
Falta de contato humano, rotina desacelerada ou busca por um bom companheiro neste per�odo de isolamento social em casa. Essas podem ser algumas das raz�es pelas quais, em meio � pandemia e mesmo com a crise financeira, muitas pessoas n�o fa�am economia para comprar um animal de estima��o.
Canis de Belo Horizonte registram aumento na procura por filhotes e t�m at� fila de espera de clientes interessados em adquirir um novo melhor amigo.
Maria Em�lia Ribeiro Couri, respons�vel pelas vendas e marketing do canil XB Kennel, conta que, no primeiro momento, ela e os dois s�cios, Juliana Barbosa Neves e Ricardo Eust�quio Silva de Meneses, deixaram de realizar as cruzas dos american bully micro, ra�a que criam, em fun��o do receio da pandemia do novo coronav�rus. At� mesmo aqueles que j� haviam pago as reservas desistiram da compra.
“Mas ap�s um m�s de confinamento, decidimos voltar ao trabalho e reinventar, mesmo com todas as limita��es, para dar continuidade � nossa miss�o: levar alegria para as pessoas por meio dos nossos c�es. Foi a� que vimos que eles poderiam fazer a diferen�a neste momento t�o triste. A partir da�, as pessoas voltaram a confiar e a procura por c�es cresceu expressivamente”, explica.
S�cia respons�vel pelo setor financeiro e administrativo do canil, Juliana Barbosa destaca que os american bully micro s�o uma ra�a que custam, em m�dia, R$ 8 mil, devido �s despesas com reprodu��o. Isso porque � preciso manter cuidados relacionados ao controle dos per�odos ovulat�rios, insemina��es artificiais, acompanhamento gestacional e parto.
Segundo ela, apesar do investimento inicial, o custo para manejo � baixo, pois esses c�es n�o precisam de muitos cuidados espec�ficos. A ra�a tem uma apar�ncia muito forte, com musculatura aparente, fazendo com que as pessoas os denotem como atletas, o que n�o s�o, j� que essa caracter�stica � puramente por sele��o gen�tica.
“Por isso, o maior cuidado � com o calor excessivo e exerc�cios f�sicos moderados, pois eles t�m dificuldade de fazer a troca do calor corporal, cansam r�pido e podem superaquecer”, ressalta.

Outro fator de aten��o � com a alimenta��o. De acordo com Juliana, por mais que a apar�ncia forte seja marcante na ra�a, eles n�o se alimentam de grandes quantidades de comida. “Uma ra��o de boa qualidade, �gua fresca � vontade, muito carinho e aten��o � tudo o que eles precisam”, pontua.
E �, justamente, muito afeto e amor que um dos c�ezinhos do XB Kennel, o Ragnar, recebe agora de Andressa dos Reis Gon�alves Mariani e seu marido, Fabio Mariani Soares. “Foi amor � primeira vista”, diz a nutricionista. Andressa conta que a chegada de Ragnar foi muito esperada.
“� muito companheiro, � nosso amiguinho. J� �ramos uma fam�lia muito feliz, e ele s� fez com que essa alegria transbordasse, porque ele � muito d�cil e carinhoso, e nos acompanha sempre. � imposs�vel n�o se apaixonar. Sempre digo isso olhando nos olhos dele, para que saiba que � muito amado.”
A nutricionista relata, ainda, que durante o isolamento social Ragnar tem proporcionado momentos de alegria em meio ao caos da situa��o da pandemia. “Ele faz da nossa quarentena um momento muito feliz, s� por estar aqui.”
RESPONSABILIDADE Ricardo de Meneses, um dos s�cios do canil, destaca que, logo que as pessoas se despertaram para a busca de animais durante o isolamento social, percebeu um certo imediatismo para a aquisi��o dos c�es. “Mesmo que a procura inicial seja por um filhote, caso n�o tenhamos dispon�vel no momento, os tutores j� optam logo por outros mais jovens ou adultos. N�o importa a idade, eles querem ter o companheiro o quanto antes.”
Por�m, o s�cio respons�vel pelo manejo dos c�es explica que o canil tenta ao m�ximo direcionar as compras, a fim de evitar a compulsividade e, consequentemente, o abandono e aumento da popula��o de rua canina.
