X�, pris�o de ventre

 

 

O intestino pregui�oso, tamb�m chamado pris�o de ventre, � um sinal de que o organismo n�o est� saud�vel. Uma alimenta��o balanceada � a principal estrat�gia para combater a constipa��o, que, normalmente, � acompanhada de desconforto para evacuar, gases e sensa��o de esvaziamento incompleto do intestino.

Como os alimentos que s�o ingeridos garantem o equil�brio da microbiota intestinal, n�o h� como dissociar a sa�de intestinal da dieta alimentar.

Segundo a nutricionista Bruna Alves, as bact�rias que residem no intestino s�o as respons�veis pelo bem-estar do �rg�o. Logo, elas precisam de energia para desempenhar esse papel.

“Os alimentos que a gente coloca para dentro funcionam como energia, substrato para essas bact�rias. Dependendo dos alimentos que a gente ingere, pode ocorrer um desequil�brio da microbiota, gerando crescimento de bact�rias mal�ficas para o intestino e altera��o na estrutura das c�lulas intestinais. Esse desequil�brio vai causar uma s�rie de consequ�ncias, entre elas a pris�o de ventre”, explica.

 

Al�m do baixo consumo de fibras e de ingest�o de l�quidos, sedentarismo, efeitos colaterais de alguns rem�dios, uso cr�nico de laxantes, fatores emocionais e idade avan�ada podem causar a pris�o de ventre. “Nosso intestino � muito sens�vel aos est�mulos, logo a pris�o de ventre � f�cil de acontecer. Tem uma influ�ncia gen�tica tamb�m. Existem pessoas que, naturalmente, t�m o intestino pregui�oso. Por isso, � mais importante ainda que elas prestem aten��o aos h�bitos alimentares.”

Para ela, h� um eixo de comunica��o entre o intestino e o c�rebro. “N�o � � toa que o intestino reage a muitas emo��es. � comum que uma pessoa que far� uma prova importante tenha dor de barriga ou que uma pessoa que passa por uma perda emocional fique sem apetite. Pode ser que em algumas pessoas o intestino fique preso, enquanto em outras ele se solte.”

Criar uma rela��o positiva com a alimenta��o � o primeiro passo para lidar com o problema. Bruna refor�a que o ato de comer deve ser realizado com consci�ncia e aten��o: “Comer �s pressas, sem focar na comida, acarreta v�rios problemas intestinais. � importante comer com aten��o plena, isto �, estar ali presente naquele momento, prestar aten��o no alimento e na mastiga��o, porque, quando a gente n�o mastiga direito e come com muita pressa, prejudicamos nossa digest�o e causamos desconfortos. Estufamento e defici�ncia nutricional podem surgir.”

A mastiga��o � fundamental para que o bolo alimentar chegue ao intestino e consiga ser absorvido pelas enzimas. “Quando voc� n�o mastiga direito, n�o faz a digest�o correta. Como a quebra mec�nica do alimento que acontece na boca chega em partes maiores ao intestino, fica dif�cil para as enzimas absorverem todos os nutrientes’’, esclarece a nutricionista. Ela acrescenta que, quando a pessoa n�o presta aten��o no que est� comendo, pode perder a no��o de saciedade. “� muito comum que as pessoas comam at� o momento em que ficam cheias, justamente porque n�o est�o prestando aten��o, por estar assistindo a um filme ou fazendo outras atividades enquanto se alimentam”.

Com vista a favorecer o movimento intestinal e o deslocamento das fezes, a nutricionista funcional Merilane Matos recomenda a pr�tica de atividades f�sicas regulares e a ingest�o di�ria de �gua. Outro h�bito importante � ir ao banheiro quando necess�rio. “Respeitar essa vontade � muito importante. Caso contr�rio, as fezes voltar�o para o intestino e se tornar�o mais duras e ressecadas”, adverte.

 

 

Bruna Alves, nutricionista 

 

 

 

Merilane orienta que se busquem mecanismos para gerenciar as emo��es. “Combater o estresse e a ansiedade � muito importante para um estilo de vida saud�vel, j� que o intestino concentra cerca de 80% da serotonina do corpo. Esse neurotransmissor atua, inclusive, no peristaltismo intestinal.”

De acordo com Bruna Alves, a dieta “plant based” e os alimentos com propriedades laxantes s�o grandes aliados na luta contra a constipa��o. “Vegetais, frutas, hortali�as, cereais integrais e leguminosas ajudam a combater a pris�o de ventre. Al�m disso, existem alimentos que t�m propriedades mais laxantes. Normalmente, eles s�o mais aguados, como mam�o, melancia, laranja, manga, abobrinha e couve”, lista.

