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Estado de Minas

Plus size: um grito de liberdade diante da balan�a e dos padr�es de beleza

Movimentos de aceita��o do corpo, como o body positive, promovem a autoestima de pessoas mais interessadas em sa�de e qualidade de vida


postado em 25/10/2019 04:00 / atualizado em 25/10/2019 14:05

Gisele Bündchen posa com modelos plus size em campanha de O Boticário(foto: Lu Prezia/divulgação)
Gisele B�ndchen posa com modelos plus size em campanha de O Botic�rio (foto: Lu Prezia/divulga��o)

Uma hist�ria que, como milhares de outras, come�a na inf�ncia, quando a menina gorda recebe apelidos nada simp�ticos. “Sempre fui atacada pelo meu peso. Na escola, principalmente, o alvo era f�cil. Apelidos como baleia assassina, orca, botij�o de g�s, sap�o e outros eram comuns, mas nunca me irritaram profundamente. J� na adolesc�ncia, a quest�o de ficar dentro de um padr�o est�tico foi al�m. Cheguei a fazer dezenas de regimes e nunca estava satisfeita com meu corpo. Na idade adulta, ap�s uma grave anemia por conta de dietas malucas, a ficha caiu e percebi que j� era hora de parar com tanta cobran�a e me aceitar como sou.”


 
A fala � de S�lvia Neves, de 45 anos, manequim 46, cantora l�rica e uma das modelos plus size mais reconhecidas do pa�s, al�m de influencer body positive – movimento que prega a aceita��o do corpo para al�m dos padr�es de beleza vigentes.
 
No mercado fashion h� 10 anos – per�odo em que o conceito plus size passou a fazer parte da ind�stria da moda nacional com mais representatividade –, S�lvia vem acompanhando passo a passo o que considera uma revolu��o. “Buscamos incentivar principalmente as mulheres, p�blico que sofre mais com a press�o est�tica, a se aceitarem e se amarem como s�o. Se quiserem mudar algo, que seja por elas e n�o para seguir um padr�o que possa vir a machuc�-las f�sica e emocionalmente.”

Pol�mica 


Mas a discuss�o ainda promete pano pra manga. Isso porque, al�m de envolver quest�es de sa�de, � alvo de pol�micas e haters – pessoas que espalham �dio no ambiente da web. Exemplo recente vem da atriz e cantora Cleo Pires, musa nas telas da TV, que ganhou quilos a mais e foi duramente criticada por isso.
 
Afinal, o que significa ser plus size no s�culo 21? Pessoas acima do peso podem ser saud�veis? A ind�stria est� mesmo interessada em acolher a demanda desse p�blico ou as campanhas inclusivas n�o passam de marketing? Convidamos mulheres plus size, m�dicos e psic�logos para falar sobre o tema, de forma franca e sem tabus.
 
Modelos plus size Karoline Ribeiro(foto: Galdyston Rodrigues/E.M/D.A Press)
Modelos plus size Karoline Ribeiro (foto: Galdyston Rodrigues/E.M/D.A Press)


  
Ok, a moda est� mais inclusiva. Ainda que, muitas vezes, as campanhas publicit�rias sejam amparadas em estrat�gias de marketing, h�, sim, uma abertura real do mercado para pessoas que vestem a partir do manequim n�mero 44. Mas j� reparou que mesmo as lojas de departamento ainda segmentam esse p�blico? E o que dizer de equipamentos p�blicos como assentos de avi�o e dos �nibus?
 
� nesse sentido que ativistas e modelos fazem “campanha” a cada trabalho realizado, a cada apari��o p�blica, no dia a dia. E foi assim que Karoline Mariana Ribeiro, de 28 anos, formada em arquitetura e urbanismo, manequim 46, percebeu que poderia, sim, trabalhar no mercado fashion. “A maior parte da adolesc�ncia me senti gorda e mal com meu corpo. Principalmente, porque, na �poca, era dif�cil encontrar roupas no meu manequim. S� mais tarde, j� na faculdade, descobri que existiam modelos plus size e me identifiquei. Ali percebi que o fato de n�o me adequar ao f�sico e altura da maioria das meninas da minha idade n�o significava ser feia. Da� surgiu a ideia de me tornar uma modelo profissional, porque, at� ent�o, isso era algo inimagin�vel para mim.”
 
