Foi comemorado ontem (26/9), o
Dia
Mundial da Preven��o da Gravidez
n�o Planejada
, por�m alguns m�todos contraceptivos ainda s�o desconhecidos ou se tem pouca informa��o sobre eles, segundo estudo global realizado pela Bayer, com apoio da Federa��o Brasileira das Associa��es de Ginecologia e Obstetr�cia (Febrasgo), e TANCO – Think about Needs in Contraception (Pensando nas Necessidades em Contracep��o). A pesquisa, que envolveu mais de
7 mil pacientes
e 726 ginecologistas de 11 pa�ses da Europa, al�m do Brasil, buscou, entre outras coisas, identificar a rela��o das mulheres com os m�todos contraceptivos.
Parte das
entrevistadas
com a idade entre 18 e 29 anos n�o planejam ter filhos nos pr�ximos tr�s a cinco anos ou n�o pretendem ter filhos, enquanto a maior parte das que est�o entre os 40 e 49 anos disseram que j� completaram o planejamento
familiar
. Ou seja: dois cen�rios em que a contracep��o de longa dura��o � mais indicada. Apesar disso, as taxas de uso desses m�todos ainda s�o significativamente baixas. No
Brasil
, por exemplo, apenas
10%
das entrevistadas os utilizam.
De acordo com a ginecologista Ilza Monteiro, membro da diretoria da Febrasgo, a principal ferramenta que contribui para evitar gravidez n�o planejada � a informa��o. “Atualmente, existem diversos m�todos
contraceptivos
dispon�veis, tanto de curta quanto de longa dura��o. A
p�lula
anticoncepcional se enquadra nos de curta dura��o, j� que precisa ser tomada todos os dias, e o DIU hormonal, por exemplo, se enquadra nos de longa, pois, uma vez colocado, pode permanecer no �tero por at� cinco anos”, exemplifica.
J� o ginecologista da rede Materdei Agnaldo Lopes explica em quais casos os m�todos contraceptivos longos s�o recomendados. “S�o indicados, para quem corre o risco de se esquecer de tomar a p�lula diariamente, os dispositivos intrauterinos hormonais e n�o-hormonais (
DIU, anel vaginal
), adesivos cut�neos e anticoncepcional injet�vel, entre outros”, exemplifica. Ele alerta sobre o uso da contracep��o de emerg�ncia. “Deve ser usada somente em casos especiais e tem efic�cia de 80% a 90%, se tomada em at� 72 horas ap�s a rela��o sexual. O
preservativo
� outro aliado importante para a contracep��o e contra doen�as sexualmente transmiss�veis”, afirma.
De repente, gr�vida
A empres�ria Erika Lins, de 32 anos, engravidou aos 15. Ela conta que foi uma surpresa para a fam�lia, pois sempre fora uma
adolescente
t�mida. “Meus familiares eram
conservadores
. Eu e meu namorado, na �poca com 17 anos, s� fic�vamos em casa e ningu�m imaginava que t�nhamos
rela��es sexuais
”, revela. Ela come�ou a desconfiar que estava gr�vida devido alguns sintomas. “Tinha dor nas costas, enjoo, percebi meu corpo mudar”, lembra.
A empres�ria diz que precisou pegar os
documentos
da irm� mais velha para realizar o
exame de sangue
, por medo de revelar aos pais sobre a suspeita. “Fui ao hospital, fiz o exame, meu namorado buscou e foi confirmada a gravidez”, recorda.
Para Erika, foi dif�cil contar aos pais. “Meu
namorado
revelou primeiro para a fam�lia dele, depois veio at� minha casa e conversamos com minha m�e. Todos ficaram surpresos. Meu pai queria que nos cas�ssemos e ficamos
desesperados
, porque n�o t�nhamos emprego.” Mesmo chocados com a not�cia, os pais deram todo apoio. “Todos aceitaram bem, mas pai foi mais agressivo quando contei.” Hoje, ela toma cuidado para evitar outra gravidez indesejada. “Tomo
anticoncepcional
. J� pensei em colocar o DIU, mas, por enquanto, prefiro tomar s� a p�lula”.
