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Estado de Minas PANDEMIA

N�o s� ivermectina: nenhum rem�dio � comprovadamente eficaz para a COVID-19

Rem�dio foi recomendado pelo Ministro da Sa�de e por Bolsonaro, mas fabricante refuta informa��o. N�o h� f�rmacos com a��o comprovada para a doen�a no in�cio


05/02/2021 16:48 - atualizado 08/02/2021 10:14

(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

A ivermectina � um f�rmaco usado no tratamento de v�rios tipos de infesta��es por parasitas, entre elas as causadas por piolhos e sarna. O rem�dio tem entrado na pauta das discuss�es sobre a COVID-19 e poss�veis indica��es para terapia, e j� foi recomendado como eficaz para tratar o coronav�rus pelo Ministro da Sa�de e pelo presidente Jair Bolsonaro. Mas, em comunicado nesta quinta-feira (4/2), a farmac�utica Merck Sharp & Dohme (MSD), que fabrica a ivermectina, afirma que o medicamento n�o consegue combater a infec��o ocasionada pelo novo coronav�rus.

O m�dico infectologista e professor em�rito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Dirceu Greco, corrobora a informa��o. "At� o momento n�o existe nenhum tratamento farmacol�gico, nenhum rem�dio com efic�cia comprovada para a COVID-19", afirma.

Em casos mais graves, o especialista cita como uma possibilidade de enfrentamento � doen�a a chamada dexametasona, um tipo de corticoide usado no tratamento de doen�as como reumatismo, doen�as de pele, alergias graves, asma, doen�a pulmonar obstrutiva cr�nica, edema cerebral, entre outras e, em combina��o com antibi�ticos, tamb�m a tuberculose. "Diminui a inflama��o na fase mais severa da COVID-19 e a mortalidade. Mas n�o abarca as fases iniciais e m�dias da doen�a pelo coronav�rus", diz Dirceu.

Sobre a ivermectina, ele pontua que na fase in vitro (testes em laborat�rio), as expectativas eram grandes, mas, a partir das avalia��es cl�nicas, com experimentos em humanos, n�o houve resultados comprovados.

Dirceu refor�a a necessidade de manter as medidas de preven��o ao coronav�rus, de conhecimento geral, ainda mais diante do processo lento da vacina��o que ocorre at� agora no pa�s e do prov�vel surgimento de variantes do coronav�rus mais infecciosas, o que j� vem acontecendo, e que eventualmente demandem atualiza��es nos imunizantes.

O epidemiologista do Hermes Pardini e professor da Faculdade da Sa�de e Ecologia Humana (Faseh), Jos� Geraldo Leite Ribeiro � especializado na �rea de preven��o e vacinas. Al�m da ivermectina, ele lembra que muito tem-se falado, em rela��o a outros rem�dios indicados para tratamento de COVID-19, tamb�m sobre a cloroquina, vitamina D, zinco, antibi�ticos e o verm�fugo Anitta, mas pondera que n�o est� convencido sobre a efic�cia de nenhum desses f�rmacos contra o coronav�rus.

Ainda assim, pontua que muitos colegas de profiss�o t�m prescrito esses medicamentos durante a pandemia, conforme preconiza o Conselho Federal de Medicina (CFM). "O conselho recomenda que cada m�dico fa�a a prescri��o conforme suas pr�prias convic��es, n�o me cabe critic�-los. � uma decis�o m�dica. O Minist�rio da Sa�de tamb�m tem proposto esses tipos de tratamento precoce, o que � feito no in�cio da manifesta��o da doen�a."

Por outro lado, o especialista refor�a sobre os riscos da automedica��o, j� que todo f�rmaco tem contraindica��es, algo extremamente variado, conforme as propriedades de cada produto e, sem acompanhamento profissional, a pessoa leiga n�o consegue entend�-las ou saber se pode ou n�o usar o rem�dio com seguran�a.

