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Festival Artes Vertentes prop�e uma reflex�o sobre o poder da palavra

Oitava edi��o do evento se realiza em Tiradentes de quinta (12) ao dia 22 e recebe convidados como a companhia francesa de teatro Za� e a escritora ruandense Scholastique Mukasonga


postado em 10/09/2019 04:00 / atualizado em 09/09/2019 18:23

A companhia francesa Zaï recorre a diversas técnicas teatrais para contar a história de garoto abandonado que foi viver na floresta em 'Victor, o menino selvagem'(foto: Victor Charleville/Divulgação)
A companhia francesa Za� recorre a diversas t�cnicas teatrais para contar a hist�ria de garoto abandonado que foi viver na floresta em 'Victor, o menino selvagem' (foto: Victor Charleville/Divulga��o)
Celebrar a arte, em suas diferentes linguagens, para pensar a contemporaneidade � um dos prop�sitos do Festival Artes Vertentes, que aporta em Tiradentes a partir desta quinta-feira (12) e vai at� o pr�ximo dia 22.
 
O evento chega � sua oitava edi��o recebendo artistas brasileiros e estrangeiros para ocupar as edifica��es hist�ricas da cidade com uma programa��o que inclui atra��es de teatro, cinema, m�sica, literatura e artes visuais, tudo amarrado por um eixo curatorial que este ano aborda a comunica��o na sociedade moderna.

“A inten��o � ser um festival que n�o s� evidencie uma produ��o de alto n�vel, mas promova o di�logo entre diversas formas de express�o art�stica, abrindo o debate por meio de um tema, que � espec�fico em cada edi��o. A ideia � instigar indaga��es e a reflex�o sobre caracter�sticas importantes da atualidade, e agora falamos sobre a comunica��o em seus variados aspectos”, diz o pianista e diretor art�stico Gustavo Carvalho, que assina a curadoria do evento.

A premissa desta edi��o est� assentada numa frase que oferece as bases para elucidar o tema, por meio de  uma perspectiva po�tica – “O �ltimo giro antes do sil�ncio eterno”.
 
“Esta � a �ltima frase que a marinha francesa enviou por c�digo morse, em 1997, antes que ele fosse desativado da linguagem na comunica��o naval. Escolhemos a frase para fazer uma provoca��o, partindo de uma forma de comunica��o j� obsoleta.
 
O intuito � ponderar sobre os meios de comunica��o, que, hoje, se deparam com tantas barreiras, muitas vezes at� aparecendo em um ponto de vista de pervers�o”, afirma o curador.

Para o pianista, hoje � tudo t�o intenso que o homem n�o consegue mais se comunicar simplesmente com a palavra. “A verdade n�o tem mais poder e valor. Apesar de toda tecnologia e rapidez na fluidez da comunica��o, ela surge completamente desacompanhada de autenticidade, sinceridade e verdade”, avalia.

O país do silêncio e da escuridão' (1971), longa de Werner Herzog sobre uma mulher surda e cega, é uma das atrações da programação cinematográfica(foto: werner herzog filmproduktion/divulgação)
O pa�s do sil�ncio e da escurid�o' (1971), longa de Werner Herzog sobre uma mulher surda e cega, � uma das atra��es da programa��o cinematogr�fica (foto: werner herzog filmproduktion/divulga��o)
Gustavo Carvalho lembra que, n�o por acaso, um dos termos recentemente inseridos no dicion�rio � “p�s-verdade”, uma sugest�o de estudiosos da Universidade de Oxford, na Inglaterra. “� como se a sociedade n�o necessitasse mais da verdade. A informa��o � lan�ada pelas m�dias e, no segundo seguinte, � desmentida, � esquecida. Somos diariamente inundados por n�o-verdades, por p�s-verdades”, diz.
 
Na lista de discuss�o, al�m da p�s-verdade e da fal�ncia da palavra como modo de comunica��o, as tem�ticas abordadas incluem a voz feminina tida como a primeira forma de comunica��o vivenciada pelo ser humano, ainda dentro do �tero materno, a comunica��o al�m da palavra e as vozes apagadas na sociedade.

Um dos destaques da programa��o � a pe�a Victor, o menino selvagem, da Companhia Za� (Fran�a). Trata-se da encana��o da hist�ria ver�dica de um menino, na Fran�a do s�culo 19, abandonado pelos pais e que acaba indo viver na floresta. Ele tem, ent�o, que sobreviver e aprender a se comunicar em um ambiente totalmente hostil.
 
