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Aos 81, Marina Colasanti conta como vive o 'quil�metro final da maratona'

Escritora participa nesta segunda (15) em BH do debate 'Coisas da vida e do mundo'. Ela deve lan�ar tr�s livros neste semestre e tem pronto o original de um volume sobre a hist�ria de sua fam�lia


14/07/2019 04:09

(foto: Fernando Rabelo/Divulgação)
(foto: Fernando Rabelo/Divulga��o)
Os 80 anos s�o um momento em que o tempo se torna mais urgente. Claro que a gente pode morrer a qualquer momento, mas os 80 nos avisam que estamos chegando no quil�metro final da maratona”
 Marina Colasanti, escritora
 
“Quando parar de escrever, pode considerar-me morta”, afirma Marina Colasanti, logo no in�cio da entrevista ao Estado de Minas. Aos 81 anos – 82 em 26 de setembro –, a escritora, jornalista e tradutora �talo-brasileira tenta escrever todos os dias. “Rotina de escritor vale mais para os meus colegas homens. Hoje fui fazer feira; depois, supermercado com as compras do m�s; cheguei em casa, almocei e agora estou aqui conversando com voc� (eram 14h da ter�a-feira, 9). Ou seja, n�o h� possibilidade de uma rotina, mas tenho trabalhado � noite.”

Somente neste segundo semestre, Marina lan�ar� tr�s livros: Mais classificados (poesia para crian�as, uma sequ�ncia de Classificados, mas nem tanto, de 2017), Mais longa vida (poesia para adultos) e A cidade dos cinco ciprestes (contos, em que a mesma hist�ria � contada cinco vezes, de maneira diferente, a partir da frase: “N�o era um homem rico, n�o era um homem pobre, era um homem apenas e esse homem teve um sonho”).

Em meio � escrita e � vida dom�stica – vive com o marido, o poeta Affonso Romano de Sant'Anna, em um apartamento na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro – Marina ainda atende a todos os compromissos profissionais poss�veis. Chega a Belo Horizonte nesta segunda (15) para participar do projeto Sempre um Papo. Na Sala Juvenal Dias do Pal�cio das Artes, vai debater o tema “Coisas da vida e do mundo”, autografar livros e ler poemas e contos.

“Em um pa�s onde n�o h� mais cr�tica liter�ria nos jornais, onde as pessoas v�o pouco �s livrarias, a presen�a do autor � muito importante”, diz ela, que participa frequentemente de eventos liter�rios. “Vou porque � onde a gente se encontra. Antigamente, os escritores se encontravam no fim de tarde, no bar do momento, tomavam u�sque, fumavam muito cigarro e falavam mal uns dos outros. Isso acabou. Hoje em dia, a gente se encontra em aeroportos, feiras. A cidade n�o est� mais para sair no fim de tarde, e o tempo � muito curto.”

O tempo, por sinal, � algo caro a Marina. “Os 80 anos s�o um momento em que o tempo se torna mais urgente. Claro que a gente pode morrer a qualquer momento, mas os 80 nos avisam que estamos chegando no quil�metro final da maratona.” Sendo assim, hoje ela s� faz o que lhe d� prazer. “Nada pode ser desperdi�ado. N�o leio inutilidade, n�o vejo filmes que n�o me interessam.”

No trabalho tamb�m. Traduziu Carlo Collodi (Aventuras de Pin�quio: Hist�rias de uma marionete), Tomasi Lampedusa (O gattopardo), Alberto Moravia (A romana), Jeffrey Eugenides (Virgens suicidas), John Lennon (Imagine, em edi��o recente para crian�as, com pref�cio de Yoko Ono). “Hoje, quando me pedem, fa�o para amigas queridas”, comenta ela, citando a colombiana Yolanda Reyes e a argentina Maria Teresa Andruetto. “Como n�o sei quanto tempo tenho pela frente, n�o posso mais me empenhar na obra de outra pessoa.”

HERAN�A Esta urg�ncia fez com que Marina tamb�m abrisse m�o de ter um novo cachorro, desde que a yorkshire Pixie morreu, h� tr�s anos. “N�o posso prometer afeto e prote��o a uma criatura que n�o ter� a garantia disto. A N�lida Pi�on acabou de ter um cachorrinho novo. Mas ela j� deixou, em heran�a, uma verba para quem cuidar deles. Tenho duas filhas (Fabiana e Alessandra), n�o posso deixar heran�a para cachorro.”

