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Estado de Minas

Escuta acolhedora

Iniciativa coordenada pelo Unicef abre espa�o para adolescentes e jovens que v�m experimentando desequil�brios emocionais neste momento


18/04/2021 04:00

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)

Antes do in�cio da pandemia, um em cada cinco adolescentes enfrentava desafios de sa�de mental, conforme a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS). Dados do Mapa da Viol�ncia 2017 registram que, de 2002 a 2012, houve crescimento de 40% da taxa de suic�dio entre crian�as e adolescentes com idade entre 10 e 14 anos. Na faixa et�ria de 15 a 19, o aumento foi de 33,5%.

Em setembro, o Fundo das Na��es Unidas para a Inf�ncia (Unicef) perguntou aos jovens, por meio da ferramenta U-Report, como eles se sentiam durante a pandemia: 47% disseram estar preocupados e ansiosos. A enquete tamb�m mostrou que 72% sentiram necessidade de pedir ajuda, mas 41% reportaram que n�o chegaram a pedi-la. Entre os que pediram, 36% o fizeram para pessoas pr�ximas, amigos e/ou namorados. Segundo o Unicef, saber como, onde e para quem pedir ajuda � fundamental para a promo��o da sa�de mental.

� o ponto de partida para o projeto Promover para Prevenir, iniciativa da Associa��o pela Sa�de Emocional de Crian�as (Asec) Brasil/Movimento Saber Lidar, em parceria com o Unicef, entre outros parceiros, focada no fortalecimento socioemocional e engajamento de adolescentes, jovens e profissionais da rede de apoio psicossocial.

Um dos bra�os do trabalho � o projeto Pode Falar, canal on-line de atendimento e escuta acolhedora. Trata-se de uma plataforma para apoio pela internet, com diferentes n�veis de intera��o, que utiliza desde intelig�ncia artificial at� o contato com um profissional humano e acolhe, oferecendo informa��es e apoio.

O professor, pesquisador, escritor e terapeuta Hugo Monteiro Ferreira � um dos respons�veis pelo projeto dentro do N�cleo do Cuidado Humano (NCH), da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), espa�o de valoriza��o da vida, voltado para a sa�de mental, integrante do Instituto Menino Miguel, dentro da universidade. Ele informa que, desde 25 de mar�o, quando o Pode Falar entrou no ar (https://www.podefalar.org.br/), j� foram mais de 15 mil atendimentos. O canal oferece materiais sobre sa�de mental de jovens e adolescentes, como lives, semin�rios, v�deos, ebooks e outros.

Entre os temas abordados, est�o dicas de sa�de mental durante a pandemia, sa�de socioemocional para adolescentes, impactos da pandemia na vida das meninas, manual de autocuidado, quiz sobre ansiedade.

TRIAGEM 
O primeiro passo ao entrar na plataforma � uma triagem feita por atendente virtual, que faz uma avalia��o preliminar, sem que o usu�rio seja identificado. Em caso de necessidade, � feito o encaminhamento para um profissional. "S�o psic�logos, pedagogos, psicopedagogos, bi�logos, psiquiatras, historiadores, antrop�logos. A equipe foi formada para o atendimento, todos j� com expertise no trabalho com sa�de mental", diz Hugo.

"O atendimento n�o se encerra nele mesmo. O jovem liga, � acolhido e, se preciso, encaminhado para psicoterapia. Existem muitos casos de viol�ncia f�sica e sexual, por exemplo, e nessa situa��o �rg�os de garantia de direitos, como o Conselho Tutelar ou o Minist�rio P�blico s�o acionados. O projeto cumpre as determina��es do Estatuto da Crian�a e Adolescente", acrescenta.

Ele observa que, com a pandemia, a a��o ganha uma import�ncia ampliada. A aten��o central � para a preven��o de dist�rbios de sa�de mental e promo��o da sa�de para adolescentes e jovens. Do in�cio da crise com o coronav�rus at� o momento, a constata��o � de aumento dos casos de ansiedade, medo, depress�o e ideias de suic�dio.

"Viol�ncia de que s�o v�timas em casa, aus�ncia da escuta f�sica, quadros de estresse muitas vezes relacionados a dificuldades com o ensino remoto, receio de n�o conseguir ingressar em uma universidade, falta de perspectiva para o futuro, de perspectiva de emprego, dificuldade em ter um projeto de vida. Muitos reclamam que n�o s�o ouvidos e, com o projeto, se sentem felizes em poder falar", conta Hugo.

ESCAPE 
"Parece tudo dif�cil n�?! Mas acredite, � uma fase. Tamb�m pensei que nada disso passaria, a depress�o, as crises de ansiedade, transtorno alimentar, crises de esquizofrenia... Hoje estou bem melhor mesmo! Busquei ajuda e deu tudo certo, meu escape foi desenhar na parede, mas voc� pode tentar escutar m�sica, pintar, escrever etc. Voc� que sabe!", escreveu um jovem de 17 anos em depoimento no site do Pode Falar.

"Sou uma adolescente, mas j� passei e passo por tantas dificuldades... Tenho crises de ansiedade e raiva constantemente. Mas por qu�? Sinto que venho sendo abandonada por meus amigos e parentes a cada semana. Talvez o problema seja eu, mas, enfim, o que eu tenho feito para me distrair � procurar por coisas que me deixam feliz: por exemplo, cuidar da minha cachorrinha, escrever cartas para mim mesma, estudar (eu n�o gosto, mas acho legal ficar concentrada em algo espec�fico) e cuidar de mim mesma, testar receitas que nem sempre d�o certo, mas o que vale � tentar", escreveu outra jovem de 14 anos.


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