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Estado de Minas

Sistema de defesa � aliado na perda de peso

Em testes, prote�na produzida por c�lulas imunol�gicas interfere na produ��o de sebo e ajuda cobaias obesas a perderem gordura abdominal


18/10/2021 04:00 - atualizado 17/10/2021 18:08

Excesso de peso
O excesso de peso acomete 13% dos adultos e 20% das crian�as: um desafio de sa�de global (foto: Lucas Jackson/AFP)

''N�o acho que controlamos naturalmente nosso peso regulando a produ��o de sebo, mas podemos estimular o processo, aumentando a sua quantidade e, assim, provocando a perda de gordura''

Taku Kambayashi, pesquisador da Universidade da Pensilv�nia e principal autor do estudo


Que a obesidade afeta negativamente o sistema imunol�gico, a ci�ncia j� sabia. Por�m, ao estudar os efeitos de uma prote�na participante das defesas do organismo no diabetes, pesquisadores da Universidade da Pensilv�nia, nos EUA, fizeram uma descoberta inesperada e curiosa. Em camundongos, uma citocina chamada linfopoietina estromal t�mica (TSLP) ajudou os animais a perderem gordura abdominal e peso, independentemente da redu��o de alimentos ou da ativa��o do metabolismo. Segundo os autores, esse pode ser o primeiro passo para o desenvolvimento de um novo tipo de tratamento para uma condi��o que, globalmente, afeta 13% dos adultos e uma em cada cinco crian�as e adolescentes.

Citocinas s�o prote�nas produzidas por c�lulas do sistema imunol�gico, que exercem diversas fun��es no combate a infec��es e inflama��es. A TSLP � conhecida pelo papel contra a asma e outras doen�as al�rgicas. Al�m disso, Taku Kambayashi, pesquisador do Laborat�rio de Medicina Patol�gica da universidade e principal autor do estudo, publicado na revista Science, diz que trabalhos anteriores sugerem que essa subst�ncia poderia influenciar o diabetes 2 ativando c�lulas T, que regulam o metabolismo energ�tico.

Por isso, o grupo do cientista resolveu investigar se, em ratos obesos – uma condi��o associada ao diabetes –, a TSLP teria algum impacto sobre a resist�ncia � insulina, que caracteriza a doen�a metab�lica. “N�o t�nhamos em mente que a citocina teria algum efeito sobre a obesidade. A ideia era testar se a TSLP poderia corrigir o diabetes 2 independentemente de os ratos perderem peso”, explica o pesquisador.

Para isso, os cientistas injetaram, em cobaias obesas, um vetor viral que faria aumentar os n�veis de TSLP no organismo. A citocina, inesperadamente, tratou a obesidade dos animais, que continuavam sendo alimentados com uma dieta rica em gordura. Enquanto o grupo de controle ainda ganhava peso, os camundongos tratados com TSLP perderam 20g, passando de 45g (obesidade) para 25g, em 28 dias.

De acordo com Kambayashi, “mais surpreendentemente, os camundongos tratados com TSLP tamb�m diminu�ram a massa de gordura visceral”. Trata-se do tecido adiposo branco, que � armazenado no abd�men, associado ao risco elevado de diabetes e doen�as cardiovasculares. Como imaginava o grupo, a citocina tamb�m teve um efeito positivo nos n�veis de glicose no sangue e de insulina no jejum, al�m de reduzir a doen�a hep�tica gordurosa.

MAIS CALORIAS 

Kambayashi conta que chegou a pensar que a citocina inibiu o apetite dos ratos e que os animais estavam ficando doentes. Por�m mais testes foram realizados, e a equipe descobriu que os roedores tratados com TSLP estavam, na verdade, ingerindo 20% a 30% a mais de calorias, enquanto exibiam gastos de energia, taxas metab�licas b�sicas e n�veis de atividade semelhantes aos do grupo de controle.

