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Estado de Minas SA�DE

Dia do Hospital: um lar para muitos pacientes que lutam pela vida

Ambientes hospitalares por dias, meses e anos se tornam a verdadeira casa de pacientes em tratamento de doen�as, enquanto equipes m�dicas viram uma fam�lia


02/07/2021 14:18 - atualizado 02/07/2021 15:43

A pequena Sofia Parola, de 3 anos, brinca nos corredores do hospital como se estivesse em casa. A enfermeira Raquel de Souza é a sua sempre companheira(foto: Santa Casa BH/Divulgação)
A pequena Sofia Parola, de 3 anos, brinca nos corredores do hospital como se estivesse em casa. A enfermeira Raquel de Souza � a sua sempre companheira (foto: Santa Casa BH/Divulga��o)

Nesta sexta-feira (2/7), comemora-se o Dia do Hospital, que, mais que um ambiente de tratamento e luta pela vida, se apresenta como uma esp�cie de lar para milhares de pessoas que, diariamente, travam verdadeiras batalhas em busca da cura para enfermidades diversas.

Em meio � pandemia de COVID-19, de repente, mais pacientes dependeram dessa “casa”. Por�m, os hospitais, desde sempre, fazem parte da rotina de crian�as, adultos e idosos, que precisam de cuidados especiais. H� quem, inclusive, trave “guerras” di�rias por melhores condi��es de sa�de desde os primeiros meses de vida. 

� o caso de Samuel Oliveira de Moura, de 5 anos, que trata um problema renal cr�nico desde os 11 meses de vida. O pequeno her�i j� passou por cirurgias, transplante e faz di�lise desde que "se conhece por gente".

N�o � toa, a Santa Casa BH, hospital onde realiza as consultas de acompanhamento desde que recebeu alta para realizar a hemodi�lise peritoneal em casa, foi o seu lar por anos. E ainda �. Seu irm�o, Gabriel Oliveira de Moura, de 13, � tamb�m seu irm�o de luta, j� que, tamb�m com problema renal cr�nico, o jovem garoto travou longas batalhas. 

“Os meninos fazem acompanhamento renal desde 2015, e o que eu tenho a dizer � que, desde que come�amos o tratamento, fomos muito bem recebidos, o que nos fez optar por levar o Gabriel para fazer o tratamento renal tamb�m na Santa Casa. E eu s� tenho a agradecer. � muito gratificante, porque hoje meu Samuelzinho transplantado e em tratamento est� bem e com sa�de, assim como Gabriel. Tenho meu quarto e minha casa adaptada para eles fazerem a di�lise em casa. Mas, de vez em quando, eu vou para o hospital com os meninos para fazer consultas, e a Santa Casa � uma casa maravilhosa, � uma casa que nos acolheu.” 

� o que conta o pai dos meninos, o auxiliar de servi�os gerais Ailton Francisco de Moura, de 46, que, h� um ano, enfrenta essa luta de frente com os filhos sozinho, j� que perdeu a sua companheira, Ivani.

O caso dos meninos � acompanhado por uma verdadeira fam�lia, como o pr�prio pai afirma, uma equipe multidisciplinar que, al�m de cuidado e tratamento, oferece amor e carinho, transformando o hospital em uma casa, mas tamb�m em um bom ajudante dos pequenos her�is, que lutam diariamente contra um vil�o: a doen�a. 
 
Os irmãos Samuel e Gabriel lutam pela vida há anos pelo mesmo motivo: doença renal crônica. O pai, Ailton Francisco de Moura, enfrenta a luta com os meninos de frente(foto: Santa Casa BH/Divulgação)
Os irm�os Samuel e Gabriel lutam pela vida h� anos pelo mesmo motivo: doen�a renal cr�nica. O pai, Ailton Francisco de Moura, enfrenta a luta com os meninos de frente (foto: Santa Casa BH/Divulga��o)


Karina de Castro Zocrato, m�dica especialista em nefrologia pedi�trica da Santa Casa BH, � parte dessa fam�lia. Ela acompanha Samuel e Gabriel desde os primeiros passos na luta contra o problema renal. Foi ela, inclusive, que deu a not�cia aos pais dos pequenos que eles precisariam de se submeterem � di�lise.

Assim, foi se estabelecendo uma rela��o de confian�a e um v�nculo capaz de tornar o hospital um ambiente muito mais am�vel. “� uma rela��o muito longa. A m�e deles chegou para a gente de outro servi�o e eu tive que dar a not�cia para ela que o Samuel ia para a di�lise.” 

