
Pode parecer algo sa�do de um sonho – pesadelo, no caso – ou da cena de um filme de fic��o cient�fica. Imagine se voc� n�o conseguisse produzir l�grimas ou saliva, como se tivesse areia nos olhos ou n�o ficasse saciado com os l�quidos que bebe?
Na progress�o de casos da s�ndrome de Sj�gren, pacientes costumam buscar atendimento quando a doen�a j� est� em est�gio avan�ado, causando muito inc�modo. Especialistas alertam sobre a import�ncia em ficar atento a sintomas que podem indicar a patologia e sempre procurar o aux�lio m�dico.
A s�ndrome de Sj�gren faz parte do grupo de doen�as autoimunes, ou seja, um dist�rbio em que o nosso sistema imunol�gico passa a produzir anticorpos que atacam c�lulas e tecidos do pr�prio corpo, como se fossem agentes invasores. � uma doen�a inflamat�ria cr�nica, de progress�o lenta, mas cont�nua. Portadores da s�ndrome apresentam risco aumentado de desenvolver linfomas, um tipo de c�ncer no sistema linf�tico.

Na maior parte dos casos, os primeiros tecidos afetados s�o as c�lulas epiteliais das gl�ndulas salivares e lacrimais. A queda na produ��o de saliva e de l�grimas provoca secura nos olhos e na boca. No entanto, o agravamento do processo inflamat�rio pode danificar membranas que revestem outros �rg�os e provocar ressecamento no nariz, traqueia, tireoide, vagina, rins, pulm�es, f�gado, p�ncreas, pele e sistema nervoso.
“S�o sintomas progressivos. A pessoa come�a a sentir uma sensa��o de olho seco e boca seca que vai aumentando com o tempo. No in�cio, ela vai tentando algumas medidas pr�prias, n�o percebe o que est� acontecendo direito. Depois, come�a a sentir altera��es muito significativas. Geralmente, quando os pacientes procuram o aux�lio m�dico, j� � quando est� incomodando bastante”, explica Mariana Peixoto, presidente da Sociedade Mineira de Reumatologia.
A m�dica ressalta que as pessoas devem ficar atentas aos sintomas, mesmo sendo uma doen�a de dif�cil diagn�stico. “� importante orientar os pacientes quando come�ar uma sensa��o de coceira mais significativa no olho, ou uma sensa��o de que tem uma areia no olho, que est� incomodando, ou uma necessidade maior de beber l�quidos durante as refei��es. Se os pacientes come�arem a reparar esses sintomas, vale a pena buscar uma avalia��o”, aponta.
A s�ndrome de Sj�gren � considerada a mais frequente das enfermidades raras. Ela afeta aproximadamente 2% da popula��o mundial, sendo a maior parte mulheres adultas ou idosos. N�o � uma doen�a que acomete pessoas mais jovens habitualmente e casos em crian�as e adolescentes s�o mais raros.
“O diagn�stico sempre depende de exame f�sico, exames laboratoriais e outros espec�ficos, tanto nas gl�ndulas salivares quanto nas lacrimais. Quanto mais cedo o paciente vier, maior a chance de sucesso. Muitas vezes, quando o paciente chega ao m�dico com uma doen�a muito avan�ada, a gl�ndula j� teve uma destrui��o muito grande e n�o conseguimos melhorar os sintomas dele. O ideal � o paciente procurar ajuda m�dica de uma maneira mais precoce”, lembra a reumatologista.
A maior parte dos pacientes procura o m�dico por volta dos 40 anos, com sensa��o de areia nos olhos resultante da m� lubrifica��o. Como se trata de um sintoma comum a muitas patologias oculares, � dif�cil o diagn�stico e o oftalmologista deve referendar a consulta com um reumatologista.
