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Estado de Minas Crescimento

Puberdade precoce: entenda do que se trata e saiba como trat�-la

Motivo de desespero para pais e m�es, a ocorr�ncia pode interferir na estatura final das crian�as e impact�-las social e psicologicamente


13/08/2019 15:26 - atualizado 13/08/2019 15:28

A rotina de Larissa Borges, de 9 anos, inclui uma injeção por mês para bloquear a puberdade precoce(foto: Valdo Virgo/CB/D.A Press - 25/5/15)
A rotina de Larissa Borges, de 9 anos, inclui uma inje��o por m�s para bloquear a puberdade precoce (foto: Valdo Virgo/CB/D.A Press - 25/5/15)
Sem as inje��es que Larissa Borges, de 9 anos e meio, toma a cada 28 dias, talvez a menina j� tivesse menstruado e sua altura seria de mais ou menos 1m52. Ela est� no 15º m�s de tratamento para a puberdade precoce. A primeira inje��o a fez chorar muito, mas depois se acostumou. A professora da menina sabe que, uma vez por m�s, em uma segunda-feira, a estudante se ausentar� das aulas para tratamento.

Em janeiro do ano passado, ao ajudar a filha Larissa a lavar o cabelo no banho, Eliana Borges, de 38, enfermeira, notou que come�avam a aparecer brotos mam�rios. “Ela tinha acabado de fazer 8 anos. N�o estava muito exagerado, mas estranhei”, relembra. Levada ao pediatra, o m�dico afirmou que poderia se tratar de puberdade precoce e que a menina deveria ser examinada por um endocrinologista.

Come�aram os exames. O raio X da m�o esquerda apontava que a idade �ssea de Larissa era de 12 anos, ou seja, quatro a mais que a idade cronol�gica da menina. Em geral, a diferen�a n�o pode passar de seis meses. “No in�cio, fiquei desesperada, mas a m�dica me acalmou”, conta.

Era o momento de decidir sobre o bloqueio hormonal ou n�o. Os pais n�o tiveram d�vida e cerca de 20 dias depois do diagn�stico foi dada a largada. De alto custo, o plano de sa�de da fam�lia paga o tratamento. No entanto, muita gente recorre ao governo para conseguir o medicamento. A triptorrelina, segundo a endocrinologista pedi�trica Leandra Steinmetz, bloqueia a secre��o dos horm�nios e mant�m os n�veis hormonais baixos, de modo que atrasa a menstrua��o.

Agora, a idade �ssea de Larissa difere de sua idade cronol�gica em apenas seis meses e, com toda inoc�ncia de crian�a, a m�e conta que toda vez que v� uma senhora mais baixinha, pergunta: “Mam�e, ser� que ela menstruou nova? Ser� que ela tinha o mesmo problema que eu?”. A m�e acha gra�a e diz que n�o sabe. Assim como tamb�m n�o sabe quando as inje��es da filha ser�o suspensas.

FASE COMPLICADA 

O per�odo da adolesc�ncia, quando a puberdade est� � flor da pele, costuma ser uma fase complicada tanto para quem est� deixando de ser crian�a quanto para quem v� os filhos mudarem n�o s� o corpo, como tamb�m o comportamento. Mas, e quando a puberdade come�a mais cedo, sem acompanhar a maturidade da crian�a e sem que ela ainda seja uma adolescente?

A puberdade � o processo de matura��o biol�gica, que, pelas modifica��es hormonais, culmina no aparecimento de caracteres sexuais secund�rios, como mamas e pelos pubianos, na acelera��o da velocidade de crescimento e, por fim, na aquisi��o de capacidade reprodutiva da vida adulta. Ela � precoce quando ocorre antes dos 8 anos em meninas e antes dos 9 em meninos, e � cada vez mais frequente.

