“...Se a pele enrugar/Sorria s�o rugas de amor/E a natureza lhe dar� certeza de que o tempo passou/Apesar dos pesares brotou/Sementes que voc� plantou/Outra vida vir�, novas ilus�es no cora��o/V�o lhe proporcionar/Pra n�o sofrer, nem chorar...”, cantava o grupo de samba Fundo de Quintal sobre o envelhecimento e seus desencontros. Mas apesar das transforma��es corporais, o tempo se encarrega de trazer, na maturidade, sentimentos estigmatizados, como o corpo, o amor e o sexo.
Desejo na terceira idade existe e precisa ser encarado de forma natural
� do ser humano sentir prazer, amor, sensa��es de erotismo e, princialmente, afeto. Seja um carinho, um cafun�, um beijo ou at� o mais caloroso abra�o.
Cada dia mais � preciso debater sobre afetividade e sexualidade, n�o se restringindo ao jovem, que se encontra em momento de descobertas. Pessoas maduras tamb�m passam por redescobrimento de si e por uma transgress�o de sentidos e dial�ticas. N�o � s� de doen�as ligadas � chegada da idade que se vive. � ir al�m, � informar sobre rela��es de amizade, de sexo, de maturidade e de qualidade de vida. � sair fora da caixa e enxergar as cerca de 21 milh�es de pessoas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), como seres que tamb�m t�m o direito a ter uma vida �ntima plena. Em qualquer idade, sempre ser� tempo de viver e se reinventar. Afinal, nunca � tarde para ser feliz. Na pr�xima ter�a-feira, 1º de outubro, h� motivos de sobra para se comemorar o Dia do Idoso, que cada vez mais ocupa seu espa�o e ensina que viver com qualidade de vida � uma quest�o de atitude.
Cada dia mais � preciso debater sobre afetividade e sexualidade, n�o se restringindo ao jovem, que se encontra em momento de descobertas. Pessoas maduras tamb�m passam por redescobrimento de si e por uma transgress�o de sentidos e dial�ticas. N�o � s� de doen�as ligadas � chegada da idade que se vive. � ir al�m, � informar sobre rela��es de amizade, de sexo, de maturidade e de qualidade de vida. � sair fora da caixa e enxergar as cerca de 21 milh�es de pessoas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), como seres que tamb�m t�m o direito a ter uma vida �ntima plena. Em qualquer idade, sempre ser� tempo de viver e se reinventar. Afinal, nunca � tarde para ser feliz. Na pr�xima ter�a-feira, 1º de outubro, h� motivos de sobra para se comemorar o Dia do Idoso, que cada vez mais ocupa seu espa�o e ensina que viver com qualidade de vida � uma quest�o de atitude.
De acordo com a neuropsic�loga Rosana Hosken Veiga, a sexualidade e a afetividade ainda est�o muito ligadas � performance sexual e � beleza, que combinam muito com a juventude. “Sexualidade e afetividade caminham durante toda a exist�ncia dos seres humanos, se transformando, assim como nos transformamos ao longo do tempo”, comenta. Para isso, ela acredita que a quest�o et�ria e a expectativa de vida diz muito sobre essa car�ncia de empatia. “Os 60 de hoje representam bem os 50 de tempos atr�s. Ent�o, ainda h� muita energia nessa idade. Por�m, � palco de muito preconceito e esquecimento”, lamenta.
NO COMPASSO
Nos bailes da vida, mais precisamente no Baile da Maturidade, em BH, entre dan�as e pisadas no p�, a aposentada Vera L�cia Bretas, de 66 anos, foi convidada para bailar pelo tamb�m aposentado Leonel Gonzaga, de 87. Nesse momento n�o teve descompasso. Segundo ela, foi tudo muito espont�neo. Afinal, um homem t�o inteligente e interessante n�o a chamaria para dan�ar duas vezes. “Lembro-me de que ele estava t�o cheiroso, me cativou em cada detalhe, em cada olhar, em cada troca de palavras”, relembra. Ela conta que foi ao baile com a inten��o de se divertir com a irm� e o cunhado, mas acabou arranjando um namorado. “Um dia em que n�o fui no baile ele me ligou dizendo para eu ir. Senti 'borboletas' no est�mago”, conta.
A paix�o na maturidade foi encarada de forma natural pelos dois. Afinal, com o apoio da fam�lia e, principalmente, pela vontade do casal, quem poderia impedi-los? “Vivemos outros tempos, n�o � como antigamente. Meus filhos e a fam�lia dele foram superabertos conosco. N�o se preocupam tanto ou t�m aquele ci�me ruim, porque eles torcem para a nossa felicidade”, explica. O casal aproveita ao m�ximo essa 'paix�o bonita', como diz a aposentada. Saem juntos, viajam, dan�am e se apaixonam todos os dias. “A pele fica muito mais bonita, tudo fica colorido e, al�m disso, � muito bom pro astral e a autoestima”, comenta, demonstrando emo��o nas palavras.
Para Hosken, n�o h� regras para o que se deseja em rela��o a relacionamentos amorosos, mas atravessar a linha dos 50 pode dar um sentido pessoal de emerg�ncia e de se viver o essencial. “Isso se transporta para as rela��es. Sentimentos como alegria, gratid�o e aceita��o fazem parte dessa fase do viver. Ent�o, o amor estar� com novos sabores e novas perspectivas. E sempre se descobre o que vale a pena “vivendo”, revela.
Parece t�o complicado hoje em dia fazer isso funcionar. Tudo assusta, tudo repele e, muitas vezes, rela��es resistentes, s�lidas, est�veis e prazerosas se deixam perder por medos, inseguran�as ou por preconceito dos outros. Assim, o Bem Viver direciona o foco para os mais maduros, para falar sobre o redescobrimento afetivo e sexual inerente � idade, desmitificando tabus e celebrando a felicidade.
* Estagi�rio sob a supervis�o
da subeditora Elizabeth Colares