
Um casal morreu asfixiado, na �ltima quinta-feira (19/5) dentro do quarto ap�s acender uma brasa, na cidade de Nova Ponte, para se aquecer durante a noite de sono. H� tr�s anos, uma crian�a de 2 anos e os pais morreram da mesma forma em Guarulhos (SP). O que causa essa asfixia? Qual � o perigo desse comportamento de risco no frio? O m�dico Maur�cio Go�s e o tenente Pedro Aihara do Corpo de Bombeiros Militar (CBMMG) de Minas Gerais explicaram � reportagem do Estado de Minas quais s�o os perigos dessas atitudes.
De acordo com o tenente Pedro Aihara, em geral, processos que envolvem combust�o em ambientes fechados, como casas e apartamentos, oferecem alto risco. “Basicamente, quando temos um processo de combust�o, principalmente aqueles que envolvem produ��o de fuma�a com mon�xido de carbono (CO), ele tem uma toxicidade muito grande com a hemoglobina [subst�ncia que fica no sangue]. Assim que o CO entra em contato com a hemoglobina, impede que nosso sangue, que carrega oxig�nio para as outras partes do corpo, circule. Isso produz uma situa��o de colapso no funcionamento dos sistemas.”
Caso a pessoa permane�a durante grande per�odo de tempo dentro daquele ambiente fechado, respirando o mon�xido de carbono, ela tende a se intoxicar e pode chegar ao �bito. "O grande problema � que intoxica��es com CO � que os sintomas n�o s�o percebidos. Geralmente a intoxica��o come�a com tonturas e sonol�ncia muito grande, que leva ao desmaio ou ela adormece, e permanecendo naquele ambiente, acaba morrendo sem nem perceber o processo”, explicou. O militar argumentou tamb�m, que o frio � um agravante, pois geralmente, todas as possibilidades de ventila��o s�o extintas, por causa de janelas e portas fechadas.
O bombeiro acrescenta que o CBMMG oferece uma s�rie de recomenda��es de seguran�a caso a pessoa queira se aquecer em casa. “Pode ser utilizado algum tipo de aquecedor, desde que seja adequado para o tipo de ambiente. Em caso de aquecedor el�trico, � interessante verificar se ele � indicado para utiliza��o em ambientes internos. �s vezes, as pessoas "improvisam" aquecedores com chamas, o que n�o � interessante para ambientes sem ventila��o”, argumentou.
Intoxica��o grave
Maur�cio G�es, m�dico intensivista e secret�rio-geral do Sindicato dos M�dicos de Minas Gerais (Sinmed-MG), explica a letalidade dessa intoxica��o. "Os efeitos da falta de oxigena��o junto com a inala��o do g�s carb�nico, que tamb�m � liberado nessas queimas, pode fazer com que a v�tima entre realmente em coma e fale�a. Qualquer tipo de aquecimento, seja a g�s, lenha, carv�o - n�o pode de forma alguma ser utilizado em ambientes fechados, com pouca ventila��o.”
Para os primeiros socorros, o m�dico aconselha que “a primeira coisa a se fazer � abrir as janelas e tentar ventilar o ambiente o m�ximo poss�vel, para que possa sair aquele g�s t�xico. � necess�rio tomar cuidado, porque caso outras pessoas entrem no local para prestar socorro, tamb�m podem se intoxicar, h� grandes riscos. � essencial realizar esse procedimento at� que o Samu chegue.”
Ele acrescenta que, como a v�tima muitas vezes n�o tem nenhum sinal aparente que est� sendo intoxicado com a fuma�a, acaba morrendo sem nem sequer sentir dor. “O paciente morre dormindo. Muitas vezes, � dif�cil descobrir em tempo oportuno para oferecer suporte exatamente porque � uma intoxica��o silenciosa”, argumenta.
As sequelas podem ser graves, explica o m�dico, inclusive com danos cerebrais, pela falta prolongada de oxigena��o. “Quadros de isquemia, les�es cerebrais, paralisia de um lado do corpo podem ocorrer. Geralmente, esse tipo de trauma � grave”, explicou.
Crian�as menores de 5 anos, idosos com mais de 65 ou com doen�as respirat�rias pr�vias, como bronquite, t�m maior risco em caso de intoxica��o por fuma�a. Nesses casos, n�o precisa ser em grande quantidade nem muito tempo de exposi��o para causar irrita��es pulmonares.
Como saber se o aquecedor � seguro ?
O tenente Aihara diz que � preciso ter aten��o para verificar se o equipamento est� apto para uso. “O primeiro passo � observar se o equipamento � certificado pelos �rg�os de regulamenta��o. Aqui no Brasil, � o Inmetro, mas se for importado, o selo geralmente � do �rg�o de regula��o do pa�s de origem. O segundo passo, no caso dos aquecedores el�tricos, � verificar se a tomada em que ele est� conectado n�o est� sobrecarregada com outros equipamentos, e olhar tamb�m se n�o h� objetos como cobertores e cortinas muito pr�ximos", esclarece.
"Como o aquecedor fica ligado durante muitas horas, essa exposi��o prolongada, se entrar em contato com esses tecidos inflam�veis, pode oferecer perigo. O terceiro passo � que se for um aquecedor a g�s, � preciso verificar se n�o h� nenhum vazamento.”
* Estagi�ria sob supervis�o da editora Ellen Cristie.