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Estado de Minas

Belo Horizonte � cen�rio de s�rie oitentista do Canal Brasil

Com trama centrada nos bastidores da ind�stria fonogr�fica no Brasil dos anos 1980, a s�rie 'Hit parade', escrita por Andr� Barcinski e dirigida por Marcelo Caetano, tem grava��es na capital mineira


postado em 01/09/2019 04:00 / atualizado em 01/09/2019 10:59

Os atores Odilon Esteves, Robert Frank, Nash Laila, Tulio Starling e o diretor Marcelo Caetano, em set de 'Hit parade' em BH(foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)
Os atores Odilon Esteves, Robert Frank, Nash Laila, Tulio Starling e o diretor Marcelo Caetano, em set de 'Hit parade' em BH (foto: T�lio Santos/EM/D.A Press)

Os est�dios Bemol e Ac�stico, a boate do PIC, a Casa Cultural Matriz, um casar�o no Mangabeiras, uma resid�ncia na Serra, um s�tio em Rio Acima e a TV Alterosa. Todos esses lugares de Belo Horizonte e regi�o metropolitana se transformaram em cen�rios de Hit parade, s�rie escrita pelo jornalista e roteirista Andr� Barcinski e produzida pelo Canal Brasil, em parceria com a empresa paulista Kuarup. Autor de Pav�es misteriosos, livro sobre a explos�o da m�sica pop entre 1974 e 1983, Barcinski foca a trama nesse universo.

As filmagens come�aram no fim de julho e v�o at� o final deste m�s. “Trazer um trabalho grande como esse para a nossa cidade � um est�mulo, um fomento e um respiro, ainda mais num ano sem muitas expectativas para o audiovisual brasileiro”, diz a produtora-executiva Marcella Jacques.
 
Com carta branca para selecionar os profissionais, Marcella privilegiou gente daqui. “A grande maioria, n�o s� do elenco, como tamb�m os t�cnicos, � de BH. Tem uma ou outra pessoa de fora”, conta.

Mineiro radicado em S�o Paulo desde 2002, foi o diretor Marcelo Caetano (Corpo el�trico) quem teve a ideia de trazer as filmagens para a capital mineira. Inicialmente, o roteiro era ambientado no Rio e, posteriormente, em S�o Paulo. Foi ent�o que o cineasta sugeriu que a hist�ria se passasse numa metr�pole n�o definida nos anos 1980.
 

''Comprovei uma intui��o que tinha. Aqui s�o pessoas com um ritmo muito mais interessante. Um trabalho mais respeitoso, um clima bom. A gente consegue ao mesmo tempo se divertir e trabalha'r''

Marcelo Caetano, diretor de 'Hit parade'

“Por que n�o BH? E eles toparam. N�o estou trabalhando a neutraliza��o do sotaque, n�o vou esconder que � Belo Horizonte, mas n�o tem por qu� a cidade em si ser uma quest�o”, comenta.

At� aqui, a carreira de Marcelo Caetano se deu em S�o Paulo e no Recife, mas ele sempre quis trabalhar em sua terra natal. “Morei aqui desde que nasci (em 1982) at� 2002. Rodar na minha cidade tem muito a ver com uma quest�o afetiva, de estar pr�ximo da minha fam�lia, e tamb�m com o interesse grande de trabalhar com atores mineiros.
 
Tamb�m fa�o produ��o de elenco e, sempre que posso, incluo algum ator mineiro nos filmes, como foi o caso da B�rbara Colen (Aquarius e Bacurau) e de Carlos Francisco (Bacurau)”, afirma. Nesse primeiro m�s de filmagens em BH, o diretor tem percebido as diferen�as de estilo de trabalho entre os mineiros e os paulistas.
 
“Comprovei uma intui��o que tinha. Aqui s�o pessoas com um ritmo muito mais interessante. Um trabalho mais respeitoso, um clima bom. A gente consegue ao mesmo tempo se divertir e trabalhar. Muitas vezes, quando se est� trabalhando em S�o Paulo, o envolvimento de uma parte da equipe t�cnica vai at� um determinado ponto. Aqui, as pessoas s�o formadas dentro de uma estrutura de cinema muito horizontal, colaborativa. Todo mundo quer saber o que est� sendo feito, quer criar, participar”, diz.

A atriz Bárbara Colen e o ator Túlio Starling vivem o casal Lídia e Simão na trama(foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)
A atriz B�rbara Colen e o ator T�lio Starling vivem o casal L�dia e Sim�o na trama (foto: T�lio Santos/EM/D.A Press)
Com oito epis�dios de 45 minutos cada e ainda sem data de estreia definida, Hit parade tem um p� na com�dia e outro no drama, centrado no conflito entre dois produtores musicais – Sim�o (Tulio Starling) e Missi� Jack (Robert Frank). Sim�o � um cantor idealista e talentoso, que enfrenta muitos desafios para se estabelecer no mercado fonogr�fico.

