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Estado de Minas SA�DE

Estudo aponta um caminho promissor contra as dem�ncias

Pesquisadores apontam associa��es significativas entre composi��o da flora intestinal e o surgimento de doen�as neurodegenerativas, como o Alzheimer e Parkinson


20/05/2021 04:00 - atualizado 19/05/2021 16:37

Descobertas podem contribuir para o desenvolvimento de novos tratamentos e medidas preventivas para esses males incuráveis(foto: Claudio Romeo/Pixabay)
Descobertas podem contribuir para o desenvolvimento de novos tratamentos e medidas preventivas para esses males incur�veis (foto: Claudio Romeo/Pixabay)


Doen�as neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson, afetam milh�es de pessoas em todo o mundo e desafiam cientistas, que conhecem pouco sobre elas.

Pesquisas recentes mostram que altera��es na microbiota intestinal podem estar envolvidas no surgimento dessas enfermidades, e os resultados de experimentos nesses trabalhos t�m sido promissores em animais e humanos. 

H� avan�os tanto ao se modificar a diversidade das bact�rias que comp�em o intestino quanto ao promover mudan�as no regime alimentar. Segundo especialistas, as descobertas podem contribuir para o desenvolvimento de novos tratamentos e novas medidas preventivas para esses males incur�veis.

Pesquisadores da �rea cognitiva observaram que indiv�duos com doen�as neurodegenerativas apresentam altera��es na composi��o bacteriana do trato digestivo. No entanto, dada a vasta diversidade desses microrganismos, identificar quais bact�rias podem estar associadas ao problema � muito dif�cil.

“Avaliar o microbioma � uma abordagem relativamente nova dentro das investiga��es que buscam desvendar o que causa as doen�as neurodegenerativas. Para nos aprofundar nesse tema, resolvemos usar como objeto de estudo inicial um pequeno animal”, conta ao Estado de Minas Daniel Czyz, pesquisador da Universidade da Fl�rida, nos Estados Unidos.

Czyz e sua equipe escolheram estudar o verme Caenorhabditis elegans. Eles adicionaram bact�rias diversas nos animais, todas marcadas com uma cor fluorescente. Por meio de um microsc�pio, observaram que algumas bact�rias produziram prote�nas t�xicas relacionadas ao surgimento de doen�as neurodegenerativas.

“Identificamos esses agregados t�xicos e vimos que esse ac�mulo prejudicial acontecia n�o apenas nos tecidos intestinais, onde as bact�rias foram postas, mas em todo o corpo dos vermes: nos m�sculos, nos nervos e at� nos �rg�os reprodutivos”, detalha, por meio de um comunicado, Alyssa Walker, pesquisadora da universidade americana e autora do estudo.

Todos os animais do estudo que apresentaram ac�mulo das subst�ncias t�xicas enfrentaram problemas de locomo��o – uma das dificuldades geradas por doen�as neurodegenerativas –, e os descendentes dos vermes afetados tamb�m mostraram um aumento na agrega��o de prote�nas prejudiciais. Os especialistas destacam que mais testes precisam ser feitos, mas consideram que o resultado atual abre as portas para o desenvolvimento de novas terapias.

“Tamb�m vimos que algumas bact�rias produzem compostos que neutralizam essas prote�nas m�s. Estudos recentes mostraram que os pacientes com Parkinson e Alzheimer s�o deficientes nessas bact�rias ‘boas’. Nossos dados podem ajudar a explicar essa conex�o e abrir uma �rea de estudo voltada para o desenvolvimento de f�rmacos que aumentem ou reduzam determinados microrganismos”, acrescenta Walker.

VACA LOUCA

Um estudo chin�s tamb�m mostrou que o ac�mulo de prote�nas t�xicas na flora intestinal pode gerar danos ao c�rebro. Cientistas da Universidade Chinesa de Hong Kong injetaram prote�na beta amiloide com uma marca��o fluorescente no intestino de camundongos. O ac�mulo dessa subst�ncia no c�rebro est� relacionado ao Alzheimer em humanos.

Devido � marca��o verde, pode-se acompanhar a movimenta��o das amiloides e observar que, em alguns meses, elas viajaram para o “sistema nervoso” do intestino. Um ano depois, a prote�na tamb�m foi identificada no c�rebro das cobaias, em �reas envolvidas com d�ficits cognitivos, incluindo o hipocampo, a parte do c�rebro que afeta a mem�ria.

