
“A m�sica e os pr�prios movimentos s�o aspectos capazes de deixar a dan�a viva, mesmo atrav�s de uma tela. A dan�a estreita la�os, propiciando o contato, que faz tanta falta neste momento. � impressionante o poder que ela tem”, afirma Tatiana Aparecida Figueiredo Camargos, professora de bal� cl�ssico e diretora do N�cleo de dan�a Tatiana Figueiredo, localizado em Belo Horizonte.
As companhias de dan�a interromperam as aulas na esperan�a de que a pandemia tivesse fim e tudo voltasse a funcionar normalmente. No entanto, isso n�o aconteceu, e o tempo de paralisa��o despertou em Jane Valeria de Faria Barbosa, de 52 anos, a saudade de dan�ar.
“A dan�a � a minha vida, e sinto muita falta quando n�o pratico. Nem sei o que farei quando precisar parar, pois n�o consigo me ver e/ou me imaginar sem a dan�a. Terei que encontrar algo para me preencher. E esses dias sem aula foram de muita saudade, pois a dan�a � parte de mim”, conta.
Para atender pessoas como Jane Val�ria, as escolas resolveram retomar as atividades adaptando as aulas ao modelo on-line. Isso porque, segundo Jane Paulino, diretora da Expressar, em Sete Lagoas, apesar das “perdas imensur�veis” com a pandemia, a necessidade de passar mais tempo em casa n�o precisa, necessariamente, tornar-se uma experi�ncia total de isolamento.
“N�o tenho a menor d�vida de que a aula on-line � um grande rem�dio para todos n�s neste momento. N�o s� por manter uma atividade f�sica, mas, principalmente, por percebermos que estamos juntos com colegas que s�o t�o essenciais em nossos encontros presenciais. Ao mesmo tempo, entendemos que a nossa vida n�o est� de toda interrompida e que n�o precisamos nos sentir completamente perdidos”, afirma Jane Paulino.
Os benef�cios da pr�tica podem ser in�meros. A dan�a trabalha todo o corpo, promovendo mais sa�de f�sica e mental. Os sinais positivos dessa pr�tica, segundo a diretora da Expressar, s�o um corpo mais bem-disposto e mais controlado, tamb�m, emocionalmente, a partir da libera��o de endorfina.
A aluna de bal� Brenda Dourado Prestes, de 14, conta que � justamente assim que a dan�a tem lhe ajudado durante o confinamento: emocionalmente. “A dan�a me ajuda a expressar tudo o que estou sentindo. Tem dias que acordo triste, e quando come�o a aula, essa tristeza vai embora em forma de movimento. Diante de todas as not�cias ruins, � dif�cil ficar sempre feliz, mas quando termino a aula, sinto que estou flutuando.”
ADAPTA��O
“N�s, artistas, professores e core�grafos, ficamos um pouco sem ch�o e sem saber como fazer. Mas como tudo a princ�pio � mais complicado, e depois o ser humano se adapta, fomos dando um jeitinho e por meio das plataformas que temos dispon�veis conseguimos encontrar uma forma de chegar aos alunos e bailarinos”, relata Adriana Gon�alves, diretora do Studio Arte e Dan�a, em Divin�polis.
Para Jane Valerio, aluna da Expressar, os maiores desafios do novo formato de aula foram a dificuldade, em alguns momentos, de conex�o. No entanto, destaca que o modelo remoto lhe permitiu se sentir mais � vontade consigo mesma.
“Mesmo querendo voltar logo para as aulas presenciais, alguns aspectos t�m sido vantajosos, j� que me sinto mais ‘solta’, e me jogo mais na dan�a. Al�m disso, a minha cobran�a pessoal diminuiu muito, pois agora sou s� eu praticando, sem me preocupar com vergonha ou intimida��o, visto que sou uma aluna de 52 anos que pratica o jazz com adolescentes de 15.”
“Mesmo querendo voltar logo para as aulas presenciais, alguns aspectos t�m sido vantajosos, j� que me sinto mais ‘solta’, e me jogo mais na dan�a. Al�m disso, a minha cobran�a pessoal diminuiu muito, pois agora sou s� eu praticando, sem me preocupar com vergonha ou intimida��o, visto que sou uma aluna de 52 anos que pratica o jazz com adolescentes de 15.”
Por outro lado, Brenda sentiu certa dificuldade nessa adapta��o. A bailarina conta que no in�cio encontrou obst�culos para se sentir realmente em uma aula de dan�a.