Entre os primeiros passos para a profissionaliza��o, ela se inscreveu no Miss Brasil Plus Size. “Na �poca, h� seis anos, n�o existiam ag�ncias de modelo que trabalhavam com esse segmento em Belo Horizonte. Ganhei o Miss Minas Gerais Plus Size no ano seguinte, e, a partir de ent�o, trabalho profissionalmente como modelo. Como consequ�ncia de meu trabalho, comecei a influenciar a vida de v�rias mulheres 'fora do padr�o'”.
 
Karoline, que tamb�m � influenciadora da autoestima plus size e cujo perfil no Instagram conta com mais de 84 mil seguidores (@karolribeiroplus), revela as principais evolu��es em rela��o ao conceito e ao comportamento em torno dele por parte do mercado e da sociedade em geral.
 
“No Brasil, o conceito plus size come�ou a ganhar for�a h� pouco mais de cinco anos. Por mais que j� existisse antes, tudo o que se via era muito mais conservador, senhoril e n�o acompanhava as tend�ncias mundiais.” Hoje, cita ela, estamos vivendo um momento em que os padr�es convencionais t�m sido redefinidos. “As minorias est�o ganhando maior visibilidade e voz ativa. Como consequ�ncia, marcas inteligentes t�m observado a demanda crescente no mercado e v�m come�ando a investir em publicidade com diversidade �tnica, de biotipos f�sicos, de g�nero etc.”

Body positive 


Nesse caldeir�o de abertura � diversidade e quebra de padr�es, Karoline afirma que as mudan�a tamb�m s�o capitaneadas por movimentos como o body positive. “Ele surgiu da necessidade de defender que o nosso corpo vai muito al�m de um ornamento para ser admirado, mas, sim, um instrumento do pr�prio uso. Portanto, h� uma preocupa��o em emponderarmos todas as pessoas, fazer com que entendam que s�o bonitas sem enxergar a beleza como algo que depende do peso ou do manequim. Al�m disso, refor�ar que o pr�prio corpo � bom e n�o que est� bom somente naquele momento, como algo ef�mero ou passageiro.”
 
Muitas vezes rotulada como plus size, o que incomoda por nem sempre ser vista com o mesmo profissionalismo em compara��o a uma modelo convencional, magra, Karoline lembra que o mercado ainda engatinha em rela��o ao reconhecimento �s diferen�as. “Na moda, ainda � uma �rea que est� caminhando e crescendo para ser mais profissional. Ainda estamos bem amadores no Brasil, em compara��o a pa�ses como os EUA, por exemplo.”
 
E vai al�m. “H� dificuldade de encontrar roupas bonitas, joviais e com pre�os acess�veis, porque, no geral, a moda plus size ainda � bem mais cara. Tamb�m h� dificuldade em acessibilidade, por exemplo. Os assentos em �nibus e avi�es, na maioria das vezes, n�o s�o pensados para a pessoa gorda, e quando h� assento em voos, por exemplo, o gordo tem que pagar mais caro para ter acesso a esse assento. Portanto, a regra ainda parece ser a de um p�blico segmentado e n�o algo que teria que ser um direito de quem precisa do 'benef�cio'.”
 

