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Estado de Minas COMPORTAMENTO

Por que fluidez sexual � mais comum em mulheres do que em homens

� medida que defini��es de sexualidade mudam e se expandem, orienta��es das mulheres est�o se tornando menos r�gidas do que as dos homens


13/07/2021 08:37 - atualizado 13/07/2021 10:37


(foto: Getty Images)
(foto: Getty Images)

A maneira como pensamos a sexualidade est� mudando. Onde antes havia uma �nica bandeira do arco-�ris, hoje tremula uma grande variedade de bandeiras coloridas para mostrar a diversidade de orienta��es sexuais.

As pessoas parecem cada vez mais abertas a discutir sua sexualidade, e identidades de g�nero pouco convencionais, at� mesmo outrora "invis�veis", est�o se tornando parte de um discurso cada vez mais dominante.

Com o di�logo aberto, as identidades sexuais est�o se tornando menos r�gidas e mais fluidas.

Mas dados recentes mostram que essa mudan�a � mais prevalente em um grupo: em muitos pa�ses, as mulheres est�o agora abra�ando a fluidez sexual em taxas muito mais altas do que no passado, e de forma mais expressiva do que os homens em geral.

Como se explica essa diferen�a?

Especialistas acreditam que h� v�rios fatores que contribuem para tal comportamento, especialmente as mudan�as na esfera social que permitiram �s mulheres romper com os pap�is e identidades convencionais de g�nero.

Mas, diante disso, fica a pergunta: o que isso significa para o futuro da fluidez sexual para todos os g�neros?

Uma mudan�a not�vel

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Sean Massey e seus colegas do Laborat�rio de Pesquisa de Sexualidade Humana da Universidade de Binghamton, em Nova York, estudam comportamentos sexuais h� cerca de uma d�cada.

Em cada um de seus estudos, eles pediram aos participantes que informassem sua orienta��o sexual e g�nero.

Eles nunca haviam analisado como esses dados mudaram ao longo do tempo — at� Massey e seus colegas perceberam recentemente que estavam sentados sobre um verdadeiro tesouro de informa��es sobre atra��o sexual.

"Pensamos, meu Deus, coletamos esses dados por 10 anos", conta Massey, professor associado de estudos femininos, de g�nero e sexualidade na Universidade de Binghamton.

"Por que n�o voltamos (a eles) e analisamos para ver se houve alguma tend�ncia?"

Eles descobriram que, de 2011 a 2019, as mulheres em idade universit�ria se afastaram cada vez mais da heterossexualidade exclusiva.

Em 2019, 65% relataram se sentir atra�das unicamente por homens, uma queda em compara��o com 2011, quando este percentual era de 77%.


Com o tempo, a linguagem evoluiu para reconhecer as mulheres como sexualmente não-binárias(foto: Getty Images)
Com o tempo, a linguagem evoluiu para reconhecer as mulheres como sexualmente n�o-bin�rias (foto: Getty Images)

O n�mero de mulheres que fazem sexo exclusivamente com homens tamb�m caiu no mesmo per�odo.

Enquanto isso, a atra��o e o comportamento sexual dos homens permaneceram em sua maioria est�ticos no mesmo intervalo: cerca de 85% disseram sentir atra��o sexual apenas pelo sexo feminino, e cerca de 90% afirmaram ter rela��es sexuais unicamente com mulheres.

Outras pesquisas em todo o mundo, incluindo no Reino Unido e na Holanda, apresentam resultados semelhantes.

Em geral, mais mulheres t�m relatado sentir mais atra��o pelo mesmo sexo, ano ap�s ano, do que os homens.

Poder e liberdade

"Tudo isso � complicado demais para atribuir a apenas uma coisa", diz Elizabeth Morgan, professora associada de psicologia do Springfield College em Massachusetts, nos EUA.

Mas os pap�is de g�nero — e como eles mudaram e n�o mudaram — podem ser um fator significativo.

Massey e seus colegas atribuem a evolu��o em grande parte �s mudan�as culturais, como o avan�o do feminismo e do movimento das mulheres, que mudaram significativamente o cen�rio sociopol�tico nas �ltimas d�cadas.

No entanto, essas mudan�as afetaram homens e mulheres de maneiras diferentes.

"Realmente se avan�ou em torno do papel do g�nero feminino, e menos em torno do papel do g�nero masculino", diz Massey.


Estudos mostram que menos mulheres se sentem atraídas exclusivamente por homens hoje do que no passado(foto: Getty Images)
Estudos mostram que menos mulheres se sentem atra�das exclusivamente por homens hoje do que no passado (foto: Getty Images)

Embora ele n�o desconsidere o efeito do movimento LGBTQ + sobre as pessoas que se identificam como sexualmente fluidas hoje, Massy acredita que o feminismo e o movimento das mulheres desempenham um papel no motivo pelo qual mais mulheres se identificam dessa forma do que os homens — sobretudo porque nenhum movimento masculino equivalente permitiu que os homens rompessem com restri��es hist�ricas baseadas no g�nero da mesma maneira.

"H� 50 anos, voc� n�o poderia ter uma vida se n�o se casasse com um homem, porque ele precisava sustentar voc�", acrescenta Morgan.

Nesse sentido, renunciar � heterossexualidade exclusiva pode ser visto como parte da ruptura feminina com os pap�is tradicionais de g�nero.

