
Organiza��es do mundo inteiro, em um esfor�o conjunto, integram a campanha Por Cuidados Mais Justos, da Uni�o Internacional para o Controle do C�ncer (UICC), neste Dia Mundial do C�ncer, celebrado no dia 4, com a inten��o de chamar a aten��o para as desigualdades e mostrar que a preven��o, o diagn�stico e tratamento da doen�a precisam ser acess�veis a todos.
A Funda��o do C�ncer, institui��o parceira da UICC nessa causa, divulgou hoje um levantamento in�dito que revela que muitos casos e mortes da doen�a poderiam ser evitados. A pesquisa Conhecimento e pr�ticas da popula��o e dos profissionais de sa�de sobre preven��o do c�ncer do colo do �tero teve como objetivo identificar as barreiras e as lacunas sobre a vacina��o contra HPV e o rastreamento para o c�ncer do colo do �tero, respons�vel pela morte de mais de seis mil mulheres por ano no Brasil.
A primeira parte do estudo da Funda��o do C�ncer, divulgado em coletiva de imprensa na tarde de quinta (3), enfoca especialmente conhecimento, atitudes, pr�ticas, mitos e fake news sobre a preven��o do c�ncer de colo do �tero, tendo crian�as/adolescentes, pais/respons�veis e mulheres como p�blico-alvo.
J� a segunda etapa, em fase de finaliza��o, abrange o conhecimento e a atua��o dos profissionais de sa�de relacionados � preven��o do HPV, maior causador da doen�a, e ao rastreamento. Os resultados apontam para as desigualdades existentes em toda a cadeia envolvida no enfrentamento contra o c�ncer de colo do �tero.
O c�ncer de colo de �tero apresenta enormes diferen�as regionais, sendo os estados do Norte os primeiros colocados no ranking da doen�a, por falta de acesso a informa��es, vacina��o, exames de rastreamento/confirma��o diagn�stica e tratamento. “� algo inaceit�vel, j� que vacina e exame preventivo ajudam a evitar a doen�a e est�o dispon�veis gratuitamente no SUS. Isso j� � uma desigualdade extrema e injusta, e � para estas iniquidades na Oncologia que a UICC pede aten��o na campanha de 2022”, destaca Luiz Augusto Maltoni, diretor-executivo da Funda��o do C�ncer.
“Nossa iniciativa com a pesquisa e a mobiliza��o neste 4 de fevereiro faz parte das a��es oficiais propostas por organiza��es de todo o mundo para essa campanha da UICC. A Organiza��o Mundial da Sa�de tem o objetivo de atingir, at� 2030, metas que visam erradicar o c�ncer de colo do �tero – causa de morte de mais de 331 mil mulheres por ano no mundo. Nossa ideia com esse movimento � mostrar que pol�ticas preventivas podem mitigar o cen�rio de adoecimento e morte, especialmente quando j� existem alternativas eficazes para preven��o”, completa.
A revis�o sistem�tica da Funda��o do C�ncer – com base em 16 estudos que, agrupados oferece informa��o de qualidade a respeito da vacina��o contra HPV, apontou que crian�as, adolescentes e pais ouvidos desconhecem tanto a efetividade da vacina, quanto a maneira como deve ser aplicada e se rendem �s fake news disseminadas a respeito. “Nosso alerta � para que haja mais informa��o neste sentido”, destaca a m�dica Fl�via Miranda Corr�a, que coordenou o levantamento.
“Entre 26 e 37% de 7.712 crian�as e jovens entrevistados, com idades entre 10 e 19 anos, n�o sabiam que a vacina previne contra c�ncer de colo de �tero. Entre 53% e 76% n�o sabiam que previne o aparecimento de verrugas causadas pelo HPV. Especialmente quando falamos de adolescentes, � um percentual de desconhecimento muito alto”, ressaltou ela, que � doutora em Sa�de Coletiva.
Rastreamento
Dados de 52 estudos, incluindo 54.617 mulheres de 14 a 83 anos, apontam para conhecimentos e pr�ticas inadequadas entre 40% e 71%, respectivamente. Os principais motivos apontados pelas mulheres que nunca realizaram o exame preventivo foram: “n�o achavam necess�rio” (45%), “n�o foram orientadas” (15%) e “tinham vergonha” (13%).
