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Estado de Minas CI�NCIA

Por que a Nasa dispara raios laser em �rvores a partir da Esta��o Espacial Internacional

Dispositivo permite o mapeamento 3D sem precedentes de �reas florestais at� mesmo nos locais mais remotos.


12/08/2022 10:28 - atualizado 12/08/2022 10:46


Ilustração mostrando o GEDI disparando laser da Estação Espacial Internacional
O GEDI dispara pulsos de energia em dire��o � superf�cie da Terra 242 vezes por segundo (foto: NASA, Goddard Space Flight Center)

Neste exato momento, uma chuva de pulsos de laser est� chegando � Terra vindos da Esta��o Espacial Internacional (ISS, na sigla em ingl�s).

E seu objetivo � revelar at� os segredos mais �ntimos das florestas do planeta.

A miss�o GEDI, desenvolvida em conjunto pelo Centro Goddard de Voos Espaciais da Nasa (ag�ncia espacial americana) e pela Universidade de Maryland, nos EUA, permite o mapeamento 3D sem precedentes de �reas florestais at� mesmo nos locais mais remotos.

"� um sat�lite do tamanho de uma geladeira, pesa cerca de 500 quilos e est� acoplado ou conectado a um dos m�dulos da Esta��o Espacial Internacional", explicou � BBC News Mundo, servi�o de not�cias da BBC em espanhol, o cientista espanhol Adri�n Pascual, membro da equipe cient�fica do GEDI, especialista em mapeamento e gest�o de ecossistemas florestais e professor da Universidade de Maryland.

Os dados da miss�o s�o fundamentais para compreender quanto carbono as florestas armazenam e qual o impacto do desmatamento na luta contra as mudan�as clim�ticas.

Mas o futuro do GEDI � incerto — e atualmente uma campanha busca garantir a continuidade da miss�o.

Como funciona o GEDI

GEDI � o acr�nimo em ingl�s para Investiga��o Din�mica do Ecossistema Global.

E o cerne do programa � um instrumento que dispara raios laser e est� acoplado � Esta��o Espacial Internacional desde 2019.


Ilustração de uma chuva de lasers caindo em árvores na Terra
A chuva de pulsos de laser permite determinar n�o apenas a altura das �rvores, mas tamb�m a estrutura das florestas (foto: NASA, Goddard Space Flight Center)

"A ISS orbita ao redor da Terra sem parar. E nosso sat�lite GEDI emite pulsos de laser o tempo todo", explica Pascual.

Estes pulsos de energia permitem determinar n�o apenas a altura das �rvores, mas tamb�m a estrutura das florestas.

"Quando esse pulso de energia chega � Terra, atinge o primeiro elemento que encontra, que s�o as copas das �rvores, e continua a avan�ar at� atingir o solo".

"O sensor mede a diferen�a entre o momento em que se detecta o topo das �rvores e o solo. E convertendo esse intervalo de tempo em dist�ncia, conseguimos estimar qual � a altura da vegeta��o."

Para revelar a composi��o da floresta, os pesquisadores do GEDI estudam mudan�as nos padr�es das ondas de energia.

"Desta forma, somos capazes de estimar diferentes n�veis de vegeta��o, e isso nos d� uma ideia n�o s� da altura da floresta, mas tamb�m de sua complexidade estrutural."


Adrián Pascual
'Ser capaz com esse mesmo instrumento de examinar florestas ao redor do mundo gerando trilh�es de observa��es � algo realmente �nico', diz Adri�n Pascual (foto: Gentileza Adri�n Pascual)

O GEDI utiliza uma tecnologia de detec��o a dist�ncia chamada LIDAR, que consiste basicamente em apontar um laser para uma superf�cie e medir o tempo que leva para retornar � sua fonte.

N�o �, no entanto, uma tecnologia nova.

"Mas esta tecnologia nunca havia sido colocada em um sat�lite e levada para a Esta��o Espacial Internacional e usada a mais de 400 km de altitude para monitorar especificamente as florestas", explica Pascual.


Árvore na Amazônia
Aproximadamente 50% da biomassa, da madeira das �rvores, � carbono (foto: Getty Images)

Carbono: o dado fundamental

As �rvores capturam da atmosfera CO2 ou di�xido de carbono, um dos principais gases de efeito estufa respons�veis %u200B%u200Bpelas mudan�as clim�ticas.

E armazenam grande parte desse carbono, evitando que seja liberado na atmosfera.

"Quando as �rvores crescem, sua biomassa aumenta. E aproximadamente 50% dessa biomassa, da madeira dessas �rvores, � carbono", diz Pascual.

"Calcula-se mais ou menos que uma �rvore de tamanho m�dio, a mais gen�rica que se possa imaginar, ret�m cerca de 25 kg de di�xido de carbono por ano."

