
O paciente que testou a nova tecnologia, identificado como T5, perdeu praticamente todos os movimentos do corpo ao sofrer uma les�o na medula espinhal durante um acidente h� 14 anos. O volunt�rio foi submetido a uma cirurgia em que foram implantados dois eletrodos min�sculos, do tamanho de um comprimido, em uma regi�o do c�rebro associada ao movimento do bra�o e da m�o direita. A estrat�gia dos cientistas era fazer com que os sensores do ICC implantados captassem os sinais dos neur�nios quando o homem se imaginasse escrevendo e que um algoritmo de aprendizado reconhecesse os padr�es produzidos pelo c�rebro para cada letra.
Na primeira parte do estudo, os pesquisadores pediram para que T5 copiasse 26 letras min�sculas que eram exibidas na tela do computador com alguns sinais de pontua��o: o > foi usado como um espa�o e o ~, como um ponto final. Ap�s uma s�rie de sess�es de treinamento, os algoritmos da nova ICC aprenderam a reconhecer os padr�es neurais correspondentes a cada uma das letras e a cada um dos s�mbolos.
Na etapa seguinte, quando conectado ao sistema, o volunt�rio conseguiu escrever 18 palavras (90 caracteres) por minuto, um ritmo semelhante ao de um indiv�duo da mesma idade digitando em um smartphone, segundo os cientistas. As ICCs anteriores t�m m�dia de 40 caracteres por minuto.
“O sistema � mais r�pido porque cada letra apresenta um padr�o de atividade altamente distinto, tornando relativamente f�cil para o nosso algoritmo distinguir uma figura da outra. Temos velocidade e precis�o”, enfatiza Frank Willett, pesquisador da Universidade de Stanford.
O principal autor da pesquisa indica outra facilidade: “Esse m�todo proporciona um avan�o importante porque, nos outros dispositivos, o paciente precisa mover um cursor para digitar as palavras na tela. No nosso sistema, isso � feito de forma direta”.
O principal autor da pesquisa indica outra facilidade: “Esse m�todo proporciona um avan�o importante porque, nos outros dispositivos, o paciente precisa mover um cursor para digitar as palavras na tela. No nosso sistema, isso � feito de forma direta”.
Os criadores da tecnologia ressaltam que ela pode ajudar uma s�rie de pacientes que t�m problemas de locomo��o, como os com les�es na medula espinhal e os com esclerose lateral amiotr�fica (ELA). “Basta pensar em quanto do seu dia � gasto em um computador ou se comunicando com outra pessoa”, ilustra Krishna Shenoy, pesquisadora do Instituto M�dico Howard Hughes (HHMI, em ingl�s). “Restaurar a capacidade de pessoas que perderam a independ�ncia de interagir com computadores e outros indiv�duos � extremamente importante, e � isso que est� colocando projetos como o nosso em uma crescente nos �ltimos anos.”
Amauri Ara�jo Godinho, neurologista do Hospital Santa L�cia e membro titular da Sociedade Brasileira de Neurologia (SBN), tem a mesma percep��o. “Esse ganho na velocidade faz muita diferen�a para quem perdeu o movimento. Quando eliminamos esse delay da digita��o, o cotidiano de quem usa a tecnologia se torna muito mais f�cil”, explica. O m�dico comemora que solu��es desse tipo estejam avan�ando. “Quando vimos, no passado, o Stephen Hawking usando um aparelho semelhante, que permitia a ele escrever com o movimento da bochecha, parecia algo muito distante. Vemos, agora, que estamos evoluindo e indo at� al�m.”
Avan�os
A nova ICC faz parte de um projeto amplo, chamado BrainGate, em que cientistas de diversas universidades americanas trabalham em busca de tecnologias que auxiliem indiv�duos que perderam a capacidade de se locomover. “Uma miss�o importante do nosso cons�rcio � restaurar a comunica��o r�pida e intuitiva para pessoas com defici�ncia. Esse � um novo cap�tulo emocionante no desenvolvimento de neurotecnologias clinicamente �teis, e estamos felizes. Queremos que essas pessoas se comuniquem com muito mais rapidez”, diz Frank Willett.
A equipe planeja desenvolver dispositivos voltados para a execu��o de outras tarefas do cotidiano usando apenas a “for�a do pensamento”. A cria��o de uma vers�o ainda mais r�pida da nova ICC tamb�m est� prevista. Amauri Ara�jo Godinho pontua que os avan�os na velocidade desses dispositivos � m�rito tamb�m dos profissionais da engenharia.
Eles criaram elementos eletr�nicos capazes de captar o movimento dos neur�nios de forma r�pida, “algo que podemos comparar ao reflexo do corpo”, e traduzi-los para as telas com precis�o. “� algo que pode ser usado tamb�m para outras tarefas, como um melhor controle de pr�teses. Quem sabe, no futuro, tenhamos at� um rob� que seja totalmente guiado pela atividade neural”, cogita.
