
No �ltimo domingo (4/7), o mundo “parou” com a not�cia de que o papa Francisco iria passar por uma cirurgia no c�lon. Agora, j� recuperado, a preocupa��o passou. Mas, o que levou o pont�fice a operar? Trata-se de um quadro de diverticulite que causou o estreitamento do intestino no local do divert�culo.
Mas, afinal, o que � a diverticulite e como ela “diminui a passagem do intestino”? E onde os divert�culos entram nessa hist�ria?
Mas, afinal, o que � a diverticulite e como ela “diminui a passagem do intestino”? E onde os divert�culos entram nessa hist�ria?
Segundo o gastroenterologista Francisco Guilherme Cancela e Penna, cooperado da Unimed-BH, � importante, primeiro, entender a diferen�a, apesar da semelhan�a de termos, entre os divert�culos e a diverticulite. “A diverticulose se refere � presen�a de divert�culos, que s�o pequenos sacos que se formam no c�lon, mas sem sintomas. Quando esses divert�culos inflamam, surge a diverticulite, que nada mais � que um processo inflamat�rio e infeccioso dos divert�culos do c�lon, quadro que ocorre em 5% a 15% dos pacientes com divert�culos.”
A presen�a desses divert�culos se d� em pontos de fraqueza na parede do intestino, no local onde os vasos sangu�neos penetram na parede, por causas multifatoriais, envolvendo tanto aumentos na press�o dentro do intestino causados por anormalidades na movimenta��o intestinal quanto anormalidades na parede do intestino, que diminuem a resist�ncia � tra��o.
“Esse aumento da press�o no divert�culo e at� mesmo sua obstru��o pode causar um processo inflamat�rio local e pequenas perfura��es da parede, o que chamamos de diverticulite.”
“Esse aumento da press�o no divert�culo e at� mesmo sua obstru��o pode causar um processo inflamat�rio local e pequenas perfura��es da parede, o que chamamos de diverticulite.”
Esses divert�culos s�o cada vez mais comuns ap�s os 60 anos de idade, por�m, h�bitos de vida podem antecipar a ocorr�ncia, ainda que as causas estejam pouco definidas, conforme o gastroenterologista Luiz Alberti.
“Com pouca fibra na dieta, as fezes ficam muito duras, o que causa a constipa��o intestinal. Com isso, � necess�rio um esfor�o maior para evacuar, o que provoca uma press�o no c�lon e nos intestinos, formando esses quistos. O ac�mulo de restos de fezes nesses locais � o que provoca a inflama��o.”
“Com pouca fibra na dieta, as fezes ficam muito duras, o que causa a constipa��o intestinal. Com isso, � necess�rio um esfor�o maior para evacuar, o que provoca uma press�o no c�lon e nos intestinos, formando esses quistos. O ac�mulo de restos de fezes nesses locais � o que provoca a inflama��o.”
“Al�m de uma dieta pobre em fibras, s�o considerados fatores de risco para a diverticulite e a forma��o dessas bolsas chamadas divert�culos, nas quais a inflama��o e infec��o acontece, sedentarismo, obesidade e tabagismo”, comenta.

A diverticulose se refere a presen�a de divert�culos, que s�o pequenos sacos que se formam no c�lon, mas sem sintomas. Quando esses divert�culos inflamam, surge a diverticulite, que nada mais � que um processo inflamat�rio e infeccioso dos divert�culos do c�lon, quadro que ocorre em 5% a 15% dos pacientes com divert�culos.
Francisco Guilherme Cancela e Penna, gastroenterologista cooperado da Unimed-BH
Para que o quadro de diverticulite ocorra, ent�o, � preciso que haja inflama��o, normalmente provocada por alimentos que entram nas bolsas diverticulares e n�o saem de l� sozinhos, haja vista que os divert�culos t�m apenas uma “porta de entrada”.
“Imagine o seu intestino como um cano, como um tubo reto, onde as paredes s�o lisas e retas. E o que seria o divert�culo? S�o fragilidades em pontos dessa parede do intestino, e essa fragilidade faz com que surja pequenos saquinhos de fundo cego nessa parede. Dessa forma, ao inv�s de o intestino ficar com as paredes retas, lisas, ele ficaria cheio de buraquinhos.”
“Imagine o seu intestino como um cano, como um tubo reto, onde as paredes s�o lisas e retas. E o que seria o divert�culo? S�o fragilidades em pontos dessa parede do intestino, e essa fragilidade faz com que surja pequenos saquinhos de fundo cego nessa parede. Dessa forma, ao inv�s de o intestino ficar com as paredes retas, lisas, ele ficaria cheio de buraquinhos.”
“E esses buraquinhos s�o simplesmente pequenos sacos, que t�m o fundo cego. Ent�o, dessa forma, quando o alimento entra nesses saquinhos, pelo fato desses saquinhos n�o terem sa�da – o mesmo orif�cio por onde a comida entra, deveria sair –, o alimento entra ali dentro, irrita esses saquinhos que s�o os divert�culos e a irrita��o do divert�culo � chamada de diverticulite”, esclarece Bruno Sander, cirurgi�o e endoscopista.