Sua obra, que ultrapassou os 60 livros (j� recebeu, entre outros pr�mios, sete Jabutis, um deles, em 2014, na principal categoria, Livro do Ano, para o infantil Breve hist�ria de um pequeno amor), est� dividida em quatro editoras. “Poesia a gente reescreve umas 400 mil vezes. Minicontos tamb�m, porque eles t�m que ter um equil�brio perfeito. Quando escrevo outras coisas, o fa�o muito lentamente, mas o texto sai quase na forma final”, conta ela, que nunca mudou uma v�rgula em um livro depois de publicado. “N�o mexo porque o livro � o que �.”

Ela aprendeu de duas maneiras como colocar o ponto final em um livro. “A gente tem uma sensibilidade para isto.” Al�m da sensibilidade inata, houve a experi�ncia com a pr�tica do jornalismo, no Jornal do Brasil. “Como fui muitos anos secret�ria de texto na Reda��o, corrigia textos melhores que os meus.” Durante a maior parte de sua carreira, desde a estreia em livro, com Eu sozinha (1968), Affonso foi o primeiro leitor de Marina, “como eu era dele”. “Hoje, por causa de problemas de sa�de, ele n�o pode ser mais. Tenho que decidir sozinha”, acrescenta.

Al�m dos tr�s livros in�ditos prontos para vir a p�blico, Marina ainda tem na manga Vozes de batalha. A narrativa em prosa � um misto de mem�rias, livro-reportagem e hist�ria. Trata-se da biografia de sua tia-av�, Gabriella Besanzoni Lage (1888-1962).

Com o livro, Marina recupera n�o s� uma parte da hist�ria de sua fam�lia, como da vida brasileira, principalmente a do Rio de Janeiro na primeira metade do s�culo 20. Gabriella, cantora l�rica italiana, casou-se com o industrial Henrique Lage (1881-1941), tio-av� de Marina. Foi gra�as a ele que a fam�lia Colasanti chegou ao Brasil. “Meu pai (o ator italiano Manfredo Colasanti) veio para o casamento (nos anos 1920) e se encantou com o pa�s. Mais tarde, com o fim da (Segunda) guerra, como a It�lia n�o tinha mais col�nias na �frica, ele resolveu se mudar para o Brasil.”

Abrindo par�nteses: Marina nasceu em Asmara, capital da Eritreia, ent�o col�nia italiana na �frica. A fam�lia radicou-se no pa�s em 1948. Naquele momento, ela morou com a tia no Parque Lage, onde funciona a Escola de Belas Artes do Parque Lage (EAV). Aos p�s do Corcovado, em meio � Mata Atl�ntica, o tio Henrique construiu o casar�o para a mulher Gabriella. Marina, que saiu do casar�o aos 19 anos, conta esta e outras hist�rias no livro.

“H� uma descri��o da vida dom�stica no Parque Lage e a sequ�ncia dela, com Roberto Marinho comprando a casa, conseguindo o destombamento dela com Juscelino Kubitschek, e o Carlos Lacerda tombando novamente a casa. Esta hist�ria est� muito interligada com a da minha fam�lia”, diz a escritora, que h� muito tempo n�o coloca seus p�s ali.

“N�o vou porque me d�i demais. O que era o jardim virou um matagal. A casa, com a escola, foi destru�da. H� alisares quebrados, infiltra��o, furaram os m�rmores dos banheiros. D�i ver esse tipo de descuido, mesmo porque estudei Belas Artes e nunca escrevemos nosso nome na parede para isto”, completa. Vozes de batalha foi finalizado h� apenas duas semanas. � cedo ainda para dizer quando e por onde ele ser� publicado. “� um livro completamente fora de esquadro”, avisa a autora.

MARINA COLASANTI
A escritora participa do Sempre um Papo. Nesta segunda (15), �s 19h30, na Sala Juvenal Dias  Pal�cio das Artes (Avenida Afonso Pena 1.537, Centro,
 (31) 3236-7400). Entrada franca.


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