“Ent�o, um beb� – ele tinha menos de um ano – precisar fazer di�lise � uma not�cia muito pesada, muito dif�cil, e que a fam�lia tem que confiar muito na equipe m�dica que est� ali e no servi�o, no hospital que est� fornecendo o melhor tratamento para a crian�a. E eles, no momento da di�lise, sofreram, mas n�o questionaram a nossa decis�o, assim como quando indicamos para o Samuel o transplante renal. Eles n�o questionaram a nossa indica��o, porque sabiam que est�vamos ali para fazer o melhor. Ent�o, essa confian�a garante que a equipe m�dica tenha liberdade e confian�a para fazer o melhor para o paciente.” 

Gabriel Oliveira de Moura, de 13 anos, e Samuel Oliveira de Moura, de 5, são irmãos de vida, sangue e luta(foto: Santa Casa BH/Divulgação)
Gabriel Oliveira de Moura, de 13 anos, e Samuel Oliveira de Moura, de 5, s�o irm�os de vida, sangue e luta (foto: Santa Casa BH/Divulga��o)
Karina relata que o v�nculo com Samuel foi t�o forte que ele aprendeu a entender e identificar as preocupa��es dela. “Ele sabe quando estou ansiosa ou preocupada com algo relacionado a ele. Ent�o, teve uma vez que ele fez uma bi�psia renal e teve uma complica��o relacionada � bi�psia que pode acontecer, e eu fiquei muito preocupada, e depois que resolveu tudo, a Ivani, m�e deles, me falou que ele disse que eu estava realmente preocupada, ele ficou com o olho arregalado para mim de preocupa��o.” 

“Ent�o, � grande o v�nculo que a gente acaba desenvolvendo com as crian�as e familiares, e a gente acaba desenvolvendo muito amor por eles. Quanto ao Gabriel, ele chegou para a gente mais tardiamente, ele j� era mais velho e ele tamb�m tem doen�a, diferente da do Samuel, mas tamb�m renal, e foi eu que dei a not�cia para a m�e dele que ele ia precisar de di�lise, e ela novamente n�o questionou a minha decis�o. Ela sabia que eu j� tinha tentando tudo antes de chegar nesse ponto. Ent�o, isso � uma coisa que para a gente nos deixa � vontade para conduzir o paciente, e eles confiam”, conta. 

UM LAR NA ONCOLOGIA... 


O hospital tamb�m � a segunda casa de Sofia Parola, de 3 anos e 2 meses. Ela trata um c�ncer rabidiomiosarcoma desde novembro do ano passado.

“Um dia, a Sofia, que j� estava sem apetite, caiu brincando na casa da minha m�e, chorou e, quando abri a fralda, estava muito inchado, porque o c�ncer � na regi�o p�lvica. Ficamos cerca de um m�s fazendo exames e come�amos o tratamento de quimioterapia e radioterapia.” 

Desde ent�o, segundo a m�e da pequena, a pastora Fernanda Parola, de 40, a equipe m�dica tem sido uma fam�lia para a pequena hero�na, ela e seu marido, o tamb�m pastor Alexandre Rodrigues Parola, de 52, com cuidados m�dicos, claro, mas como muito apoio, carinho, amor e ora��o.

“Tem pessoas de v�rios lugares orando por Sofia. Fizemos e fazemos amizade com enfermeiros, t�cnicos, m�dicos, enfim todos em nosso redor. Agrade�o a Deus pela Santa Casa BH, onde temos a oportunidade e toda estrutura para fazermos o tratamento da minha filha.” 
 
Sofia Parola e a mãe, Fernanda Parola, são só alegria com todo o amor e carinho que recebem nos corredores da Santa Casa BH(foto: Santa Casa BH/Divulgação)
Sofia Parola e a m�e, Fernanda Parola, s�o s� alegria com todo o amor e carinho que recebem nos corredores da Santa Casa BH (foto: Santa Casa BH/Divulga��o)


“Todo o cuidado dos profissionais, carinho e amor com a Sofia faz com que nos sintamos abra�ados. Desde o in�cio do tratamento, a trato n�o como doente. Fa�o tudo para que ela se sinta em casa. No hospital, a trato como se estivesse em casa. E sim, ela se sente em casa quando est� l�. Estamos h� 14 dias na radioterapia, onde ela � apaixonada com a equipe, assim como na quimioterapia. Foi doado um velotrol ao hospital e a Sofia todos os dias d� uma voltinha pelo hospital. E quando demora a ser chamada para o tratamento, ela vai at� a porta da r�dio e pergunta: ‘Titia, titio voc� me chamou?’. Todo carinho para que ela se sinta amada.” 