PALAVRA DE ESPECIALISTA

Mauro Jácome(foto: Galdyston Rodrigues/E.M/D.A Press)
Mauro J�come (foto: Galdyston Rodrigues/E.M/D.A Press)

Mauro J�come, m�dico cirurgi�o-geral e 
gastroenterologista especialista no tratamento � obesidade
 
“Obesidade � o ac�mulo de gordura corporal. Existem in�meras formas de detect�-la e o ideal � combinar algumas para um resultado completo. Al�m do c�lculo do �ndice de Massa Corporal (IMC), em que se divide o peso pela altura elevada ao quadrado e resultado acima de 30 sugere obesidade, deve-se considerar, tamb�m, qual percentual desse peso corresponde � gordura, e qual corresponde � massa magra e �rg�os, entre outros dados. A neglig�ncia � obesidade � grave, pois, al�m de se relacionar, em muitos casos, a efeitos negativos comportamentais e psicol�gicos, como a inseguran�a e a dificuldade de socializa��o, ela traz uma s�rie de riscos para a sa�de global, desde aumento da incid�ncia de doen�as cardiovasculares e do colesterol, gordura hep�tica, aumento do risco de c�ncer, maior propens�o ao sedentarismo... Praticamente, todos os aspectos f�sicos ficam negativamente alterados, e a chance de surgimento das doen�as aumenta muito. Tudo bem o indiv�duo estar obeso e se aceitar. No entanto, deve saber que sua sa�de est� sob risco, mesmo com exames gerais momentaneamente bons, e tentar mudar a situa��o. Nesse caso, o amor-pr�prio � importante para que a pessoa tenha vontade de emagrecer, tente reduzir a gordura corporal. Lembrando que movimentos como o body positive promovem o est�mulo � autoestima e ao amor pr�prio e n�o � manuten��o da gordura corporal. Ele fala da aceita��o do corpo, independentemente de como ele est�, para que isso crie amor-pr�prio, e vejo isso de forma muito positiva, pois os principais casos de pessoas que conseguiram criar e manter um estilo de vida mais saud�vel s�o pessoas que aprenderam a se amar e se aceitar em primeiro lugar. Isso � um est�mulo para que ela passe a se cuidar e deixe de se vitimizar.” 
 

Entrevista:

Fabiana Cerqueira, psic�loga e psicanalista

A imagem no div�

 

Especialista explica porque a forma do pr�prio corpo e a do corpo alheio chama tanto a aten��o


Por que a forma do pr�prio corpo e a do corpo alheio provoca tanto bafaf�? Fabiana Cerqueira, psic�loga e psicanalista, mestre em psicologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), professora de psicopatologia e psican�lise da Faculdade Ci�ncias da Vida, aborda o tema na entrevista a seguir. 

De que forma e quando o indiv�duo come�a a perceber o pr�prio corpo e a comparar a pr�pria imagem aos padr�es vigentes?
A percep��o do nosso pr�prio corpo se d� desde a tenra idade. E como estamos numa �poca marcada pela imagem, isso se torna ainda mais acentuado. Crian�as j� interagem com a pr�pria imagem desde muito cedo, uma vez que s�o fotografadas desde que nascem. Vemos, ainda, um material consider�vel de canais e p�ginas nas redes sociais feitos por crian�as e direcionados para elas. Isso tudo as influencia. No mundo contempor�neo, h� um padr�o de imagem e tamb�m de comportamento que j� circula como imperativo de constru��o subjetiva e de comportamento desde cedo. 
 
Fabiana Cerqueira, psicóloga e psicanalista(foto: Daniel Barcelos/divulgação)
Fabiana Cerqueira, psic�loga e psicanalista (foto: Daniel Barcelos/divulga��o)

 
Como essa imagem afeta a autoestima? 
Os modelos e padr�es est�ticos interferem na nossa elabora��o subjetiva. Na constru��o da identidade, de quem somos, do que queremos transmitir ao outro. De nossos comportamentos, na nossa maneira de pensar, vestir e at� mesmo de comer. Mas essas infer�ncias est�o sempre na ordem do ideal. E ideal � algo que n�o alcan�amos por completo. E se n�o tivermos uma boa cabe�a para diferenciar o que � modelo-padr�o, aquilo que eu gostaria de ser daquilo que tenho condi��es de ser, do que � satisfat�rio para mim, o que � do outro e o que pode ser meu, e que sempre existir� algo da n�o completude, da n�o realiza��o completa, isso poder� nos atingir na nossa autoestima, com certeza.