“Quando � encontrado, todos o tratam como um selvagem. Ele n�o consegue mais se comunicar com a mesma sociedade que o abandonou”, diz o curador. A pe�a nasceu do desejo de um m�mico, um ilustrador e um m�sico.
 
"Nossas inspira��es vieram tanto de experi�ncias individuais quanto de inspira��es complementares, tais como a anima��o, hist�rias infantis, artes visuais, o cinema mudo, a m�sica dos filmes de aventura, m�sica cl�ssica e jazz, gestos burlescos, gestos animais e vegetais.
 
Na pe�a, as linguagens est�o a servi�o da hist�ria. O espectador quer viajar por meio do teatro. Quer estremecer, se emocionar, rir, acreditar", pontua o diretor de movimento, Arnaud Pr�chac. Outras atra��es na �rea de artes c�nicas s�o os espet�culos A ira de Narciso e Agora, este �ltimo realizado por crian�as e adultos de Tiradentes.

A escritora ruandesa Scholastique Mukasonga comparece com o relato a respeito de sua rela��o com a m�e, uma comunica��o que terminou por faz�-la resistir ao genoc�dio em Ruanda, na d�cada de 1990.
 
Pela riqueza da oralidade, a m�e de Scholastique fez com que ela n�o perdesse a cren�a na humanidade. Foi essa experi�ncia que a escritora contou em A mulher de p�s descal�os, do qual far� a leitura de alguns trechos. Ela apresenta tamb�m seu primeiro romance, Nossa Senhora do Nilo.

O festival recebe o poeta carioca Andr� Capil�, que far� performances liter�rias com Guilherme Gontijo Flores e tamb�m com Ricardo Domeneck, Ang�lica Freitas e Deborah Castro. Brasileiro radicado em Berlim, Domeneck retorna ao festival para lan�ar Odes a Maximin e Doze cartas e ministra oficina de literatura.

"S�o v�rias participa��es este ano. H� uma conversa com a poeta baiana L�via Nat�lia, uma leitura ao lado de colegas, como Andr� Capil�, e a performance com Ang�lica Freitas. Estamos planejando algo simples e delicado", diz Domeneck. Para ele, o tema do festival foi bastante inspirador. "Fui levado a escrever uma s�rie nova de poemas, tentar coisas que n�o fa�o com frequ�ncia em meu trabalho. Talvez minha trajet�ria seja isso: uma caminhada pela textualidade. Acredito na arte que pertence a seu tempo."
 
Mac Adams, nome das artes visuais, aborda a intera��o entre o espectador e a obra de arte. O premiado artista americano � um dos fundadores do Arte Narrativa, movimento art�stico surgido nos Estados Unidos na d�cada de 1970. Com nove d�pticos da s�rie Mist�rios, sua exposi��o ocupa o Centro Cultural Yves Alves.

Parte pouco conhecida da obra do artista visual Caryb� tamb�m integra as exposi��es do festival, com um conjunto de 20 litografias que concebeu em participa��o no filme O Cangaceiro, de Lima Barreto, em 1956. Artista sonoro, m�sico e escultor, o carioca Ricardo Siri � outro convidado.

O festival contempla ainda a produ��o do artista Arlindo Oliveira da Silva e do jovem artista visual mineiro Mar de Paula, este exibindo trabalhos realizados a partir de uma resid�ncia art�stica no Museu Bispo do Ros�rio, no Rio de Janeiro.
 
A escritora ruandense Scholastique Mukasonga lerá trechos de seus livros 'A mulher de pés descalços' e 'Nossa Senhora do Nilo'(foto: Walter Craveiro/Divulgação )
A escritora ruandense Scholastique Mukasonga ler� trechos de seus livros 'A mulher de p�s descal�os' e 'Nossa Senhora do Nilo' (foto: Walter Craveiro/Divulga��o )
"� imposs�vel desconectar vida e arte, � inerentemente humano estetizar o mundo. Os artistas emprestam voz para narrar acontecimentos. O papel da arte est� justamente em desanuviar tempos sombrios. Jogar luz em quest�es que n�o foram superadas ou curadas. � a partir de um olhar vertiginoso que podemos investigar as subjetividades que pulsam em n�s e nos outros e conseguir construir caminhos para fugir da barb�rie que teima em se aproximar", diz Mar de Paula.