 

Ele � convidado por Missi� para criar uma composi��o para um cantor kitsch e v� sua cria��o estourar nas paradas musicais. Missi� ganha muito dinheiro com o sucesso, mas Sim�o n�o recebe nem os cr�ditos. Humilhado, ele cria sua pr�pria gravadora junto com sua companheira, L�dia (B�rbara Colen) para enfrentar o ex-colega e seus m�todos anti�ticos.


Entre personagens fixos e participa��es, a s�rie ter� 80 atores. Marcelo Caetano conta que convidou alguns profissionais, como os int�rpretes dos protagonistas, mas coube ao diretor Ricardo Alves Jr. fazer todo o processo de sele��o de elenco.
 
“Ele testou muita gente, fez um mapeamento da galera jovem de BH e por isso contamos com atores iniciantes, mas tamb�m com gente experiente que veio do teatro, como Odilon Esteves, Rodolfo Vaz e Eduardo Moreira.”

Cena da série em que Lídia e Simão assistem a gravação no estúdio(foto: Wilssa Esser/Divulgação)
Cena da s�rie em que L�dia e Sim�o assistem a grava��o no est�dio (foto: Wilssa Esser/Divulga��o)
Para fazer seu papel, B�rbara Colen diz que mergulhou fundo na pesquisa sobre essa �poca, que ela considera emblem�tica. “A gente se reunia na casa do Marcelo em S�o Paulo para ver filmes, ler livros, debater o roteiro. Foi um trabalho intenso de ensaio e prepara��o, que durou dois meses, mas foi fundamental para a constru��o da personagem”, diz a atriz que est� em cartaz nos cinemas com dois filmes (Bacurau e No cora��o do mundo) e vai ser vista em breve no Globoplay na s�rie Onde est� meu cora��o

B�rbara comemora a possibilidade de atuar em uma produ��o de alcance nacional feita no “quintal de casa” e, sobretudo, abordando uma �poca de tanta efervesc�ncia e liberdade. “Estranhamente, estamos numa onda muito conservadora em pleno 2019. E os anos 1980 foram um momento de muita liberta��o. Est�vamos saindo da ditadura, e as pessoas tinham essa vontade de vida, de explodir.Trazer uma s�rie agora com essa vitalidade e irrever�ncia dos anos 1980 � important�ssimo”, avalia.

Odilon Esteves interpreta Lobinho, um apresentador de programa de audit�rio inspirado em figuras como Gugu, Bolinha e Chacrinha. O personagem fica t�o imerso no trabalho que deixa de lado a vida pessoal. “Ele est� muito envolvido com a ind�stria da m�sica dos anos 1980 e ama a profiss�o. Tem uma sexualidade n�o muito bem resolvida e por ser bem popular em todo o Brasil, acaba n�o expondo realmente o que �. � o pre�o que paga para ser famoso, mas Lobinho acha que vale a pena”, afirma o ator.

''Estranhamente, estamos numa onda muito conservadora em pleno 2019. E os anos 1980 foram um momento de muita liberta��o. Est�vamos saindo da ditadura, e as pessoas tinham essa vontade de vida, de explodir. Trazer uma s�rie agora com essa vitalidade e irrever�ncia dos anos 1980 � important�ssimo''

B�rbara Colen, atriz de 'Hit parade'

Odilon j� atuou em outras produ��es de proje��o nacional rodadas em BH, como o longa Batismo de sangue, de Helv�cio Ratton, e estima que a capital mineira tem todas as condi��es para abrigar esse tipo de iniciativa.
 
“A gente tem uma diversidade imensa de loca��es e, pelo fato de ser menor que Rio e S�o Paulo, os deslocamentos s�o mais f�ceis. � muito importante essa decentraliza��o. Isso gera movimento e prova que � poss�vel produzir com qualidade usando os recursos que BH oferece.”

''De uma forma simplista, ele poderia ser classificado como um vil�o. Mas � um personagem bem mais complexo. Com defeitos e qualidades, assim como todo ser humano. Esse universo tem essas figuras um pouco controversas, que n�o medem muito as atitudes para conseguir o que querem''

Robert Frank, atriz de 'Hit parade'

Int�rprete de Missi� Jack, o antagonista da hist�ria, o ator Robert Frank se interessou pela trama e pela complexidade de seu papel, sobretudo porque tamb�m � m�sico. Robert � vocalista da Diplomattas, banda que surgiu durante o processo de cria��o da trilha sonora do filme No cora��o do mundo, dirigido por Gabriel Martins e Maur�lio Martins.
 
