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Estado de Minas

Mostra que duraria dois meses dura s� quatro horas e revolta artistas

A exposi��o '7� Bolsa Pampulha' ficaria em cartaz no MAP de s�bado (14/9) a 17/11. A Funda��o Municipal de Cultura diz que o museu precisou ser fechado no domingo, por problemas hidr�ulicos e el�tricos. Artistas acham que essa n�o � a explica��o completa


postado em 18/09/2019 04:00 / atualizado em 17/09/2019 21:53

O artista baiano Alex Oliveira montou estúdio temporário na Praça Sete, em BH, onde produziu a obra 'fotoperformance popular'(foto: Dinho Araújo/Divulgação)
O artista baiano Alex Oliveira montou est�dio tempor�rio na Pra�a Sete, em BH, onde produziu a obra 'fotoperformance popular' (foto: Dinho Ara�jo/Divulga��o)

Na �ltima sexta-feira (13), a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) anunciou que o Museu de Arte da Pampulha (MAP) ficaria temporariamente fechado, devido a problemas hidr�ulicos e el�tricos. No dia seguinte, seria aberta no museu a exposi��o 7ª Bolsa Pampulha, reunindo os trabalhos dos 10 artistas de cinco estados que participaram do programa de resid�ncia art�stica. A bolsa � uma realiza��o da PBH, via Funda��o Municipal de Cultura (FMC), em parceria com o JA.CA – Centro de Arte e Tecnologia, selecionado por meio de edital.

A FMC anunciou, ainda na sexta, que a exposi��o n�o seria aberta, em raz�o do fechamento do museu. Ap�s negocia��es entre os artistas, o JA.CA e a funda��o, no entanto, decidiu-se pela realiza��o do vernissage, entre as 14h e as 18h de s�bado (14). Desde ent�o, o espa�o foi fechado e, segundo a Funda��o Municipal de Cultura, ainda n�o h� data certa para sua reabertura.
 

''Em reuni�o com a FMC, entendemos que o museu precisa de reparos desde 2014 e, de l� para c�, ocorreram diversas exposi��es. Gostar�amos de saber de quem partiu o pedido de vistoria e quais as mudan�as encontradas do �ltimo para o atual laudo. Como a vistoria aconteceu com a exposi��o j� montada, temos o receio de ser um boicote''

Sara Lana, artista mineira

 
"Est� dif�cil engolir que uma exposi��o que foi pensada durante seis meses dentro do Museu de Arte da Pampulha tenha sido quase impedida de abrir as portas no dia marcado", diz a artista Dayane Tropicaos, de Contagem, uma das bolsistas.

Ela relata que os artistas ficaram sabendo que o museu seria interditado no final da tarde de quinta-feira (12), enquanto a mostra estava sendo montada. "Tivemos que negociar durante toda a sexta-feira (13) algo que era inegoci�vel. A abertura da exposi��o precisava ocorrer. N�o era poss�vel adiar uma abertura planejada h� meses um dia antes. N�s nos desdobramos para que a exposi��o acontecesse no s�bado”, diz Dayane.
 
Obra do artista Guerreiro do Divino Amor, do Rio de Janeiro, um dos 10 selecionados do Bolsa Pampulha(foto: Guerreiro do Divino Amor)
Obra do artista Guerreiro do Divino Amor, do Rio de Janeiro, um dos 10 selecionados do Bolsa Pampulha (foto: Guerreiro do Divino Amor)
“Agora, estamos esperando respostas e solu��es para que a exposi��o continue aberta � visita��o. Meu trabalho, Abre caminho, e os trabalhos de todos os artistas continuam presos dentro do museu. Vamos continuar insistindo, at� que possam ser visitados pelo tempo que foi acordado no contrato que assinamos. J� fomos prejudicados com todo o ocorrido, queremos apenas que o trabalho e o dinheiro p�blico investidos n�o sejam perdidos por uma falha ou por censura", diz ela. O montante de investimento no programa � de aproximadamente R$ 700 mil.