Por que amar o pr�prio corpo/apar�ncia costuma ser um desafio?
Porque isso significa amar n�o s� o que satisfaz, mas tamb�m o que achamos que n�o est� t�o bom assim ou aquilo que n�o se encaixa no padr�o vigente. � consentir com o seu corpo, apar�ncia e estilo de vida, que inclui as mazelas, os defeitos. Nesse sentido, h� um limiar que merece aten��o: o que posso aceitar e o que posso melhorar dentro das minhas limita��es. � aceitar tamb�m que n�o sou igual ao outro. � aceitar que n�o me encaixo num paradigma que vejo pela minha tela de celular diariamente, mas que posso beber naquela fonte da minha maneira. Isso inclui saber do seu equil�brio. 

O que � gordofobia? 
� o preconceito contra as pessoas que est�o acima do peso e fora do padr�o vigente. Isso � despertado por um certo “asco” da imagem que se apresenta � nossa frente. 

Como � poss�vel lidar com a gordofobia?
Acredito que � uma constru��o que cada indiv�duo, mulher ou homem, deva fazer. Muitas vezes, os plus sizes est�o bem resolvidos consigo mesmos e sabem que esse preconceito est� ligado a um padr�o imposto pela sociedade. Mas penso ser importante se conhecer, saber de suas escolhas, de sua aceita��o, da rela��o com sua imagem. Esses s�o pontos norteadores para ficar bem consigo mesmo e n�o se abalar com os preconceitos que v�m dos outros.

Duas hist�rias recentes e que merecem uma "an�lise": a grife Victoria Secret's, que considerou a modelo B�rbara Palvin plus size (o que parece uma tentativa frustrada de aplicar o marketing de inclus�o). E o ganho de peso da atriz Cl�o Pires, que foi alvo de coment�rios negativos na internet. O que pensa a respeito de cada caso, do ponto de vista da influ�ncia sobre o outro?
 
Modelo Bárbara Palvin em desfile da Victoria's Secrets(foto: Angela Weiss/AFP)
Modelo B�rbara Palvin em desfile da Victoria's Secrets (foto: Angela Weiss/AFP)
 

Primeiro caso: as marcas, de maneira geral, est�o usando a diversidade social, de g�nero, est�tica e racial como maneira de ampliar seus mercados e abrir o olhar para o que j� tem aparecido de maneira espont�nea nas redes sociais. Tem um movimento significativo no mundo comercial, em que o consumidor � quem est� apontando o caminho. Isso � maravilhoso e, inevitavelmente, torna-se uma importante ferramenta de marketing. Por�m, acredito que o consumidor entende quando isso � verdadeiro. No caso da Victoria's Secrets, fizeram uma tentativa, como voc� disse, frustrada, de acionar um novo jeito de apresentar o corpo da mulher. Isso s� nos mostra como a diversidade, de maneira geral, est� ganhando espa�o necess�rio! Por�m, neste caso, s� fez aparecer a dificuldade da marca em se atualizar. Virou um bom material para eles repensarem seu posicionamento como marca para as mulheres e n�o para apenas um tipo de mulher. O segundo caso demonstra que esse terreno virtual, que � palco para as diversidades e tamb�m permite a manifesta��o, pode ser tamb�m cruel. Cl�o Pires era considerada um modelo de mulher sexy, uma refer�ncia a ser seguida. E parece que frustrou esse imagin�rio, esse ideal vigente. Como se as pessoas pensassem: “Como o que eu quero ser passou a ser o que mais temo?” Algo assim... 

Afinal, por que o corpo do outro gera tanto bafaf�?
Porque o corpo � algo que nos � importante e tamb�m algo que nos faz quest�o. Sempre estamos �s voltas com nosso corpo, � ele que “carregamos”, que nos representa, que nos � um tanto male�vel, uma representa��o est�tica de n�s mesmos. Dif�cil ficar indiferente a isso. 

