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Estado de Minas SA�DE

Parto prematuro: uma chance para a vida

Cerca de 340 mil beb�s brasileiros nascem antes da gesta��o completa, segundo dados da OMS


25/07/2021 04:00 - atualizado 22/07/2021 11:07

Parto prematuro é aquele que ocorre antes de o feto completar 37 semanas de gestação, início do nono mês
Parto prematuro � aquele que ocorre antes de o feto completar 37 semanas de gesta��o, in�cio do nono m�s (foto: Free-Photos/Pixabay )

Parto prematuro: aquele que ocorre antes de o feto completar 37 semanas de gesta��o – in�cio do nono m�s –, normalmente entre a 20ª e a 36ª semanas, em decorr�ncia da condi��o cl�nica da m�e ou do beb�. E, apesar de o parto ser feito antes do momento ideal e, em alguns casos, causar danos � sa�de da crian�a, ele �, tamb�m, salva��o. Uma chance para a vida. “O Jo�o � um verdadeiro milagre”, relata a m�e do pequeno Jo�o Ot�vio Nunes da Veiga, fruto de parto prematuro, atualmente com 3 anos, a estudante de direito Nat�lia Nunes, de 30.

Ela conta que, quando engravidou de Jo�o, mantinha uma gesta��o normal e saud�vel. Por�m, certa manh� acordou com dores fortes e com o pijama da noite anterior ensanguentado. “Fui correndo para o hospital. Quando cheguei l�, os m�dicos me examinaram e viram que meu colo do �tero estava fechado, mas eu estava 100% dilatada. Fiquei tr�s dias internadas, e o m�dico me disse que eu s� sairia de l� quando o Jo�o nascesse.”
 
O pequeno João Otávio, de 3 anos, nasceu com 22 semanas e enfrentou uma batalha para estabilizar a saúde
O pequeno Jo�o Ot�vio, de 3 anos, nasceu com 22 semanas e enfrentou uma batalha para estabilizar a sa�de (foto: Arquivo pessoal )
Segundo o m�dico, se o Jo�o nascesse naquele momento, as chances de vida seriam m�nimas, porque ele tinha apenas 22 semanas e o pulm�o n�o estava formado. “Por fim, fiz tr�s trabalhos de parto e no terceiro dia minha bolsa rompeu. Tive um parto normal”, conta Nat�lia, que, naquela altura, estava desacreditada na sobreviv�ncia de Jo�o, seu “milagre”, como ela mesmo denomina. “Encarei como se fosse um aborto, tanto que na hora do parto pedi para n�o ver, porque at� o Jo�o nascer, imaginava que um beb� prematuro era aquele de 36 se- manas. Jamais imaginei uma possibilidade de vida com 22 semanas. Mas ele nasceu, chorou e desceu para a UTI. Naquele cantinho do hospital que eu n�o conhecia, o Jo�o ficou por 147 dias internado. Ele � um caso raro, um verdadeiro milagre.”

A hist�ria do pequeno Jo�o � �nica, assim como a de 340 mil outros beb�s brasileiros, segundo dados da Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS). “Nos dias de hoje,  observa-se que o n�mero de partos prematuros � maior, e isso em raz�o de uma s�rie de motivos. A gravidez na adolesc�ncia � um deles. O corpo de uma adolescente ainda n�o est� bem formado e, �s vezes, n�o consegue levar a gesta��o at� o fim. A gravidez de g�meos, por causa das fertiliza��es in vitro, � outra raz�o”, explica o ginecologista obstetra C�sar Patez, especialista em laparoscopia, histeroscopia, endometriose e cirurgia �ntima feminina.

Apesar disso, com o avan�o da tecnologia e o acompanhamento correto, as crian�as t�m grandes chances de sobreviv�ncia, com o desenvolvimento sendo conclu�do fora do �tero. N�o � toa, algumas descobertas recentes podem contribuir para mais avan�os e mais vidas salvas. “Estudos indicam que h� seis genes ligados ao parto prematuro e os pesquisadores acreditam que essa descoberta pode servir como ponto de partida para tratamentos e indica��es nutricionais que possam evitar esse parto”, destaca.

E as causas s�o diversas, conforme C�sar Patez. “O parto prematuro acontece devido a v�rios fatores, como infe��es uterinas, ruptura prematura da bolsa amni�tica, descolamento placent�rio e doen�as relacionadas � sa�de da gr�vida, como anemia e pr�-ecl�mpsia, por exemplo. O fumo, consumo de �lcool e drogas, assim como obesidade, baixo peso e estresse, tamb�m podem inferir prematuridade. Algumas complica��es durante a gesta��o tamb�m podem ser um sinal de alerta, como infec��es do trato urin�rio, sangramento vaginal, press�o alta e dist�rbios de coagula��o.”