A obra de Dayane fala sobre uma revolta futura iminente que provocar� transforma��es sociais e econ�micas. S�o abordadas quest�es em torno das rela��es de trabalho de subalternidade, da opress�o vivenciada pelas classes mais pobres, do apagamento hist�rico da cultura negra, apontando para um futuro de descoloniza��o e uma repara��o hist�rica. A instala��o � formada por v�deos, uniformes em cabides e texto impresso em formato cartaz.

"Pensei muito nos postos que as mulheres negras ocupam dentro do mercado de trabalho, considerando todo o contexto social em que est�o inseridas no Brasil. A partir de encontros e conversas com as mulheres convidadas a participar, criei uma esp�cie de simbologia sobre o que elas est�o buscando, o que enfrentam, de uma forma que representasse uma for�a para essas mulheres. E digo mulheres negras da periferia, que continuam se esfor�ando muito mais do que a maioria da popula��o para conseguir o mesmo, os mesmos direitos e cargos", afirma Dayane.
 

''Com o intuito de n�o prejudicar a exposi��o do projeto Bolsa Pampulha, prevista para o espa�o, a Prefeitura garantiu a abertura da mesma, realizada no �ltimo s�bado, dia 14, e est� tomando todas as provid�ncias emergenciais para reabrir o Museu nos pr�ximos dias, realocando as obras dentro do pr�prio espa�o e mantendo a integridade da exposi��o e a seguran�a dos visitantes e funcion�rios''

Funda��o Municipal de Cultura (via assessoria de comunica��o)

 

A artista belo-horizontina Sara Lana afirma: "Em reuni�o com a FMC, entendemos que o museu precisa de reparos desde 2014 e, de l� para c�, ocorreram diversas exposi��es. Gostar�amos de saber de quem partiu o pedido de vistoria e quais as mudan�as encontradas do �ltimo para o atual laudo. Como a vistoria aconteceu com a exposi��o j� montada, temos o receio de ser um boicote. Por isso � importante um comparativo para entender qual a grande mudan�a no museu que impossibilita a atual exposi��o, sabendo que, at� no m�s passado, havia exposi��o e programa��o abertas ao p�blico".

 

De acordo com Sara, j� foi feito o pedido junto � FMC do laudo anterior para compara��o com o atual, que determinou o fechamento do museu. "Sendo um caso emergencial, essa vistoria deveria ter ocorrido antes de terem montado a exposi��o", diz.


Trabalho da mineira Sara Lana usa imagens de câmera de segurança; algumas delas cobertas por teias de aranha, que fazem a contravigilância, ''garantindo a nossa privacidade'', segundo a artista(foto: Sara Lana/Divulgação)
Trabalho da mineira Sara Lana usa imagens de c�mera de seguran�a; algumas delas cobertas por teias de aranha, que fazem a contravigil�ncia, ''garantindo a nossa privacidade'', segundo a artista (foto: Sara Lana/Divulga��o)
A reportagem pediu � FMC informa��es sobre quem determinou a vistoria e os riscos apontados na conclus�o do laudo. Perguntou ainda que medidas seriam tomadas em rela��o ao armazenamento das obras e para quando est� prevista a reabertura do MAP. A funda��o tamb�m foi questionada em rela��o � hip�tese levantada pelos artistas de que a interdi��o da exposi��o estaria relacionada ao conte�do das obras.

A assessoria de comunica��o da FMC n�o respondeu especificamente as quest�es encaminhadas, mas optou por enviar um texto no qual afirma: “A Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Funda��o Municipal de Cultura e Secretaria Municipal de Cultura, informa que, por problemas el�tricos e hidr�ulicos, as atividades do Museu de Arte da Pampulha foram suspensas provisoriamente”.

Segue o texto: “Com o intuito de n�o prejudicar a exposi��o do projeto Bolsa Pampulha, prevista para o espa�o, a Prefeitura garantiu a abertura da mesma, realizada no �ltimo s�bado, dia 14, e est� tomando todas as provid�ncias emergenciais para reabrir o Museu nos pr�ximos dias, realocando as obras dentro do pr�prio espa�o e mantendo a integridade da exposi��o e a seguran�a dos visitantes e funcion�rios.

