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Estado de Minas SA�DE MENTAL

Gritos silenciosos de socorro

A depress�o � o transtorno mental de maior preval�ncia durante a gravidez e o puerp�rio. Os diversos fatores estressores provocados pela pandemia podem aumentar o risco neste per�odo. � preciso buscar tratamento


19/07/2020 04:00

 

Lilian Monteiro

 

A m�e tem de estar sempre feliz? A gravidez e a chegada de um beb� se apresentam como realidades, por si s�, incr�veis e que s� podem ser celebradas com alegria. Isso � determinado. Ent�o, se ap�s o nascimento de um filho a tristeza tomar conta de uma m�e, muitos perdem a empatia e, antes de cuidar, a julgam, quando no momento o que essa mulher mais precisa � de ajuda e compreens�o. Ela est� em sofrimento. A depress�o � o transtorno mental de maior preval�ncia durante a gravidez e o puerp�rio. A preval�ncia de depress�o p�s-parto pode variar entre 10% e 20%. Muitas vezes, os sintomas se iniciam durante a gesta��o, dessa forma o termo mais adequado seria depress�o perinatal.

 

A m�dica psiquiatra Christiane Ribeiro, membro da Comiss�o de Estudos de Sa�de Mental da Mulher e da Associa��o Brasileira de Psiquiatria (ABP) e professora da Faculdade de Ci�ncias M�dicas, explica que a depress�o p�s-parto se caracteriza pela ocorr�ncia de sintomas de depress�o dentro das primeiras quatro semanas do puerp�rio, por pelo menos duas semanas.

 

“Esses sintomas impactam significativamente a vida da mulher e, muitas vezes, s�o subnotificados, j� que eles podem se confundir com os sintomas fisiol�gicos puerp�rio. Muitas vezes, h� uma culpa grande da mulher em pedir ajuda, j� que a imagem de 'm�e feliz e realizada' � sempre propagada na sociedade.”

 

Preceptora da resid�ncia m�dica do Hospital das Cl�nicas da UFMG no ambulat�rio de depress�o p�s-parto, Christiane Ribeiro conta que h� mulheres mais vulner�veis em per�odos de oscila��es hormonais, como a TPM, perimenopausa, o puerp�rio. H� tamb�m fatores gen�ticos envolvidos nessa predisposi��o. “Grande parte dos preditores de depress�o p�s-parto s�o psicossociais, dessa forma, a presen�a do companheiro e de suporte, condi��es econ�micas, a presen�a de emprego, poderiam ser fatores de prote��o.”

 

O parto prematuro, a gravidez n�o planejada, a maior paridade, eventos de vida estressantes durante a gravidez, relacionamento conjugal fr�gil e desemprego seriam fatores de risco. A intensidade das altera��es ps�quicas depender� de fatores org�nicos, familiares, conjugais, sociais, culturais e da personalidade da gestante, explica a m�dica.

 

O pedido de socorro partir da pr�pria m�e, ainda � um tabu. “A rela��o materno infantil, t�o comumente vista no passado como l�dica e harmoniosa, acaba por esconder a realidade atual das m�es modernas. A literatura cient�fica indica que o per�odo grav�dico puerperal � a fase de maior preval�ncia de transtornos mentais na mulher, principalmente no primeiro e no terceiro trimestre de gesta��o e no puerp�rio.”

 

A médica psiquiatra Christiane Ribeiro alerta que neste período de pandemia a saúde mental merece ainda mais atenção(foto: Arquivo Pessoal)
A m�dica psiquiatra Christiane Ribeiro alerta que neste per�odo de pandemia a sa�de mental merece ainda mais aten��o (foto: Arquivo Pessoal)

 

SENTIMENTOS O medo, ang�stia, ansiedade e tantas outras emo��es e sentimentos desencadeados pela pandemia t�m sido sinais de alerta para os profissionais de sa�de ao lidar com m�es vulner�veis neste per�odo. Christiane Ribeiro refor�a que, em tempos de muita tens�o e inseguran�a com a COVID-19, a sa�de mental merece aten��o. “E quando verificamos o impacto da sa�de mental da mulher gestante e pu�rpera no per�odo de pandemia, podemos observar diversos fatores estressores que podem aumentar ainda mais o risco: o aumento da sobrecarga em rela��o �s atividades dom�sticas, o medo da contamina��o da mulher e do beb�, aumento dos n�veis de desemprego, a necessidade de isolamento social e aumento da solid�o no puerp�rio.”

 

A m�dica psiquiatra destaca ainda que outro fator importante seria o aumento dos �ndices de abuso e viol�ncia dom�stica, que impactam diretamente na sa�de mental da mulher. Alta sobrecarga tamb�m gera maiores n�veis de estresse que est�o associados com sintomas ansiosos e depressivos. Christiane Ribeiro diz que o tratamento pode ser farmacol�gico e n�o farmacol�gico. “� sempre importante associar as duas modalidades quando estamos diante de casos graves. A primeira escolha seria a psicoterapia, mas em alguns casos precisamos prescrever as medica��es. Muitas vezes esse tratamento � adiado, por medo de fazer uso de alguma medica��o que possa prejudicar a crian�a. Mas, hoje, sabemos que h� medica��es consideradas seguras para o per�odo.”

 

Christiane Ribeiro conta que � impressionante como, ap�s o tratamento, a m�e se sente mais segura e com menos culpa em rela��o aos cuidados consigo e com a crian�a: “J� atendi m�es que tinham certeza que n�o tinham leite, ou n�o conseguiriam amamentar, extremamente ansiosas que, depois de tratar a parte ps�quica, n�o tiveram mais problema”. Outros sentimentos que angustiam constantemente as m�es s�o o fato de muitas vezes sentirem que n�o amam o beb� como deveriam. “A rela��o m�e e filho � �nica, inerente a cada indiv�duo, e muitas vezes at� mesmo esse amor vai crescendo aos poucos. � importante que a mulher se cuide, e n�o se exija demais em rela��o �s obriga��es, cobrando sempre a perfei��o.”

 


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