Sa�de bucal: adiamento de consultas pode acarretar danos odontol�gicos

O Minist�rio da Sa�de, seguindo recomenda��es da Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), emitiu nota oficial pedindo a suspens�o de assist�ncias odontol�gicas eletivas e solicitando a manuten��o somente dos atendimentos de urg�ncia.

No entanto, o Conselho Federal de Odontologia (CFO) refutou o posicionamento das entidades por caracteriz�-lo como superficial e gen�rico, e sugeriu que consultas e tratamentos de rotina fossem mantidos. 

“O CFO fundamenta sua posi��o e refor�a que os atendimentos podem e devem ser realizados em conformidade com as normas de biosseguran�a, concebidas por �rg�os oficiais, como a Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa), a Associa��o de Medicina Intensiva Brasileira (Amib) e o pr�prio conselho, que foram amplamente divulgadas aos cirurgi�es-dentistas que atuam no Brasil”, diz em nota. 

Isso porque, segundo o cirurgi�o-dentista, fundador e propriet�rio da Santa Am�lia Odontologia, Cristiano Campos Nunes, mesmo antes da pandemia, todo procedimento odontol�gico era baseado na preven��o de doen�as infectocontagiosas. 

“Agora, durante a crise sanit�ria, a gente perpetua o que j� existe. O cuidado com essa contamina��o de um indiv�duo para o outro j� era uma pr�tica da odontologia. Ent�o, o meu conselho �: se voc� est� sentido dor nos dentes, se alguma restaura��o ou dente quebrou, se sente dores ao mastigar, entre outros sintomas de inc�modo, n�o deixe de procurar o dentista. E, se j� est� em tratamento, n�o adie, continue o procedimento, mantendo a periodicidade exigida”, afirma. 

As consequ�ncias do adiamento da assist�ncia odontol�gica, em fun��o da pandemia causada pelo novo coronav�rus, podem ser variadas, conforme explica Nunes. O cirurgi�o-dentista destaca que os danos dent�rios seguem a especificidade de cada caso.

Exemplificando, o especialista afirma que se um paciente sofre com uma restaura��o solta, e se faz necess�rio somente refazer este procedimento, o adiamento de tal tratamento pode resultar na evolu��o do quadro. 

“Em casos como esse, pode ser necess�rio um procedimento de canal, podendo, at� mesmo, culminar na perda do dente. Outro exemplo pode ser percebido em quadros que necessitam de manuten��o peri�dica, normalmente mensal. Ao deixar de cumprir o protocolo de periodicidade, danos podem ser percebidos no resultado final. Ent�o, de forma geral, diversos procedimentos odontol�gicos, se adiados, ter�o impactos importantes na sa�de bucal.” 

Para manter o tratamento odontol�gico em atividade, alguns protocolos de seguran�a devem ser levados em conta para que os pacientes n�o fiquem sujeitos � contamina��o por COVID-19.

Entre eles, segundo Nunes, est�o a proibi��o de que pacientes frequentem consult�rios odontol�gicos, em caso de sintomas referentes � doen�a, como febre, resfriado, mal-estar, perda de olfato, ou caso tenha mantido contado com pessoas infectadas h� menos de 14 dias. Ainda, segundo o cirurgi�o-dentista, toda a equipe de profissionais deve seguir a mesma conduta. 

Se algum profissional apresentar sinais da doen�a, o recomend�vel � que se isole e procure assist�ncia m�dica. Para isso, � necess�rio fazer a aferi��o da temperatura dos pacientes e colaboradores, a fim de cumprir com o protocolo de circula��o.

"Al�m disso, os agendamentos s�o marcados previamente para que n�o haja aglomera��o de pessoas. Quanto ao cuidado entre paciente e dentista, todos os profissionais da �rea devem realizar o atendimento com os devidos equipamentos de seguran�a.” 

A respeito do processo de desinfec��o dos consult�rios, devido aos atendimentos e circula��o de pessoas, Nunes explica que s�o adotados procedimentos de esteriliza��o, limpeza de superf�cies e demais medidas, conforme estabelecido nas diretrizes da Associa��o Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa). 

Um dos maiores empecilhos para que os atendimentos sejam mantidos � o medo de contamina��o. Muito pacientes deixaram de realizar as consultas odontol�gicas de rotina por receio quanto a possibilidade de infec��o por COVID-19. � pelo que tem passado a servidora p�blica municipal B�rbara Lu�sa Pereira F�lix, de 30 anos, que desde o in�cio do isolamento social, em mar�o, n�o retorna ao consult�rio odontol�gico para realizar acompanhamento. 

“Tinha uma consulta de rotina em junho, mas fiquei com medo e desmarquei. V�rios fatores me deixam receosa quanto a manuten��o de consultas neste per�odo. Penso sempre no trajeto at� a cl�nica, na quantidade de pessoas na sala de espera e fico imaginando se os profissionais est�o tomando os cuidados necess�rios. Por isso, como estou no grupo de risco, evito ao m�ximo qualquer exposi��o que n�o seja extremamente necess�ria”, relata. 

A servido p�blica municipal conta, ainda, que n�o pretende remarcar seu agendamento durante o isolamento social e que s� retornar� ao consult�rio odontol�gico ap�s a libera��o de uma vacina segura contra o novo coronav�rus.  

“Entendo a import�ncia de cuidar da sa�de bucal, no entanto, o aumento crescente da prolifera��o da COVID-19, me fez rever as prioridades em rela��o a minha sa�de neste momento. N�o tenho problemas odontol�gicos devido ao cuidado e ao acompanhamento que tenho tido ao longo da vida. Sei que para continuar com a sa�de bucal perfeita, � indispens�vel o acompanhamento de um profissional. E, tendo em vista, a incerteza do momento atual, creio que terei que me consultar em breve.” 

J� a desenvolvedora COBOL CICS/DB2, Jaqueline Fontes de Oliveira, de 52 anos, n�o p�de esperar tanto tempo. “Havia interrompido o tratamento devido � pandemia. Enquanto aguardava que este momento passasse, quebrei a raiz de uma coroa que tinha colocado recentemente e a raiz do dente que estava tratando de um canal. A partir disso, senti muitas dores para mastigar, foi quando resolvi procurar um dentista.” 

Segundo a desenvolvedora COBOL CICS/DB2, o �nico receio que teve foi o de que os medicamentos necess�rios para o tratamento propiciassem uma queda em sua imunidade. 

“Estou me recuperando e n�o sinto mais dores. Precisamos vencer o medo de procurar profissionais de sa�de para evitar complica��es e, para isso, � importante que aqueles que suspeitam de uma contamina��o desmarquem suas consultas”, diz. 

* Estagi�ria sob a supervis�o da editora Teresa Caram