''� uma falta de respeito com todos os artistas selecionados, ainda mais com os artistas que vieram de fora e est�o h� seis meses residentes em Belo Horizonte. Abrir uma exposi��o durante somente um dia � demasiadamente desgastante e frustrante. Denota uma esp�cie de censura mascarada, que n�o revela motivos expl�citos, mas d� margem para uma s�rie de interpreta��es''

Alex Oliveira, artista baiano

Estamos em contato com os artistas e nos colocamos � disposi��o para viabilizar a retirada das obras caso seja o desejo deles, mas reafirmamos que estamos trabalhando para restabelecer as atividades no museu, inclusive a visita��o da exposi��o.

A Funda��o Municipal de Cultura e a Secretaria Municipal de Cultura reafirmam seu compromisso com o fomento e promo��o da produ��o art�stica contempor�nea. O Bolsa Pampulha � um programa de est�mulo � produ��o em Artes Visuais que existe h� 16 anos, constituindo-se como importante pol�tica p�blica municipal, de alcance nacional. Al�m de fomentar e promover jovens artistas-pesquisadores, o Bolsa Pampulha se destaca pela liberdade da cria��o e da express�o desses atores sociais, por meio da arte e da cultura”.
 
Na obra de Sara Lana, Esp�cies de espa�os,  um paralelo entre arte e tecnologia organizado em tr�s movimentos, ela pesquisou na internet c�meras de vigil�ncia abertas para visualiza��o, partindo de endere�os IPs vulner�veis na rede e dispon�veis sem senha de acesso. Na primeira s�rie, capturou cen�rios retratados nos dispositivos em ambientes internos, como quartos, cozinhas e salas, apreendendo cenas cotidianas. Aplicando as t�cnicas de stop motion e time lapse, retirou dos registros a presen�a de humanos, o que acaba gerando uma nova perspectiva sobre os objetos, que come�am a se movimentar e ganham vida. Sara cria uma narrativa que evidencia os rastros das pessoas que n�o aparecem nas cenas, ao mesmo tempo em que mostra outros moradores, como a lagartixa que fica embaixo da geladeira, o cachorro ou o gato do vizinho. que � um visitante constante.

No segundo momento, explora imagens de c�meras instaladas em quinas onde sempre viveram as aranhas. "As imagens s�o tapadas por teias de aranhas, que disputam espa�o com as c�meras. S�o as aranhas trabalhando pela contravigil�ncia e garantindo nossa privacidade", diz a autora. No terceiro movimento, cenas e c�meras posicionadas em �ngulos e locais inusitados, como dentro de um forno que prepara coxinhas, em um farol ocupado por moscas ou em um criadouro de avestruz.

O baiano Alex Oliveira classifica a suspens�o da mostra como "uma falta de respeito com todos os artistas selecionados, ainda mais com os artistas que vieram de fora e est�o h� seis meses residentes em Belo Horizonte”. Ele diz que “abrir uma exposi��o durante somente um dia � demasiadamente desgastante e frustrante. Denota uma esp�cie de censura mascarada, que n�o revela motivos expl�citos, mas d� margem para uma s�rie de interpreta��es".

Uma das fotografias da obra 'fotoperformance popular', de Alex Oliveira(foto: Alex Oliveira/Divulgação)
Uma das fotografias da obra 'fotoperformance popular', de Alex Oliveira (foto: Alex Oliveira/Divulga��o)
Alex Oliveira desenvolve um trabalho que relaciona fotografia, performance e interven��o urbana. No per�odo de resid�ncia no Bolsa Pampulha, o baiano levou para o cora��o de Belo Horizonte uma esp�cie de alus�o � fotografia lambe-lambe. Montou um est�dio fotogr�fico improvisado na Pra�a Sete, no Centro, e convidou quem estivesse por ali para ser fotografado. 

Buscando investigar a performatividade expressa nos gestos cotidianos dos que, todos os dias, transitam e habitam a cidade, retratou trabalhadores aut�nomos, vendedores de cadar�os coloridos e doces, compradores de ouro e retratistas de imagens 3X4, fazendo surgir o que ele define como fotoperformance popular, exatamente o t�tulo de sua obra.


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