As meninas s�o as principais v�timas dessa matura��o adiantada. “N�o se sabe exatamente por que a puberdade precoce � mais comum em meninas, mas acredita-se que fatores ambientais, psicossociais, gen�ticos e hormonais sejam mais prevalentes e determinantes no aparecimento das caracter�sticas sexuais secund�rias nas meninas do que nos meninos”, explica a endocrinologista pedi�trica Lauriene Pereira. Segundo a Organiza��o Mundial de Sa�de, a puberdade precoce ocorre de 10 a 23 vezes mais com as mulheres e a maior parte dos casos � idiop�tica, ou seja, sem causa definida.

Leandra Steinmetz, m�dica assistente de endocrinologia pedi�trica do Instituto da Crian�a do HC, da Faculdade de Medicina da USP, afirma, no entanto, que, embora mais comum em meninas, � nos meninos que a puberdade precoce costuma ser mais negligenciada. “Como o primeiro sinal � o aumento do volume testicular, muitos pais demoram a notar. Normalmente, notam quando aparecem pelos e a puberdade j� est� mais avan�ada”, explica. Portanto, � importante fazer o acompanhamento anual com pediatra.

Sobre o tratamento, Lu�s Eduardo Calliari, professor assistente da Faculdade de Ci�ncias M�dicas e m�dico assistente do Departamento de Pediatria da Santa Casa de S�o Paulo, explica: “As crian�as que apresentam desenvolvimento dos caracteres sexuais precocemente devem ser examinadas, e, em muitos casos, precisam ser tratadas. O principal objetivo do tratamento � impedir que a crian�a chegue � puberdade antes do tempo desejado e possa, assim, manter seu desenvolvimento cronol�gico compat�vel com a idade �ssea”.

PREJU�ZOS 

O principal preju�zo para a crian�a com puberdade precoce diz respeito ao crescimento. “Aqueles que t�m puberdade precoce costumam ser crian�as grandes e adultos pequenos”, afirma o endocrinologista Fl�vio Cadegiani. O estir�o de crescimento delas come�a mais cedo, mas tamb�m termina antes.

O ciclo de crescimento dos meninos e das meninas � diferente. O estir�o delas � no in�cio da puberdade e, depois da menarca (primeira menstrua��o), ela vai crescer no m�ximo 7cm. O estir�o dos meninos ocorre no final da puberdade, e eles crescem at� os 17 anos de idade �ssea. “Do ponto de vista social, tudo que cause uma diferen�a entre a crian�a e o coleguinha � ruim”, afirma a endocrinologista pedi�trica Leandra Steinmetz.

Segundo Cadegiani, meninas que tiveram a primeira menarca muito cedo podem entrar na menopausa tamb�m mais cedo. “Isso � um problema, porque estamos tendo filhos cada vez mais tarde e essa mulher pode vir a ficar inf�rtil precocemente”, explica. Al�m disso, h� estudos que associam ao risco de algumas doen�as no futuro. “A maior exposi��o ao estrog�nio pode aumentar o risco de c�ncer de mamas, de ov�rios, obesidade e tamb�m doen�as cardiovasculares”, afirma Lauriene Pereira.

As causas

S�o diversas as poss�veis causas da puberdade precoce. A maior parte � idiop�tica (sem causa aparente) ou org�nica, como tumores e meningite, por exemplo. � importante ressaltar que, apesar de os pais poderem carregar o gene para puberdade precoce, ela n�o � heredit�ria. As meninas tendem a menstruar pela primeira vez pr�ximo � idade da primeira menstrua��o da m�e, mas tamb�m n�o � uma regra.

>> Administra��o de horm�nios de forma indevida, seja via oral (com medicamentos ou suplementos) 
ou cut�nea (alguns cremes ou pomadas com estr�geno na composi��o)

>> Obesidade

>> S�ndrome de McCune-Albright

>> Hiperplasia adrenal cong�nita

>> Em casos raros, hipotireoidismo

>> Se tiver recebido tratamento com radia��o no sistema nervoso central, como os utilizados para tratar tumores e leucemia, entre outros.


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