
� poss�vel emagrecer mantendo o cuidado com a sa�de e essa forma de emagrecimento � considerada a ideal. Contudo, o processo pode n�o ser t�o r�pido quanto aquele proporcionado pelas dietas da moda, como observa a nutricionista Ruth Egg. “Apesar de n�o ser t�o veloz como a maioria das pessoas deseja, ao tomar os devidos cuidados o risco de reganho de peso � muito menor, e as mudan�as, al�m de n�o ser t�o severas, n�o causam a queda brusca do metabolismo, coisa da qual tantas pessoas reclamam hoje em dia”, afirma.
Para fazer substitui��es saud�veis no card�pio, o recomendado, segundo a nutricionista, � preferir os alimentos preparados em casa aos industrializados, pois cont�m o menor n�mero de ingredientes e aditivos poss�veis, a t�o falada “comida de verdade”.
H� tamb�m alguns momentos nos quais a pessoa deve incluir alimentos n�o t�o nutritivos, mas que cumprem algum papel emocional importante. “� muito melhor a pessoa comer um pedacinho daquele doce que tanto quer no momento que est� com muita vontade, do que depois comer uma quantidade dez vezes maior porque n�o respeitou seu corpo quando ele demonstrou aquele desejo intenso”, diz Ruth Egg.
E o t�o falado vil�o, o efeito sanfona? � prejudicial? A principal quest�o, explica Ruth Egg, � que provoca a redu��o do metabolismo, e um metabolismo mais lento queima menos calorias, nas mesmas condi��es de espa�o e tempo, na compara��o com o metabolismo mais equilibrado. E, quanto mais lento o metabolismo, mais chance de ganhar peso, o que se torna um ciclo eterno”, ensina.
A situa��o se assemelha a uma bola de mesa. A pessoa faz dieta para emagrecimento r�pido, perde peso, seu metabolismo diminui. Com a redu��o do metabolismo, volta a ganhar peso e retoma a dieta. � quando o metabolismo cai mais um pouco. “� melhor manter um peso um pouco mais alto, mesmo n�o sendo o ideal, preservando uma taxa metab�lica constante, do que viver nesse efeito sanfona”, alerta a nutricionista.
Pelas redes sociais, as dietas surgem f�ceis e perfeitas. S�o diversas “receitas de bolo” para emagrecer, seja com dietas mirabolantes, seja com excesso de atividade f�sica, uso de produtos ou plantas espec�ficos. A pergunta �: em qu� confiar?.
“Essas dicas n�o s�o de especialistas, s�o de pessoas que recebem para divulgar seus produtos e resultados, que muitas vezes podem n�o ocorrer da forma como eles dizem ali. O aumento da frustra��o e da sensa��o de fracasso � um sintoma comum de quem se prende muito �s receitas e corpos das redes sociais”, diz Ruth Egg.
Dist�rbio
A jornalista e empreendedora Fernanda Helena Ribeiro, de 32 anos, come�ou a fazer dieta aos 20, numa �poca em que tinha decidido praticar triathlon. Como o esporte � de alta intensidade, n�o pode ser feito sem um acompanhamento nutricional. Ela procurou uma nutricionista e � �poca j� apresentava um quadro de dist�rbio alimentar. A dieta muito regrada, junto � rigidez necess�ria para a pr�tica esportiva, favoreceu o desequil�brio. Com o tempo, queria estar sempre mais magra, o mais magra poss�vel e, mais do que a dieta que j� adotava, come�ou a criar outros h�bitos, por conta pr�pria, para perder ainda mais peso, e mais r�pido.
Com a busca por peso cada vez menor, Fernanda passava dias quase em jejum completo, comendo o m�nimo que suportava. Em alguns momentos sentia tontura, mas o comportamento permanecia. “Al�m disso, comecei a me interessar por esportes de longa dist�ncia, queria fazer maratonas e meus treinos de corrida eram muito longos e intensos, ent�o, tinha um gasto cal�rico muito alto, mas tentava comer o menos poss�vel. Hoje, enxergo que havia um radicalismo na alimenta��o, e tamb�m no esporte”, admite.
