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Estado de Minas INF�NCIA

Como as crian�as percebem e interpretam o universo dos adultos

O Bem Viver conversa com uma galera sobre temas como fam�lia, amor e amizade, viol�ncia, pobreza, trabalho e natureza


18/07/2021 04:00 - atualizado 18/07/2021 14:16

Joaquim (E) com a mãe, Camila, e o irmão, Francisco, entende a família como fruto do amor que une e fala da COVID-19 consciente da prevenção (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Joaquim (E) com a m�e, Camila, e o irm�o, Francisco, entende a fam�lia como fruto do amor que une e fala da COVID-19 consciente da preven��o (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
“Ser crian�a � bom demais/despreocupar com tudo que se faz/dar um pulo, um grito e uma risada/levar a vida bem vivida e bem-amada.” Os versos da m�sica de Rubinho do Vale lembram como a inf�ncia � leve, ou pelo menos deveria ser. � um mundo que vai sendo descoberto dia a dia, onde cada viv�ncia traz � tona uma avalanche de informa��es e sentimentos. Muitas vezes, parece que a crian�a nasce mesmo sabendo – h� coisas que at� os pais parecem n�o entender bem de onde v�m.

Mas, como ser� que os pequenos percebem e interpretam o universo dos adultos? Quando pensamos em conceitos mais abstratos, como as no��es de vida e morte, trabalho e dinheiro ou pobreza, viol�ncia e preconceito, tristeza ou felicidade, amor e amizade, respeito, fam�lia, pol�tica, natureza e preserva��o, Deus e a religi�o, como se d� essa percep��o nas constru��es mentais que a garotada come�a aos poucos a elaborar? O desenvolvimento da intelig�ncia � um processo cont�nuo e progressivo e, nesse ponto, tamb�m os contextos sociais e familiares t�m participa��o crucial.
 
A imagem de um menino jogando futebol com uma latinha � como Joaquim Bethonico de Melo, de 6 anos, sente o que � a pobreza. “A gente tem que pegar a latinha, jogar fora e dar uma bola para ele”, diz. Para Joca, como � chamado, no mundo dos adultos h� muita coisa boa, e outras nem tanto. “Eles trabalham com uma coisa legal, brincam ao mesmo tempo, assistem a filmes com a gente...” Para ele, dinheiro pode trazer felicidade, mas n�o � bem assim.

“Dinheiro n�o � vida. Serve para comprar, e comprar n�o � vida. � importante o trabalho do meu pai e da minha m�e, mas n�o t�o importante, porque serve para ganhar dinheiro e o dinheiro n�o � vida. A vida � a fam�lia”, declara, e logo emenda: “A fam�lia � quando o amor se junta e faz a uni�o. Eu gosto de todo mundo junto. Sei que agora a fam�lia n�o pode ficar muito perto, porque tem que trabalhar, e tamb�m tem a COVID. Sem a COVID a gente podia ficar perto, mas agora ela acabou com o nosso universo.”

Quando questionado sobre o que entende da doen�a, diz que significa o lixo, o que � sujo. Falando em lixo, o menino tamb�m se declara um apaixonado pela natureza. “Tem muitas pessoas mal-educadas, que jogam lixo na natureza. � preciso cuidar da natureza”, conta. E o respeito? “Eu respeito as pessoas, tem pessoas iguais a mim, com o mesmo nome, e outras diferentes”, afirma. Para Joca, amor significa fam�lia e amizade, assim como significa Deus, em suas palavras. “E amor � amor, n�o tem motivo.” E o futuro? “Vai ser muito legal. Os rob�s v�o dominar o mundo”, projeta.

Valores da vida

Joaquim tem um irm�o menor, Francisco, de 2, para quem a percep��o do que est� ao redor ainda � mais instintiva. A engenheira Camila Bethonico, m�e dos garotos, diz que sempre que percebe que h� necessidade, conversa com Joca sobre os valores da vida, mas, para ela, o exemplo pr�tico, as atitudes, contam muito.