O levantamento da Funda��o do C�ncer concluiu ainda que baixa renda, menor escolaridade, cor da pele parda ou negra, resid�ncia em �reas urbanas pobres e rurais est�o mais associadas ao conhecimento insatisfat�rio e pr�ticas equivocadas referentes � vacina��o contra HPV e ao rastreamento do c�ncer do colo do �tero, o que refor�a a import�ncia da luta contra a iniquidade.
Desinforma��o
Outro aspecto que mostra a desinforma��o � o fato de 82% dos entrevistados acreditarem que a vacina previne outras Doen�as Sexualmente Transmiss�veis (DSTs), al�m do HPV. “Isso � um perigo! Precisamos esclarecer que a vacina tem a fun��o espec�fica de evitar os danos do HPV: verrugas, les�es precursoras e o pr�prio c�ncer de colo de �tero. Doen�as como s�filis, cont�gio por HIV e demais DSTs n�o est�o contemplados nessa imuniza��o”, alerta a m�dica.
Outros resultados revelam um poss�vel problema relacionado a mitos e fake news. Entre 36 e 57% do p�blico-alvo acharam que o imunizante contra HPV n�o � seguro. E de 35 at� 47% que pode incentivar a inicia��o sexual precoce.
“Precisamos tratar desse tema com naturalidade e estudar maneiras de levar a informa��o segura e s�ria para esse p�blico e suas fam�lias”, destaca Fl�via.
A vis�o dos pais/respons�veis tamb�m demonstra o mesmo problema de desinforma��o: 17% disseram que n�o sabiam que a vacina previne c�ncer do colo do �tero e 33% que n�o tinham ideia sobre a preven��o de verrugas anais e genitais; 74% imaginavam que a vacina��o previne outras DSTs e 20% achavam que o imunizante poderia ser prejudicial � sa�de; 22% achavam que a vacina poderia incentivar a inicia��o sexual precoce dos filhos.
Para combater o problema, a m�dica Fl�via Miranda diz: "Em 2014, ano da incorpora��o da vacina��o contra HPV ao SUS, ocorreu a parceria educa��o-sa�de para a aplica��o da primeira dose, tanto nos servi�os de sa�de como nas escolas. "Talvez essa seja uma medida crucial a ser retomada, para que, al�m de facilitar o acesso � imuniza��o, auxilie pais, alunos, professores e toda a comunidade a entender verdades, esclarecer mitos e promover realmente a sa�de nas escolas, atualizando at� mesmo outras vacinas", sugere.
Conclus�es e campanhas
Veja as principais barreiras apontadas pela primeira parte do estudo Conhecimento e pr�ticas da popula��o e dos profissionais de sa�de sobre preven��o do c�ncer do colo do �tero, apresentado pela Funda��o do C�ncer.
- Conhecimento insatisfat�rio sobre seguran�a, efetividade, efici�ncia, popula��o-alvo e o n�mero de doses das vacinas
- Conhecimento insatisfat�rio sobre as recomenda��es para o devido rastreamento
- Pr�ticas equivocadas
- Baixa renda, menor escolaridade, cor da pele parda ou negra, moradias em �reas urbanas pobres e rurais est�o mais associadas ao conhecimento insatisfat�rio e pr�ticas equivocadas
A participa��o da Funda��o do C�ncer na campanha mundial contra as iniquidades abrange ainda a mobiliza��o do tema no site da Funda��o (p�gina sobre o assunto, dispon�vel a partir de hoje – www.cancer.org.br), nas redes sociais no Dia Internacional de Conscientiza��o sobre o HPV (4 de mar�o) e a apresenta��o da segunda etapa do levantamento no Dia Mundial de Preven��o do C�ncer do Colo do �tero (26 de mar�o), ocasi�o em que tamb�m ser� lan�ado o curso para Profissionais da Aten��o B�sica em Sa�de.
Participaram da coletiva de imprensa os consultores m�dicos da Funda��o do C�ncer, Alfredo Scaff e Fl�via Miranda Corr�a, que coordenou a pesquisa, que pode ser acessada em https://bit.ly/3HvUheT, assim como a grava��o da coletiva de imprensa.