H� dicas para que a mulher de manequim plus size ou mesmo a mulher que est�, de fato, acima do peso, d� conta de separar o que � marketing do que � realidade na quest�o da inclus�o social e da autoestima?
Essa resposta passa por uma constru��o subjetiva de cada um. Essa resposta, esse jeito de lidar com o pr�prio corpo, com o outro, com o que vemos na internet � uma constru��o que vai passar pelo entendimento de cada um com sua hist�ria, seu olhar para si e para o mundo. E isso passa por um processo de conhecimento de si.

Por fim, o que � fundamental para a sa�de mental diante da expectativa est�tica x realidade das pr�prias medidas, do pr�prio corpo e das caracter�sticas que, muitas vezes, n�o nos agradam diante do espelho?
Penso que se conhecer nesse processo com seu corpo � fundamental. Saber o que � um desejo seu e qual desejo que vem do outro; o que � importante para voc� e o que � um modelo transmitido pela m�dia e internet. Saber de si para poder “navegar” por a� � o que pode deixar a pessoa bem orientada e n�o ser levada por padr�es e seu estado emocional ser influenciado por isso. � entender esse limiar do que � meu, do que � do outro, do que posso mudar, do que devo aceitar. N�o � f�cil, mas poss�vel. 
 

Mercado em expans�o 

 
Modelo Fluvia Lacerda(foto: Plus Model mag/divulgação)
Modelo Fluvia Lacerda (foto: Plus Model mag/divulga��o)
 
 
Um mercado que movimentou R$ 7,2 bilh�es no pa�s apenas no setor de vestu�rio, em 2018, e envolve um p�blico superior a 110 milh�es de pessoas (que usam manequim 46 ou maior), segundo dados da Associa��o Brasil Plus Size (ABPS). Como se v�, falar em realidade plus size no Brasil � sin�nimo de n�meros robustos, como destaca Marcela Elizabeth, jornalista especializada em gest�o de neg�cios e inova��o, fundadora e presidente da entidade criada em 2016 e que, hoje, re�ne 38 empresas do setor entre lojistas, startups, pequenos e grandes players do mercado do vestu�rio e varejo.
 
“Temos empresas que confeccionam e comercializam tamanhos plus size h� mais de 40 anos no Brasil. Afinal, sempre existiram pessoas que vestem numera��ogrande. Mas apenas a partir de 2009 o termo vem sendo usado com mais frequ�ncia e o movimento, de fato, come�ou a se espalhar por meio de blogs, imprensa, eventos segmentados.”
 
Para al�m da possibilidade de incentivar e fomentar neg�cios no setor, Marcela afirma que a ABPS e as empresas que j� investem no mercado plus size abrem caminho para a representatividade do p�blico. E, consequentemente, para o resgate da autoestima de pessoas que, at� h� pouco, n�o eram percebidas como parte integrante do mercado. “Nosso objetivo � unir empres�rios, dar visibilidade ao setor, promover seu potencial gerador de emprego, renda, produto interno e de exporta��o. Al�m de promover pesquisas de mercado, h�bitos de consumo e acompanhar e registrar o desenvolvimento setorial. Mas um dos mais importantes � empoderar esse p�blico, o que passa, necessariamente, pela representatividade.”
 
 
 
Esfor�o que tem sido recompensado, frisa. “Nos �ltimos dois anos, temos visto, com muito mais frequ�ncia, a popula��o plus size representada na TV, no cinema, na publicidade, em realities. Isso, al�m de empoderar as pessoas, tamb�m educa o olhar da sociedade para outros tipos de corpos e realidades. Quebra a estranheza em imagens que n�o se encaixam no que, at� ent�o, foi considerado padr�o. E � esse tipo de movimento que, em um futuro que espero seja breve, v� tornar as diferen�as mais aceitas, mais 'normais'.”

Express�o


Ela afirma, ainda, que em todo o mundo h� um clamor pela inclus�o de diversidades. E mesmo as marcas mais resistentes est�o se rendendo �s necessidades desse novo consumidor, que n�o quer mais apenas suprir sua necessidade de vestir, mas quer ter seus desejos atendidos. “Isso � maravilhoso, porque n�o h� exclusividade da moda por ningu�m. Todos somos consumidores e as empresas precisam enxergar o quanto antes essa demanda. At� porque, n�s, consumidores, estamos cada vez mais exigentes e atentos.”
 