Fala sobre dinheiro, da import�ncia de cuidar das coisas materiais, como os brinquedos, o celular, sobre a dificuldade de conquistar essas coisas, o significado de seu trabalho nesse sentido, mas ensina tamb�m que a felicidade n�o est� relacionada totalmente a essas conquistas. “Procuro transmitir para ele que a felicidade n�s encontramos nas rela��es com a fam�lia, com os amigos, os colegas. Agregar o discurso, o di�logo, com o que ele me v� fazendo de fato � o que forma esse conjunto na sua educa��o.”

(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press - 16/8/19)
(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press - 16/8/19)
 
Temos que respeitar as pessoas, 
independentemente de como elas s�o, 
o que elas fazem ou do que elas gostam”

Igor de Pinho, 11 anos
 
Para Igor de Pinho, de 11, a fam�lia s�o as pessoas que ama, que tamb�m t�m o mesmo sobrenome ou alguma descend�ncia. Sobre o dinheiro e o trabalho dos pais, considera importante. “Se eles n�o trabalharem, n�o vai dar para fazer nada, e o trabalho deles tamb�m ajuda outras pessoas”, diz. Quando fala na pandemia, Igor diz que n�o est� gostando, mas respeita todas as regras, para que a crise passe r�pido, e mostra preocupa��o sobre a possibilidade de contamina��o dos familiares. Quando pensa em pobreza, o garoto tem uma sensa��o ruim ao se lembrar de pessoas que “n�o conseguem trabalhar porque n�o tiveram chance de estudar na inf�ncia.”

Igor considera ser a amizade a rela��o com pessoas nas quais se pode confiar. “Amigos s�o pessoas que eu gosto, com quem divido as coisas, quem eu respeito. E respeito � entender o outro como ele �, n�o zombar por causa da cor ou do tamanho. O racismo, por exemplo: s�o pessoas que n�o t�m respeito nenhum pelas outras, ficam julgando pela cor, pela ra�a, ou por outras caracter�sticas, e isso � muito errado, na minha opini�o. Todos temos direitos iguais, todos somos seres humanos”, diz, sabiamente.

Sobre a import�ncia de cuidar da natureza, Igor tamb�m � bem esclarecido. “� o que d� a nossa vida. Se a gente come�ar a desmatar, n�o vai ter �rvores e plantas para produzir o oxig�nio, e sem oxig�nio a gente n�o sobrevive. N�o gosto quando vejo algu�m jogando alguma coisa no ch�o.” E, para ele, tal desrespeito parte mais dos adultos. Crian�as s�o mais conscientes – as escolas batem muito nessa tecla.

'Inaceit�vel' 

Igualdade, para Igor, � uma das coisas mais importantes na vida. “Temos que respeitar as pessoas, independentemente de como elas s�o, o que elas fazem ou do que elas gostam. Todos somos pessoas, somos iguais, mas diferentes”, declara. Ele tamb�m entende os riscos da exposi��o nas redes sociais. “Acho que tem que maneirar. Se algu�m da sua fam�lia posta alguma coisa que voc� gosta, voc� comenta, mas acho perigoso ficar interagindo com desconhecidos.”

Quando fala de viol�ncia, Igor a considera inaceit�vel. “Uma coisa � a m�e que chama a aten��o do filho que fez algo errado, outra coisa � bater. E quando jogam o filho no lixo? � terr�vel, se voc� � m�e e tem condi��es, tem que assumir.” Sobre Deus, tamb�m n�o vacila: “Acredito, � da minha religi�o, eu oro. Sei que vai nos ajudar a passar pelos problemas, como a pandemia.”

A psic�loga Gabriella de Pinho e o engenheiro Bruno Hilario s�o os pais de Igor e Raul, de 2. Enquanto o ca�ula ainda est� nos primeiros anos do processo de constru��o cognitiva, Gabriella diz que a educa��o do filho mais velho passa muito pela conversa, e isso ocorre com a ajuda da escola. Igor tamb�m faz catecismo, o que lhe d� mais bagagem para compreender a religi�o.

Muitos dos esclarecimentos s�o dados na medida das viv�ncias do garoto. “Vamos inserindo os assuntos quando vemos alguma coisa e ele acaba perguntando e mostrando interesse. Nossas orienta��es mais relevantes s�o sobre o respeito ao pr�ximo, a import�ncia de n�o se ter preconceito”, conta.




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