Um estudo feito pelo Instituto de Qu�mica de S�o Carlos (IQSC) da USP, ap�s analisar por 90 dias, c�lulas do c�rebro de ratos que consumiram o alimento, descobriram mol�culas do composto diacetil. Ele � o respons�vel pelo gosto e aroma amanteigado da pipoca de micro-ondas. O resultado da pesquisa refor�a a tese de que o consumo regular e em altas concentra��es da subst�ncia pode gerar danos cerebrais, como o Alzheimer.
An�lise
Segundo o autor da pesquisa e doutorando do IQSC, Lucas Ximenes, o diacetil afeta v�rias partes do c�rebro, mas causa mais danos no hipot�lamo - parte do c�rebro que controla fun��es essenciais. Al�m disso, durante a an�lise, os cientistas identificaram grande parte de prote�nas beta-amiloides, que normalmente s�o encontradas em pacientes com Alzheimer.
O estudo buscou utilizar quantidades di�rias mais parecidas com o consumo humano, para diminuir a diverg�ncia nos resultados. Lucas enfatiza que a situa��o de quem trabalha nas f�bricas de pipoca pode ser ainda mais preocupante, j� que essas pessoas inalam o composto - altamente vol�til, ou seja, que evapora rapidamente - mais diretamente, com mais frequ�ncia.
Diacetil nos alimentos
O diacetil pode ser encontrado em diversos alimentos, como caf�s, cervejas, chocolates, leites, iogurtes, margarinas, temperos em p� do macarr�o instant�neo, salgadinhos, bolachas, biscoitos e alimentos congelados (lasanha, hamb�rgueres, p�es de queijo) . Ele costuma ser usado como conservante ou flavorizante, para conferir aroma e sabor.
Al�m da pesquisa demonstrar que o composto causa doen�as cerebrais, o autor da pesquisa completa que outros estudos j� mostraram perigo para o sistema respirat�rio, como a bronquite obliterante. A enfermidade, inclusive, ganhou o nome de “doen�a da pipoca de micro-ondas” e, se n�o for tratada, pode at� levar � morte.
As pessoas afetadas pela toxicidade do diacetil geralmente desenvolvem falta de ar e enrijecimento do tecido pulmonar, que podem ser confundidos e diagnosticados como asma ou bronquite. � uma doen�a grave que se n�o for tratada oferece riscos � vida.
Emanuel Carrilho, que orientou o estudo da IQSC, explica que um agravante � o fato de essas consequ�ncias virem ap�s uma idade avan�ada, as crian�as dificilmente ter�o danos cerebrais por conta do diacetil. "O processo � de longo prazo, por mais pipoca que ela coma, ainda n�o ser� uma exposi��o t�o grande.� importante ressaltar que a dose aplicada por peso do animal, � baseada nos mercados consumidores europeus e americanos", argumenta.
De acordo com o professor, pessoas em situa��o de inseguran�a alimentar, que t�m uma tend�ncia maior em consumir produtos industrializados, t�m maiores chances de fazer parte do grupo de risco para danos na sa�de causados por esse conservante. "Tenho observado um agravamento do �ndice de obesidade, essas pessoas em situa��o de inseguran�a alimentar tendem a consumir produtos industrializados de menor valor nutricional e maior potencial de dano � sa�de", explica.
*Estagi�ria sob supervis�o da subeditora Fernanda Borges