Raquel de Souza, enfermeira da Santa Casa BH que acompanha Sofia desde os primeiros dias no hospital, destaca que a pequena luta como uma guerreira. “Ela � a nossa princesa. N�o � nada f�cil todo o processo, porque ela � muito pequena, tanto que fizemos a tomografia de planejamento com seda��o, e nos programamos para fazer todas as sess�es de radioterapia tamb�m com seda��o. Por�m, na segunda sess�o, ela j� chegou falando que n�o queria o cheirinho, que � o anest�sico inalat�rio que os anestesistas usam para fazer a seda��o.” 

Raquel conta que Sofia n�o quis usar e n�o foi necess�rio, pois ela ficou quietinha. "Colocamos m�sica para ela, a gente conversa e aos poucos ela foi tendo confian�a em toda a equipe, e hoje ela chega e j� quer saber qual � o hor�rio que ela vai entrar, faz a radioterapia tranquilamente sem seda��o, conhece todos da equipe, chama todo mundo de tio, e isso � uma rela��o de confian�a que n�s desenvolvemos com ela e com a m�e."

Ent�o, hoje, ela chega tranquila, faz o tratamento, brinca, corre pela radioterapia, fica na brinquedoteca, "e o tratamento para ela est� sendo muito leve, a pr�pria m�e nos conta que ela acorda j� falando que tem que ir fazer o tratamento”. 

Cheia de sorrisos e alegria, assim � a pequena Sofia, que tamb�m � forte e faz quest�o de ressaltar isso. “Ela sempre diz: Sou forte, corajosa e guerreirinha de Cristo, mam�e. A chamamos de pequeno Cristo. Simplesmente dividimos tudo que recebemos com todos no hospital. Ou seja, muito amor. F�cil n�o �, mas temos que escolher fazer do que estamos passando no momento de espera o melhor momento”, conta a m�e, Fernanda Parola. 


UM HOSPITAL, UM LAR 


As fam�lias e as crian�as enxergam o hospital como um verdadeiro lar. Mas, como � fazer esse acolhimento de forma a deix�-los � vontade e “em casa”? As profissionais de sa�de da Santa Casa BH, hospital da rede p�blica de sa�de, conta que tudo passa por uma miss�o.

E, tamb�m, pela necessidade de amenizar a dor de quem luta por dias, meses e at� anos pela vida. “O paciente oncol�gico, por exemplo, faz um tratamento longo. N�o s�o dias, n�o s�o meses, normalmente s�o anos de acompanhamento.” 

Ent�o, o hospital se torna uma segunda casa, um segundo lar, e as pessoas com as quais os pacientes e seus familiares convivem se tornam, como eles mesmos costumam dizer, uma segunda fam�lia, porque passam muito tempo juntos.

"Ent�o, � de suma import�ncia desenvolvermos uma rela��o de confian�a para que o paciente se sinta seguro diante do tratamento que vamos disponibilizar. E isso � n�tido. Conseguimos mesmo desenvolver essa confian�a, porque, quando se fala de um tratamento oncol�gico, as pessoas ainda veem com senten�a de morte, e tratamento oncol�gico n�o � isso, temos sucesso nos tratamentos.” 

� o que comenta Raquel de Souza. Segundo ela, quando h� essa confian�a, os resultados no tratamento tamb�m s�o mais positivos. “Quando a gente passa essa confian�a para os pacientes e familiares, o tratamento flui de forma que a gente tem um sucesso maior, com essa confian�a que eles demonstram ter na equipe, e que n�s passamos para eles tamb�m.” 
 
(foto: Santa Casa BH/Divulgação)
(foto: Santa Casa BH/Divulga��o)
 

O hospital se torna uma segunda casa, um segundo lar, e as pessoas com as quais os pacientes e seus familiares convivem se tornam, como eles mesmos costumam dizer, uma segunda fam�lia, porque passamos muito tempo juntos.

Raquel de Souza, enfermeira da Santa Casa BH

 

Um ponto positivo, conforme a enfermeira da �rea de oncologia da Santa Casa BH, � que os pacientes desistem menos do tratamento. Para Karina Zocrato, at� os processos ficam mais “fac�is”.

“Quando o paciente se sente dentro do hospital de forma al�m da doen�a, ele se v� como uma pessoa, um ser humano que � querido e atendido pela equipe, que tem carinho e aten��o para al�m da doen�a, e come�a a desempenhar e ajudar a fornecer esse tratamento. Ent�o, a puls�o de um acesso se torna mais f�cil, a troca de um curativo se torna mais f�cil e at� o ato de dar um banho se torna mais f�cil, porque ele sabe que as pessoas est�o ali querendo o melhor para ele.” 