“Esse sistema � semelhante ao que acontece na doen�a da vaca louca, provocada pelo ac�mulo de subst�ncias t�xicas que viajam do intestino para o c�rebro. � poss�vel que um processo semelhante aconte�a em humanos muitos anos antes das manifesta��es das caracter�sticas cl�ssicas do Alzheimer, incluindo perda de mem�ria. Por isso, estrat�gias de preven��o tamb�m precisam come�ar mais cedo”, defende John A. Rudd, pesquisador da universidade chinesa e principal autor do estudo.

Carlos Uribe, neurologista do Hospital DF Star, da Rede D’Or, em Bras�lia, avalia que, apesar de iniciais, os estudos cient�ficos que relacionam a microbiota e doen�as neurodegenerativas entram em concord�ncia com observa��es cl�nicas.

“Sabemos que algumas doen�as, como a da vaca louca, acontecem por esse sistema, pelo qual prote�nas t�xicas conseguem ultrapassar barreiras e chegar ao c�rebro. Isso acontece porque, no intestino, n�s tamb�m temos c�lulas nervosas, que auxiliam nessa passagem para o sistema neural”, explica.

Para o m�dico, a boa not�cia � que as bact�rias podem ser modificadas, o que abre as portas para novas terapias. “N�o existe cura para essas enfermidades. Por isso, todas as estrat�gias que temos focam na preven��o. Mudar a composi��o da microbiota n�o � algo t�o complicado, pode ser feito com uma dieta mais saud�vel”, avalia.

“Tamb�m j� temos alguns suplementos alimentares que t�m demonstrado resultado em pacientes na fase inicial do Alzheimer. Mais recentemente, um extrato de algas feito na China mostrou-se promissor nessa tarefa. S�o dados novos, mas que podem evoluir bastante nos pr�ximos anos.”


Mudan�a alimentar


Mais pr�ximos da nossa realidade, estudos que alteram a dieta para avaliar rela��es entre a microbiota intestinal e doen�as neurodegenerativas tamb�m come�am a mostrar resultados significativos. Recentemente, cientistas da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, descobriram que a ingest�o de soja pode ajudar a combater a dem�ncia.

Eles acompanharam idosos por seis a nove anos e constataram que aqueles que tinham o h�bito de consumir o gr�o apresentavam volumes reduzidos de les�es na subst�ncia branca, que s�o fatores de risco para decl�nio cognitivo e dem�ncia.

Um grupo da Universidade de British Columbia, no Canad�, observou que a dieta MIND pode estar ligada a um atraso no surgimento dos sintomas de Parkinson. “Nas mulheres que seguiram a dieta, o atraso de problemas neuromotores foi de at� 17,4 anos e de 8,4 anos nos homens”, conta Avril Metcalfe-Roach, autora do estudo e pesquisadora da universidade.

Segundo Viviane de Castro, nutricionista da cl�nica Renoir, em Bras�lia, os resultados s�o extremamente positivos, pois comprovam os benef�cios que uma dieta equilibrada proporciona a todo o organismo, incluindo o c�rebro. A especialista explica que o regime MIND une elementos de outras duas dietas – a mediterr�nea e a Dash.

“Os alimentos que s�o consumidos por quem segue a MIND s�o ricos em antioxidantes, repletos de benef�cios ao organismo, incluindo o c�rebro, al�m de peixes e gr�os integrais, que s�o ricos em fibras, essenciais para a regula��o do intestino.”

A nutricionista enfatiza que, como mostram as pesquisas cient�ficas, a alimenta��o saud�vel gera muitos ganhos � sa�de neural, o que faz dela uma importante ferramenta preventiva �s doen�as neurodegenerativas. “Cuidar da microbiota � uma estrat�gia preventiva muito �til. �s vezes, quando falamos de dieta, as pessoas focam mais na est�tica, mas temos que ter na cabe�a que h�bitos saud�veis geram benef�cio para a sa�de em geral e podem contribuir para impedir o surgimento de problemas incur�veis.”

SAIBA MAIS


A Dash � um plano alimentar que busca principalmente diminuir a press�o arterial, mas tamb�m tem sido usado para reduzir o peso e controlar o diabetes. Vegetais, frutas, gr�os integrais e carnes magras fazem parte do card�pio de quem a segue, al�m de pouqu�ssimo sal. A dieta mediterr�nea tamb�m inclui esses alimentos, que devem ser comidos frescos, al�m de sementes e �leos n�o gordurosos, como azeite.


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