Preven��o � responsabilidade de ambos
Gabriele Faria, de 33, � consultora em sexologia, sa�de e educa��o sexual. Ela foi fruto de uma gravidez n�o planejada e cresceu em um ambiente em que os homens tinham mais liberdade que as mulheres. “A vida me ensinou, �s vezes de forma leve, �s vezes de forma bruta, o que era ser mulher . Quando realmente me tornei mulher, percebi que precisava de mais informa��es sobre sexualidade , e foi estudando muito que percebi que n�o sabia era nada”, diz.
Atualmente, a consultora compartilha informa��es nas redes sociais e no seu est�dio f�sico, onde atende junto com marido, Thiago Moraes. O trabalho dela consiste basicamente em
empoderar
a mulher dentro da sua pot�ncia feminina e dos seus
direitos
. “Informo sobre sexualidade, ajudo em processos de cura quanto a essa sexualidade e at� mesmo na seguran�a da integridade moral, f�sica e mental”, explica.
Para ela, a melhor forma de conscientizar � levar
informa��o
correta, clara e objetiva sobre o que acompanha uma gesta��o e a cria��o de uma
crian�a
. “Quando as pessoas n�o t�m consci�ncia de que sexo � algo s�rio e deve ser feito somente quando se tem
maturidade
e clareza sobre seus atos e consequ�ncias, n�o adianta apenas falar aleatoriamente ou perguntar ap�s o ocorrido se ouve preven��o”, ressalta. “Empoderar a sociedade � fazer com que a educa��o sexual seja aceita e abra�ada.
Sexo n�o � um ato solo, nenhuma mulher engravida em um ato sexual sozinha. � preciso que o
esperma
fecunde o �vulo, e esse esperma vem de onde? Do homem, n�o � mesmo? A mulher s� pode engravidar cerca de dois dias do m�s e, mesmo assim, com um n�mero limitado de anos, ou seja, a mulher tem apenas 24 dias por ano para engravidar. J� os homens s�o
f�rteis
por 364 dias do ano e sem um real prazo de validade”, conclui.
* Estagi�ria sob a supervis�o da subeditora Elizabeth Colares
* Estagi�ria sob a supervis�o da subeditora Elizabeth Colares
TR�S PERGUNTAS PARA
C�ntia Almeida Tavares
, ginecologista e obstetra
Como alertar os pacientes sobre a import�ncia do uso de preservativos?
Expondo os perigos de contrair as doen�as sexualmente transmiss�veis. Nas consultas do dia a dia, sempre enfatizo os perigos e a responsabilidade que temos sobre o nosso corpo. A partir do momento em que decido ter rela��es sexuais, estou assumindo um risco para a minha sa�de. Ent�o, precisamos ter consci�ncia da necessidade de nos proteger. Ningu�m cuida melhor do nosso corpo do que n�s mesmos.
Como fazer o casal entender que o dever de prevenir a gravidez � tarefa de ambos e n�o somente da mulher?
Esse � um dilema, pois, antes de pensarmos em gravidez indesejada, temos que nos preocupar com as doen�as sexualmente transmiss�veis. Ent�o, tanto o homem quanto a mulher precisam se cuidar. E com rela��o � gravidez n�o programada devemos enfatizar que os dois s�o respons�veis pela vida que est� sendo gerada. Cuidados com a sa�de, educa��o � papel de pai e m�e. Considero que o grande problema do mundo hoje est� relacionado com a perda de valores que s�o passados de pais para filhos.
Hoje, � poss�vel a pessoas de baixa renda ter acesso a anticoncepcionais, camisinha e outros m�todos por meio do SUS. Mas como conscientiz�-las dessa import�ncia?
� poss�vel, sim. Falta orienta��o efetiva e campanhas de conscientiza��o o ano todo. Sexo tem que deixar de ser um assunto problem�tico e passar a ser encarado com maior responsabilidade.