
Em tempos de pandemia, este � um trabalho que ganha um significado ainda mais especial. Auxiliados pelas equipes de sa�de, os m�dicos enfrentam um v�rus fatal e se desdobram para acolher e tratar o paciente. N�o h� hor�rios, n�o h� fronteiras para quem escolheu a dif�cil miss�o de salvar vidas, tornando-se exemplo e refer�ncia para jovens que seguem os rumos de pais e demais familiares. Lembrado nesta segunda-feira (18/10), o Dia do M�dico tem um sentido importante. A dedica��o desses profissionais enaltece o esfor�o de quem, ao final de cada jornada, honra o fazer que se reinventa a todo instante, mas n�o perde a ess�ncia.
O cirurgi�o pl�stico Pedro Bersan diz que aprende muito com o pai, o tamb�m cirurgi�o pl�stico Marzo Bersan, para ele um verdadeiro professor. Ser m�dico foi um caminho natural. Marzo nunca o pressionou para que seguisse a carreira. "A informa��o est� acess�vel a todos, mas a experi�ncia vem com o tempo, n�o est� nos livros. A medicina me ensina sobre empatia. Aprendi com meu pai sobre a import�ncia de se colocar no lugar do outro, ter aten��o com o paciente, o rigor para garantir a seguran�a nos procedimentos. Podem dizer que a cirurgia pl�stica � uma futilidade. Mas interfere diretamente na autoestima, na melhor percep��o sobre si mesmo e nas rela��es interpessoais", ressalta Pedro.

Para Marzo, o fato de o filho ter escolhido a profiss�o � motivo de orgulho. Ele diz que a intera��o � enriquecedora - uni�o entre sua vis�o, mais antiga, e o que vem de novo de Pedro, de 34. "Transmito a experi�ncia t�cnica e tamb�m sobre relacionamentos. Cuidar do paciente, aliviar sofrimentos, ter prazer no trato com as pessoas. A medicina � algo que nasce com a gente", afirma.
Ela cresceu no hospital mantido pelos pais em Mantena, no interior de Minas Gerais. Membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia - Regional Minas Gerais (SBEM-MG), presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes - Regional Minas Gerais (SBD-MG), e professora da Faculdade de Ci�ncias M�dicas, a endocrinologista Patr�cia Fulg�ncio, de 49, � de uma fam�lia de m�dicos.
A op��o pela medicina nunca foi uma d�vida. De Ant�nio, cirurgi�o, e Helo�sa, ginecologista, recebeu o exemplo de um trabalho �rduo e cont�nuo, de dedica��o, respeito, cuidado e carinho. Com 79 e 76 anos, respectivamente, os pais at� hoje demonstram o amor pelo que fazem, e isso foi transmitido para toda a fam�lia. "Eles iam ao hospital durante a noite, passando de leito em leito para ver se tudo estava bem, e muitas vezes eu ia junto. Fui me apaixonando, nunca pensei em fazer outra coisa. Aprendi como a medicina � fundamental para melhorar a vida, ainda que n�o seja curar, mas aliviar a dor", diz. O irm�o � cardiologista e a irm� oftalmologista. Patr�cia j� come�a a perceber tamb�m o pendor da filha mais nova pela carreira m�dica.

