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Estado de Minas TERCEIRA IDADE

Idoso n�o � peso: por que viver mais � boa not�cia para economia

Com o aumento da expectativa de vida, os idosos est�o vivendo mais %u2013 o que pode ser uma grande oportunidade para a chamada %u2018economia da longevidade%u2019


09/10/2020 06:55 - atualizado 09/10/2020 13:18

Os jovens podem estar preparados para herdar o futuro, mas � o envelhecimento da popula��o que est� definindo o nosso tempo.

Em 2018, pela primeira vez na hist�ria, o percentual de pessoas com 65 anos ou mais ultrapassou o de crian�as com menos de cinco anos no mundo. E a previs�o � que o n�mero de indiv�duos com 80 anos ou mais triplique – de 143 milh�es em 2019 para 426 milh�es em 2050.

A popula��o com 65 anos ou mais est� crescendo mais rapidamente do que todas as outras faixas et�rias, sobretudo porque a taxa de natalidade global vem caindo desde a segunda metade do s�culo 20.

De acordo com a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), as taxas de fecundidade em todas as regi�es, exceto na �frica, est�o pr�ximas ou abaixo do que � considerado a “taxa de reposi��o” – ou seja, a taxa necess�ria para manter a popula��o est�vel. Na maioria dos pa�ses de alta renda, gira em torno de 2,1 filhos por mulher.

Mas a popula��o n�o est� apenas envelhecendo: as pessoas est�o vivendo mais e aumentando sua "expectativa de vida saud�vel".

Isso significa que, � medida que a popula��o de idosos aumenta, cresce tamb�m um grupo de consumidores, trabalhadores e empreendedores.

Em outras palavras, eles n�o precisam necessariamente dos servi�os da chamada “silver economy”, voltada exclusivamente para pessoas idosas – a popula��o mais velha pode continuar participando integralmente da economia global.

“Estamos falando agora de uma nova fase da vida, que equivale � �ltima parte da vida adulta", diz Joseph Coughlin, diretor do AgeLab do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em ingl�s) e autor do livro The Longevity Economy: Unlocking the World’s Fastest-Growing, Most Misunderstood Market (“A Economia da Longevidade: desvendando o mercado em mais r�pida expans�o e mais mal entendido do mundo”, em tradu��o livre).

� medida que os idosos vivem mais e com sa�de, participando ativamente da economia global, s�o abertas novas possibilidades de converter a longevidade em um ativo para a sociedade.

Em 2015, os americanos com 50 anos ou mais geraram quase US$ 8 trilh�es em atividades econ�micas.

O Boston Consulting Group estima que, em 2030, a popula��o com mais de 55 anos nos EUA representar� metade de todo o crescimento do gasto do consumidor dom�stico desde a crise financeira global. Esse percentual sobe para 67% no Jap�o, e 86% na Alemanha.

Com os idosos impulsionando uma parte substancial da atividade econ�mica do mundo, hoje e no futuro, a "economia da longevidade" pode ser uma oportunidade de crescimento ainda n�o explorada.

Desafiando a 'velhice'


O Japão, país cuja população envelhece mais rapidamente no mundo, pode ser o maior mercado para a economia da longevidade
O Jap�o, pa�s cuja popula��o envelhece mais rapidamente no mundo, pode ser o maior mercado para a economia da longevidade (foto: Alamy)

O envelhecimento da sociedade global geralmente � considerado prejudicial � sa�de econ�mica de um pa�s, uma vez que reduz a for�a de trabalho e aumenta os encargos sobre os sistemas de sa�de.

Na reuni�o do ano passado do G20 no Jap�o, o envelhecimento entrou na lista de prioridades pela primeira vez.

Na ocasi�o, o presidente do Banco do Jap�o, Haruhiko Kuroda, afirmou que o envelhecimento da popula��o pode representar "s�rios desafios" para os bancos centrais.

Um relat�rio recente da Organiza��o das Na��es Unidas (ONU) tamb�m alertou que o envelhecimento global aumentaria as “press�es fiscais que muitos pa�ses v�o enfrentar nas pr�ximas d�cadas, enquanto buscam construir e manter sistemas p�blicos de assist�ncia � sa�de, aposentadoria e prote��o social para idosos”.

Isso pode ser particularmente impactante para muitos pa�ses do mundo, com um n�mero cada vez maior de aposentados.

Mas Coughlin, do MIT, acredita que, embora as popula��es estejam envelhecendo em n�meros significativos, n�o podemos deixar a ideia de 'velhice' e suas implica��es reprimirem a maneira como pensamos as oportunidades econ�micas.

Ele argumenta que a velhice � uma constru��o social que n�o reflete como as pessoas vivem realisticamente ap�s a meia-idade – e diz que as empresas precisam oferecer o que as pessoas mais velhas realmente querem, e n�o o que a sabedoria popular sugere que elas precisam.

E isso n�o se refere apenas a carros para homens mais velhos, por exemplo, mas divers�o, moda, turismo e muito mais.

"Se trata de n�o ter idade – coisas mais personalizadas, mais focadas no bem-estar, em facilitar a vida.”

“Esses conjuntos de valores valem para todas as gera��es”, acrescenta Coughlin.

Segundo ele, embora as necessidades dos millennials (nascidos entre 1980 e 1995) estejam ligadas � ascens�o da chamada economia sob demanda, a conveni�ncia deste sistema tamb�m beneficia imensamente os idosos.