Enquanto isso, como as mulheres conseguiram encontrar mais liberdade, os pap�is de g�nero dos homens permaneceram relativamente est�ticos, enquanto continuam a ter poder na sociedade

"[Os homens] precisam defender um papel de g�nero muito masculino para manter esse poder, e parte da masculinidade � a heterossexualidade", explica Morgan.

Expressar interesse pelo mesmo sexo pode reduzir esse poder. Como diz Massey, a masculinidade � um "conceito fr�gil". Pode ser "violado" pela atra��o pelo mesmo sexo.

A coach e educadora sexual Violet Turning, de 24 anos, tamb�m aponta a "fetichiza��o" de duas mulheres fazendo sexo ou se beijando, especificamente sob o olhar masculino.

Segundo ela, isso tornou a atra��o pelo mesmo sexo entre mulheres mais socialmente aceit�vel, embora pelos motivos errados.

Em contrapartida, as pessoas parecem achar a ideia de dois homens fazendo sexo muito menos palat�vel.

Um estudo de 2019 que analisou as atitudes em rela��o a homens e mulheres gays em 23 pa�ses mostrou, de forma geral, que "os gays s�o mais malvistos do que as mulheres l�sbicas".

Um di�logo aberto

Os espa�os para as mulheres falarem abertamente sobre sua sexualidade tamb�m aumentaram com o tempo.

Quando Lisa Diamond, professora de psicologia e estudos de g�nero da Universidade de Utah, nos EUA, come�ou a estudar a fluidez sexual no in�cio da d�cada de 1990, sua pesquisa se concentrava nos homens.

Muitos participantes do estudo, diz ela, vinham de grupos de apoio gay, em que a maioria dos membros era do sexo masculino, ent�o os homens eram "mais f�ceis de achar para os pesquisadores".

Mas Diamond queria analisar a sexualidade das mulheres.

Ela come�ou um estudo em que verificou as orienta��es e comportamentos sexuais de 100 mulheres a cada dois anos ao longo de uma d�cada.

Seu livro, Sexual Fluidity: Understanding Women's Love and Desire ("Fluidez sexual: compreendendo o amor e o desejo das mulheres", em tradu��o literal), foi publicado em 2008. A obra discute como, para algumas mulheres, o amor e a atra��o s�o fluidos e podem mudar com o tempo.

Esta ideia entrava em conflito com a linha de pensamento anterior que descrevia a orienta��o sexual como r�gida — vis�o alcan�ada por meio de estudos que analisavam apenas homens.

Na �poca em que seu livro foi publicado, celebridades americanas que haviam namorado homens anteriormente, como Cynthia Nixon e Maria Bello, tornaram p�blica a atra��o que sentiam pelo mesmo sexo.

A apresentadora Oprah Winfrey convidou ent�o Diamond para ir ao seu programa falar sobre a fluidez sexual feminina. O conceito e a pr�tica entraram oficialmente no debate popular.

Al�m disso, Turning observa que a linguagem evoluiu para reconhecer as mulheres como sexualmente n�o-bin�rias.

Por exemplo, ela conta que sua parceira l�sbica pertencia a uma "alian�a gay heterossexual" na escola, por volta de 2007.

Essa express�o encorajava um indiv�duo bin�rio — os membros eram gays ou heterossexuais, n�o havia op��es reais para aqueles que poderiam se identificar em algum lugar no meio — e tampouco continha nenhum termo que expressasse especificamente a sexualidade feminina.

"Agora, � como se todos tivessem a op��o de se identificar como queer, porque � muito aceit�vel", diz Turning, que afirma que a fala e a terminologia evolu�ram para incluir pessoas de todos os g�neros — incluindo as mulheres.

Qual � o futuro da fluidez sexual?

A fluidez sexual pode estar a caminho de entrar em espa�os mais masculinos. No TikTok, se tornou popular entre homens jovens heterossexuais representar gays em seus v�deos.

Os seguidores deles, em sua maioria mulheres, gostam, de acordo com um artigo do jornal americano New York Times sobre a tend�ncia.

Independentemente de se esses criadores se sentem realmente confort�veis %u200B%u200Bem atuar como queer ou fazem isso por cliques, essa tend�ncia ainda sugere mudan�as nas atitudes em rela��o � masculinidade, o que pode abrir caminho para mais homens abra�arem a fluidez sexual no futuro.

Mulheres sexualmente fluidas tamb�m podem ajudar a pavimentar esse caminho.

Mais mulheres falando abertamente sobre suas orienta��es fluidas significa mais pessoas discutindo alternativas � sexualidade r�gida em geral.

"Nossa cultura se envergonha muito da sexualidade", diz Diamond.

"Qualquer coisa que torne mais f�cil e mais socialmente aceit�vel para as pessoas refletirem sobre seus desejos de uma forma livre de julgamentos e de vergonha", acrescenta ela, tem o potencial de abrir o leque de possibilidades sexuais — ou pelo menos permitir que considerem a ideia de fazer isso.

"Precisamos come�ar a libertar os homens da heterossexualidade compuls�ria [e] da masculinidade tradicional", completa Massey.

"E isso pode ter um resultado diferente, ou talvez um resultado semelhante [ao que teve para as mulheres] em termos de permitir mais diversidade na sexualidade."

Leia a vers�o original desta reportagem (em ingl�s) no site BBC Work Life.

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