
L� Borges garante: aos 67 anos, � um compositor t�o compulsivo quanto o era aos 20. Prova disso est� em seu novo �lbum, Rio da lua, com 10 melodias dele para letras de Nelson Angelo, mineiro radicado no Rio de Janeiro e tamb�m pioneiro do Clube da Esquina. O lan�amento do disco est� marcado para 3 de maio, em BH.
“Componho com a mesma fluidez do come�o de minha carreira. De 2003 pra c�, gravei mais de 60 can��es. H� pessoas mais tranquilas, j� eu tenho essa inquieta��o criativa, que � a minha forma de lidar com o mundo. Preciso fazer m�sica. Trago isso comigo desde os meus 20 anos, quando fiz o Clube da esquina", diz L�.
L� diz que a urg�ncia faz parte de seu processo criativo. Conta que n�o leva mais de 40 minutos para concluir uma can��o. “Quando me debru�o sobre uma letra ou uma m�sica, gosto de beber �gua limpa, ou seja, uso a primeira coisa que vem � cabe�a. N�o gosto de ficar mexendo muito, isso acaba sujando a �gua, vamos assim dizer. Esse � o meu caso, mas cada compositor tem l� as suas manias. Geralmente, gosto de compor de manh�, logo depois do caf� e de uma boa caminhada. Chego em casa, pego o viol�o e a inspira��o vai surgindo naturalmente. L� pelas duas da tarde, j� est� pronto. N�o sou muito da noite, prefiro dedic�-la aos shows”, enfatiza.
O dom de criar � um mist�rio, acredita L�. “� uma coisa muito louca mesmo, n�o h� como explicar, um dom divino. Hoje em dia, � mais f�cil do que antes, pois estou mais maduro, experiente, e conhe�o o caminho das pedras. J� passei dos 60, mas com o mesmo pique de quando tinha 20. Sou fascinado pela composi��o.”
PARCERIA Embora os dois sejam amigos h� muitos anos, Rio da lua marca a primeira parceria de L� com Nelson Angelo. “Foi tudo muito inusitado, pois nunca havia composto dessa maneira. Ele mandava a letra pelo WhatsApp, eu ia criando a melodia em cima dela. Achei �timo, desafiador. Ligava pra ele e dizia: 'Manda mais uma a�, Nelson'. Ele mandava, eu pegava a letra do celular, passava pro meu caderno de composi��es e fazia a m�sica logo. A primeira ganhou o nome de Partimos, � a s�tima faixa do disco”, conta.
Tudo come�ou quando L� foi ver um show de Nelson na Funarte, em BH, e o convidou para ser parceiro. “Na verdade, acho o Nelson mais musicista do que letrista. Sempre fui f� das letras dele, principalmente daquelas da d�cada de 1970, como Sete cachorros e Comunh�o (ambas parcerias com Joyce). Aquilo � inusitado, muito legal mesmo, bem diferente do que estava rolando na �poca. Nelson � um compositor de melodias t�o genial que seu lado letrista acaba meio ofuscado. Na verdade, � um grande artista em tudo que se prop�e a fazer”, diz.
Rio da lua � um projeto diferente na trajet�ria de L�. "Nesse disco, musiquei as letras. Ao compor Partimos, fiquei entusiasmado com o novo processo e fiz todas as melodias em cima das letras do Nelson. S�o duas novidades. A primeira � compor com um cara que � �dolo pra mim, um mestre. Suas colabora��es para meu trabalho foram geniais, assim como suas ideias. A segunda novidade � que gostei muito desta nova maneira de criar: fazer a melodia em cima das letras. Antes, criava a melodia e depois algu�m fazia a letra. Nelson � uma das pessoas mais brilhantes que conhe�o”, elogia.
O processo do novo projeto do s�cio-fundador do Clube da Esquina foi semelhante ao de seu primeiro �lbum solo, L� Borges, o famoso "disco do t�nis", lan�ado em 1972. No �lbum do t�nis, compunha a m�sica de manh�, o M�rcio Borges fazia a letra � tarde e grav�vamos � noite, tudo muito corrido. Rio da lua tamb�m foi assim, r�pido. Eu e Nelson inauguramos uma parceria que pode render bastante. Quem sabe o volume dois?", comenta L�.