As fibras s�o essenciais para a sa�de intestinal e, por isso, tamb�m entram no card�pio de quem sofre com pris�o de ventre. Elas n�o podem ser encontradas em alimentos de origem animal, como carne e latic�nios. Como as fibras resistem ao processo de digest�o, servem como apoio para o funcionamento do intestino. “As fibras n�o t�m valor cal�rico, n�o fornecem energia e passam intactas pelo nosso sistema digest�rio, o que faz com que exista um aumento da quantidade de l�quidos das fezes da microbiota intestinal.”

Divididas entre sol�veis e insol�veis, as fibras exercem um determinado papel no sistema gastrointestinal. Enquanto as sol�veis, presentes em leguminosas e na aveia, s�o mais eficazes para soltar o intestino, as insol�veis, comuns em trigo, cereais, frutas e vegetais, ajudam na pris�o de ventre. “As fibras sol�veis atuam mais na parte do esvaziamento do est�mago e evacua��o. Ent�o, elas d�o saciedade e seguram um pouco o bolo fecal. Por isso, s�o mais eficazes para quem tem o intestino solto. As fibras insol�veis, por sua vez, ajudam nessa parte de constipa��o porque, por serem digeridas, acabam absorvendo �gua e aumentam o volume fecal, tornando a evacua��o mais f�cil”, diferencia.

O consumo de probi�ticos tamb�m oferece benef�cios quando se quer potencializar o funcionamento do intestino. “Eles ajudam a recuperar a flora intestinal, aumentando as bact�rias ben�ficas ao intestino e regulando o tr�nsito intestinal. Esses suplementos de fibras podem ser �timos aliados para combater a pris�o de ventre, de acordo com a necessidade de cada pessoa e orienta��o profissional”, ressalta Merilane. Segundo ela, alguns alimentos, como iogurtes naturais, queijos curados e kefir, s�o fontes desses micro-organismos vivos, que habitam o intestino e exercem in�meras fun��es.

“Os probi�ticos atuam na modula��o do pH, degrada��o de toxinas e s�o respons�veis pela s�ntese de vitaminas, como a K e algumas do complexo B”, elenca Bruna Alves, que tamb�m destaca a relev�ncia dos probi�ticos para a imunidade do organismo. “Eles n�o s� s�o muito importantes para manter o equil�brio da nossa microbiota, como tamb�m para a nossa imunidade. E a nossa sa�de intestinal est� diretamente ligada � nossa imunidade”, complementa.

DESEQUIL�BRIO 

Merilane aconselha que os alimentos industrializados, ricos em aditivos qu�micos e ultraprocessados, al�m dos carboidratos ruins, sejam evitados, pois causam desequil�brio intestinal. Mas alguns alimentos naturais tamb�m podem ser constipantes e, por isso, devem ser consumidos com modera��o, caso das frutas adstringentes, como goiaba, banana e caju. O uso de laxantes tamb�m n�o � indicado pela profissional, pois pode irritar a mucosa intestinal: “Se utilizado a longo prazo, pode destruir a flora intestinal e diminuir a rugosidade do intestino, o que dificulta o deslocamento das fezes”.

Patologias como hipotireoidismo, hemorroidas e s�ndrome do intestino irrit�vel s�o outros fatores que podem ocasionar o problema do intestino pregui�oso. A gestora de qualidade Helen Carvalho, de 32 anos, teve que retirar a tireoide em fun��o de uma doen�a chamada b�cio multinodular. Desde ent�o, come�ou a enfrentar problemas, como excesso de gases e constipa��o. Em 2020, iniciou um processo de mudan�a alimentar em casa, a fim de proporcionar uma maior qualidade de vida, n�o s� para ela como tamb�m para o marido, que foi diagnosticado com diabetes mellitus.

Acompanhada de orienta��o profissional, Helen come�ou a inserir frutas, �gua, verduras e ch�s nas refei��es. Al�m disso, passou a evitar alimentos industrializados e ricos em lactose. Devido � mudan�a na rotina alimentar e � pr�tica de atividade f�sica, ela notou melhoras na sa�de. “Hoje, acredito ter constru�do uma rela��o bem saud�vel com a comida. Estou passando tamb�m por um processo de emagrecimento e, gra�as ao acompanhamento, venho tendo resultados �timos”, comemora.

*Estagi�ria sob supervis�o da subeditora Sibele Negromonte