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Estado de Minas

Disco e document�rio destacam a obra genial de Bob Dylan

A banda mato-grossense Vanguart gravou 16 can��es emblem�ticas do americano. Netflix exibe filme de Martin Scorsese sobre a lend�ria turn� 'Rolling Thunder Revue', nos anos 1970


04/07/2019 04:07

Vanguart gravou em inglês as canções de Bob Dylan
Vanguart gravou em ingl�s as can��es de Bob Dylan (foto: JUAN PABLO MAPETO/DIVULGA��O)

N�s sempre sentimos o mesmo/ Apenas vimos as coisas de um ponto de vista diferente” � a tradu��o dos �ltimos versos de Tangled up in blue, can��o de abertura de Blood on the tracks, 15º �lbum de est�dio de Bob Dylan, de 78 anos. Lan�ado em janeiro de 1975, o disco amparou o cantor e compositor H�lio Flanders muitos anos mais tarde.

Ele era apenas um adolescente de Cuiab� que sofria com sua primeira decep��o amorosa. Ouvir Dylan entoando “we always did feel the same/ we just saw it from a different point of view” o fez entender muita coisa. E Dylan nunca deixou de acompanh�-lo. “Reverenci�-lo de maneira exacerbada vai contra tudo o que ele pr�prio sempre pregou. Ent�o, qualquer pessoa que quiser fazer um disco de Dylan, deve fazer do jeito que quiser”, afirma Flanders, de 34.

O rec�m-lan�ado Vanguart sings Bob Dylan (Deck), primeiro �lbum n�o autoral da banda, � um retrato afetivo dessa influ�ncia que persegue Flanders e seus companheiros – Reginaldo Lincoln e David Dafre (baixo, guitarra, viol�o, vocais e voz) e Fernanda Kostchak (voz, violino e vocais).

Re�ne 16 faixas, boa parte entre as mais conhecidas do repert�rio de Dylan – Blowin' in the wind, Hurricane, Like a rolling stone, Don't think twice it's all right, Just like a woman, It's all over now, baby blue. “Tocar os hits era inevit�vel. Mas h� can��es para um f� mais avan�ado de Dylan, como as tr�s que abrem Blood on the tracks (Tangled up in blue, que abre o �lbum do Vanguart, Simple twist of fate e You're a big girl now). Nelas, ele trabalha o tempo atrav�s de hist�rias fragmentadas, sofisticadas, em que vai da primeira para a terceira pessoa”.

SHOW Se h� v�rias raz�es afetivas para gravar Dylan, por que faz�-lo agora? “A gente come�ou esse projeto com um show em 2010, a pedido do Sesc em S�o Paulo, que marcou a entrada da Fernanda na banda”, relembra Flanders. Ao longo de quase uma d�cada, o repert�rio foi executado eventualmente pelo grupo, que em 2018 gravou especial para o canal Bis com as can��es de Dylan – o programa foi produzido por Rafael Ramos, dono da Deck, gravadora do Vanguart. A sugest�o partiu dele, que acabou produzindo o �lbum.

“O Reginaldo e eu (os principais compositores do Vanguart) est�vamos em dois momentos bem espec�ficos, eu na It�lia pesquisando m�sica italiana e ele fazendo as coisas dele no Brasil. N�o daria para fazer um disco autoral. Dessa maneira, esse disco calhou na hora certa”, acrescenta.

Depois de um dia e meio de ensaios, o quarteto – com os convidados J�lio Nganga (piano e �rg�o), Kezo Nogueira e Pedro Gongom (bateria e percuss�o) – passou cinco dias gravando em est�dio. “Tudo ao vivo, voz e viol�o juntos. Se toc�ssemos muito, perder�amos a espontaneidade”, continua Flanders.

Os primeiros shows ser�o neste fim de semana, em S�o Paulo. Para que o p�blico possa acompanhar a verborragia dylanesca, as letras ser�o traduzidas em um tel�o. Sem querer inventar a roda, a banda n�o subverte arranjos ou tenta mudar o tom das grava��es originais. � um registro com afeto e respeito. Serve como boa introdu��o ao universo de Dylan para aqueles que ainda n�o foram arrebanhados por ele.
 