Um lar, uma casa, uma vida. Segundo a m�dica nefrologista, os pacientes cr�nicos, dado o tempo de tratamento, chegam ao hospital com uma demanda maior e al�m da doen�a. “Os recebemos tamb�m com demandas sociais e familiares. Isso aproxima muito as equipes com essas fam�lias. O hospital sabe dessa import�ncia de acolher esses pacientes que v�o internar v�rias vezes, e busca sempre integrar a psicologia e outra �reas, sempre buscando trazer para esse paciente atividades que possam melhorar o dia a dia dele dentro hospital e facilitar essa rotina.” 

“Al�m disso, em muitos casos, esses pacientes acabam estando internados em momentos em que temos que estar com a fam�lia, como P�scoa e Natal. E o hospital decora com o motivo da festa, recebe doa��es para as crian�as, como presentes de Natal, ent�o, isso tudo faz com que as crian�as fiquem felizes. Inclusive, tem crian�a que gosta de estar internada na �poca de Natal, porque ganha muito presente. E os pais ficam loucos, porque querem ir embora, mas as crian�as gostam. Ent�o, o hospital, a Santa Casa, sempre tem esse olhar diferenciado para os pacientes, � uma equipe multidisciplinar muito presente que busca sempre um olhar diferenciado para o paciente fora da doen�a para dar essa sensa��o de extens�o da casa.” 

HUMANIZA��O 


Em meio ao hospital como lar, o atendimento humanizado � um grande aliado. “� um dever”, aponta Karina Zocrato. E, nesse cen�rio, participar de v�rias fam�lias se torna tamb�m um privil�gio, comenta Raquel de Souza.

“Eu me sinto extremamente privilegiada em fazer parte da vida de cada fam�lia que n�s atendemos na radioterapia. � um desafio, claro, porque eles passam por v�rios momentos, mas ao mesmo tempo � muito gratificante v�-los chegando de uma forma e saindo totalmente diferente, conseguindo terminar o tratamento, saindo confiantes.” 

“E eu fa�o quest�o realmente de fazer parte de cada momento, de acompanhar, de saber como que est� o tratamento em si, como eles est�o reagindo. Eu sou extremamente apegada aos meus pacientes, sou aquela que meus pacientes t�m minhas redes sociais, meu telefone particular, me mandam mensagens no WhatsApp, porque eu quero ter certeza que eles v�o ter a quem recorrer, eu quero que eles saibam que eu estou 100% dispon�vel para ajud�-los a travar essa luta que � o tratamento oncol�gico. E eu fico extremamente feliz por ter um retorno positivo de fazer parte mesmo e sentir que eles percebem esse objetivo de acolh�-los nesse momento que � muito dif�cil para eles.” 

J� Karina se caracteriza como uma verdadeira “cuidadora”. “Sabemos das hist�rias, dos nomes e contexto social. E � muito bom quando temos vit�rias, mas � muito ruim as perdas. Vibramos muito nas vit�rias, mas sofremos muito nas perdas. Ent�o, quando a gente tem uma perda � um momento de muita dor. Sofremos juntos. E, no ano passado, quando perdi uma crian�a, junto com a Ivani (m�e de Samuel e Gabriel), sofri muito. E na �poca a m�e da crian�a, mesmo sofrendo, me confortou dizendo para continuar, que eu havia nascido para cuidar dessas crian�as. Por isso, me sinto realizada fazendo parte disso.” 
 
Sofia ama brincar com a sua família médica(foto: Santa Casa BH/Divulgação)
Sofia ama brincar com a sua fam�lia m�dica (foto: Santa Casa BH/Divulga��o)
 

Em meio � pandemia, a miss�o se complicou um pouco, haja vista a necessidade de distanciamento, por�m, a humaniza��o segue firme, com o hospital sendo porta para o lar de muitas crian�as e pacientes cr�nicos.

“Essa quest�o do distanciamento abala bastante. E aqui, que a gente tem o costume de abra�ar, beijar e segurar na m�o nos momentos mais dif�ceis. Tem sido um desafio di�rio, mas tentamos ficar o mais pr�ximo poss�vel com palavras de acolhimento e contato. Mas, independentemente, continuamos pr�ximos e � disposi��o, e eles sabem que o hospital, os profissionais e a equipe est�o sempre, literalmente, de bra�os abertos para acolh�-los”, diz Raquel de Souza. 

Karina Zocrato concorda. Segundo ela, o toque, o abra�o, o contato e o aperto de m�o, muito caracter�sticos do brasileiro, fazem falta. Mas, o olhar, o gesto e a busca por tentar resolver e ajudar o paciente mant�m o cuidado do paciente. “Eles sabem tudo que a equipe faz e o hospital busca fazer por ele”, destaca. Para Raquel de Souza, � esse o “SUS que deu certo.” 

*Estagi�ria sob a supervis�o da editora Teresa Caram 


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