"� importante n�o usar nenhum rem�dio sem orienta��o m�dica", diz. At� agora, o que se tem no enfrentamento ao SARS-CoV-2 s�o medidas de manuten��o da vida, depois do surgimento dos sintomas, principalmente quando h� interna��o. "N�o h� nenhum tratamento que n�o seja para manter a vida, como cuidados como hidrata��o e ventila��o artificial", exemplifica Jos� Geraldo.

 

O que � a ivermectina


A ivermectina � aprovada nos Estados Unidos sob a marca Stromectol. O medicamento, que n�o � comercializado no Brasil, � indicado para o tratamento da estrongiloid�ase intestinal (n�o disseminada), infec��o causada pelo parasita Strongyloides stercoralis e para o tratamento da oncocercose, infec��o causada pelo parasita Onchocerca volvulus, mas n�o tem atividade contra esse �ltimo microrganismo em fase adulta. O f�rmaco � contraindicado em pacientes com hipersensibilidade a qualquer um de seus componentes. Pessoas tratadas com o rem�dio para oncocercose podem apresentar rea��es cut�neas e/ou sist�micas de gravidade vari�vel, e rea��es oftalmol�gicas.

Segundo a Merck Sharp & Dohme, para a estrongiloid�ase, em quatro estudos cl�nicos envolvendo um total de 109 pacientes que receberam uma ou duas doses de uma certa quantidade de ivermectina, as seguintes rea��es adversas foram relatadas como possivelmente, provavelmente ou definitivamente relacionadas ao rem�dio: astenia (perda ou diminui��o da for�a f�sica)/fadiga (0,9%), dor abdominal (0,9%), anorexia (0,9%), constipa��o (0,9%), diarreia (1,8%), n�useas (1,8%), v�mitos (0,9%), tontura (2,8%), sonol�ncia (0,9%), vertigem (0,9%), tremor (0,9%), coceira (2,8%), erup��o cut�nea (0,9%) e urtic�ria (0,9%).

Para a oncocercose, ensaios cl�nicos envolvendo 963 pacientes adultos tratados com ivermectina, foi relatada piora das seguintes rea��es de Mazzotti (rea��es de hipersensibilidade resultantes da morte das microfil�rias - larvas - ap�s o tratamento com ivermectina) durante os primeiros quatro dias p�s-tratamento: artralgia/sinovite (inflama��o do tecido que reveste a parte interna de algumas articula��es, com 9,3% das ocorr�ncias), aumento dos linfonodos axilares e sensibilidade (11,0 % e 4,4%), aumento de linfonodos cervicais e sensibilidade (5,3% e 1,2%), aumento de linfonodos inguinais e sensibilidade (12,6% e 13,9%), aumento de outros linfonodos e sensibilidade (3,0% e 1,9%), coceira (27,5%), envolvimento da pele incluindo edema, erup��o papular e pustular ou urticariforme (22,7%), e febre (22,6%).

 

A ivermectina n�o deve ser usada durante a gravidez, e a seguran�a e efic�cia em pacientes pedi�tricos com peso inferior a 15 quilos tamb�m n�o foram estabelecidas.

A posi��o da Merck Sharp & Dohme

 


No texto divulgado pela Merck Sharp & Dohme em seu endere�o na internet, a farmac�utica, que deteve a patente da ivermectina at� 1996, disse que n�o h� base cient�fica para um potencial efeito terap�utico contra a COVID-19 em estudos pr�-cl�nicos.

A empresa acrescentou tamb�m que n�o h� evid�ncia significativa de efic�cia cl�nica em pacientes com a doen�a. No comunicado, enfatiza que os cientistas da equipe seguem examinando as conclus�es de todos os estudos existentes sobre a ivermectina para o enfrentamento ao SARS-CoV-2, a fim de observar resultados positivos, mas pontuou que h� uma preocupante aus�ncia de dados sobre a seguran�a da subst�ncia nesse contexto na maior parte dos estudos.

A farmac�utica n�o acredita que "os dados dispon�veis suportem a seguran�a e efic�cia da ivermectina al�m das doses e popula��es indicadas nas informa��es de prescri��o aprovadas pela ag�ncia reguladora", como segue no comunicado.


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