
Pesquisas sobre a import�ncia da educa��o financeira comprovam que o maior problema n�o � o quanto se ganha, mas como se gasta. Ter consci�ncia dessa rela��o � fundamental para ter boa rela��o com o dinheiro. O economista Ivan de Melo Nogueira, professor de ci�ncias cont�beis da Est�cio BH, avisa que � importante “poupar” e que esse aprendizado deveria come�ar na escola, com a mesada, com o saber investir, economizar e gastar o necess�rio.
Ivan Nogueira destaca que quem perde o controle da sa�de financeira viver� interfer�ncias no comportamento psicol�gico e familiar: “Para sobreviver com qualidade � fundamental saber controlar, entender, estabelecer e ter prioridades de como gastar seu dinheiro. Com controle, � poss�vel para muitos ter uma poupan�a ou investimento. N�o � s� trabalhar para pagar boleto, ser privado de tudo, at� porque � preciso estar atento com a sa�de mental. N�o � ser escravo do dinheiro”.
O economista enfatiza que o importante � aprender a dividir o que ganhar para multiplicar, principalmente quem tem um or�amento restrito. � poss�vel fazer uma confraterniza��o com familiares e amigos dividindo as despesas, adquirir um bem, de repente uma casa de campo, tendo como s�cio um amigo ou irm�o, sabendo que toda sociedade tem risco. Mas conseguir� investir. Enfim, h� sa�das.

Ivan Nogueira alerta que a primeira atitude � registrar no papel, visualmente, o que ganha, a receita de toda a fam�lia e, depois, quais os gastos priorit�rios de que n�o pode abrir m�o. Tudo na ponta do l�pis para saber onde est� sangrando o dinheiro. Pode ser a conta do celular. Trocar o p�s-pago para o pr�-pago e, caso os cr�ditos acabem, saber que ter� de esperar o pr�ximo m�s para voltar a falar. Ter uma planilha com as fontes de receitas, que sempre ser�o menores, e de gastos, que ter� de suprir. “Educa��o financeira � ter essa clareza.”
Como professor, Ivan Nogueira conta que sempre pergunta aos alunos qual � a parte do corpo que d�i mais. A maioria erra, e a resposta �: “o bolso”. Como a receita � poupar, o economista lembra que no cen�rio ideal a conta �: 50% para gastos essenciais, 30% para os emergenciais e 20% para economizar com poupan�a e investimentos. Portanto, se ganha R$ 1 mil, guarda R$ 200 e no fim de 12 meses ter� R$ 2.400, que investidos render�o ainda mais e ser�o uma bola de neve positiva. J� no cen�rio real da maioria dos brasileiros, ele lembra que para milhares “o que se ganha paga d�vidas, gastos e pode sobrar ou n�o e at� faltar. � o grande perigo, a bola de neve negativa”.
Neste pa�s de miser�reis e mais de 14 milh�es de desempregados, quem tem o privil�gio de ter uma sobra tem de poupar, economizar. Ivan Nogueira alerta que “viver bem n�o � esbanjar tudo que ganha. N�o � gastar tudo hoje porque n�o sabe o que vir� amanh� ou porque caix�o n�o tem gaveta. Pensar assim � um tiro no p�. N�o ter esse controle acelera o adoecimento f�sico e mental. � fato. Na pandemia, quem quis aprender saiu melhor com um ensinamento gigantesco de como ter sa�de financeira. Muitos entenderam ser poss�vel gastar menos, que n�o tem de sair todos os dias, que pode cozinhar em casa. Teve quem conseguiu uma reserva at� para investir em im�veis, o mercado est� aquecido. Enfim, muitos t�m adotado novo estilo de vida e comportamento. Quando a vida voltar ao normal, os gastos v�o aumentar, mas quem percebeu o resultado, seguramente n�o vai agir como antes, na mesma propor��o, mas com readequa��o e readapta��o.”
IMPACTOS NO TRABALHO
J� Mirian Travain, diretora de RH da Xerpa e psic�loga, explica que sa�de financeira � saber administrar bem seu dinheiro e conseguir evitar d�vidas. � o equil�brio entre o que voc� ganha e o que pode gastar. E depois conseguir fazer um planejamento para o momento presente e para o futuro. Isso vale para pessoas e empresas. � sempre importante considerar o padr�o pessoal, considerar os planos e estilo de vida. Miss�o das mais dif�ceis, j� que dados de um estudo do SPC Brasil e Comiss�o de Valores Imobili�rios (CVM) mostrou que apenas 10% dos brasileiros est�o preparados para lidar com uma despesa inesperada, 27% temem que o dinheiro n�o dure o m�s todo e 64% vivem no limite do or�amento.