J� a diretora, ilustradora e animadora russa Svetlana Fillippova apresenta O amor de Mitia, seu mais recente filme, e mais quatro t�tulos de sua autoria. Svetlana tematiza a elabora��o da voz feminina, a partir da mem�ria que carrega da av�. Ser� a primeira vez que apresenta sua hist�ria em forma de retrospectiva. Na s�rie presente em Tiradentes, a artista realiza desenhos por meio da manipula��o de borra de caf�. Ela tamb�m ministra oficina de anima��o e exp�e ilustra��es.

"Acho que arte existe para um consolo. � imposs�vel alcan�ar na arte uma verdade ou uma beleza absolutas. Sempre h� outra etapa, ao lado da qual a beleza parece imperfeita. Mas a arte proporciona um �ngulo, mesmo que por um breve per�odo, atrav�s do qual a vida parece suport�vel e at� bela. Saio na rua, ap�s uma exposi��o ou um filme, e olho para tudo com olhos diferentes. Se algo me parece diferente, ent�o, nesse filme ou nessa exposi��o, havia alguma coisa verdadeira que mudou a minha percep��o de vida. Depois, j� volto para o meu olhar, a minha vida, mas esta experi�ncia fica comigo para sempre", diz Svetlana.

CONCERTOS

As igrejas barrocas s�o palco para 18 concertos de m�sica cl�ssica, contemplando desde obras do s�culo 12 at� estreias mundiais. A abertura fica por conta do Quinteto de Sopros da Orquestra Filarm�nica de Minas Gerais, que executa pe�as de compositores brasileiros e europeus. 

 

A se��o musical recebe a violoncelista Kristina Blaumane, que, nascida na Let�nia, se apresenta pela primeira vez no Brasil. No Artes Vertentes, ela interpreta obras-primas do repert�rio camer�stico.


No concerto Arte (des)ge(ne)rada, a soprano brasileira Eliane Coelho revisita can��es de Erich Korngold, Arnold Sc�nberg e Gustav Mahler. Com interpreta��o do pianista russo Jacob Katsnelson e narra��o de Ricardo Domeneck, ser� a vez do ciclo de Viktor Ullmann. Em outra s�rie de concertos, o Correspond�ncia entre Robert e Clara remete � correspond�ncia amorosa mantida entre Clara e Robert Schumann, abarcando ainda compositores pr�ximos ao casal, como Johannes Brahms e Felix Mendelssohn.

Na cinema, uma homenagem ao 120º anivers�rio de nascimento do cineasta brasileiro Glauber Rocha (1939-1981). Na grade cinematogr�fica est�o ainda os filmes Amor, de Roberto Rosselini, e o cl�ssico O garoto selvagem, de Fran�ois Truffaut. Entre os document�rios,  O pa�s do sil�ncio e da escurid�o (1971), de Werner Herzog, al�m de filmes para a crian�ada.

O festival n�o se desenrola apenas nos dias da agenda oficial. Durante o ano, s�o promovidas oficinas de arte voltadas para as crian�as. O evento promove tamb�m resid�ncias art�sticas. Nas �ltimas edi��es, recebeu 250 artistas origin�rios de 21 pa�ses, com uma m�dia de p�blico estimada em 5 mil pessoas a cada ano. Neste ano, ser�o 40 artistas de 10 pa�ses.

Gustavo Carvalho � nascido em Belo Horizonte, tem 37 anos e toca piano desde os 9. Aos 14, foi concluir os estudos na Europa, onde se formou como pianista. Foi l� que teve contato com v�rios festivais culturais e identificou uma lacuna desse tipo de evento no Brasil. Nasceu assim o Artes Vertentes.
 
“O evento � uma maneira de contribuir com o enriquecimento do cen�rio cultural em Minas Gerais. Conhe�o Tiradentes desde os anos 1980. � um lugar que me liga � inf�ncia, perfeito para receber o festival. N�o se trata apenas dos espet�culos, mas da possibilidade imediata de encontro entre os artistas e o p�blico”, diz.

Festival Artes Vertentes
De 12 a 22 de setembro de 2019. Em Tiradentes, Minas Gerais. Mais informa��es e programa��o completa: www.artesvertentes.com 


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