Para o ortopedista e traumatologista Christiano Sim�es, de 41 anos, os encantos da profiss�o, que em sua opini�o exige dedica��o e voca��o, passam principalmente pela possibilidade de resolver o problema do pr�ximo, ser �til, perceber a gratid�o das pessoas, poder ajudar em momentos dif�ceis. "Meu pai me ensinou a ser honesto, a n�o usar a medicina como finalidade, mas como meio. Meio para conquistar as coisas na vida. O primeiro objetivo � cuidar. Qualquer resultado financeiro � secund�rio, apenas uma consequ�ncia."
� assim que ele fala sobre o exemplo do pai, Roger Sim�es, que exerce a mesma especialidade na medicina. Christiano se lembra das ocasi�es em que, ainda crian�a, passeava com o pai e encontrava pacientes o cumprimentando, agradecendo pelo tratamento. O que mais ouvia era "o senhor salvou minha vida". "Ficava orgulhoso, e isso me fez desejar trabalhar na mesma �rea. A medicina sempre foi para mim uma refer�ncia", conta.
Roger tem 74 anos e desde 1972 trabalha no hospital Fel�cio Rocho, onde hoje tamb�m o filho atua. Na �poca de crian�a, lembra-se de que as maiores aspira��es nas fam�lias � que se formassem m�dicos. Algo que foi intencionado pelos seus pais. Conta que sempre gostou da medicina, e logo seguiu o rumo. Hoje, o filho d� continuidade a essa hist�ria, e faz mais. "H� quase 50 anos, a medicina era muito artesanal. Hoje, meu filho est� muito mais bem preparado", compara.
A esposa de Christiano, Pierina Formentini, de 35, tamb�m � ortopedista e traumatologista, especializada em ortopedia pedi�trica. Conta que a intera��o com o marido � algo que acrescenta. "Discutimos as situa��es, falamos sobre as melhores condutas, orientamos um ao outro. Tranquilizar as fam�lias, transmitir a confian�a de que tudo vai melhorar, acompanhar a evolu��o do paciente, � uma satisfa��o", conta a m�dica, que trabalha na Santa Casa de Belo Horizonte e no hospital S�o Lucas, no Santa Efig�nia.
Agnaldo Lopes da Silva foi o primeiro morador de Cara�, no Norte de Minas, a se tornar m�dico, em 1958. Especializado em otorrinolaringologia, se formou em Belo Horizonte, pela Faculdade de Ci�ncias M�dicas de Minas Gerais. Nos 25 anos em que viveu em Te�filo Otoni, organizou sua rotina entre o consult�rio, o hospital e a fazenda da fam�lia. Com a esposa, Maria Thereza Martins da Costa Lopes, teve cinco filhos. Depois de quatro mulheres, nasceu o filho ca�ula, Agnaldo, que herdou do pai, falecido, o nome e a profiss�o.
Com passagem por algumas especialidades m�dicas, Agnaldo Lopes da Silva Filho, de 48, hoje � presidente da Federa��o Brasileira das Associa��es de Ginecologia e Obstetr�cia (Febrasgo). O ginecologista conta que n�o sabe precisar o momento exato em que decidiu cursar medicina. Desde crian�a, seus interesses apontaram a dire��o. O fato de ser filho do �nico otorrinolaringologista de uma cidade do interior lhe proporcionou uma experi�ncia interessante que, certamente, contribuiu para a escolha, embora antes n�o tivesse consci�ncia sobre isso.
"Naquela �poca, era costume o atendimento m�dico domiciliar e meu pai recebia pacientes em nossa casa ou os atendia em suas resid�ncias. Nesses atendimentos fora do consult�rio, frequentemente solicitava minha participa��o, quem sabe j� intuindo a minha voca��o e alimentando a chama", lembra.

Com a tamb�m m�dica R�via Lamaita, de 49, teve os filhos Teresa e Bernardo. Os dois pretendem seguir a carreira m�dica. "Interesso-me pela oncologia. Isso veio dos meus pais. Sempre escutei os dois conversando sobre a medicina e me passaram o amor pela profiss�o. Ensinaram-me a ir atr�s do que eu quero", conta Teresa.
Agnaldo diz que o aprendizado � di�rio, muito pelo contato com os pacientes que tem a oportunidade de auxiliar. "Aprendo com as vit�rias e tamb�m com os erros e fracassos. Quando se lida com vidas humanas, todas as decis�es envolvem riscos. O exerc�cio da medicina exige que sejamos capazes de enfrentar esses riscos e de tomar decis�es por vezes muito dif�ceis." Para Agnaldo, a no��o mais importante sobre a rela��o m�dico-paciente � a da confian�a."A pessoa se entrega a voc�."