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Estado de Minas Comportamento

A pandemia faz ressignificar novos sentidos e provoca a solidariedade

Em um mundo individualista, materialista e consumista, a pandemia da COVID-19, de forma tr�gica, configura uma esp�cie de freio na roda do mundo


26/04/2020 04:00 - atualizado 24/04/2020 14:54

(foto: Arquivo Pessoal)
(foto: Arquivo Pessoal)


Em tempos de crise, de grandes cat�strofes, de guerras e de pandemias, como a que o mundo enfrenta agora diante do desafio de dominar a COVID-19, a verdadeira ess�ncia da humanidade � revelada. A dor e o sofrimento global despertam nas pessoas movimentos de mudan�a interior, seja ele individual ou coletivo. A psic�loga cl�nica Maria Clara Jost, da Tip Cl�nica, professora da Faculdade de Ci�ncias M�dicas e p�s-graduada em filosofia, explica que a transforma��o pode ser externa, no �mbito do comportamento observ�vel, e/ou interna, quando ocorre uma mudan�a nos modos de perceber, de olhar, de julgar, de interpretar. Ou seja, nasce outra perspectiva, de valoriza��o das coisas, dos eventos e das pessoas, emergindo como uma possibilidade de ressignifica��o e de descoberta de novos sentidos �s quest�es cotidianas.

Ent�o, apesar desse momento de crise, caracterizado precisamente pela ruptura do fluir da vida, pelo questionamento inevit�vel de toda a estrutura j� consolidada, provocada pelo irromper de uma situa��o imprevis�vel, Maria Clara Jost destaca que todos, como coletividade, s�o chamados a dar uma resposta criativa que possa mobilizar um movimento de constru��o ou reconstru��o de modos de ser, de se relacionar, de julgar e valorizar o mundo. “Este pode ser o aspecto positivo e esperan�oso se soubermos afrontar essa pandemia,”

De fato, diz Maria Clara Jost, esse � um momento em que a vida convoca a sociedade a dar uma resposta individual e coletiva qualitativamente superior, dando-lhes a possibilidade de se tornarem pessoas melhores, mais humanizadas e mais livres de amarras escravizantes, � medida que enfrentamos e superamos os desafios impostos pela circunst�ncia que estamos vivendo ou, ent�o, sucumbiremos. “Na realidade, estamos vivendo um xeque-mate da vida. Sendo assim, n�o existe aqui a possibilidade de n�o dar uma resposta. Contudo, esta pode ser construtiva ou destrutiva.”

SOBREVIVER 


Maria Clara Jost enfatiza que este pode ser um momento de crescimento pessoal e comunit�rio: “De fato, n�s, seres humanos, necessitamos desde o in�cio da vida e mais do que qualquer outra esp�cie, do cuidado de outro ser humano para sobreviver, crescer e desenvolver. Assertiva inquestion�vel, por�m, que se encontrava esquecida em algum rec�ndito do tempo. Todavia, este momento de pandemia mobilizou o surgimento, por todos os cantos do planeta, de movimentos emp�ticos e de cuidados com o outro.”

Este momento de pandemia mobilizou o surgimento, por todos os cantos do planeta, de movimentos emp�ticos e de cuidados com o outro

Maria Clara Jost, psic�loga e professora da Faculdade de Ci�ncias M�dicas

A psic�loga afirma que, diante de um grande obst�culo, global neste caso, que afeta cada um em particular e toda a coletividade, pode emergir dentro do ser humano a necessidade e a busca da uni�o. “A dimens�o de querer o bem uns dos outros, a solidariedade e a cria��o de formas de ajudar s�o movimentos extremamente sadios porque d�o novo sentido � vida”, diz.

Maria Clara Jost enfatiza que quando a pessoa busca descobrir, diante de situa��es adversas, um motivo para viver, percebe aumentar sua capacidade de resili�ncia, caracterizada pelo insurgir de uma for�a interior que a impulsiona a caminhar pra frente. “Nessas circunst�ncias, diante da tristeza, da solid�o, da ang�stia, da depress�o, em vez de um maior fechamento e adoecimento, como seria de se esperar, pode ocorrer o contr�rio, quando a pessoa descobre em si a capacidade de dar uma resposta insubstitu�vel ao chamado que a vida lhe faz. Evidencia-se a responsabilidade com todos aqueles da comunidade humana � qual pertencemos.”

DEPOIMENTO


Um desabafo... O outro lado*


Sou manicure h� mais de 25 anos, trabalho 12 horas por dia. Tenho clientela fixa, sempre com agenda cheia. Quando apareceu o novo coronav�rus, antes de o prefeito decretar o fechamento dos servi�os n�o essenciais, eu j� tinha decidido que n�o ia trabalhar a partir de 24  de mar�o. Sou do grupo de risco. S� n�o imaginei que a quarentena durasse tanto tempo. A primeira semana foi tranquila. A�, algumas clientes come�aram a mandar mensagens e �udios perguntando se eu estava atendendo em domic�lio ou na minha casa. Destacavam que iriam usar m�scara, logo que eu tamb�m estaria protegida. Foram muitas tentativas. N�o cedi. O mais angustiante dessa situa��o � voc� estar sem renda, com contas a pagar e ser assediada. Parece que n�o quero trabalhar. � a� que voc� v� que a vaidade e o jeitinho brasileiro sempre v�o existir. Mas o que me ajudou foi o contr�rio, clientes solid�rias com a situa��o. Muitas ligaram e algumas pagaram o m�s, preocupadas com a situa��o. Sabemos que tudo isso vai passar. S�o os contrapontos desse isolamento. Vaidade, empatia, ang�stia por n�o saber at� quando...”

*Nome preservado para evitar constrangimento 


Os tr�s tipos de empatia

 
1 – Cognitiva: capacidade de entender como o outro sente e, at� mesmo, o que ele est� pensando

2 – Emocional ou afetiva: capacidade de compartilhar os mesmos sentimentos de outro indiv�duo. H� pessoas que sentem de forma t�o forte que descrevem que podem, at�, “sentir” a dor do outro no cora��o

3 – Compassiva: vai al�m de compreender e compartilhar sentimentos. Nesse tipo, a pessoa age e ajuda os outros o quanto pode

Fonte: Instituto de Psicologia Aplicada (Inpa)
 
 


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