"Usamos o GEDI para saber ent�o qual � o estoque, o armazenamento de carbono que existe atualmente em todas as florestas do mundo."

O papel do GEDI na luta contra as mudan�as clim�ticas

Os dados e mapas gerados a partir do GEDI est�o dispon�veis ao p�blico.

E s�o vitais para que governos de todo o mundo saibam de forma realista qual � sua capacidade de armazenar carbono.


Visualização em um mapa de dados do GEDI
Visualiza��o de dados do GEDI %u2014 as cores representam as toneladas de biomassa a�rea por hectare no mapa superior, enquanto o mapa inferior mostra o erro de previs�o do modelo GEDI de biomassa (foto: Gentileza Adri�n Pascual)

"No caso de muitos ecossistemas, n�o se sabe qu�o altas s�o as �rvores ou como � a floresta", afirma Pascual.

"H� regi�es na Amaz�nia e em lugares remotos, nas quais n�o sabemos qual � a altura das �rvores e como a biomassa � distribu�da."

O GEDI permite detectar e quantificar mudan�as na biomassa resultantes de inc�ndios florestais ou desmatamento ilegal.

Os dados do GEDI tamb�m refor�am a import�ncia de preservar as florestas maduras do mundo, em vez de apenas priorizar novas planta��es florestais.

Muitos pa�ses incluem o plantio de �rvores em seus planos de redu��o de emiss�es de CO2.

"� verdade que � preciso plantar mais �rvores como parte das solu��es para combater as mudan�as clim�ticas, por meio de projetos de restaura��o de �reas degradadas com potencial de voltar a ter vegeta��o", diz Pascual.

No entanto, "para que muitas �rvores pequenas substituam o carbono que uma �rvore muito grande tem armazenado, s�o necess�rias muitas �rvores pequenas, tempo, e que n�o haja fen�menos nesse meio tempo, como uma derrubada, um inc�ndio ou um ataque de pragas".

"N�o podemos cair na armadilha de pensar que podemos substituir grandes estoques de carbono como na Amaz�nia, onde h� uma grande quantidade de carbono armazenado, por meio de planta��es e projetos de restaura��o."

Al�m disso, o carbono armazenado nas florestas n�o se encontra apenas acima do solo.

"Debaixo dele, nas ra�zes das �rvores, a quantidade de carbono pode ser quase o dobro da que somos capazes de prever com o GEDI. Por isso � vital proteger os 'pulm�es' do planeta."


Vista aérea da Floresta Amazônica
(foto: Getty Images)

A campanha para salvar o GEDI

Desenvolver o GEDI e entender como sua tecnologia funciona a partir de uma esta��o espacial levou quase 20 anos de trabalho pr�vio. In�meros estudos cient�ficos foram conduzidos por pesquisadores como Ralph Dubayah, principal pesquisador do GEDI e professor da Universidade de Maryland.

A miss�o est� programada para ficar operacional apenas at� o final de 2023, quando o GEDI seria substitu�do por outro instrumento na Esta��o Espacial Internacional.

Tanto pesquisadores quanto representantes de governos est�o apoiando atualmente uma campanha para prolongar a vida do GEDI no espa�o.


GEDI acoplado à Estação Espacial Internacional
O GEDI est� acoplado � Esta��o Espacial Internacional desde 2019 (foto: NASA, Goddard Space Flight Center)

Uma das cientistas que n�o faz parte da miss�o, mas usa seus dados � Fl�via de Souza Mendes, cientista brasileira baseada na Alemanha que integra o grupo de pesquisa RSATE (acr�nimo em ingl�s para Sensoriamento Remoto Aplicado ao Ambiente Tropical).

Para Mendes, o GEDI desempenha um papel crucial na mitiga��o das mudan�as clim�ticas.

"As mudan�as clim�ticas v�o afetar mais pessoas e pa�ses de grupos sub-representados e de baixa renda. Os dados gratuitos do GEDI podem fazer a diferen�a no apoio � formula��o de pol�ticas e a pesquisas em pa�ses de baixa renda."

Por outro lado, "o mercado de carbono est� muito aquecido neste momento e est�o surgindo muitas empresas que calculam o carbono armazenado na floresta ou em projetos de reflorestamento e florestamento para vender cr�ditos de carbono".

Adri�n Pascual diz � BBC News Mundo que "h� uma forte press�o da comunidade internacional para poder manter o GEDI por mais tempo".

"Porque a cada semana que est� l� em cima, temos milhares e milhares de observa��es que nos permitem chegar a melhores estimativas sobre a altura da vegeta��o e a biomassa."

"� uma oportunidade enorme que temos de poder mant�-lo por mais alguns meses ou anos, porque realmente n�o sabemos quando vamos voltar a ter outra oportunidade como esta".

- Este texto foi publicado originalmente em https://www.bbc.com/portuguese/geral-62517387

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