DIAGN�STICO PRECOCE: UM ALIADO!
� sabido que o reconhecimento precoce de doen�as � um grande aliado da boa qualidade de vida e, tamb�m, das chances de cura. Com os casos de diverticulite ou mesmo a presen�a de divert�culo n�o � diferente.
Segundo Francisco Cancela e Penna, “o diagn�stico precoce permite o tratamento tamb�m precoce, em geral baseado no uso de antibi�ticos prescritos pelo m�dico. Com isso, a chance de uma boa evolu��o � elevada e o risco de complica��o reduz drasticamente”.
Segundo Francisco Cancela e Penna, “o diagn�stico precoce permite o tratamento tamb�m precoce, em geral baseado no uso de antibi�ticos prescritos pelo m�dico. Com isso, a chance de uma boa evolu��o � elevada e o risco de complica��o reduz drasticamente”.
Caso o quadro seja diagnosticado tardiamente, os preju�zos podem ser muitos, j� com alguma complica��o, como o surgimento de inflama��o ao redor do intestino, com forma��o de abscesso e at� mesmo com perfura��o intestinal, aponta o gastroenterologista cooperado da Unimed-BH.
E, al�m disso, em alguns casos, pode haver o estreitamento do intestino, como no caso do papa Francisco. E a� somente a cirurgia pode ajudar. “A import�ncia no caso do diagn�stico precoce � exatamente o acompanhamento cl�nico e a oportunidade para que o m�dico possa intervir com medicamentos logo que os sintomas se iniciam.”
E, al�m disso, em alguns casos, pode haver o estreitamento do intestino, como no caso do papa Francisco. E a� somente a cirurgia pode ajudar. “A import�ncia no caso do diagn�stico precoce � exatamente o acompanhamento cl�nico e a oportunidade para que o m�dico possa intervir com medicamentos logo que os sintomas se iniciam.”
“Quando isso n�o � feito, a diverticulite acontece de repeti��o e pode acontecer justamente o que vimos no caso do papa. Esses divert�culos quando se inflamam e causam a diverticulite, cada processo inflamat�rio tende a gerar a fibrose, que � um tecido duro que impede naquele ponto que o intestino possa fazer a movimenta��o correta. Al�m disso, naquele ponto onde existem fibroses, o intestino vai ficando mais duro e estreito. Dessa forma, pode dificultar a passagem do bolo fecal. � o que chamamos de estenose, � o estreitamento. Nesse caso, no caso do papa, foi uma estenose diverticular do c�lon, ou seja, a regi�o acometida foi o c�lon, que � o intestino grosso, causada por diverticulites recorrentes em que houve uma estenose.”
A cirurgia � feita como se fosse um cano que est� entupido. A gente corta o intestino na parte anterior aos divert�culos e na parte ap�s os divert�culos ou estenose. A parte comprometida � tirada e � feita uma emenda, chamada de anastomose, na parte antes e depois do problema. Ou seja, tira a parte que sofre e junta as demais.
Bruno Sander, cirurgi�o e endoscopista.
� o que explica o cirurgi�o Bruno Sander. Mas, e como esse diagn�stico pode ser feito? � poss�vel, tamb�m, fazer um rastreamento e prevenir a inflama��o e o consequente quadro de diverticulite? O exame realizado para o diagn�stico em casos em que j� a inflama��o dos divert�culos � o de sangue e de tomografia de abd�men, que, al�m de definir o diagn�stico, pode mostrar sinais de complica��es associadas. E, sim, � poss�vel rastrear a doen�a, nesse caso, por meio da colonoscopia, que deve ser evitada em quadros de crise.
“Diante do quadro, o instrumento utilizado na colonoscopia aumenta a probabilidade de perfurar o �rg�o. Ele s� pode ser realizado cerca de seis semanas ap�s o epis�dio agudo”, afirma Luiz Alberti. Nesse cen�rio, recomenda-se que a colonoscopia seja usada para rastreamento, o qual deve ser realizado a partir dos 50 anos.
Por isso, Bruno Sander alerta: “� muito importante que pacientes acima de 50 anos procurem um gastroenterologista para fazer exames preventivos, no caso a colonoscopia, que podem diagnosticar a doen�a desde o in�cio para facilitar o tratamento, at� mesmo para curativo”.
Por isso, Bruno Sander alerta: “� muito importante que pacientes acima de 50 anos procurem um gastroenterologista para fazer exames preventivos, no caso a colonoscopia, que podem diagnosticar a doen�a desde o in�cio para facilitar o tratamento, at� mesmo para curativo”.
DE OLHO NOS SINTOMAS
Ao contr�rio da diverticulose – presen�a de divert�culos –, que n�o tem sintomatologia, a diverticulite, ou seja, quando h� inflama��o das bolsas diverticulares, pode dar sinais bem caracter�sticos, por�m, nada espec�ficos. Isso porque, conforme Bruno Sander, os sintomas podem variar muito de paciente para paciente.