A ideia inicial era gravar um disco no formato voz e viol�o. "Queria que fosse apenas assim, mas fui escutando, observando que poderia acrescentar outros instrumentos”, conta. “Fiz primeiramente a voz e o viol�o. Chamei o Thiago Corr�a para o baixo, o Fernando “Feij�o” Monteiro para a bateria e o guitarrista Henrique Matheus, que coproduziu o disco comigo. O Telo Borges fez pianos e teclados. Na realidade, quando vi que as can��es tinham pique para banda, n�o tive d�vida. Isso rolou uns dois meses depois de ter gravado a voz e o viol�o.
A produ��o mandou as m�sicas em MP3 para os m�sicos e n�o houve qualquer problema, eles chegaram no est�dio e gravaram rapidamente”, conta L�. De acordo com ele, seu irm�o, Telo, � o compositor mais inspirado do Brasil na atualidade. “Sem qualquer d�vida”, garante.
Rio da lua foi produzido pelo pr�prio L�, com coprodu��o de Henrique Matheus, A&R de Jo�o Augusto e Rafael Ramos, e produ��o executiva de Marcelo Pianetti. “O �lbum � algo meio rumo ao desconhecido. Toda a cria��o foi novidade, assim como a parceria com o Nelson. Esse rumo ao desconhecido tamb�m estave presente no 'disco do t�nis'. Ambos carregam a urg�ncia no processo criativo, revelando a minha eterna necessidade de sempre fazer m�sica”, resume.
TURN� O repert�rio do show ter� can��es do novo disco intercaladas com antigos sucessos. “O p�blico n�o me perdoaria se n�o inclu�sse as cl�ssicas Clube da esquina 2 (parceria de L� com Milton Nascimento e M�rcio Borges), O trem azul (com Ronaldo Bastos), Paisagem da janela (com Fernando Brant), Feira moderna (com Beto Guedes e Fernando Brant), Um girassol da cor do seu cabelo e Quem sabe isso quer dizer amor (parcerias de L� com o irm�o, M�rcio Borges)”, ressalta.
O s�cio-fundador do Clube da Esquina adora cantar os cl�ssicos que comp�s. "O show de maio ser� um encontro harm�nico entre meus sucessos e as can��es mais recentes", promete. No palco estar�o L� Borges (voz e viol�o), Renato Valente (baixo), Telo Borges (teclados), Henrique Matheus (guitarra) e Robinson Matos (bateria).
M�gico reencontro
Nelson Angelo, de 69 anos, comp�s duas joias gravadas por Milton Nascimento: Fazenda, que abre o disco Geraes (1976), e Canoa canoa, parceria com Fernando Brant, faixa do �lbum Clube da esquina 2 (1978).
Cantor, compositor e violonista, o belo-horizontino Nelson est� entusiasmado com o novo parceiro. “Foi m�gico o reencontro com L� Borges, que me trouxe novos desafios. Tenho muita hist�ria com o Clube da Esquina, pois participei de quase todos os discos. Tenho muita amizade com a fam�lia Borges, pessoas muito musicais", conta.
As letras sa�ram "psicografadas", diz. "Era como na minha juventude: entrei numa canoa de sonhos e s� queria ser feliz.” Nelson � s� elogios para o parceiro: "L� tem uma assinatura, � muito fiel a ela, excelente m�sico".
Entusiasmado com Rio da lua, garante que o disco traz can��es de primeira linha. "Todo mundo sabe que o L� � compositor de m�o cheia. Fico pensando: poxa, o cara que fez O trem azul se junta com o outro que fez Fazenda. S� poderia sair coisa boa”, comenta.
Nelson Angelo, assim como L� Borges, espera que a parceria prossiga. "Quando fui ver o show dele l� no Circo Voador, encontrei o Bituca e o Ronaldo Bastos. Fiquei muito alegre. Chegando em casa, escrevi um texto ao qual dei o nome de Partimos. N�o era letra de m�sica, mas um texto falando da minha hist�ria com o Clube da Esquina, dos amigos daquela �poca, da nossa estrada... Mandei apenas para L� guardar, mas ele gostou e virou can��o."

RIO DA LUA
. De L� Borges
. Letras de Nelson Angelo
. Deck Disc
. 10 faixas
. Lan�amento em 3 de maio, �s 21h, no Teatro do Centro Cultural Minas T�nis Clube (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Ingressos: R$ 90 (inteira) e R$ 45 (meia-entrada).
FAIXA A FAIXA
Rio da lua
Em outras can��es
Al�m do tempo
Flecha certeira
Foto 3X4
Inusitada
Partimos
Antes do tempo
Caminhada
Profeta