“De uma forma simplista, ele poderia ser classificado como um vil�o. Mas � um personagem bem mais complexo. Com defeitos e qualidades, assim como todo ser humano. Esse universo tem essas figuras um pouco controversas, que n�o medem muito as atitudes para conseguir o que querem. Construir esse personagem tem sido um desafio, mas muito enriquecedor tamb�m”, diz o ator, que faz com esse personagem seu primeiro trabalho para a TV.

 

A pernambucana Nash Laila é a sonhadora Ludmila, que adota o nome artístico de Natasha(foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)
A pernambucana Nash Laila � a sonhadora Ludmila, que adota o nome art�stico de Natasha (foto: T�lio Santos/EM/D.A Press)
A primeira imagem dos anos 1980 que vem � cabe�a do ator Tulio Starling s�o as roupas e os cabelos daquela �poca. Nascido em 1990, ele n�o viveu aquele per�odo, mas diz que certamente foi influenciado pelos �cones – sobretudo os da m�sica – da chamada d�cada perdida.


Natural de Belo Horizonte, mas desde os 15 morando fora (em Bras�lia ou S�o Paulo, onde reside atualmente), Tulio est� de volta � sua terra natal desde julho, na pele de Sim�o, um dos protagonistas da s�rie Hit parade. “Est� sendo muito bacana esse resgate com minha cidade. A s�rie dialoga com o passado, com as mem�rias, e eu tamb�m dialogando com as minhas mem�rias por meio desse trabalho”, diz.

Tulio tem gostado da experi�ncia de trabalhar com Marcelo Caetano, um diretor que, segundo ele, preza mito pela criatividade e foca no ator. “Em BH eu fiz teatro s� na escola. Minha forma��o teatral se deu principalmente em Bras�lia, onde me formei na UnB e trabalhei com diretores importantes, como Hugo Rodas. Esse retorno � uma oportunidade de viv�ncia teatral nas minhas origens”, diz ele, que h� dois anos e meio integra o Teatro Oficina, de S�o Paulo, onde participou das novas montagens de Roda viva e O rei da vela sob a dire��o de Jos� Celso Martinez Corr�a.

Como parte do elenco do longa Faroeste caboclo (2013), o ator foi aos anos 1980 na fic��o. A nova imers�o nessa �poca e em seu personagem tem sido uma experi�ncia rica para T�lio. “Ele � um m�sico idealista,  que n�o tem muito �xito e decide enveredar para um caminho, o dos bastidores, e abre uma gravadora. � interessante olhar para aquele momento da hist�ria sob a perspectiva de hoje, com o distanciamento que o tempo permite.”

A rotina de trabalho est� puxada. Grava��es de 12 horas durante 5 dias da semana. Nas folgas, Tulio Starling tem aproveitado para descansar, estudar o texto e encontrar a fam�lia. “Tenho muitos amigos aqui, mas, infelizmente n�o consegui rev�-los ainda. Mas vamos tentar achar uma brecha.”

Raphael Loures, Leandro Bolina e Lucas Barbosa são Os Baunilhas na produção(foto: Wilssa Esser/Divulgação)
Raphael Loures, Leandro Bolina e Lucas Barbosa s�o Os Baunilhas na produ��o (foto: Wilssa Esser/Divulga��o)
Colega de T�lio no Teatro Oficina, a pernambucana Nash Laila � uma das �nicas integrantes do elenco de  Hit parade que n�o � de Minas. Mas nem por isso sua liga��o com o estado deixa de ser intensa. Al�m de j� ter trabalhado com o diretor mineiro Marcelo Caetano anteriormente – em Corpo el�trico e Tatuagem, longa do pernambucano Hilton Lacerda no qual Caetano foi assistente de dire��o – ela conta que sempre teve o desejo de trabalhar em BH.
 
“Sempre que venho � corrido. � evento, festival. Conhe�o e me afino muito com os filmes daqui, com os diretores. Estou adorando a experi�ncia dessa imers�o mineira”, diz a atriz, que, na conversa com o Estado de Minas at� soltou alguns “uai”.

Na s�rie, ela interpreta a cantora e dan�arina Natasha, nome art�stico da sonhadora Ludmila. Nash Laila, que estreou no cinema como a protagonista do longa Deserto feliz (2007), de Paulo Caldas, canta na vida real.
 
“� uma personagem que exige muito de mim. Fiz muita pesquisa, porque n�o queria criar algo clich�. E h� tamb�m uma diferen�a entre a Ludmila e a Natasha. E isso � bem interessante.” 
Rodolfo Vaz é Dito Chevalier em 'Hit parade'(foto: Wilssa Esser/Divulgação)
Rodolfo Vaz � Dito Chevalier em 'Hit parade' (foto: Wilssa Esser/Divulga��o)

 


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