servidores p�blicos federais e funcion�rios de empresas que fazem parte do Programa Empresa Cidad� t�m o per�odo de licen�a ampliado para 20 dias.

(foto: Scritore/Divulgação )
(foto: Scritore/Divulga��o )
Livro: Vou ser pai: e agora?

Autor: Fernando Dias

Resumo: No livro, o autor fala das suas experi�ncias com a chegada de suas filhas. Perpassando pelo processo de descoberta da gravidez, a mudan�a provocada por ela, a descoberta de um amor incondicional, cr�nicas sobre a paternidade e dicas para o papai de primeira viagem saber como lidar melhor com seus pr�prios medos.

Editora: Scrittore, 160 p�ginas, R$ 34,90


* Estagi�rio sob a supervis�o da subeditora Elizabeth Colares


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