
A escritora canadense Margaret Atwood lan�ou nesta semana The testaments, sequ�ncia de O conto da aia (1985), que originou a s�rie de TV hom�nima (The handmaid's tale, em ingl�s).
The testaments j� tem uma adapta��o para a TV em curso. Em 1985, Atwood imaginou os EUA transformados em Rep�blica de Gilead, um pa�s totalit�rio teocr�tico no qual os dirigentes estupram, em cerim�nias religiosas com a ajuda de suas esposas, as mulheres capazes de procriar, as "aias", para ficar com seus beb�s.
As regras s�o justificadas por um suposto Deus onipresente nos costumes di�rios, inclusive nos cumprimentos: em Gilead, todas as conversas come�am com a express�o "bendito seja o fruto". Nesse mundo obscuro, June tenta sobreviver. No primeiro livro, ela conduz o leitor, por meio de um mon�logo angustiante, por essa ditadura mis�gina, na qual o papel de aia reprodutora � imposto, e o de m�e, retirado. June tem duas filhas, mas nenhum direito sobre elas.
The testaments se passa 15 anos depois da hist�ria original: Agnes vive em Gilead, enquanto sua irm� Daisy mora no vizinho Canad� e fica horrorizada com os abusos cometidos do outro lado da fronteira. � a voz de uma terceira narradora que mant�m o leitor em suspense: tia Lydia, a maquiav�lica l�der das "tias", grupo de mulheres respons�veis por escravizar as compatriotas f�rteis.
Ao longo do livro, o leitor descobre seu passado de mulher livre e as etapas de sua transforma��o em um monstro, dada pelo instinto de sobreviv�ncia diante dos homens tir�nicos, mas tamb�m por seu desejo de poder. At� que se torne bastante poderosa para abalar aqueles que a dominam.
Atwood concebeu a sequ�ncia inspirada pelas perguntas feitas por seus leitores. “Trinta e cinco anos representaram muito tempo para refletir sobre as respostas poss�veis, que evolu�ram � medida que a sociedade evolu�a e as hip�teses se tornavam realidade”, afirma a escritora no final do livro. "Os cidad�os de muitos pa�ses, incluindo os Estados Unidos, sofrem hoje tens�es mais fortes que h� tr�s d�cadas", observa.