“Esse tipo de aquisi��o, sem planejamento e sem conhecer a ra�a, tende a influenciar que as pessoas tomem decis�es pautadas somente nos pre�os, sem preocupa��o com a proced�ncia, o que ‘alimenta’ o mercado clandestino, que explora os c�es, sem crit�rio algum para cri�-los e reproduzi-los. Somos totalmente contra isso. Por isso, orientamos e tra�amos o perfil de cada cliente para direcionar a melhor op��o, tornando a compra consciente, para que o tutor e nossos c�es sejam felizes”, diz.
OFERTA X PROCURA
Luciana Marques Berto e Souza conta que em seu canil, o Angelus Amice, especializado na cria��o e reprodu��o de c�es da ra�a pug, a procura pela aquisi��o de filhotes aumentou consideravelmente durante a pandemia. Luciana destaca, ainda, que esse movimento tem gerado dificuldades para que a demanda seja atendida, j� que os acasalamentos s�o feitos respeitando intervalos entre os cios da f�mea.
Al�m disso, a propriet�ria do canil destaca que os gastos para a aquisi��o da ra�a tendem a ser elevados. “Os pre�os, no Brasil, giram em torno de R$ 700 e R$ 10 mil. Esses valores variam devido a alguns fatores, como linhas se sangue, bem-estar do pet e manejo dos animais envolvidos na cria��o. Por isso, � de suma import�ncia que o tutor conhe�a de perto o local onde a cruza � feita.”
No entanto, Luciana pontua que, apesar de as despesas serem maiores no momento da compra, essas n�o se restringem a apenas custear a aquisi��o do animal e seus pertences b�sicos. E, por isso, afirma ser importante que o respons�vel pelo c�o se atente a suas condi��es financeiras.
“Todo animal de estima��o � um ser vivo, que depender� de seu tutor para sempre. O c�ozinho tem uma vida, que necessita de cuidados incondicionais em suas enfermidades e velhice.”
A dona do canil Angelus Amice explica que, no caso dos pugs, por serem braquicef�licos, ou seja, terem o formato do cr�nio largo e o focinho curto, seus olhos s�o mais salientes, o que os tornam mais suscet�veis a les�es.
“Por isso, � necess�rio sempre ficar atento aos problemas oft�lmicos e, sempre que houver suspeita de complica��es, um m�dico veterin�rio deve ser consultado. Pelo mesmo motivo do cr�nio, sua respira��o � mais ofegante e n�o toleram calor excessivo, ent�o � necess�rio evitar passeios longos e sob o sol quente”, explica a empres�ria.

Apesar dos cuidados b�sicos serem os essenciais, Luciana recomenda que o tutor fa�a uma esp�cie de poupan�a para o c�o, a fim de ser usada em situa��es de urg�ncia, como a realiza��o de cirurgias e/ou interna��o durante a vida do pet.
PREOCUPA��O Com o aumento da compra de animais durante o isolamento social, Luciana afirma temer o futuro p�s-pandemia. Isso porque, segundo ela, a procura cresceu, principalmente, pelo fato de as pessoas estarem mais tempo em casa, o que tende a deix�-las mais carentes.
“A pandemia ir� passar e qual ser� o destino de alguns desses animais? Aqui no canil adotamos crit�rios r�gidos para detectar a real inten��o de compra pelos clientes e diminu�mos os acasalamentos para n�o contribuir com a aquisi��o de vidas somente para suprir esse confinamento que estamos enfrentando.”
Luciana observa, ainda, que, ap�s o fim da pandemia, espera que os c�es adquiridos neste contexto continuem a ser cuidados e amados. “N�o podemos deixar nossos amigos esquecidos”, diz.
Osvaldo Soriano Ara�jo, propriet�rio do Soriane, conta que, em meio ao isolamento social, houve aumento de 30% na procura por c�es como animal de estima��o. Os valores, segundo ele, variam de R$ 1,2 mil a R$ 10 mil.
Ainda segundo Ara�jo, a procura � maior por c�es das ra�as chihuahua, poodle e doberman. E destaca que, na maioria dos casos, a aquisi��o se d� por idosos ou por pais, a fim de presentear seus filhos.
*Estagi�ria sob a supervis�o da editora Teresa Caram