“N�o tem uma dor espec�fica em algum lugar espec�fico onde o paciente aponta a m�o, por exemplo. Mas, quando o paciente tem esse sintoma frequentemente, justifica fazer exames e rastrear para saber a causa.”
“N�o tem uma dor espec�fica em algum lugar espec�fico onde o paciente aponta a m�o, por exemplo. Mas, quando o paciente tem esse sintoma frequentemente, justifica fazer exames e rastrear para saber a causa.”
Apesar disso, Francisco Cancela e Penna aponta quais podem, e s�o os sinais mais recorrentes da doen�a: “A diverticulite pode se manifestar com dor abdominal, geralmente do lado esquerdo e abaixo no abd�men, embora possa ocorrer em qualquer parte abdominal. Al�m disso, o paciente pode apresentar varia��es intestinais, febre, n�useas e v�mitos, al�m de altera��es do exame cl�nico, com queda da press�o arterial, aumento da frequ�ncia card�aca e massa abdominal no exame cl�nico”.
Nesse cen�rio, em caso de algum sintoma, um m�dico deve ser procurado. “Na suspeita de diverticulite, o paciente deve ser avaliado por um m�dico. A depender da condi��o cl�nica do paciente, dos sintomas e do exame cl�nico, podem ser solicitados exames de imagem, como ultrassom, tomografia ou resson�ncia, e exames de sangue. Ent�o, o diagn�stico � feito com base em achados cl�nicos e confirmado por meio de exames complementares”, relembra o gastroenterologista.
TRATAMENTO
Existem diferentes tipos de tratamentos, desde os medicamentosos at� os cir�rgicos, o que vai depender e muito do quadro do paciente. Os rem�dios normalmente aliviam muito os sintomas causados pela diverticulite, por�m, em casos mais agudos, com complica��es j� existentes e recorr�ncia, como no caso do papa, as cirurgias s�o as mais indicadas.
“Os casos leves em geral s�o tratados em casa, com antibi�tico oral, repouso e hidrata��o. J� os pacientes graves necessitam de interna��o hospitalar, quando recebem medicamentos e hidrata��o direto na veia. Quando existe o perigo de perfura��o intestinal – ou se ela j� aconteceu –, � necess�rio fazer uma cirurgia de urg�ncia para retirar a parte do �rg�o afetada e drenar os abcessos. � poss�vel que o paciente precise usar uma bolsa de colostomia. Para quem sofre epis�dios seguidos, mesmo que de menor gravidade, recomenda-se operar ap�s a resolu��o do evento atual, a fim de evitar novos epis�dios”, afirma Luiz Alberti.
E como essa cirurgia � feita? Segundo o cirurgi�o Bruno Sander, ela � simples, apesar de ser feita sob anestesia geral. “Claro, como qualquer outro procedimento, existem riscos, por�m, a cirurgia � feita como se fosse um cano que est� entupido. A gente corta o intestino na parte anterior aos divert�culos e na parte ap�s os divert�culos ou estenose. A parte comprometida � tirada e � feita uma emenda, chamada de anastomose, na parte antes e depois do problema. Ou seja, tira a parte que sofre e junta as demais”, comenta.
CUIDE-SE!
Cuidado nunca � demais e a preven��o � uma grande “amiga” da boa sa�de e qualidade de vida. Por isso, a fim de evitar complica��es, pacientes que t�m divert�culos devem ter uma dieta mais laxativa para ter um adequado funcionamento intestinal, com evacua��o di�ria e fezes de aspectos normais, evitando a constipa��o intestinal.
“Uma dieta equilibrada, rica em fibras, verduras e legumes est� recomendada. Importante salientar que n�o h� indica��o de restringir ingest�o de sementes, castanhas e pipoca para pacientes diverticulares c�lonicos.”
“Uma dieta equilibrada, rica em fibras, verduras e legumes est� recomendada. Importante salientar que n�o h� indica��o de restringir ingest�o de sementes, castanhas e pipoca para pacientes diverticulares c�lonicos.”
“Para pacientes constipados, pode ser necess�rio o uso de laxantes, a partir de prescri��o m�dica, para ajudar na regula��o do funcionamento intestinal. A realiza��o de atividade f�sica regular tamb�m � fator protetor que pode reduzir o risco de diverticulite. A obesidade � outro fator de risco e deve ser tratada e evitada. Quem tem diverticulose e j� teve diverticulite � recomendada tamb�m a dieta laxativa, atividade f�sica e tratamento da obesidade”, comenta Francisco Cancela e Penna. A ingest�o de �gua tamb�m ser inclu�da na rotina de cuidados.
J� quem tem diverticulite est� recomendado o tratamento antibi�tico, na maioria dos casos, e, quando indicado por um m�dico, devido ao surgimento de complica��es pode ser necess�rio cirurgia. Ou seja, nesse caso, a melhor preven��o � mesmo o tratamento.
*Estagi�ria sob a supervis�o da editora Teresa Caram