A explica��o foi t�o surpreendente quanto a descoberta: estava associada � produ��o de sebo. “Ao olhar para o pelo dos ratos tratados com TSLP, notei que brilhavam na luz. Eu sempre soube quais eram os ratos tratados porque via o pelo deles reluzindo”, diz Kambayashi. Mesmo achando a ideia estranha, o pesquisador imaginou que os animais poderiam estar excretando gordura pela pele.

A equipe, ent�o, raspou os pelos dos camundongos e extraiu o �leo que os recobriam. Ao analisar o material, constataram que havia, nele, lip�deos espec�ficos do sebo, uma subst�ncia densa em caloria produzida por c�lulas epiteliais altamente especializadas, chamadas seb�citos. Essa “capa” gordurosa ajuda a formar uma barreira cut�nea.

Para investigar se a TSLP poderia desempenhar um papel no controle da secre��o de gordura em humanos, os pesquisadores analisaram um painel de 18 genes associados �s gl�ndulas seb�ceas, em um banco de dados p�blico. Segundo eles, “a express�o de TSLP est� significativamente e positivamente correlacionada com a express�o do gene da gl�ndula seb�cea na pele humana saud�vel”.

No artigo, os pesquisadores afirmam que “estimular a libera��o de sebo em alta velocidade pode resultar no ‘suor de gordura’ e na perda de peso”. “Eu n�o acho que controlamos naturalmente nosso peso regulando a produ��o de sebo, mas podemos estimular o processo, aumentando a sua quantidade e, assim, provocando a perda de gordura”, diz Kambayashi. Para ele, a TSLP poder� ter um importante papel em tratamentos futuros da obesidade.
Aposta em gene ligado � resposta inata

Embora o grupo da Universidade da Pensilv�nia tenha sido o primeiro a demonstrar que uma citocina pode induzir a queima de gordura por meio do suor, outra equipe de cientistas descobriu, recentemente, que um componente da resposta imune inata, a prote�na Brd4, tamb�m tem potencial de auxiliar na descoberta de novos tratamentos para obesidade e diabetes sem o envolvimento de horm�nios.

A resposta imune inata � o sistema de defesa com a qual o ser humano nasce e � a primeira linha de ataque a micro-organismos invasores. Embora ela seja importante no combate �s infec��es, tamb�m est� por tr�s de diversas doen�as, explica o bioqu�mico Ling-Feng Chen, pesquisador da Universidade de Illinois, nos EUA.

“Nossos estudos anteriores mostraram que o Brd4 desempenha papel importante na resposta imune inata. Ent�o, est�vamos tentando entender como ele influencia o desenvolvimento de doen�as como a obesidade”, diz o cientista, que publicou um artigo sobre suas descobertas na edi��o de junho da revista JCI Insight.

Os pesquisadores usaram ratos sem o gene Brd4 em seus macr�fagos, c�lulas que fazem parte da imunidade inata. Os macr�fagos podem provocar inflama��es e, anteriormente, foram associados � obesidade. Os roedores sem Brd4 foram alimentados com uma dieta rica em gordura e, ent�o, comparados a camundongos normais, sob a mesma dieta. “Observamos que, ap�s v�rias semanas de dieta rica em gordura, os ratos normais se tornaram obesos, enquanto os sem Brd4, n�o. Eles tamb�m reduziram a inflama��o e aumentaram as taxas metab�licas”, relata Chen.

Esses resultados sugerem que os camundongos que n�o tinham o gene usavam gordura como fonte de energia, ao contr�rio do a��car, que normalmente � utilizado para esse fim. Em testes, os pesquisadores tamb�m compararam os perfis de express�o g�nica durante a dieta rica em gordura em ratos normais e naqueles que n�o tinham o Brd4. Descobriram que o Brd4 era essencial para a express�o de uma prote�na cuja libera��o suprimia a quebra de gorduras e lip�dios nos tecidos adiposos. Sem o gene, os ratos reduziram os n�veis da prote�na e aumentaram a quebra da gordura. 


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