
A partir do mapeamento do perfil de pessoas que optam por tratamento nas �reas de beleza e sa�de, levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Pl�stica (SBCP) apresentou algumas curiosidades. O estudo foi divulgado no segundo semestre de 2019, junto ao relat�rio bianual realizado pela institui��o. Um dos dados aponta a equipara��o in�dita entre procedimentos cir�rgicos e n�o cir�rgicos, e o destaque fica para a constata��o de que, entre a faixa et�ria acima dos 65 anos, cresceu a procura por tais processos. Esse p�blico � respons�vel pelo aumento de 5,4% (2016) para 6,6% (2018) na demanda por cirurgias pl�sticas e interven��es est�ticas. T�cnicas como harmoniza��o corporal e facial, aplica��o de botox e preenchedores, de forma geral, t�m sido muito solicitadas pelos mais maduros.
“Sou disciplinada nos cuidados com a apar�ncia, sempre fui vaidosa”, diz a pedagoga aposentada Andr�ia Torres, que, aos 64 anos, conta que a aten��o com o corpo e a sa�de � algo que carrega desde a adolesc�ncia. Ela inclui atividades f�sicas regulares em sua rotina. Em rela��o � est�tica, pontua que, quando jovem, n�o havia tantos procedimentos, tanto conhecimento, nem divulga��o, e tampouco tantos profissionais capacitados. “Hoje, isso melhorou muito. Depois de um certo tempo, aconteceram avan�os e surgiram mais possibilidades, inclusive com valores mais acess�veis”, compara. Antes, ocupada com o trabalho, ela n�o dispunha de tempo para se dedicar a si mesma, o que mudou depois se aposentou, aos 50.
Andr�ia j� passou por lipoaspira��o, abdominoplastia, com tratamentos para barriga, coxa, bra�o e costas. “Tamb�m fiz preenchimento, cirurgia de p�lpebra, fa�o botox de seis em seis meses, tratamento com luz pulsada. Agora me dedico mais ao cuidado com o rosto. Tamb�m pratico academia e caminhada todos os dias, al�m de acompanhamento m�dico regularmente. Com o tempo, v�o aparecendo as coisas da idade. N�o quero parecer ter 20 anos, mas quero envelhecer bem, bonita e com qualidade de vida.” Ela diz que percebe diferen�a em rela��o a amigas que n�o se cuidam. “Leio muito a respeito, me informo e procuro me atualizar sobre o que existe para me cuidar, e vou fazendo na medida do poss�vel. As pessoas se assustam quando digo minha idade.”
MAIS FELIZ No ramo da cirurgia pl�stica, entre os principais procedimentos est�o interven��es no rosto, na mama, no abd�men e a lipoaspira��o, como explica Rafael Kenji, cirurgi�o pl�stico membro da SBCP. “Uma pessoa insatisfeita com alguma parte do corpo pode se tornar insegura, ter vida social limitada e at� mesmo um quadro depressivo. Um procedimento est�tico � capaz de transformar vidas e deixar o paciente mais feliz. Na terceira idade, isso � ainda mais importante. N�o temos como escapar das rugas e linhas de express�o, dos cabelos brancos, do metabolismo desacelerado e da gravidade. Melhorar na apar�ncia algo que incomoda faz com que a gente se sinta melhor.” Rafael pontua que cabe ao profissional de sa�de ter bom senso e conversar cuidadosamente com os pacientes para saber sobre quais s�o as reais expectativas, o que pode ser feito e at� que ponto o tratamento pode ser realizado. O m�dico elucida ainda que n�o existe idade certa para uma contraindica��o de cirurgia. “Independentemente da idade, temos de ficar de olho � com a condi��o de sa�de do paciente. Al�m do acompanhamento das condi��es f�sicas, o cirurgi�o deve estar atento � sa�de mental do paciente. S� assim � poss�vel saber se est� apto para se submeter a uma cirurgia est�tica”, conta. “A maioria dos meus pacientes mais velhos tem uma vitalidade incr�vel. Desejam mostrar fisicamente o vigor que sentem internamente.”
Para o cirurgi�o, devolver a autoestima das pessoas � gratificante, mas, ao mesmo tempo, um ato de responsabilidade. “Est�o envolvidos sonhos, anseios, medos e planejamento financeiro. No caso dos idosos, resgatar a vontade de sorrir, de sair de casa, ir a compromissos sociais, fazer amigos, viajar, fortalecer a rela��o com o parceiro e se cuidar. A cirurgia pl�stica pode ser o pontap� inicial.”
DESCONFORTO Por conta do excesso de peso, que causou dores na coluna e nas pernas, a professora de geografia Maria de Lourdes Fernandes Caldeira voltou as aten��es para o pr�prio corpo. Aos 56 anos, ela revela o inc�modo na hora de vestir e experimentar roupas. “Nada ficava bom, at� mesmo os tamanhos maiores n�o serviam.” O desconforto � antigo – o ganho de peso ficou mais acentuado h� 20 anos, quando, por motivo da segunda gravidez, os n�meros na balan�a aumentaram. Ela reclama do formato dos seios, grandes e fl�cidos, e da barriga. Depois de muito tempo tentando emagrecer, sem �xito, e, diante de sua chatea��o em rela��o � pr�pria apar�ncia, as filhas come�aram a incentiv�-la a buscar interfer�ncias est�ticas. Em 2018, recorreu pela primeira vez a um cirurgi�o pl�stico. Ap�s pesquisar e se informar sobre o m�dico escolhido, em um intervalo de um ano depois da consulta inicial, fez a cirurgia, em julho deste ano. A prepara��o para a opera��o incluiu dieta e reprograma��o alimentar, al�m de exerc�cios f�sicos. Realizou os procedimentos de mamoplastia e abdominoplastia, com lipoaspira��o. Agora, vestindo 38, se diz uma mulher realizada e a autoestima foi �s alturas. Uma verdadeira conquista para quem n�o gostava at� mesmo de se olhar no espelho. Depois da cirurgia, fez fisioterapia, drenagem linf�tica, hoje faz massagem uma vez por semana para manter os resultados, e ainda acompanhamento especializado com uma esteticista. “A diferen�a � enorme, todos percebem. Estou muito feliz. Sou uma coroa coroada, uma menininha”, brinca, ela que pretende realizar o procedimento para amenizar o chamado bigode chin�s.
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