“Agora me sinto muito bem praticando em casa. Minha fam�lia me deu total apoio, principalmente porque eu tinha uma competi��o marcada e foi adiada. Ent�o, eles montaram uma �rea de dan�a para mim, com lin�leo, que � o tapete de dan�a, barra e espelho. � o meu cantinho especial. E, apesar de todas as desvantagens da aula remota, me esfor�o muito, pois a dan�a � o que eu amo fazer e a pandemia n�o vai tir�-la de mim.”
“Agora me sinto muito bem praticando em casa. Minha fam�lia me deu total apoio, principalmente porque eu tinha uma competi��o marcada e foi adiada. Ent�o, eles montaram uma �rea de dan�a para mim, com lin�leo, que � o tapete de dan�a, barra e espelho. � o meu cantinho especial. E, apesar de todas as desvantagens da aula remota, me esfor�o muito, pois a dan�a � o que eu amo fazer e a pandemia n�o vai tir�-la de mim.”
Alguns desafios existem, como o quesito motiva��o. Para a diretora do N�cleo de dan�a Tatiana Figueiredo, a falta de contato pr�ximo, uma caracter�stica marcante da dan�a, tende a desestimular e desanimar os alunos.
“No entanto, o maior desafio � fazer o bailarino entender o que ele deve usar de musculatura, e mostr�-lo por meio do contato de pegar e sentir o que precisa ser corrigido. E isso faz muita falta, porque na dan�a o professor precisa estar ali, junto. E, de repente, de uma hora para a outra, os bailarinos precisaram fazer isso sozinhos, apenas com instru��es”, ressalta.
“No entanto, o maior desafio � fazer o bailarino entender o que ele deve usar de musculatura, e mostr�-lo por meio do contato de pegar e sentir o que precisa ser corrigido. E isso faz muita falta, porque na dan�a o professor precisa estar ali, junto. E, de repente, de uma hora para a outra, os bailarinos precisaram fazer isso sozinhos, apenas com instru��es”, ressalta.
Segundo Tatiana, o ambiente dom�stico, em muitos casos, n�o tem � disposi��o materiais pr�prios para a pr�tica da dan�a, o que pode ocasionar les�es. Por isso, todas as aulas precisam ser pensadas a fim de que o aluno possa utilizar o que tem em casa como apoio, mas de forma segura.
MARATONA
Tatiana conta sobre a ideia de criar uma maratona, com aulas diversificadas ao longo de uma semana, que surgiu a partir de uma conversa entre ela e mais quatro amigas, tamb�m diretoras de escolas de dan�a. “Pensamos que, com nossos professores, todos muito qualificados, poder�amos oferecer conte�dos diferentes aos nossos alunos.”
Assim, a “Maratona VivaDan�a” surgiu. A primeira edi��o foi voltada para o p�blico jovem e adulto, a partir dos 13 anos, com aulas de bal� contempor�neo, bal� cl�ssico, bal� de repert�rio, jazz, jazz funk, street dance e de acrobacias. “Eu e minha filha participamos da maratona. Amei, pois pude fazer coisas que nunca fiz, como a aula de dan�a de rua. E foi uma oportunidade muito boa, oferecida devido ao isolamento”, relata JaneValeria.
A segunda maratona foi destinada ao p�blico infantil, entre 3 e 12 anos, na qual foram oferecidas aulas tem�ticas. Isso porque, segundo Tatiana, h� certa dificuldade em manter os pequenos concentrados. “Tentamos fazer de forma l�dica, de forma que todas as aulas tivessem rela��o com a realidade deles.”
A maratona � mediada por professores das quatro escolas de dan�a – N�cleo de dan�a Tatiana Figueiredo, Expressar, Studio Arte e Dan�a e Espa�o �rika Dutra –, e transmitida por meio da plataforma Zoom. Devido � capacidade das salas on-line de apenas 100 pessoas, as vagas s�o limitadas.
Dessa forma, cada companhia oferece aos seus alunos 25 vagas. “No dia da aula, enviamos o link para a transmiss�o e acompanhamos nossos alunos nas salas on-line, observando os pontos fortes e fracos e fazendo as interven��es”, pontua �rika Dutra, diretora do Espa�o �rika Dutra, em Contagem.
Dessa forma, cada companhia oferece aos seus alunos 25 vagas. “No dia da aula, enviamos o link para a transmiss�o e acompanhamos nossos alunos nas salas on-line, observando os pontos fortes e fracos e fazendo as interven��es”, pontua �rika Dutra, diretora do Espa�o �rika Dutra, em Contagem.
* Estagi�ria sob a supervis�o da editora Teresa Caram