"Para os mais velhos, se tornou uma assist�ncia virtual."

Embora n�o haja muita pesquisa dispon�vel sobre a economia da longevidade propriamente dita, o que est� claro � que, se as empresas conseguirem aproveitar essa base de consumidores que envelheceu, nesta nova fase de suas vidas, poder� significar uma grande oportunidade.

Afinal de contas, esses grupos est�o consumindo. O relat�rio de 2017 da KPMG sobre consumidores online, realizado em 51 pa�ses, mostrou que os baby boomers (nascidos entre 1946 e 1964) gastam em m�dia US$ 203 por transa��o na internet, enquanto os millennials "entendidos em tecnologia" gastam uma m�dia de US$ 173 .

O maior mercado para a economia da longevidade pode ser o Jap�o, na��o que envelhece mais rapidamente no mundo.

O pa�s precisou se adaptar �s necessidades cotidianas desta popula��o. E passou a oferecer pequenas conveni�ncias, como disponibilizar �culos de leitura em ag�ncias dos correios, bancos e hot�is, com o dizer: “Sinta-se � vontade para us�-los”.

E tamb�m implementou melhorias estruturais, como a instala��o de bot�es nas faixas de pedestres que, quando pressionados, oferecem mais tempo para atravessar o sinal.

Com pelo menos 20% da popula��o acima de 70 anos, o Jap�o desenvolveu uma cultura inclusiva, que se reflete na maneira como os idosos consomem junto �s gera��es mais jovens – nas piscinas, nas viagens de f�rias e nas aulas de gin�stica, por exemplo.


Manter os profissionais mais velhos por mais tempo trabalhando pode criar um 'dividendo de longevidade' significativo para os países
Manter os profissionais mais velhos por mais tempo trabalhando pode criar um 'dividendo de longevidade' significativo para os pa�ses (foto: Alamy)

O surgimento de uma nova gera��o de idosos online – como o casal Bon e Pon, que compartilha no Instagram fotos de suas viagens e atividades usando roupas combinadas – � um exemplo de como os idosos est�o consumindo e aproveitando a vida como os mais jovens.

Prolongando a vida profissional

Uma parte essencial da longevidade e do aumento da expectativa de vida saud�vel � a liberdade para trabalhar.

Quando os profissionais vivem mais e com sa�de, pode ser uma oportunidade de colher o que a consultoria Deloitte chama de “dividendo da longevidade” – ou seja, aumentar a produtividade econ�mica a partir de profissionais mais velhos.

Na Alemanha, manter os trabalhadores idosos ativos � uma quest�o de estabilidade econ�mica nacional. Mais de 21% da popula��o alem� tem mais de 65 anos.

A Moody's, ag�ncia de classifica��o de risco, afirmou que o envelhecimento da popula��o apresenta uma amea�a � for�a econ�mica do pa�s europeu.

Se a Alemanha perder a nota de cr�dito triplo A (AAA), a Moody´s alertou que provavelmente ser� por causa do" impacto da mudan�a demogr�fica na economia e nos sistemas de seguridade social" do pa�s.

Diante dos avan�os na expectativa de sa�de e de vida, espera-se que um alem�o de 65 anos viva hoje mais 20 anos, segundo a Organiza��o para a Coopera��o e Desenvolvimento Econ�mico (OCDE).

No entanto, devido � natureza fisicamente exigente da ind�stria de transforma��o, manter trabalhadores no ch�o de f�brica at� a idade da aposentadoria continuar� sendo um desafio.

Algumas empresas alem�s est�o recorrendo � tecnologia para acomodar trabalhadores idosos e mant�-los ativos. A f�brica da Porsche em Leipzig, por exemplo, implementou medidas de ergonomia na linha de produ��o para ajudar os trabalhadores.

Os funcion�rios normalmente trabalham em turnos de uma hora, e v�o trocando de esta��o ao longo do dia.

Toda a f�brica foi mapeada com um sistema de sem�foros que indica o grau de conforto ergon�mico de cada esta��o, para que os gestores possam programar turnos que garantam que nenhuma parte do corpo do funcion�rio ficar� sobrecarregada.

"O objetivo da ergonomia n�o � reagir, mas prevenir", diz Alissa Frey, especialista em ergonomia da Porsche em Leipzig.

“A rota��o entre as diferentes etapas da linha de produ��o ajuda a evitar tens�es unilaterais. Al�m disso, ajustes de processos e componentes, limita��o de for�a, esta��es de trabalho de altura ajust�vel, dispositivos de manipula��o e sistemas de suporte, assim como o destacamento adequado de nossos funcion�rios, evitam uma sobrecarga f�sica.”

Mas se o aumento da longevidade vai se tornar um fardo ou um dividendo, depender� de quanto as sociedades v�o se preparar para enfrentar os desafios do envelhecimento da popula��o, al�m de identificar e maximizar seus benef�cios.

"Os baby boomers representam uma nova gera��o", diz Coughlin.

"Portanto, existe a expectativa de que, embora n�o sejam mais jovens, eles se sintam jovens. E n�o apenas esperam, mas em muitos casos exigem novos produtos, novos servi�os, novas experi�ncias, para tornar cada etapa da vida – se n�o todos os dias – um pouco melhor.”

Leia a vers�o original desta reportagem (em ingl�s) no site BBC Work Life.


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