Provas vem de movimentos como o body positive e o body neutrality, que pregam a aceita��o, independentemente de padr�es. “� libertador saber que n�o estamos sozinhos. Aceitar seu corpo ï¿½ o primeiro passo para desenvolver o autoamor, por ue a pessoa que se ama como � n�o est� aberta a receber bullying, nem sofre pelo pensamento dos outros sobre ela.”

O que � padr�o


Nutr�logo, o m�dico Guilherme Mattos lembra que a sociedade atual adota como padr�o de beleza um corpo magro e com defini��o muscular. “Um corpo fora do padr�o, portanto, � aquele que representa o oposto desse estere�tipo, ou seja, uma pessoa gorda. Mas, � importante frisar: padr�o n�o tem a ver com exames, nem IMC. Quando falamos de um corpo padr�o, estamos falando daquele que a maior parte das pessoas considera o mais bonito, n�o que isso seja verdade, mas � aquele que mais aparece na TV e nas propagandas, nas revistas e desfiles de moda... Somos expostos a esse padr�o mais vezes e acabamos o colocando em mente como o 'ideal', justamente porque ele nos � apresentado o tempo todo.”
 
Nutrólogo Guilherme Matos (foto: Pedro Vilela/divulgação)
Nutr�logo Guilherme Matos (foto: Pedro Vilela/divulga��o)

 
Mattos afirma que a baliza para uma avalia��o sobre a sa�de dos pacientes vem de exames e n�o de padr�es. Ainda que a maioria chegue ao consult�rio fora do padr�o, com o objetivo de emagrecer ou ganhar massa muscular. No entanto, lembra que cada indiv�duo � �nico. “� comum que a pessoa j� venha com uma imagem em mente de algum artista ou influenciador digital e diz que quer ficar com o corpo daquela pessoa. � muito importante que o paciente entenda que ele pode chegar ao seu melhor, mas n�o virar outra pessoa. Todos podemos ter uma inspira��o, mas n�o � saud�vel e nem poss�vel que nos tornemos outra pessoa. Cada um tem suas limita��es, inclusive f�sicas e fisiol�gicas, e objetivos de vida diferentes. � fundamental que cada indiv�duo encontre o seu melhor.”
 
Nesse sentido, ele avalia com bons olhos a aceita��o promovida pelos movimentos body positive e body neutrality. “A partir do momento em que a pessoa se ama e se aceita, ganha um grande est�mulo para melhorar sua sa�de e se cuidar. Estivemos por anos debaixo desse guarda-chuva social do padr�o, at� surgirem movimentos como body positive, conceito que promove o amor-pr�prio e um olhar positivo em rela��o � sua pr�pria imagem e, tamb�m, � dos outros. A diferen�a est� entre levar mais em considera��o o que voc� espera do seu pr�prio corpo do que o que a sociedade espera de voc�.”
 
Mas, � preciso aten��o. Segundo o nutr�logo, ter plena consci�ncia das pr�prias caracter�sticas f�sicas e n�o sentir a obriga��o de se encaixar em um estere�tipo de beleza � libertador. Contudo, deixar que a gordura se instale no corpo de maneira indiscriminada, sem levar em considera��o os limites do seu organismo para com esse processo inflamat�rio, pode significar perda de autocontrole, em vez de ferramenta de protesto. “� preciso, sim, aceitar seu corpo, mas colocar sempre a sa�de em primeiro lugar. Portanto, se voc� estiver gordo demais ou magro demais e seus exames n�o mostrarem um equil�brio saud�vel do funcionamento das c�lulas e dos �rg�os, � hora de dar uma chance � ajuda m�dica para transformar a aceita��o em processo de sa�de e bem-estar.”
 
