(none) || (none)

Continue lendo os seus conte�dos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e seguran�a do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/m�s. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas REPORTAGEM DE CAPA

Como pessoas mais velhas redescobriram sentimentos e prazeres

Com a fam�lia criada e certa estabilidade, maduros querem mesmo � curtir a vida


postado em 26/09/2019 18:30 / atualizado em 26/09/2019 18:41

Sônia Suely Silva conheceu o atual marido, Otacílio Diamante, na internet e diz que, quando a flechinha acerta, não tem como(foto: Arquivo pessoal)
S�nia Suely Silva conheceu o atual marido, Otac�lio Diamante, na internet e diz que, quando a flechinha acerta, n�o tem como (foto: Arquivo pessoal)

S� de imaginar encontrar um novo algu�m, o cora��o come�a a dar aquela palpitadinha. H� quem acredite que experi�ncias acumuladas nos relacionamentos anteriores trazem uma certa sabedoria. Mas quando realmente ocorre, tudo � novo, e nada parece como antes. Afinal, cada ser � um ser. � claro que h� vantagens, a fase de cuidar da fam�lia, dos filhos e da carreira est� consolidada. Esse � um momento de repensar valores e criar expectativas para o que vai vir. Mas o que muda? O que se torna mais valorizado em um relacionamento para uma pessoa que j� cruzou a linha dos 60?

Segundo a psic�loga Rosana Hosken, um relacionamento na terceira idade � mais calcado no presente e no que deixa a pessoa feliz e mais leve, enquanto jovens e adultos se preocupam muito com o planejamento do futuro. “Os filhos, se os tiveram, j� est�o criados. A conquista profissional e financeira j� alcan�ou patamares est�veis. O relacionamento se baseia no bem-estar”, salienta. Por isso, muitas vezes, pessoas maduras s�o vistas como impulsivas quando encontram um novo algu�m. Segundo a psic�loga, a quest�o � mais sutil. “Como, depois de passar pelos labirintos da vida, ainda estou dispon�vel para viver o amor? Essa resposta est� dentro de cada um de n�s, de como a entendemos. Maduros s�o afetivos e desejantes e est�o a fim de viver e saborear at� a '�ltima ta�a”, explica.
 
Hosken frisa que, se existe uma coisa boa de viver quando se envelhece, � a maturidade que se ganha. Primeiro, a juventude e toda a sua beleza, depois, a maturidade e o envelhecimento corporal. “� preciso se desligar dos estere�tipos sociais, ter uma aceita��o do pr�prio corpo, curtir suas rugas, seus cabelos prateados, todo um processo conquistado para romper esses tabus e viver. E isso � um fator relevante para viver o amor”, conclui.

A hist�ria da assistente de educa��o S�nia Sueli Silva Diamante, de 60 anos, perpassa por momentos dif�ceis. Perdeu o primeiro marido em 2004 e passou por situa��es complicadas com a cria��o das filhas, o que a fez se fechar para o mundo. “Esses anos todos, entrei como se fosse na Idade M�dia da escurid�o e nunca pensei em formar uma nova fam�lia com algu�m por conta desses processos”, relembra. A morte da filha mais nova tamb�m foi uma situa��o a ser enfrentada, j� que ela deixou tr�s filhos, sendo o mais novo sob a responsabilidade da av�. “Come�ou tudo de novo, os cuidados com um beb�. Ent�o, arranjar uma pessoa ficou mais dif�cil com uma crian�a dentro de casa”, salienta.
 
Com o crescimento do neto, S�nia Sueli resolveu entrar em um site de relacionamentos, buscando encontrar algu�m com as mesmas cren�as e afinidades. Depois de encontros furados com outras pessoas, ela encontrou o comerciante aut�nomo Otac�lio Diamante, de 61. “Foram os familiares dele que o colocaram na plataforma, por causa da situa��o triste em que se encontrava”, comenta. Os pombinhos foram trocando algumas mensagens at� que n�o deu outra: se casaram. “Estamos bem e felizes”, diz a noiva.

VIRTUAL

Rosana Hosken acredita que pessoas maduras querem bem-estar no relacionamento(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Rosana Hosken acredita que pessoas maduras querem bem-estar no relacionamento (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)


S�nia e o marido se conheceram no aplicativo CoroaMetade, plataforma de encontros exclusiva para pessoas maduras. O jornalista Airton Gontow � o desenvolvedor do site. Com a plataforma, ele percebeu que cada pessoa tem um pensamento diferente e �nico, mas de modo geral percebeu que o p�blico maduro procura n�o s� uma companhia, mas um companheiro ou uma companheira. “No in�cio do site, costumava dizer que as pessoas maduras sabem o que querem. Hoje, ap�s tantos anos � frente do site e falando cotidianamente com os usu�rios, posso dizer, com certeza, que quase ningu�m sabe o que quer. Nem os mais jovens, nem os mais velhos”, afirma.

