
Espiritualidade como alento para preencher seja um vazio pessoal ou para dar sentido � vida. Com muitas maneiras de seguir Deus, cada um tem o livre-arb�trio de decidir no que crer. Maria Fl�via M�ximo, de 41 anos, presidente da Associa��o dos Dirigentes Crist�os de Empresa de Minas Gerais (ADCE-MG), advogada, professora de �tica profissional, destaca que ao escolher seguir em frente com espiritualidade, a percep��o da b�n��o se faz presente porque ela traz consigo a f�.
Diante da amea�a, de uma “vida diminuta”, um v�rus, um “veneno” na etimologia da palavra, a inseguran�a nos assola. “Sentimos o qu�o somos fr�geis e vulner�veis, aprendemos que ter controle sobre a vida � uma prepotente ilus�o. A espiritualidade ajuda a partir do momento em que nos reconhecemos como seres humanos e crist�os, Cristo nosso Deus. Nosso Salvador. Um Deus de amor incondicional, onipresente, paciente, bondoso, justo, misericordioso”, ressalta.
Para Maria Fl�via, o mundo vive algo nunca antes imaginado na sociedade moderna e, sem d�vida, a espiritualidade traz paz. Ora, mas se Deus � o Todo-Poderoso, por que “condenar” a humanidade a tal sofrimento? Segundo ela, � justamente nessas horas que ocorre o verdadeiro milagre, no momento em que Deus se manifesta, ainda que nos encontremos amea�ados por uma 'vida diminuta'.
Viv�amos tempos em que a correria das horas, a preocupa��o com o dinheiro levavam a humanidade por um caminho controverso, no qual o ser humano se mostrava cada vez mais ego�sta. “N�o t�nhamos 'tempo' de nos perceber como fam�lia, como sociedade e como seres conectados e interdependentes. Busc�vamos incessantemente a felicidade sem perceber que jamais a alcan�ar�amos sozinhos. Sim, a nossa felicidade est� no outro, ela depende da felicidade do outro. Ningu�m � feliz sozinho, j� dizia uma antiga li��o.”
E para Maria Fl�via, Deus est� no outro: “De certa forma, esse sentimento s� se alcan�a por meio da espiritualidade. Ao depararmos com a nossa finitude, aprendemos a ser humildes e a estender a m�o”. E se v�nhamos sem tempo para olhar para o outro, olhar ao nosso redor, � no isolamento, no distanciamento social, com a nossa espiritualidade que nos percebemos for�ados a compreender a import�ncia do outro em nossas vidas. Afinal, de acordo com a professora e advogada, a vida � boa mesmo quando compartilhada. “E no ep�logo dessa jornada, a espiritualidade nos conforta na esperan�a de que sairemos todos juntos dessa, melhores como sociedade, mais conscientes do nosso pertencimento � natureza e com certeza, como seres mais humanos.”
MISERIC�RDIA
Sandro Brand�o, procurador do Estado, acredita que � preciso n�o s� cuidar do corpo, mas do esp�rito. Para ele, � importante que todos busquem sempre o equil�brio e a harmonia neste momento, sem esquecer da f� e da esperan�a de dias melhores. “Dois elementos regem o universo: o espiritual e o material. A pandemia que hoje vivemos tem suas causas explicadas pela a��o desses dois princ�pios. Sobre o espiritual, h� claro des�gnio de Deus por detr�s de tudo isso, uma situa��o nova cuja resist�ncia � proporcional aos seus resultados. Mas nesse planeta de expia��o, de vez em quando, esquecemos que estamos aqui de passagem e que a caridade, resumida no amor ao pr�ximo, � a nossa maior miss�o.”
Para Sandro, a f� na espiritualidade nos preenche, j� que quem cr� tem firme esperan�a de que ao final dessa tortuosa caminhada estar� o consolo. Ela se apoia na intelig�ncia e na compreens�o dos obst�culos e, por isso � branda e n�o vacila. Ela nos ensina a paci�ncia e a toler�ncia diante das vicissitudes da vida, nos municiando da perseveran�a e a energia para enfrent�-las. “Deus � misericordioso e sua sabedoria � infinita. Confiem em suas a��es sabendo por que confiais nelas.”

SOLID�O � RIQUEZA
Para a irm� Maria Let�cia da Silva, OSB, madre abadessa do Monast�rio Nossa Senhora das Gra�as, � preciso assumir esse tempo de dor com maturidade, confian�a e buscando ser pessoas melhores e mais agrad�veis a Deus. “Esse tempo n�o foi programado por ningu�m de n�s. � um tempo para ser assumido. Essa assun��o n�o nos permite murmura��es, reclama��es e pessimismos. Assumir significa receber a quarentena como uma oportunidade de crescer espiritual, humana, relacional e profissionalmente”, afirma.
Para a religiosa, a solid�o pode ser um mal para quem n�o sabe dela tirar proveito, conduzindo-nos a 'perder tempo' com uma vida desregrada e sem compromissos, levando-nos a querer nos manter sempre 'antenados' nas not�cias catastr�ficas, fazendo-nos sentir em uma 'areia movedi�a' em que nada podemos fazer a n�o ser esperar que atolemos sempre mais. “N�o podemos nos permitir viver esse tempo desta forma, pois a solid�o � uma grande riqueza.”
Irm� Maria Let�cia diz que a solid�o � um dom a ser recebido com gratid�o e pode trazer o bem-estar. “Esse tempo de 'isolamento' � salutar para a vida humana, busquemos viver o equil�brio em nossa vida.” Ela conta que a tradi��o mon�stica, com experi�ncia de mais de 15 s�culos, nos ensina o valor existente no equil�brio do tempo, da vida, dos sentimentos, da ora��o, do trabalho, do estudo, enfim, da unidade humana. N�o se pode encontrar equil�brio em uma vida incapaz de voltar-se a si mesma. “� a solid�o que nos permite nos conhecer, nos relacionar conosco mesmos. � medida que me conhe�o, cres�o tamb�m espiritualmente.”