A maior parte dos pacientes procura o m�dico por volta dos 40 anos, com sensa��o de areia nos olhos resultante da m� lubrifica��o. Como se trata de um sintoma comum a muitas patologias oculares, � dif�cil o diagn�stico e o oftalmologista deve referendar a consulta com um reumatologista.
Segundo a reumatologista, uma pesquisa feita pela Funda��o da S�ndrome de Sj�gren, nos Estados Unidos, relata uma m�dia de seis anos entre a manifesta��o dos primeiros sintomas e a identifica��o da doen�a. “�s vezes, um sintoma que pode parecer uma coisa simples pode ser uma doen�a reumatol�gica que tem tratamento e cuidados”, define Mariana Peixoto.
FORMA ISOLADA
A m�dica tamb�m ressalta que a s�ndrome pode ocorrer de forma isolada, sem rela��o com outras enfermidades, ou simultaneamente a outras doen�as reumatol�gicas autoimunes, como artrite reumatoide, l�pus eritematoso sist�mico, vasculite, esclerodermia, e tireoidite de Hashimoto. Por um lado, o diagn�stico pode ficar mais complicado, com sintomas sendo causados pelas patologias associadas ou medicamentos para o tratamento delas. Por outro, como a pessoa est� sendo acompanhada por um m�dico, pode ser identificada Sj�gren de forma mais precoce, o que facilita no tratamento.
“Existem dois tipos de tratamento. O tratamento t�pico, que � feito justamente para voltar a lubrifica��o desses lugares, com a saliva artificial, que � um spray, e as l�grimas artificiais, que n�o � s� soro, a l�grima tem diversos componentes. Esse tratamento t�pico vai trazer um conforto. E existe ainda o tratamento sist�mico, com as medica��es espec�ficas que o reumatologista vai prescrever para ajudar a controlar a doen�a.”
A reumatologista sinaliza que os tratamentos n�o conseguem fazer com que o paciente tenha de volta o que perdeu em condi��es de produ��o de l�grimas e saliva, mas que os cuidados s�o extremamente necess�rios para n�o piorar o quadro. “Conseguimos algum grau de melhora e conforto para o paciente. Ele precisa tratar para parar a progress�o da doen�a, sen�o ele vai continuar piorando. Geralmente, sente-se um conforto muito maior com o tratamento, ent�o o paciente adere”, avalia.
Como a produ��o deficiente de saliva pode facilitar a prolifera��o de fungos ou bact�rias na boca e o aumento de c�ries dent�rias, os cuidados com a higiene oral devem ser redobrados. A falta de lubrifica��o dos olhos tamb�m pode acarretar outros problemas.
“O risco de c�rie e conjuntivite � justamente pela baixa lubrifica��o. Quando a boca n�o tem a saliva��o suficiente, o dente que fica ressecado tem aumento de chances de c�rie. No olho, com o baixo n�vel de l�grimas, aumenta muito a chance de v�rus e bact�rias entrarem e fazerem uma contamina��o do globo”, descreve a m�dica.
“O risco de c�rie e conjuntivite � justamente pela baixa lubrifica��o. Quando a boca n�o tem a saliva��o suficiente, o dente que fica ressecado tem aumento de chances de c�rie. No olho, com o baixo n�vel de l�grimas, aumenta muito a chance de v�rus e bact�rias entrarem e fazerem uma contamina��o do globo”, descreve a m�dica.
Ainda n�o se sabe exatamente por que o sistema imune desencadeia uma resposta que agride as gl�ndulas ex�crinas do pr�prio organismo. Uma das hip�teses � que fatores gen�ticos e heredit�rios, horm�nios sexuais e certas condi��es ambientais possam estar envolvidos nesse processo.
A outra � que infec��es por v�rus e alguns tipos de bact�rias funcionam como gatilho para desencadear a doen�a nas pessoas geneticamente predispostas.
A outra � que infec��es por v�rus e alguns tipos de bact�rias funcionam como gatilho para desencadear a doen�a nas pessoas geneticamente predispostas.