O jornalista conta que se separou aos 43 e, por dois anos, mesmo n�o sendo t�mido, vivenciou as diversas dificuldades que um homem mais velho passa para encontrar uma nova companheira. Apesar disso, casou-se novamente aos 45. “H� cerca de sete anos, fui a uma festa de amigos que se formaram juntos na antiga oitava s�rie e que n�o se encontravam h� 30 anos. No encontro, vi que 60% dos antigos colegas eram solteiros, vi�vos ou divorciados. E nas conversas ouvi muitas queixas do tipo: “P�, cara, companhia para uma noite eu encontro f�cil. Mas uma companheira para a vida toda � t�o dif�cil”. Voltei para casa pensando em criar alguma coisa para esse p�blico. A� surgiu a ideia de criar um site de relacionamento espec�fico para o p�blico maduro”, relembra.
 
Ele conta que h� um grande preconceito e estigmatiza��o acerca da afetividade e da sexualidade de pessoas que ‘j� passaram da idade’, seja pela cren�a da moral e bons costumes ou por inseguran�as. “Mas felizmente isso vem mudando rapidamente. Cada vez mais as pessoas mais velhas assumem que t�m desejos e necessidades de amor, afeto e de uma vida sexual plena. Tamb�m os avan�os na sa�de proporcionam essa mudan�a comportamental”, conta.

S�nia Sueli aponta que � preciso ir atr�s de novas experi�ncias e aproveitar essas novas tend�ncias com a internet, independentemente da idade. “A gente que trabalha, que tem uma certa idade e que n�o vai pra balada tem que entender que n�o � como nos tempos em que �ramos novos”, comenta. Para ela, essa viv�ncia desse flertes foi v�lida tanto para a vida sentimental quanto para a sexual. “Foi bom. Gostei de me redescobrir, n�. A gente tinha ou tem muitos receios, mas me senti viva novamente”, revela.
 
Airton Gontow viu um nicho pouco explorado na população madura e aproveitou para criar um site(foto: CoroaMetade/Divulgação)
Airton Gontow viu um nicho pouco explorado na popula��o madura e aproveitou para criar um site (foto: CoroaMetade/Divulga��o)


Para esse p�blico, existe um mix de receios, inquieta��es e falta de oportunidades para se relacionar dentro de ambientes digitais. “Apesar dos riscos e possibilidade de fakes, deve-se entrar com o cora��o aberto e acreditar que sempre � tempo para ser feliz. M�goas e tristezas fazem parte da vida. H� milh�es de pessoas em todo o mundo que se encontraram pela internet e hoje s�o casadas e felizes. � poss�vel entrar com 100% do peito aberto. Mas tamb�m � preciso ter a mente 100% atenta”, conta o jornalista.
 
Para o empreendedor, o site serve para aproximar as pessoas, mas o que continua importando � a hora do encontro real. “O que vale � o olhar, o cheiro, o toque, o beijo, a energia. N�o somos m�quinas. Mesmo com toda a mecaniza��o do mundo moderno, continuamos a ser, felizmente, absolutamente humanos. Humanos em busca de carinho e de amor”, finaliza. A assistente de sala de aula, depois de encontrar seu marido, diz acreditar em amor na maturidade. “Quando a flechinha acerta n�o tem como. Achamos que nunca acontecer� com a gente, mas aconteceu. Porque para entrar no casamento tem que existir amor mesmo, n�o tem jeito, pode ser um pouco fora de moda, mas agora acredito que existe sim”, finaliza.

* Estagi�rio sob a supervis�o 
da subeditora Elizabeth Colares
 
 
Curta-Metragem: Guida
Dire��o: Rosana Urbes
O curta mostra a hist�ria de Guida, uma doce senhora que h� 30 anos trabalha como arquivista no f�rum da cidade, e que tem sua rotina entediante modificada ao se deparar com um an�ncio para aulas de modelo vivo em um centro cultural. Atrav�s da sensibilidade criativa da personagem, o curta-metragem prop�e uma reflex�o sobre a sexualidade na velhice, quebrando preconceitos e estere�tipos sobre a terceira idade, propondo a arte como agente transformador. O curta ganhou o primeiro lugar de desenho animado estrangeiro no Dublin Animation Film Festival. 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)