Confira refer�ncias de estilo
no mundo plus size!

Influenciadoras

»  Ashley Graham

» J� Romano

» Rita Carreira

» Aline Zattar

» Thais Carla

» Alexandra Gurgel

» Isabella Trad


Propagandas

» Calvin Klein, modelo plus size negra

» O Botic�rio, modelo plus size (@kamilacfaria) com Giselle Bundchen

» Adidas, modelo plus size @murielsegovia

» Campanha Arezzo, com @fluvialacerda, modelo plus mais famosa do Brasil

» Campanha Ana Capri, com @todebells.


A imagem do outro


A forma f�sica da atriz Cl�o Pires, que ganhou peso nos �ltimos meses, chamou a aten��o de haters na internet. A postura foi recha�ada por ela, e tamb�m por f�s. Veja o que a modelo plus size Karoline Ribeiro pensa a respeito do epis�dio.
“Os ataques a Cl�o Pires refor�am a ideia de que as pessoas n�o gostam de mudan�a. Quando voc� est� magra sempre vai ter quem critique, da mesma maneira, quando voc� engorda. Nunca estar�o 100% satisfeitos em como voc� est�. Por isso, � importante adquirir consci�ncia corporal e amor-pr�prio para n�o se importar com a opini�o alheia.” 

 
TR�S PERGUNTAS PARA

S�lvia Neves, cantora l�rica e modelo plus siz
 
Sílvia Neves(foto: Katia Ricomini/divulgação)
S�lvia Neves (foto: Katia Ricomini/divulga��o)

 
1 - Quando voc� come�ou a atuar como modelo plus size? O que v� de positivo e de ainda negativo nesse "r�tulo"
Comecei como modelo h� 10 anos e peguei bem o in�cio de tudo aqui no pa�s. Foi uma conquista constru�da aos poucos e enfrentando muitas barreiras e preconceitos. A parte positiva � que realmente criamos uma revolu��o a favor do corpo livre e real. Aceita��o e incentivo a todos 
para se aceitarem, independentemente do seu manequim, veio para ficar. O corpo gordo virou uma plataforma pol�tica e ningu�m mais tira isso de n�s. A parte negativa ou que ainda sonhamos � que n�o mais exista o termo "plus size" para segregar as pessoas e que cada um entre em qualquer loja e tenha suas numera��es sem ter um departamento "exclusivo" ou separado. Afinal, n�o somos todos iguais? Pelo menos � por isso que lutamos.

2 - Al�m da segmenta��o na hora de comprar roupas, por exemplo, o que mais incomoda uma plus size? E o que j� conquistaram?
Acredito que o que mais incomoda uma pessoa gorda � o prejulgamento quanto � sua sa�de. Ela � taxada visivelmente pela sociedade, n�o importando se a pessoa � superativa em termos de exerc�cios f�sicos, tenha uma alimenta��o saud�vel ou exames em dia. H� muitos casos de gordofobia at� entre m�dicos, que julgam que qualquer problema de sa�de de uma pessoa gorda vem do seu excesso de peso. As conquistas v�m em cima da diversidade de corpos que j� encontramos em toda m�dia e tamb�m no reconhecimento da capacidade em qualquer setor de que o gordo pode fazer o que quiser.

3 - O que os movimentos body positive e body neutrality t�m a ver com a realidade da plus size brasileira? 
Tudo. Foi por meio de movimentos como esses que percebemos que podemos ser o que quisermos, e termos o corpo que quisermos. Na verdade, � mostrar que o corpo pode fazer tudo e n�o o que apenas ele aparenta. As brasileiras andam se aceitando mais, vejo isso em toda trajet�ria da minha carreira. Vale ressaltar que, nessa trajet�ria, quebrei outro padr�o: fui eleita a primeira Miss Brasil Plus Size acima de 35 anos, num pa�s em que ainda somos muito cobradas para que tenhamos uma juventude 'eterna'. O que tamb�m faz parte dos movimentos body positive e neutrality. Que sejamos felizes como somos e da forma que quisermos!  


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