Mentiras sinceras
Na era das fake news, Martin Scorsese d� uma (boa) rasteira no p�blico. Rolling Thunder Revue: a Bob Dylan story by Martin Scorsese, document�rio lan�ado h� pouco pela Netflix, � o melhor retrato de um artista quando jovem (no caso de Dylan, nem tanto assim, pois ele havia passado dos 30). Ao telespectador cabe ler nas entrelinhas: nem tudo o que est� ali � verdade. E isso, no frigir dos ovos, n�o faz tanta diferen�a.

Rolling Thunder Revue � a turn� que Dylan empreendeu nos Estados Unidos entre outubro e dezembro de 1975 e abril e maio de 1976. Ao todo, foram 48 shows. Dylan criou uma excurs�o que foi um sucesso do ponto de vista art�stico e um fracasso comercial.

Com mais de 30 pessoas, entre m�sicos e t�cnicos, ele saiu pela estrada (o pr�prio Dylan era o motorista de um dos �nibus) fazendo shows para at� tr�s mil pessoas. A turn� tinha v�rios convidados: as cantoras Joan Baez e Joni Mitchell, o poeta beat Allen Ginsberg, a violinista Scarlet Rivera, Roger McGuinn, ex-vocalista e guitarrista dos Byrds, o dramaturgo e cineasta Sam Shepard.

Tudo foi registrado para um document�rio que nunca saiu do papel. Scorsese, que nas seis horas de No direction home (2005) fez o retrato completo de como Dylan se tornou a voz da gera��o dos anos 1960, faz em Rolling Thunder Revue uma viagem tanto pela trajet�ria do artista quanto da pr�pria Am�rica.

Em 1975, os EUA est�o na ressaca p�s-Watergate e p�s-Vietn�. Nixon j� havia renunciado e o presidente Gerald Ford havia sofrido duas tentativas de assassinato. � essa na��o, que tenta juntar os cacos e mirar o futuro, que est� no foco.

Em sua primeira apari��o no filme, Dylan se sai com esta: “� s� uma coisa que aconteceu h� 40 anos. Nem me lembro da Rolling Thunder”. Mas o grosso do material � dos registros de �poca. E eles s�o irrepreens�veis.
Em um show, Dylan est� com o rosto coberto por maquiagem branca, olho carregado de r�mel e chap�u florido. As imagens e o som das apresenta��es s�o o que de mais empolgante j� vimos dele. E h� os bastidores. Dylan, ao lado de Ginsberg, falando de poesia junto do t�mulo de Jack Kerouac; Dylan e Joan Baez explicando por que n�o estavam mais juntos.

O momento maior da narrativa de Scorsese � quando Dylan executa Hurricane. A can��o, que descreve atos de racismo que culminaram na pris�o indevida do pugilista Rubin “Hurricane” Carter, foi gravada em novembro de 1975. Dylan chega sem avisar � sede da gravadora CBS Records para pedir que a m�sica de 8,5 minutos v� para as r�dios. L�, assistimos a uma performance arrasadora dele. Carter se encontra com Dylan, na �poca, e fala mais recentemente de sua rela��o com o compositor. O pugilista morreu h� cinco anos.

Passado, presente e futuro, tudo est� ali. E h� ainda as mentirinhas contadas por Scorsese. Sharon Stone surge como a jovem de 19 anos que teria ido com a m�e a um dos shows de Dylan e passado a acompanhar a turn�. H� tamb�m o diretor da filmagem original, que teria bancado tudo do pr�prio bolso. Chamado Stefan van Dorp, ele, na verdade, foi interpretado por Martin von Haselberg. Um congressista chamado Jack Tanner pr�ximo a Jimmy Carter? Esque�a, tal pol�tico nunca existiu.

H� outras n�o verdades, que em nada prejudicam o longa. � o esp�rito da �poca, aqui traduzido por Scorsese, que conhece Dylan como poucos. A m�sica, no fim das contas, fala mais alto.

VANGUART SINGS BOB DYLAN
Deck
16 faixas, dispon�veis em todas as plataformas digitais
CD: R$ 24,90
Compacto com as faixas Tangled up in blue, Don’t think twice it’s all right e Blowin’ in the wind: R$ 40


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