Existem, ainda, alguns casos que tornam o parto prematuro mais prov�vel, como anomalias cong�nitas do beb�, gesta��es muito pr�ximas uma da outra e gravidez gemelar ou de m�ltiplos. A s�ndrome do ov�rio polic�stico tamb�m se encaixa como uma das predisposi��es poss�veis. “A s�ndrome aumenta consideravelmente o risco de complica��es obst�tricas, entre elas a pr�-ecl�mpsia, diabetes gestacional e prematuridade. Portadoras de adenomiose e endometriose, que s�o doen�as inflamat�rias, podem influenciar negativamente a ocorr�ncia de parto prematuro, pois favorecem a ruptura de membrana amni�tica precocemente”, diz.

Al�m disso, em alguns casos pode ser dif�cil descobrir a causa da prematuridade, segundo Rosiane Mattar, presidente da Comiss�o Nacional Especializada de Gesta��o de Alto Risco da Federa��o Brasileira das Associa��es de Ginecologia e Obstetr�cia (Febrasgo). Mas, pode-se pensar em poss�veis condi��es capazes de acarretar o quadro, como as causas infecciosas, entre elas a infec��o urin�ria ou as infec��es cervicovaginais mesmo que inaparentes.

RISCOS 


Para a crian�a, a prematuridade � a principal causa de doen�as hoje em dia. Ela pode causar morbidade e mortalidade neonatal, e o grande medo s�o as complica��es neurol�gicas e cardiovasculares em raz�o de ainda n�o haver amadurecimento desses sistemas, surdez, danos cognitivos para o resto da vida e, tamb�m, de nutricidade, explica Rosiane Mattar.

Justamente por isso, � muito importante que o beb� seja acompanhado de perto desde o nascimento, em unidades de terapia intensiva. Al�m disso, antes mesmo do parto, � necess�rio que, conhecendo a possibilidade de prematuridade, em casos em que h� doen�as preexistentes, cuidados sejam tomados desde antes de a m�e entrar em trabalho de parto. “E quando o nen�m nasce, buscamos manter a temperatura e fazer um atendimento neonatal r�pido e preciso”, comenta a especialista.

Em alguns casos, no entanto, nada pode-se fazer para prevenir o parto prematuro. Justamente por isso, Rosiane Mattar destaca que o passo mais importante � fazer um bom pr�-natal, tentar evitar infec��es cervicovaginais, fazer um diagn�stico precoce de colo curto e tratar condi��es existentes para diminuir o risco de prematuridade. “Mas n�o que a paciente possa, de fato, fazer algo para evitar. O que ela pode fazer � ter uma boa alimenta��o e um bom pr�-natal”, comenta.


LUTA PELA VIDA 


Esses beb�s, chamados prematuros ou milagres, lutam pela vida desde o parto. Na UTI n�o seria diferente. Jo�o Ot�vio travou uma forte luta para ganhar peso e alcan�ar o tamanho ideal para deixar o hospital. Segundo relatos da m�e, ele ganhava cinco gramas em um dia, e regredia perdendo mais de 20 no dia seguinte, chegando a pesar 420 gramas.
 
O ginecologista obstetra César Patez explica que o parto prematuro pode ocorrer devido a vários fatores
O ginecologista obstetra C�sar Patez explica que o parto prematuro pode ocorrer devido a v�rios fatores (foto: Arquivo pessoal )
  Segundo a estudante de direito, o maior receio no momento da alta foi a satura��o e como ela faria pra monitor�-la em casa. “Ele foi para casa e passou por um tratamento multidisciplinar, com fisioterapeuta, fonoaudi�logo, oftalmologista, entre outros. O primeiro ano dele foi muito cansativo, ele fazia fisioterapia duas vezes por semana e teve tr�s quadros de pneumonia, ao todo ficou internado 30 dias nesse primeiro ano. O fato de ele ter nascido com o pulm�o prematuro causou uma complica��o chamada broncodisplasia, que faz com que o beb� tenha propens�o a ter bronquite, asma e outras doen�as respirat�rias. � como se ficasse uma mancha no pulm�o. Gra�as a Deus, hoje isso estabilizou”, conta.


COVID-19  


Em meio � pandemia de COVID-19, com as gr�vidas entre os grupos de risco, h� diversos questionamentos sobre o que a doen�a pode causar � vida da m�e e do beb�, bem como para a prematuridade do parto. Por�m, Rosiane Mattar explica que a correla��o entre os dois fatores se d� em casos graves da doen�a. “A principal rela��o COVID e prematuridade � que muitas vezes a m�e fica grave da doen�a e tem uma diminui��o do oxig�nio, e isso pode determinar um agravo fetal.”

“Ent�o, a maior parte dos prematuros por COVID ocorre pela antecipa��o do parto em raz�o de a m�e ou a crian�a estar muito mal, havendo necessidade de antecipar o parto. Mas � verdade que, neste ano da pandemia, tamb�m se aprendeu que o ideal � tentar estabilizar a m�e com oxigena��o, corticoide, entre outros, e tentar tir�-la do quadro agudo, porque isso melhora a condi��o da m�e e, tamb�m, da crian�a. Mas, se h� perda de vitalidade da m�e ou do feto, tem que antecipar o parto.”

*Estagi�ria sob supervis�o da editora Teresa Caram



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