COVID-19: como fica a vacina��o de gr�vidas ap�s morte de gestante no Rio?

Depois da morte de uma gr�vida no Rio de Janeiro, ap�s ter sido imunizada contra COVID-19 com a vacina da AstraZeneca, a Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) recomendou a n�o aplica��o da ent�o vacina em gestantes, em raz�o “do monitoramento de eventos adversos sobre as vacinas COVID em uso no pa�s”, conforme a nota t�cnica do �rg�o nacional de sa�de. 

Segundo a entidade, a orienta��o � que a indica��o da bula da AstraZeneca seja seguida pelo Programa Nacional de Imuniza��o (PNI). “O uso off label de vacinas, ou seja, em situa��es n�o previstas na bula, s� deve ser feito mediante avalia��o individual por um profissional de sa�de que considere os riscos e benef�cios da vacina para a paciente. A bula atual da vacina contra COVID da AstraZeneca n�o recomenda o uso da vacina por gestantes sem orienta��o m�dica.” 

 

Nesse cen�rio, o epidemiologista Jos� Geraldo Leite Ribeiro, refer�ncia em epidemiologia e vacina��o em Minas Gerais, frisa o fato de ainda n�o se ter certezas sobre o que causou a morte da gestante. "N�o se sabe se teve ou n�o rela��o com a vacina, se foi por COVID mesmo ou se foi por alguma outra complica��o."

 

Ele diz, ainda, que foi surpreendido pela nota t�cnica, primeiramente, emitida pela Sociedade de Ginecologistas e Obstetras do Rio de Janeiro recomendando que as gestantes n�o fossem mais vacinadas com a Astrazeneca.

 

“Falar isso agora � falar: ‘n�o vacinem mais gestantes’, haja vista a atual disponibilidade de vacinas. Para o aumento da minha surpresa, saiu ontem uma nota t�cnica da Anvisa, muito confusa, determinando ao Programa Nacional de Vacina��o que cessassem a vacina��o de gestantes com Astrazeneca. Para mim, ela fala que poderia ocorrer com a prescri��o m�dica, mas nenhum m�dico vai fazer isso nesse cen�rio de vacina��o."

 

Tendo em vista a indica��o de suspens�o provis�ria da vacina��o de gestantes contra COVID-19 com doses de AstraZeneca, a op��o seria vacin�-las com Coronavac ou com o imunizante da Pfizer. 

No entanto, com a ainda escassez de doses de Pfizer em territ�rio brasileiro, bem como a falta, tamb�m, de Coronavac, como as gestantes se imunizar�o? 

 

“Iniciamos a vacina��o no Brasil por profissionais da sa�de. Naquela �poca, t�nhamos a Coronavac, e os riscos em gestantes eram m�nimos, ao contr�rio da doen�a que estava, e continua entre n�s, sem controle e aumenta o risco de complica��es em gestantes – isso ainda � um pouco controverso, mas com certeza aumenta a chance de abortamento e prematuridade. Essa posi��o era mais ou menos un�nime”, afirma o epidemiologista.

Tra�ando uma linha do tempo, ele recorda que, logo depois, chegou, ent�o, a AstraZeneca ao pa�s. O posicionamento para as gr�vidas foi: “Tendo escolha, opte pela Coronavac por ser uma plataforma conhecida”, conta. Por�m, as doses de Coronavac se findaram.

“Na pr�tica, a �nica vacina dispon�vel � a Astrazeneca. O racioc�nio � que, apesar de ser uma plataforma de produ��o de vacina nova, os riscos da doen�a no Brasil superam os poss�veis riscos da vacina Astrazeneca na gestante.” 

“Essa tamb�m era a posi��o da Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), e eu sempre coloquei que quando f�ssemos vacinar gestantes sem comorbidades dever�amos raciocinar novamente com a realidade. Mas, no contexto atual, n�o tem Coronavac nem para fazer a segunda dose para quem fez a primeira e as vacinas da Pfizer s�o poucas ainda. Portanto, dificilmente teremos vacina para essas gestantes. Ent�o, nesse momento, elas ficar�o expostas a doen�a.”   

A Sogimig – Associa��o de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais – tamb�m emitiu uma nota oficial sobre o assunto. Nela, a entidade dizia que a suspens�o � provis�ria at� que os efeitos adversos e eventos associados � administra��o da AstraZeneca sejam analisados, estudados e comprovados.

Por�m, a sociedade lembrou, em nota, que n�o houve mudan�as em rela��o � imuniza��o das gr�vidas com as vacinas Coronavac e Pfizer, dois outros imunizantes contra COVID-19 utilizados no Brasil. A entidade frisou ainda que “toda gestante deve discutir o uso ou n�o da vacina com seu m�dico”.

 

 

Em coletiva realizada nesta ter�a-feira (11/5), o Minist�rio da Sa�de informou a decis�o da pasta, que se deu pela interrup��o da vacina��o de gr�vidas e pu�rperas com o imunizante da AstraZeneca.

 

"Em atendimento � essa orienta��o da Anvisa, o Programa Nacional de Imuniza��es (PNI) decide interromper temporariamente a vacina��o tanto de gestantes quanto de pu�rperas com a vacina da AstraZeneca. � uma cautela at� fechamento do caso e verificar o cen�rio epidemiol�gico em rela��o � vacina", afirmou a coordenadora do PNI, Francieli Fancinato. 

  

O Minist�rio da Sa�de esclareceu, ainda, que a vacina��o prossegue para gestantes e pu�rperas com comorbidades, entretanto, utilizando outros imunizantes.

"Voltamos a trabalhar com gestantes e pu�rperas com comorbidades nesse momento, � luz de novas evid�ncias essa orienta��o pode ser modificada. A vacina��o de gestantes com comorbidades deve prosseguir, visto que a beneficia��o � favor�vel."

 

"A gente suspende a AstraZeneca, mas mant�m a vacina��o tanto com a vacina Sinovac quanto a Pfizer", explicou a coordendora da PNI.

Por fim, Francieli Fancinato destacou a import�ncia da vacina da AstraZeneca para as popula��es do grupo priorit�rio: "� uma vacina autorizada pela Anvisa. A gente precisa separar essa quest�o, estamos aplicando essa vacina na popula��o brasileira com grandes benef�cios".

 

Nesse cen�rio, as gestantes que j� tomaram a primeira dose da vacina da AstraZeneca ser�o monitoradas pela pasta. 

 

*Estagi�ria sob a supervis�o da editora Teresa Caram