Devemos olhar para a sa�de financeira com o mesmo cuidado que olhamos para a f�sica e mental. Problemas em qualquer uma delas afeta diretamente a outra
Miriam Travain, diretora de RH da Xerpa e psic�loga
H� quem tem dinheiro e n�o tem educa��o financeira, s� sabe gastar. E quem n�o tem e � imposs�vel ter alguma reserva. Na an�lise de Mirian Travain, vivemos um cen�rio complicado no mundo, que se agravou por conta da pandemia, com altos �ndices de endividamento e aumento do desemprego. Portanto, � natural que esses dois polos existam. “Mas quando falamos sobre educa��o e consci�ncia financeira � tamb�m sobre entender, em ambos os polos, quanto ganha, quanto gasta e, em alguns momentos, quanto falta, alinhando as expectativas e possibilidades financeiras particulares de cada um. Mas nos dois casos � v�lido ter metas, entender o que d� para mudar, o que precisa permanecer. Poupar, o m�nimo que conseguir, se conseguir, j� � poupar.”
Mirian Travain destaca que o que sentimos e vivemos quando estamos com algum problema financeiro � individual, mas podemos dizer que, em sua maioria, o desequil�brio financeiro pode desencadear falta de concentra��o, irritabilidade, fadiga, baixa produtividade no trabalho e queda na autoestima. A orienta��o financeira � t�o importante que reflete nas demais �reas. � um assunto que tem surgido mais em rodas de conversa e dentro das empresas, que buscam solu��es e benef�cios que possam auxiliar. “Devemos olhar para a sa�de financeira com o mesmo cuidado que olhamos para a f�sica e mental. Ter problemas em qualquer uma delas significa afetar diretamente a outra.”
Com foco nos trabalhadores, Mirian Travain lembra que o impacto � na produtividade ao lidar com a falta de concentra��o, maior distra��o e, por consequ�ncia, queda na entrega. “O ciclo � ainda maior porque ele sabe que n�o est� apresentando seu potencial m�ximo, resultando em baixa autoestima no ambiente de trabalho, ansiedade, irritabilidade, falta de motiva��o, entre outros. Um estudo de 2019 da PWC mostrou que 49% dos colaboradores gastam cerca de tr�s horas por semana lidando com quest�es de finan�as pessoais. Ou seja, s�o 20 dias por colaborador a cada ano, dedicados exclusivamente a quest�es financeiras.”
FA�A RESERVA DE EMERG�NCIA
A Federa��o Brasileira de Bancos (Febraban) ensina como montar uma reserva de emerg�ncia e passar com
mais tranquilidade por momentos de crise, seja qual for.
1 - Reserva de emerg�ncia:
O primeiro passo � entender a import�ncia da reserva de emerg�ncia, que � aquele dinheiro que voc� vai guardar, pouco a pouco, e s� vai usar em casos de extrema necessidade.
2 - Monte seu or�amento:
Fa�a seu or�amento pessoal ou familiar, ou seja, o registro de suas entradas e sa�das financeiras. Para isso, � fundamental criar o h�bito de anotar tudo e calcular a m�dia mensal de quanto ganha e gasta para chegar ao valor necess�rio para sua reserva. A reserva de emerg�ncia deve ter de tr�s a 12 vezes o dinheiro que voc� precisa para viver. Ou seja, se sua fam�lia gasta R$ 3 mil por m�s, deve se planejar para ter uma reserva de, no m�nimo, R$ 9 mil. Se voc� estiver num emprego est�vel, tr�s meses de reserva podem funcionar. Mas, se for aut�nomo, mais suscet�vel �s altas e baixas do mercado, pense em guardar o equivalente entre seis e 12 meses de gastos.
3 - Fa�a sobrar:
� preciso n�o gastar mais do que se ganha, ou seja, fazer sobrar algum dinheiro no fim do m�s. N�o importa o valor. Se esse m�s sobraram R$ 20, guarde-os mesmo assim, pois t�o importante quanto ter dinheiro de reserva � “mudar a chave” e enxergar o valor de estar protegido quando a vida sai um pouco do eixo. Se acha dif�cil encontrar essa sobra, reveja todos os custos e identifique onde pode cortar. Ou, quem sabe, vale repensar o estilo de vida. J� se sente dificuldade em se organizar para separar a dinheiro que ser� guardado, h� truques e t�cnicas, como a dos envelopes. Envelope 1 para gastos com a moradia (aluguel, IPTU, telefone, internet, �gua, luz); envelope 2 para alimenta��o, limpeza e higiene; envelope 3 para sa�de; envelope 4 para transporte; envelope 5 para vestimenta e beleza; envelope 6 para educa��o; envelope 7 para lazer; envelope 8 para d�vidas, etc. (https://meubolsoemdia. com.br/Materias/tecnicas-para-guardar-dinheiro-envelopes)
4 - Escolha o investimento:
Para escolher uma aplica��o adequada para imprevistos, considere aquelas com melhores retornos, mas principalmente que tenham liquidez, ou seja, que voc� possa resgatar o dinheiro a qualquer hora sem perdas financeiras.
5 - Tenha consci�ncia:
O mais importante da reserva de emerg�ncia � ter consci�ncia sobre quando recorrer a ela. Se a situa��o apertou, use-a, sobretudo em contextos mais dif�ceis, como o desemprego. Evite utilizar esse dinheiro para gastos que n�o s�o essenciais, como o sustento da fam�lia ou compras que possam esperar um pouco mais.