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Estado de Minas Comportamento

Com a vida em xeque diante da COVID-19, ser humano descobre a empatia e a solidariedade como atos de preserva��o da esp�cie

Um olhar voltado para o cuidado e a aten��o com o outro


26/04/2020 04:00 - atualizado 25/04/2020 22:49

(foto: Arquivo Pessoal)
(foto: Arquivo Pessoal)

“Poderia haver maior milagre do que olharmos com os olhos do outro por um instante?” A indaga��o � de Henry David Thoreau, historiador e fil�sofo americano, que morreu em 1862. No mundo individualista do s�culo 21, ser� que ainda h� lugar para o ser humano praticar a empatia? Ser solid�rio? Ter olhar para a coopera��o social? Sim. Ainda bem. Caso contr�rio, a esp�cie estaria com os dias contados. N�o est�. Ela sobrevive porque em toda parte h� pessoas que espalham o ant�doto do amor e da generosidade ao ajudar quem precisa. E n�o s� para quem est� � margem da sociedade.

Philia, termo tirado do tratado �tica a Nic�maco, de Arist�teles, pode ser traduzido como amizade, amor e tamb�m empatia, ou seja, uma esp�cie de afei��o e apre�o por outra pessoa. O modo como o fil�sofo aplicava o termo � uma inspira��o para o tempo atual: “Fazer o bem; fazer sem que seja solicitado”. Assim agem muitos brasileiros diante dos desafios provocados pela pandemia do novo coronav�rus. O Bem Viver hoje revela exemplos de quem se prop�e a n�o deixar ningu�m desamparado. � um trabalho de formiguinha, incans�vel, com cada um fazendo um pouco, que somado a outro pouco leva esperan�a e alento a muitas pessoas.

O fil�sofo australiano Roman Krznaric, fundador da The School of Life de Londres, badalada escola inglesa que oferece cursos livres na �rea de humanidades e descrito pelo Observer com um dos mais importantes pensadores brit�nicos dedicados ao estudo dos estilos de vida, acredita que a empatia pode criar uma grande mudan�a social. Em seu livro Empathy – A handbook for revolution (O poder da empatia – A arte de se colocar no lugar do outro para transformar o mundo, Editora Zahar), ele escreveu sobre o que chama da trag�dia da “Era da Introspec��o”, com o intenso foco no eu.

Para o fil�sofo, � hora de tentar algo diferente. “H� mais de 2 mil anos, S�crates aconselhou que o melhor caminho para viver bem e com sabedoria era o 'conhece-te a ti mesmo'. Pensam convencionalmente que isso exige autorreflex�o: que olhemos para dentro de n�s e contemplemos nossas al- mas. Mas podemos tamb�m passar a nos conhecer saindo de n�s mesmos e aprendendo sobre vidas e culturas diferentes das nossas. � hora de forjar a 'Era da Outrospec��o', e a empatia � nossa maior esperan�a para fazer isso.”

N�o que a empatia seja uma panaceia universal para todos os problemas do mundo, nem para todas as lutas da vida, mas ela faz a diferen�a na vida do outro e na pr�pria exist�ncia. S�o a��es diversas, inspiradoras e que podem despertar a mesma atitude em mais pessoas em dias t�o dif�ceis. H� distribui��o de cestas b�sicas para institui��es e moradores de comunidade; entrega de brigadeiros para profissionais que lutam na linha de frente da pandemia em um hospital; um grupo de amigos que distribui marmitex no Centro de BH para a popula��o em situa��o de rua; o cantor que leva sua m�sica para a sacada do pr�dio; tem quem arrecade material de primeira necessidade para abrigos da capital e brinquedos para as crian�as; a diarista que continua recebendo o pagamento dos patr�es, mas sem ter de sair de casa para trabalhar...

Somos os maiores beneficiados. E o mais interessante � que, gradativamente, sentimos vontade de fazer da a��o de doar um h�bito de vida. E o que mais tem s�o pessoas precisando, seja em �poca de pandemia ou n�o

Luciana Avelino, jornalista,, que arrecadou doa��es para tr�s institui��es

A jornalista e empres�ria Luciana Avelino, de 48 anos, moradora de um condom�nio na Regi�o da Pampulha, participa de a��es para ajudar pessoas em situa��es de vulnerabilidade.
E conta que se sente gratificada por ajudar. “Somos os maiores beneficiados. E o mais interessante � que, gradativamente, sentimos vontade de fazer da a��o de doar um h�bito de vida. E o que mais tem s�o pessoas precisando, seja em �poca de pandemia ou n�o.”

EM COMUNH�O 


O mundo vive um sofrimento global, talvez sem precedentes na hist�ria, diante de um inimigo comum. Todos s�o afetados. Logo, a �nica alternativa � enfrent�-lo juntos e com esperan�a de que tudo “dar� certo”, como tem sido o lema mundial. O momento �, portanto, de comu- nh�o. A psic�loga cl�nica Maria Clara Jost, p�s-doutora em psicologia, professora da Faculdade de Ci�ncias M�dicas e p�s-graduada em filosofia, lembra que quanto mais a pessoa se fecha em um casulo menos descobre sobre si e sobre os seus valores mais pr�prios, acabando por intensificar sofrimentos j� existentes, tendendo ao adoecimento em diversas esferas do ser.

Por outro lado, ressalta Maria Clara, se somos constitu�dos na rela��o que estabelecemos com os outros, desde o �tero, ent�o, quanto mais nos posicionarmos no sentido de abertura ao mundo, ao outro e � coletividade, em um movimento autotranscendente, maior a possibilidade de encontrar algu�m que, muitas vezes, estava escondido num turbilh�o de afazeres, por vezes sem sentido: n�s mesmos.




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