Afli��o
Fernanda se pesava de dois em dois meses, e a afli��o surgia quando o percentual de gordura subia, ainda que fosse pouco. Justamente por tantas priva��es, em alguns per�odos s� conseguia pensar em comida. N�o comia o que queria nas festas de fim de ano, em anivers�rios e confraterniza��es, sempre buscando uma comida saud�vel e em quantidade controlada. “Meu objetivo, na minha cabe�a, era manter o peso que eu tinha na adolesc�ncia, o que era praticamente imposs�vel, ent�o, estava sempre insatisfeita. Cheguei a pesar 53 quilos com 1,71 metro de altura”, relata.
Na pr�tica da corrida, quanto mais leve estiver o praticante do esporte, maior ser� a sensa��o de facilidade para correr uma dist�ncia maior e atingir melhor desempenho, e isso, para Fernanda, – ela consegue perceber –, era um grande perigo. “Na nossa sociedade, a pr�tica de esporte e a magreza s�o considerados o auge de uma vida saud�vel, ent�o, era muito elogiada e encorajada por muitas pessoas, inclusive pessoas que eu admirava”, lembra. Mas nem tudo estava t�o bem quanto aparentava.
Obsess�o que leva � doen�a
A experi�ncia da jornalista Fernanda Helena Ribeiro, com o desejo de emagrecimento progressivo e a busca do baixo peso para a pr�tica de corrida, resultou em doen�a. Com o tempo, a nutricionista que a acompanhava come�ou a notar alguns sinais de perigo e recomendou tratamento psiqui�trico. Fernanda passou a usar alguns medicamentos que a ajudaram a controlar as varia��es de humor e a falta de �nimo que vinha sentindo no dia a dia. Ela fez terapia durante v�rios anos.
“Quando comecei a perceber (o processo doentio), tomei uma certa avers�o ao esporte, que eu gostava tanto. Tive tamb�m repulsa a alimentos que eu tinha que comer sempre, como saladas. Com frequ�ncia, tinha epis�dios de compuls�o, a� comia doces at� n�o aguentar mais”, conta. Por muitos anos, apesar de nunca ter sido obesa, experimentou o chamado efeito sanfona entre per�odos de extremos – ou tudo regrado demais, ou desregrado demais, o que descreve como um ciclo vicioso.
“Depois, com os tratamentos que vinha fazendo, fui come�ando a enxergar que esses objetivos n�o eram saud�veis, ao contr�rio do que muita gente pensa. Abri m�o, fiquei um tempo desregrada mesmo e, depois, fui voltando a buscar outras atividades f�sicas que pudessem me trazer sa�de, sem me levar ao extremo, como outras linhas de alimenta��o que me trouxessem bem-estar e me ajudassem a me manter saud�vel.”
Para Fernanda, as principais descobertas ao longo desse processo foram a nutri��o comportamental e a ioga. Com o aux�lio de um psiquiatra e um terapeuta, profissionais que diz terem mudado sua vida, hoje come o que quer e quando tem vontade, sem culpa, algo que nunca achou que conseguiria fazer. “Sinto vontade de comer coisas nutritivas tamb�m. Me exercito com menos cobran�a. Fa�o caminhada �s vezes e a ioga, e at� voltei a arriscar uma corridinha de vez em quando. Claro que n�o fa�o atividade f�sica e alimenta��o nutritiva o tempo todo. Aprendi que tamb�m � saud�vel sair da rotina em alguns momentos”, destaca. (JG)
COMO COME�AR E MANTER A DIETA
Andreia Torres,
nutricionista com especializa��es em nutri��o cl�nica, esportiva e funcional, educa��o e promo��o da sa�de, pr�ticas complementares e integrativas
O que voc� pode mudar em sua alimenta��o para se sentir melhor? Que pequeno passo pode dar? Comer uma fruta a mais ao dia? Incluir salada no jantar? Aumentar seu consumo de �gua?
Escolha uma tarefa para iniciar. Coloque alarmes em seu celular para n�o esquecer. As primeiras 72 horas (3 dias) s�o fundamentais para a consolida��o de novos h�bitos. Agora, para fix�-los de verdade, o ideal � repetir por no m�nimo 28 dias ou aproximadamente 1 m�s. Depois, tudo ficar� mais f�cil, vira rotina e n�o ser� mais um esfor�o. Da� voc� estar� preparado para dar um segundo passo (que pode ser consumir menos �lcool, praticar atividade f�sica tr�s vezes por semana, e por a� vai)”.